sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Todos Nós! ;-))

Todos nós somos uma rosa,
ora murcha... ora viçosa.
Somos onda buliçosa,
Que se eleva na vazante,
ora baixa, ora orgulhosa.
Como ventre abundante,
quando em alcôva, garbosa,
se abre ao seu amante.

Todos nós, somos uma rosa
Posta em ramada frondosa
Cada rosa, mais formosa
Cada rosa, mais mimosa
Todos nós, somos flores
Nascidos de muitas dores
Gerados d'eternos amores
Todos nós! Todos nós! Meus Senhores!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Vem... vem dançar!!!

Coloca o teu vestido de estrelas e vem dançar
Deixa-me guiar os teus passos, sente a musica
Nesta valsa que faz o meu e o teu corpo vibrar
Sente neste momento a nossa existência unica

Coloca o teu colar de pérolas e de sonhos
Coloca os teus sapatos mágicos e vem dançar
Deita fora os teus pensamentos velhos
deixa o teu sorriso e os teus olhos brilhar

Dança sempre, dança, rodopia sem parar
Deixa que os teus sentidos se inebriem
Tens os meus braços para te amparar
Sente o gosto dos meus olhos que se riem

Ri também, solta o espírito nesta dança
Solta o corpo, solta a alma e os cabelos
Deixa que a razão se perca na mudança
De velhos tempos para novos bem mais belos

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

E-Mail para o menino Jesus

Olá mano, está a chegar o dia do teu aniversário, eu e os restantes manos, começámos a fazer os preparativos para o comemorar.
Como sabes mano, nesta época, todos dirigimos o pensamento para ti e, muitos de nós formulam desejos e pedidos de presentes que desejamos nos ofereças.
Eu sei que é uma tradição e sei também que não és nada dado à posse de valores materiais, mas, como estás mais junto Do Pai, achamos sempre que tens a capacidade infinita para atenderes a todos os nossos desejos.
Eu também tenho um desejo, um pedido que gostava de ver atendido. Quero pedir-te mano, que este ano nos visites em pessoa. Eu sei que o atendimento deste pedido deve estar dependente de conjunturas que estão vedadas ao meu entendimento. Mas quero dizer-te mano, que a tua presença nos faz tanta falta , como o alimento.
Tu deves saber mano, que desde que partiste, o mundo tem esquecido os ensinamentos que trouxeste Do Pai, para nós.
Já poucos dos nossos manos se lembram das tuas palavras.
É urgente que possas voltar e que nos relembres tudo aquilo que O Pai mandou que nos ensinasses.
Por vezes penso, se quando voltares, nos vais poder falar do mesmo modo que falaste ha 2000 anos. É que, hoje julgamo-nos muito mais evoluídos que os manos desse tempo, apesar de sermos os mesmos homens, de possuirmos os mesmos medos e os mesmos anseios. Talvez por isso, mesmo depois de teres dado a tua vida por nós, continuemos a cometer os mesmos erros.
No entanto, estamos todos muito desejosos de te rever mano e de ouvir as novas palavras de esperança que O Pai nos enviar por Ti.
Visita-nos mano por favor, não só em espírito, precisamos de voltar a ver-te, a ouvir-te e a seguir a Tua palavra.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tenho-te ...

Escorres-me nos sentidos como chuva de verão, refrescante, intensa, fazes rebentar dentro de mim o desejo.
Tudo em mim és tu...
Tenho-te...
Tenho o teu corpo desenhado ao milímetro na polpa dos meus dedos, tenho o teu cheiro gravado a fogo na minha pele e o som dos teus gemidos ecoam como o marulhar suve da onda que se espraia, ou o ribombar forte do trovão.
Tenho o sabor de ti guardado em mim.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Hoje...

Hoje vou voltar àquele caminho ha muito já esquecido, vou voltar a percorrer os carreiros que serpenteavam entre o arvoredo centenário e escutar o chilrrear das mesmas aves. Vou rir de novo quando sentir os raios do mesmo sol banhando o meu rosto, vou voltar a saborear a fresca àgua da mesma fonte.
Hoje, vou sentir o conforto da mesma erva, vou subir ao mesmo penedo na serrania, vou soltar o mesmo heiiiiiiii e ouvir em retorno o mesmo eco.
Hoje, vou correr no mesmo verde prado, de braços abertos ao teu encontro e, como gaiatos travessos, depois de trocarmos apaixonados beijos, iremos atirar os mesmos seixos às àguas murmurantes do nosso riacho.
Hoje, vou passar de novo as minhas trémulas mãos pelo teu rosto e beijar essa mesma lágrima que irá rolar caprichosa de teus doces olhos.
Hoje, vou voltar à memória do teu sorriso.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Prova de Vida

Já provei da vida vários sabores
Sabores que não esqueço, bons ou não
Na vida conheci muitos amores
Provei aventuras com gosto de paixão

A vida deu-me momentos de loucura
E ensinou-me como utilizar a razão
Fez-me sentir o gosto da ternura
Quando, num dia triste alguém me deu a mão

A vida brincou comigo e, eu com ela
Mas guardámos entre nós grande respeito
Eu aprendi a ver como ela é bela
Ela, guarda-me carinhosa em seu peito

A vida envelhece a meu lado
Trocamos entre nós boas memórias
Chamo-lhe vida e, não fado
Porque eu e a vida somos histórias

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Olhar pelo mundo

Oh insano mundo que te perdes
Em estafantes corridas pelo nada
Esqueceste a paz que eras d'antes
Longe dessa corrida desenfreada?

Quando lavravas o chão para teu sustento
Quando dançavas na eira a desfolhada
E ao domingo envergavas teu fato bento
E ias namorar, a moça conversada

E semeavas quando era chegado o tempo
E mondavas quando a erva era crescida
E eras rei e eras senhor do teu campo
E desde que nascias até à morte, eras vida

Oh insano mundo que te perdes
Que já não contas as estrelas deste céu
Já não ligas às aves, às folhas verdes
Envolves toda a terra em negro véu

Acorda mundo perdido no turpôr
Iludido pela ânsia vã de possuir
Recorda-te do que foste, por favor
Segura o resto de bom que quer fugir

Poema Vago

Vagueei por entre vagas de vaguidão
Vaga-lume vagante, vagamundo.
Vagueza, vagarosa de vagabundo
Vagueando, espaço vago de um vagão

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ao Luar...

Dança-te o prateado luar nos meus braços
Alva... nua... terna... brilhante e solta
Riscam os astros nos céus os teus traços
Desenham teu corpo em nuvens envolta


Sonho-te inatingível arte, flutuante
Perfaço-me, matéria inconcluída
Alcanço-te num tempo já distante
Catedral só de beijos construída


Explodimos nossos beijos fermentados
Mordemos nossos lábios em desatino
Deixámos nossos corpos enterrados
Num passado, apressado de destino

À Noite...

À noite és volúpia, és magia
És um encanto, um mistério
És o desejo que me contagia
Me confunde, dos sentidos o império


És a estrela mais brilhante
O luar mais prateado
A mais doce e terna amante
Fogueira de fogo ateado

E eu, errante cavaleiro
Conquistando teu castelo
Beijo teu colo altaneiro
Guardião do Sete Estrelo

À Tarde...

És a gazela, que persegue o leão
Temerária, destemida, insinuante
Corpo ardendo de tesão
Buscando, não mais que um instante

À tarde és Diana, deusa da caça
Ardilosa, transpiras manha
Mordes, arranhas, amordaças
À tarde és a fera que abocanha

À tarde, surpreendes-me d'embuscada
Atrais-me e seduzes muito lânguida
Rasgas-me a roupa, a pele suada
Sacias toda a fome apetecida

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ao acordar...

Entras-me na pele, como a chuva quando penetra a terra sêca
Invades-me os sentidos, como o sol, quando me entra pela janela
Insinuas-te nos meus desejos, como o aroma da fruta madura
Amas-me com loucura, entonteces-me com um brilho que me ofusca
Dás-me o teu gosto a provar, esse gosto doce-amargo de canela
Ofereces-me essa rosa, rubra, que eu desfolho com desejo e brandura

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Palavras Soltas ;)))

As palavras são odaliscas
Doces, suaves, ariscas
O poeta é um sultão
Um tremendo palavrão

A palavra é uma ave,
Uma folha solta ao vento
O poeta é um ramo
Diz à palavra, eu te amo
Pede ao vento que o salve
Faz do verso um momento

O poema é o poeta
Ambos serão a canção
São a força que despoleta
A mais bela relação

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Alternâncias...

Aqui, neste limitado ambiente virtual, sinto-me confinado, reduzido à expressão escrita, limitado pela falta da fonética.



Deixo ficar pedaços de mim
Espalhados pelo tempo
Memórias âmbar e marfim
De um passado que antecipo

Guardo o perfumado jasmim
Com que aromatizaste o meu campo
Guardo o cenário em cetim
Onde me fizeste deus do Olimpo

Subo montanhas, penedias agrestes
Sento-me, admirando o mundo
Recordando os beijos que me deste
Calando esta dor lá bem no fundo

E fico, não me solto das memórias
Vagueio por entre sons e imágens
Rio das lembranças, das histórias
Adormeço, escutando o vento entre as ramagens

domingo, 28 de outubro de 2007

Cristal

És o meu cristal da sorte
A minha estrela do Norte
És a sensação mais forte

Eu... sou o eterno errante
Figura escolhida de Dante
Teu sempre, eterno amante

Nos, somos a obra de arte
Contrários ao aberrante
Aves de voo rasante
Somos Vénus, somos Marte
Nos, somos o inverso da morte

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Roda da vida (sem avanços)

Aparentemente frágil
Coração batendo ágil
Com desejo de ternura
Lábios não disfarçam a tremura

Olhos buscam incessantes
Mãos esquecem os instantes
Peitos gastos de amar
Ventres salgados por tanto mar

Gemidos vindos não sei d'onde
Desejo muito forte que se esconde
Passos perdidos, procurados
Infinita rotação, seres abraçados

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E...

E o cheiro que da giesta emana, quando chove
E o cheiro que vem de ti, quando te amo
E a paz que sinto quando no céu a nuvem se move
E o sorriso no teu rosto, quando no fim, pelo teu nome chamo

E o grilar do grilo no restolho
E a minha mão, quando segura a tua
E o mel dos teus lábios que eu colho
E a tua pele morna, suave, doce e nua

E a tempestade que de além se aproxima
E o frio que te aconchega a mim
E o desejo do teu corpo que com o meu rima
E o desprezo completo pelo fim.
Fim!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Esclarecimento

Queridos amigos e amigas, tenho andado sem piquinha nenhuma para escrever, textos, quer em prosa, quer em verso. Deve ser do tempo, ou não...
Mas, e porque não gosto de deixar nada por dizer e esclarecer, venho hoje explicar a história do porquê da suposta masculinidade de Rosa dos Ventos.
Ora bem, conhecendo a minha completa desatenção aos promenores e "truques" bloguistas, disse-me um dia destes uma amiga (esta sei que é fêmia porque a conheço em pessoa).
-Olha lá Bartô, chamas Rosinha e mandas beijos ao Rosa dos Ventos, mas ele é homem pá.
- Hooops, é homem? como é que sabes?
- Olha lá meu tanso, já foste ao perfil dele?
- Eu não, porque carga de água havia de ter ido?
- É que se tivesses ido, percebias que é homem.
- Ah sim? então vou ver.
- Fui ver e... népias, fiquei na mesma.
- Dahhh és mesmo Tóni, se fores ao local e clicares em Ribatejo Norte, vês logo que é homem.
E fui, e cliquei e apareceu-me um "Deckhard" .... chiça! tinha logo de ser hard, pirei-me antes que começasse a arder. Bom, muito sinceramente, não me fazia a menor diferença que Rosa dos Ventos fosse homem ou mulher, só que não havia necessidade de andar a preverter-lhe o sexo. Por isso decidi, num comentário pedir-lhe desculpa pelo equívoco.
Porém, perante a estranheza do comentário de Rosa dos Ventos a minha curiosidade levou-me a fazer a mesma operação no meu perfil, e... surpreza das surprezas, apareceram um porradão de personagens que não têm rigorosamente nada a ver comigo.
Conclusão, a minha amiga, afinal, percebe tanto disto quanto eu, só que com uma diferença, induziu-me em erro, e eu tão parvinho aceitei logo como certa a sugestão dela.
Dahhhh!!!!
Agora é que é a conclusão...
Tudo isto, não resolve a identidade sexual de Rosa dos Ventos, que pode ser Rosa pela parte da mãe e Ventos pela parte do pai, como se pode chamar Maria José Rosa dos Ventos, como José Maria Rosa dos Ventos.
Mas a partir de hoje fica jurado, não volto a meter o nariz no perfil de ninguem.
hehehehehehe
E, Rosinha, tanto dá para mulher, como para homem, portanto ... Avancemos!!!!

sábado, 20 de outubro de 2007

O Sabor do apreço

Sempre atribuí ao olhar, como veículo para a descoberta e o entendimento, uma importância fundamental. São importantes ainda, o olfacto, o tacto, o paladar e a sensibilidade para completar esse entendimento. Porém, ha quem neste mundo, desenvolva capacidades sensoriais, que ultrapassam os "sentidos" com que vimos equipados de nascença.
A prova mais recente do que acabo de afirmar, é aquilo que a minha amiga Leonor expressou no seu comentário ao post anterior e que transcrevo:
A ti:Saltas do fundo ao tecto do mundo,colhes flores, falas de amores,apanhas estrelas, ficas a vê-las,respondes à física, escutas música,transformas poesias em dias,os dias em melodias,sabes orações, tocas corações,tens mil desejos e fazendo chover beijos,giras em camas com quem amas,encontras sonhos nunca tristonhos,atiras-te à alegria e ai de quem não ria,empurras a vida numa ida e numa volta sem revolta:um voo apenas, de soltas penas.
É obvio que este comentário me enche de satisfação e... de orgulho, porque não admiti-lo?
Quando alguem nos vê e nos entende do modo como a Leonor o fêz, sente-se sem esforço algum que o ego cresce.
Eu até podia compôr o ramalhete dizendo agora, que são comentários como o dela que me instigam a escrever. Porém, não necessito de o fazer, na medida em que, apesar da excelente sensação que sinto ao lê-lo, compreendo que, aquilo que me leva a escrever, é, antes de mais o prazer pessoal, logo seguido, ou igualado pelo prazer dos comentários expressos por todos (as) que me lêem. Reflicto por isso, no grande prazer da expressão das ideias, reflectido no prazer dos comentários obtidos, garantindo deste modo, que o objectivo da minha escrita "O Avanço" se vai realizando.
Avancemos então, de mãos dadas.
Beijos para todos e todas!!!
Assim como assim, fartei-me de mandar beijos ao Rosa dos Ventos e não morri, é porque afinal, não constitui mal de maior beijar homens.
Mas... não se entusaiasmem, vão com calma!!!
;)))))))))))))))

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Tenho de deixar de fumar aquelas coisas...

Não seriam ainda 11 horas, quando o relógio do quarto, bateu na sala as 12 badaladas, por toda a casa se ouviu o ruído silencioso que soou no corredor. Passos lentos, aproximaram-se rapidamente à distância. Inesperadamente, tal como calculava, ela apareceu, nua, vestindo uma túnica opaca de tecido transparente que não deixava adivinhar os contornos do seu corpo liso. Sorriu-me sem que qualquer músculo do seu rosto vibrasse, imóvel estendeu a mão na minha direcção, apontando a pedra da lareira. Olhou-me de costas, flectiu a perna esquerda que se mantinha direita e sem articular uma palavra, afirmou perguntando. Chove lá fora, está um belíssimo dia, para sair, ficamos em casa hoje!?. Estranhei a certeza com que me admirei por não me surpreender pelo beijo oferecido que não me deu. Sobressaltei-me calmamente quando num gesto súbito, longamente reflectido se ajoelhou à minha frente e me abraçou por trás. Confesso negando que naquele momento, volvidos alguns minutos, um frio abrasador circulou parado por fora do interior do meu ser inexistente, adormecendo os sentimentos insensivelmente despertos. Levantei-me imóvel e conduzi-a parada ao sofá da cama. Lentamente, beijei-a apressado sem lhe tocar, minutos depois, sem que o tempo tivesse passado, rebolámos imóveis no colchão do tapete. Os seus gritos de prazer inaudíveis, soaram calados na sua apatia. O seu corpo húmido, desfez-se por inteiro na aridez do seu espírito… Olhámo-nos invisíveis, sonhámos a realidade de nos amarmos sem ainda nos conhecermos e numa atracção de afastamento unimos nossos corpos separando-os, numa fúria mansa, incontida na prisão, de termos hoje o que amanhã seremos.

Hoje...

Today, apetece-me falar sobre mim, apetece-me falar sobre este ser que já conta 50 anos de idade... -hum??? -52? Seja! só não entendo o porquê de tanta importância a dar a 2 anos. Bom, sejam 52, ou 50 o que eu quero dizer é que, durante este tempo e desde que me recorde tenho feito muita questão em auto-conhecer-me, e consequentemente indicar a mim próprio a forma mais equilibrada e honesta de me gerir e de me projectar neste mundo de conciliações e permanentes ajustes. O resultado desse auto-conhecimento, leva-me a concluir que não saio significativamente do padrão "normal". Sou exigente comigo mesmo, respeito e exijo que me respeitem, e sobretudo, vejo sempre nos outros alguem que percorre o mesmo caminho, tentando chegar tambem a um objectivo.
Desde que me recordo também, a música tem acompanhado e influênciado este processo de auto-conhecimento, sobretudo a música anglo-saxónica que se produziu a partir de meados da década de 60, até à década de 80. Vários foram os grupo e os temas que exerceram essa influência e ajudaram a moldar o meu carácter. Entre eles destaco Beatles, Supertramp, Cat Steavens, Dire Straites, Genesis, Pink Floyd, Rolling Stones, Elkie Brooks, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Eric Clapton.
Ouvi muitos outros, porém e se não me estou a esquecer de algum, foram estes os mais importantes, com especial preferência pelos temas, por ordem sequêncial: "Imagine" e "Hey Jude" - "Give a Little Bit" e "The Logical Song" - "Father and Son" e "You'll Be My Love" - "A Dream so Strong" e "Angel of Mercy" - "Musical Box", "Fountain of Salmacis" e Home By The Sea" - "House Of Rising Sun" e"Tell Me" - "Pearl's A Singer" e "Roadhouse Blues" - "Piece Of My Heart" e "Cry Baby" - "Hey Joe" e "Little Wing" - "Cocain" e "Wonderful Tonight".
Depois e em algumas épocas, simultâneamente, surgiram a música clássica, a música Celta e os cânticos Gregorianos.
Em resumo, existe uma afinidade entre mim e o José Cid, ambos "nascemos prá música", só que ele é mais música e eu... mais letra lololl ah e existe uma diferença entre os dois que nos distingue, ele tem um CD, no lugar onde eu tenho um penizzzz.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tu e Nada

Corro... parado no tempo,
Na pressa lenta de,
Chegar, partindo

Enfraquece o desejo crescente
De ter nada, cá dentro
De desejar o feio, tão lindo

Distraio-me, sempre atento
Lembrando-me da saudade, de
Chorando te ver rindo

E, sozinho entre a gente
Vou-me soltando do enclaustro
De te ver chegar, partindo

domingo, 14 de outubro de 2007

A palavra...

A todos quantos, a palavra os detém
A todos quantos não a usam por temor
A todos aqueles que a olham com desdém
Ou que lhe trocam o sentido a desfavor


A todos aqueles que lhe chamam palavrão
Ou que a vêem só com olhos de suspeita
A todos aqueles que não a unem à razão
A todos quantos a confundem com maleita


A todos esses, a quem ela repugna e enjoa,
A todos esses, vou revelar um segredo
A palavra só ofende, a palavra só magoa,
Se dentro de nós houver medo

sábado, 13 de outubro de 2007

Um, Dó, Li, Tá

Trazes pedaços de sol e de mar
serenos, pendurados no cabelo
Trazes estrelas nos olhos, luar
fantasia, tudo em ti, é tão belo


Trazes solto, no corpo o areal
Dunas onde guardas teu segredo
Da tua voz, o timbre tão real
Que ecoa pelo mar, livre, sem medo

Sorris menina, ainda de sol dourado
Recolhes conchas que a onda oferece
Nesse teu jeito, simples, apaixonado
Vives o sonho contido numa prece

Ali vem...

Ali vem, ali vem um lenhador
De machado e de serra bem armado
Finalmente vai parar aquela dor
Desfechando neste tronco o seu machado

Mas, não parou aquele lenhador malvado
Distraído, não me viu em seu passar?
Volta aqui, óh lenhador apressado
Ha um trabalho que precisas acabar

Lá vai ele, afasta-se sem me notar
Abandona-me, insensível, ao sabor
Deste tempo que não para p'ra me dar
Um momento, um momento, por favor...

Sim, eu sei...

Sou uma árvore mal plantada
De raízes tortas mal fundadas
Presa a torrões, desamparada
De fracas, nuas e toscas ramadas

Alcandorada numa encosta resvaleira
Enfrentando estios, ventos e chuvadas
Por companhia uma pedra zombeteira
E uma raposa que se perde pelas quebradas

Dias ha, que me acorda um breve canto
De ave que passa sem notar na solidão
Destes ramos que despidos do seu manto
Esquecem nos anos o sabor de uma paixão

Cada inverno, cada verão trazem esperanças
De ser chegado o final deste tormento
Às ventanias vou soltando as lembranças
A cada raio imploro que me toque um momento

Um verso

Lavo a alma com pedaços de fogo, soltos
Ardo as penas, qual phenix despedaçada
E das cinzas não renascem os meus votos
Porque a chama deste fogo está gelada

Marco o tempo e o desejo de te ver
Falto ao verbo, nao encontro a palavra
A corrida que me levava a escrever
É um chão que minha pena não desbrava

Mas marcho, desbastando a aridez
Rebuscando nos recantos a expressão
Esperando o regresso da fluidez
De um verso, recheado de inspiração

Ele virá, como vem sempre que o chamo
Ele será meu consolo minha calma
Eu serei o seu servo e ele meu amo
Eu entrego-lhe o meu corpo e ele a alma

Novo caminho surgirá nesta assunpção
Novas marcas e desafios a vencer
Todo o verso constitui uma canção
Toda a rima gera um novo amanhecer


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Balbina IV

Como bem se recordarão, Balbina III, terminou com a seguinte frase... "Sem que Braclané tivesse pressentido, Bela Racha assiste silenciosa, num canto recôndito do quarto, ao desenrolar de todos estes acontecimentos..."
Iremos hoje dedicar-nos um pouco a conhecer as origens desta fiel e discreta serviçal. Bela Racha é uma jovem de 23 anos, rapariga trigueira nascida nas agreste terras das beiras interiores, no seio de uma família paupérrima, que partilhava com 7 irmãos, todos homens.
A casa onde Bela Racha nasceu, pouco mais era que um mísero casebre, obrigando a que todos os filhos dormissem envolvidos na palha do estábulo, juntamente com os animais.
Certa noite de inverno, em que o frio se fazia sentir tão intensamente que não permitia que a Bela Racha adormecesse, estranhos ruídos, semelhantes a profundos e semi-abafados gemidos, chamaram a sua atenção para um canto do estábulo. Atraída pela intensidade dos gemidos, acompanhados do balido de uma ovelha, Bela Racha, abandonando o velho cobertor em que envolvia o corpo, rastejou silenciosamente na direcção do magnético canto. Chegando a escassa distância, notou iluminada por uma nesga de luz da lua que entrava por uma janelinha do estábulo, a silhueta do seu mano Maço Fortes, que em movimentos frenéticos, de calças arreadas, agarrado aos quartos traseiros da ovelha Amância, gemia e grunhia que nem reco quando chega a altura de ser capado. A cena surpreendeu Bela Racha, que por momentos ficou estática, sem compreender o que se estaria ali a passar. Quando tudo terminou e o mano Fortes abandonando a Amância subiu de novo as calças, Bela Racha notou que algo muito comprido, pendia por sob o ventre do mano. Nesse momento esqueceu quase por completo o intrigante acontecimento com a ovelha e o seu pensamento fixou-se somente naquela imagem que nunca vira. Logo que se vestiu, o mano Fortes deitou-se na palha, enroscadinho na ovelha Amância e adormeceu de imediato. Bela racha quedou-se ainda por longas horas, sem que o sono lhe entorpecesse os sentidos.
A partir daquela noite, Bela Racha, passou a esperar ansiosamente que a cena se repetisse e para seu espanto, constatou logo 2 dias depois que todos os seus manos praticavam a mesma "operação" com as várias ovelhas do rebanho. Então, uma noite Bela Racha, inspirada pelo ar de satisfação que os rostos dos manos exibiam, sempre que praticavam com as ovelhinhas, decidiu que iria também ela experimentar, mas rapidamente percebeu a impossibilidade de o fazer, pois não possuía o mesmo que os manos, pendurado sob o ventre. Uma súbita angústia lhe invadiu o espírito e por várias noites chorou em silêncio emvolta no seu velho cobertor, perguntando a si mesma, que mal teria feito para não possuir aquilo que os manos possuíam?
Aquele inverno passou, a primavera seguinte também e Bela Racha definhava de desconsolo consigo mesma e não poucas vezes se achou a si mesma, observando as suas partes íntimas e puxando por aquilo que encontrava mais saliente, na esperança sempre gorada de fazer com que algo semelhante ao dos manos, lhe viesse a crescer.
Porém, numa tarde de estio em que se encontrava dormitando na frescura do palheiro, notou que o seu burro Jeremias estava diferente. Algo semelhante àquilo que pendia dos manos, mas muito maior, badalava sob a barriga do Jeremias. Ergueu-se de um pulo e aproximou-se curiosa do seu querido burro, de forma a observar de mais perto aquele prodígio. Jeremias encontrava-se imóvel, de olhos semi-cerrados, como que dormindo em pé e aquela enorme excrescência não parava de badalar, como que hipnotizando o olhar de Bela Racha. Levada por um impulso incontrolável, Bela racha ajoelhou-se ao lado do seu amigo Jeremias e sem perceber porquê, segurou com as duas mãos o enorme badalo do burrinho. Jeremias continuava imóvel e Bela Racha, sempre mais curiosa, levava a sua exploração mais adiante, apreciando a suavidade da pela do membro, em contraste com o restante corpo de Jeremias, notando ainda o calor que emanava, e a rijeza agradável. Bela Racha sentia aquele membro a palpitar nas suas mãos, como se tivesse vida própria e um novo impulso instigou-a a levar o membro do Jeremias aos lábios. Oh que ditosa sensação, seu corpo estremeceu por completo e iria jurar que o corpo de Jeremias estremeceu também. Nesse momento uma intensa sensação de amor pelo seu burro invadiu-a por completo e a sua boca abriu-se o mais possível com o desejo irreprimível de guardar dentro dela o palpitante membro de Jeremias. Não foi fácil, mas após duas tentativas, Bela Racha conseguiu aquilo que de início lhe pareceu impossível. E foi indescritível a sensação de ter dentro da sua boca o membro quente, macio e rijo de Jeremias. Desejou que aquele momento fosse eterno, e que pudesse sentir aquela imensa sensação de alegria incontida para o resto da vida. Sem retirar o membro de Jeremias de dentro da boca, Bela Racha sentou-se por baixo do seu lindo burrinho e então, numa posição mais cómoda, sentiu o desejo de sugar aquele membro que a enchia de tanta satisfação. Se bem pensou, melhor o fez e quanto mais chupava, mais intensa e irreprimível sentia a vontade de continuar a chupar. Estava Bela Racha edílicamente entregue a tão agradável tarefa, quando de súbito algo de estranho sucedeu. Sentiu que repentinamente uma torrente líquida, muito quente lhe invadiu a garganta, fazendo quase com que se engasgasse. Rapidamente retirou o membro de Jeremias de dentro da boca, verificando que de dentro dele se soltava por impulsos, um jacto de um líquido viscoso de aroma acre que lhe escorria por todo o rosto e lhe provocava uma sensação mista de euforia e de espanto...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Confissão/Contricção

Confesso: Que as minhas(eus) leitoras(es) me assediam. Confesso-me vítima dos seus tresloucados desejos lidibinosos, que me coagem a escrever sobre matérias contra as quais a minha integridade moral, luta desesperadamente. Confesso ainda que apesar do meu esforço para escrever aquilo a que sou impelido, de modo a não ferir a suscepibilidade daqueles (as) que como eu se desejam preservar dos efeitos da ignomínia, tentando utilizar termos e expressões dissimuladoras de uma nudez árida vocabolar, verifico infrutífero e inócuo o meu esforço.
Contricção: Seguindo a máxima popular, que "ferida de cão, deve ser tratada com pelo do mesmo cão", vou reiniciar o cíclo intitulado "A Minha Balbina". Aproveito para avisar aquelas(es) mais sensíveis, que este ciclo irá priveligiar a boçalidade e roçar a obscenidade, senão mesmo, utilizá-la ostensivamente.
Para que ninguem seja tomado de surpreza, deixo a seguir uma lista de termos por ordem analfabética, que irão surgir com maior frequência nos próximos capítulos...
Amâncio a menina (se for capaz)
Baxatagora
Camóca prá sossega
Dá-me dá-me
Eras má boa có queu imanginába
Fazia-te um desenho britual
Gajas ò phedere
Hoji onti e amanhain
Inda um dia abemos de cumbressar
Já agora, mostra lá
Kilo qui tu queres, sei eu bain
Logo douti mais
Molha a ponta neste geli
Novembro é o mês das pulgas
Olvira anda cá ò padraste
Porca pró meu parafuso
Querias, mas tá de chuva
Roscas & canapés
Sopra sopra, chupa chupa
Todos juntos, cada vez sames menos
Ui ca pesadelo, parecia a melher do mê vezinho
Vira agora Mincalina
Xabes o que te digo?
Yngaldades mesicais
Zorzidelas calientes
Pensaram que não conhecia o analfabeto?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A Debulha...

Como prometi, venho à eira a fim de debulhar o preconceito.
Declaro-me seguidor incondicional da entre-ajuda comunitária, para quem ainda não se livrou de preconceitos e possa estar a conectar esta minha afirmação com uma qualquer ligação política, ou corrente filosófica, esclareço que sou apolítico e as correntes filosóficas a que me acho filiado, são primorosamente privadas e fruto das experiências que a vida me tem proporcionado.
Antes de continuar a debulha, quero convidar todas e todos que (ainda ) lêem aquilo que escrevo, a sentarem-se aqui na eira e a participarem na debulha do preconceito.
Para nos focalizarmos na tarefa proposta, vou apresentar-lhes a matéria a debulhar. Preconceito é um substantivo masculino com o(s) seguinte(s) significado(s): conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério; superstição; prejuízo; erro.
Este conceito, que ainda rege a vidinha de muita gente, pode dizer-se que imprime condicionalismos fortíssimos no âmbito da auto-determinação e da auto-estima de quem ainda não "aprendeu" a domina-lo. Uma vez que, pessoalmente não acredito na possibilidade de alguém conseguir viver em sociedade sem que esteja sujeito, mesmo que minimamente, directa ou indirectamente aos efeitos deste agente.
Mas, há ainda um conceito adjacente ao preconceito, não sei se mais limitador que o próprio preconceito e que eu designo por fermento do preconceito. Consiste este, em empolar e fazer proliferer o preconceito, ajudar a que se desenvolva e estenda raizes, tentando a todo o custo que essas raízes abranjam uma área, passo a passo, mais vasta.
Há efectivamente quem viva tão dependente do preconceito, que tenta a todo o custo alimentá-lo e fomentar a sua proliferação.
Há ainda aqueles que, achando-se num meio hostil ao uso do preconceito, auto-martirizam-se com a sua utilização compulsiva, colocando sempre em terceiros a "culpa" por serem vítimas desses preconceito.
Preguntar-me-heis certamente, de que forma poderemos combater com eficácia o preconceito, uma vez que se lhe reconhece a acção limitativa ao direito de cada um se expressar com a liberdade que lhe é devida?
Diz um fulano pensador, daqueles que dizem coisas que são fruto de reflexões acerca daquilo que observam, que um povo precisa de se saber respeitar, par que seja respeitado, e que, para que nos saibamos respeitar, é fundamental que nos conheçamos.
Esta, parece-me ser uma dica bastante concisa e pertinente. Se nos soubermos observar, se conseguirmos resistir ao preconceito e nos auto-conhecermos, passaremos a aceitar-nos e a respeitar-mo-nos da forma natural como somos. Sem etiquetas, sem espartilhos, sem pensamentos pré-concebidos por moralismos que se fundamentaram em vivências, épocas, locais e conjunturas diferentes. É importante sermos capazes de olhar para a nossa vida e para a de todos os que nos rodeiam e sermos capazes de vislumbrar tudo aquilo que pode constituir a felicidade e sobrepor-se ao preconceito. Pessoalmente, interpreto a vida como um monumental "puzzle" (do Mordillo, por vezes), onde só é possível encaixar uma peça, naquela peça e só naquela, e em mais nenhuma outra. Portanto, inventar aquilo que já existe, ou tentar trocar-lhe o sentido, usando o preconceito, limita a possibilidade de se avançar.
Avancemos...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A minha Balbina III

É então chegado o momento de introduzir neste conto o trovador Anus Rosado, que, chegado recentemente de Pirilaulândia (um estado brasileiro), canta em poesia os sentires da belíssima Braclané. Assim, dedilhando o seu alaúde, Anus Rosado, transporta-nos nesta melodia à ambiência dos filmes indianos da década de 70, em que os actores principais, interrompiam a representação dramática, interpretando musicalmente um tema empolgadíssimo, entoado num registo de Heidi nas montanhas da Suiça, quando andava à procura do Pedro e ele se escondia no meio das cabrinhas... muito agarradinho a elas... por trás, segurando-lhes o pêlo com força... para aquecer as mãozinhas... isso... pois...


Palpita louco de amor
o coração de Braclané
Pelo olhar de seu senhor
Óscar Alho, que ali defronte está em pé

Abraçá-lo é o seu grande desejo
Correr para ele, lançar-se-lhe nos braços
Beber avidamente todos os seus beijos
Descobrir-lhe no corpo os inchaços

Afagar seu cabelos anelados
Beijar seus doces olhos, suas mãos
Segurar-lhe os membros já melados
De toda a essência que lhe brota da paixão

Desfalecer em incontível arquejo
De o ter todo em si eternamente
De ser sua totalmente e num lampejo
Percorrer o espaço, qual estrela cadente

E assim corre de Braclané o pensamento
Enquanto vê seu amado passar pela rua
Deixando descair sua mão por um momento
Até ao ventre, afagando sua pele já nua

Mil sensações lhe invadem os sentidos
Quando os dedos lhe tocam a intimidade
E entre suspiros e agitados gemidos
Estremece-lhe o ventre de tanta ansiedade

Sem que Braclané tivesse presentido, Bela Racha assiste silenciosa, num canto recôndito do quarto, ao desenrolar de todos estes acontecimentos...
(suspeito que o próximo capítulo vá incendiar as folhas do bilogue... hum... hum)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A minha Balbina II

Cresce feliz, alegre e saudável a pequena Braclané. Não podemos afirmar que a sua infância tenha sido igual à de outras crianças da sua idade e do seu tempo. Foi certamente criada com a máxima dedicação e muito amor. Estes privilégios não lhe foram prodigalizados pelos progenitores, que devido aos acasos da vida, não teve possibilidade de conhecer. Foram, outrossim, as rameiras do bordel onde foi recolhida, como se de convento se tratasse, que lhe dedicaram as atenções e carinhos necessários ao seu saudável crescimento físico e espiritual. Espiritual, sim! Porquê esse vosso ar de pasmo? Para que saibam, as pupilas de mm Balbina, esmeravam-se na educação e acompanhamento da pequena Braclané. Logo que ela cresceu o suficiente para entender as "coisas" superiores da vida, empenharam-se em que a pequena Braclané, conhecesse todos os meandros escuros que neste mundo a poderiam tomar de surpresa. Mostraram-lhe com exemplos práticos, tudo aquilo que para bem de si mesma deveria evitar, assim como o que poderia servir-lhe e tornar-se-lhe útil. Foi o bordel de de mm Balbina, uma universidade de todas as ciências para a pequena Braclané.
Porém, com o passar do tempo, Braclané foi crescendo e os seus sentidos, foram naturalmente despontando para o amor.
Certo dia, com a idade de 15 anos, quando passeava no jardim público acompanhada de duas cortesãs do bordel, o seu olhar cruzou-se com um olhar penetrante, simultâneamente doce e meigo de um belo rapaz louro que ela já tinha observado anteriormente por trás das cortinas da janela, que garantiam o recato e a penumbra do seu quarto. Eram uns olhos grandes, azuis, expressivos, enquadrados num rosto singularmente belo e másculo, que lhe recordou de imediato a figura de um deus grego que vira gravada numa página de um livro que o Sr. Conde de Monte a Nelas, seu protector, lhe havia oferecido.
Aquela visão tão fugaz, foi o suficiente para que durante toda a noite, o belo rosto do rapaz, não lhe saísse do pensamento. No dia seguinte, logo pela manha, Braclané levantou-se e imediatamente se foi colocar por trás dos cortinados da janela, na esperança de a todo o momento avistar a silhueta daquele que passou a ser a sua razão de existir.
Passado algum tempo, quando uma das serviçais do bordel a chamou para descer à sala de jantar, porque estava servido o desjejum, já Braclané só se encontrava em corpo naquele quarto, o seu olhar, atribuladamente buscava por entre os transeuntes o olhar magicamente magnético daquele que lhe furtara o sono durante a noite anterior.
Como não respondesse ao seu chamado, a serviçal de seu nome Bela Racha Berta, conhecida no bordel por Bela Racha, aproximou-se de Braclané e despertou-a daquele sonho, tocando-lhe no braço. Lentamente Braclané voltou o rosto na direcção da Bela Racha, indagando o que queria. -Vossa madrinha, mm Balbina, mandou avisar que está servido o pequeno almoço menina.
- Vai e diz a minha madrinha que não vou descer, falta-me o apetite.
- Mas, está doente menina?
- Não! Simplesmente não tenho vontade, vai e diz isso a minha madrinha.
Nesse momento, como que por magia, passa defronte à janela de Braclané o deus loiro, lenta e majestosamente. O sol da manhã faz dourar ainda mais os seus cabelos encaracolados, transformando a sua figura em algo grandioso, quase irreal.
Braclané, sente de súbito que as forças a abandonam e que os seus joelhos tremem de fraqueza. A serviçal, vendo que Braclané está prestes a desmaiar, apressa-se a segura-la, encostando-a a si, abanando-lhe para o rosto com a mão.
- Então menina, não se está a sentir bem?
- Já passa Bela Racha, foi uma indisposição ligeira.
Mas a aflição com que voltou para junto da janela atraiçoou-lhe o disfarce, dando a perceber à serviçal, a origem do leve desmaio.
Com um olhar maroto, Bela Racha deu a entender que tinha percebido tudo e Braclané, incapaz de disfarçar o seu desatino pediu-lhe que não contasse nada do que se tinha passado a sua madrinha. A serviçal prometeu que nada diria e logo ali se estabeleceu uma cumplicidade entre ambas.
Já mais confiante, Braclané ousou perguntar à sua amiga Bela Racha, se conhecia o garboso rapaz louro que se detinha em frente à sua janela.
- Conheço muito bem menina, é o menino Óscar Alho do Rego, filho do Senhor Barão Jacinto Leite Capelo Rego, habitam um palácio situado ao princípio desta rua.

A minha Balbina

Nunca escrevo "por encomenda", mas seduziu-me o tema proposto pela minha amiga Sirk. Assim, dei início, não em verso (para já) àquilo que poderá muito bem vir a ser o guião da novela portuguesa com o nome do título... ou ... com o título do nome?
Avancemos então...
Branca Clara Alva das Neves, foi abandonada à nascença, à porta de um prostíbulo numa fria noite de Dezembro. Decorria o ano 1850. Quem cometeu o terrível acto de abandono, premeditou que aquela seria a hora de maior afluência ao local, pelo que, provavelmente não demoraria a ser encontrada. Efectivamente Branca das Neves, foi encontrada por um distinto senhor que visitava regularmente a casa de madame Balbina, no preciso momento em que as suas cordas vocais iniciaram um estrepitoso choro. Quando madame Balbina, mulher garbosa já entrada na idade mas ainda altiva, detentora de uma personalidade férrea e um auto-domínio, que os anos de experiência no "ramo" lhe conferiam, atendeu a porta, encontrou o seu cliente habitual pegando no colo protector a ternurenta bebé. Deu-se um momento de estupefacção e de indecisão, que fizeram mm Balbina ficar como que pregada à soleira da porta, de olhos muito abertos fitando, ora o Sr. Conde, ora a pequena criança.
-Então mm Balbina, vai querer que a pobre criança enregele? Permite-nos que entremos?
Como que acordada à força de um pesadelo, mm Balbina, afastou-se dando passagem ao Sr. Conde e à sua protegida.
- Mas Sr. Conde, pode explicar-me o que se está a passar?
Sem prestar atenção à pergunta formulada, o Conde de Monte a Nelas passou a entrada e sem deixar a pequena Branca, aliviou-se dos abafos que lhe mantinham o já velho corpo aquecido. Depois, chegando a pequena Clara á luz mortiça de um aplique de parede, perguntou como que afirmando, é linda, não é?
Mm Balbina, ainda insegura da situação, acercou-se um pouco mais e confirmou. Sim, de facto é uma linda bebé. Mas a quem pertence Sr. Conde?
Lentamente o velho conde virou-se para mm Balbina e, de olhar penetrante e arguto, concluiu.
-Esperava que fosse a senhora a esclarecer-me essa questão. Não será obra de alguma das suas “pupilas”?
-Não estou a perceber a lógica da sua dúvida senhor conde, pelo facto de nos encontrarmos numa casa de prostituição, não quer dizer que sejamos pessoas desumanas, capazes de abandonar uma recém-nascida a um destino tão desfavorável.
- Bom, assim sendo, crendo na veracidade das suas palavras, tenho a pedir-lhe um enorme favor.
- Se estiver ao meu alcance, pode estar certo que atenderei ao seu pedido Sr. Conde.
- Estará certamente, mm Balbina. Como poderá imaginar, ficar-lhe-ia muito grato se tomasse a seu cargo a responsabilidade de criar esta menina. Estou certo que lhe saberá proporcionar o conforto e educação apropriados. Para provir a todas as necessidades da pequena, providenciarei amanhã mesmo com o meu advogado, o usufruto de uma das minhas propriedades de Nelas, que será administrado por si e passará para a posse da menina, logo que ela atinja a maioridade.
- Perplexa, sem reacção mm Balbina, não ousa sequer contrariar a vontade do Sr. Conde. Chama imediatamente uma das meninas e ordena-lhe que recolha a bebé, lhe dê banho e procure com urgência uma ama que a amamente.
E assim se inicia a existência de Branca Clara Alva das Neves, que iremos mais adiante conhecer pelo diminutivo “Braclané”.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Epopeia

Já vejo solto o pano branco da barca nua que vogará pelo mundo.
Transporta no ventre herois imensos de tempos passados
De coragens desmedidas, de desígnios bem armados
Correm longe sobre os mares, buscando terras lá ao fundo

Sabendo gentes, conhecendo-lhes os habitos diferentes.
Ouvem-se os clamores das trombetas que anunciam a partida
Sentem-se as preces aflitas, dos que ficam dessas gentes.
Para que um dia, outras gentes, conhecendo outra lida

Esqueçam o rumo dessa barca e se percam pelo mundo de fugida
Guiando-se pelo sonho de um desejo, uma vontade desmedida
Que a conquista e a encoraja a proseguir buscando a vida
Numa renovada e sempre prepétua partida!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Avançando...

Da visita ao blog do Rui Caetano, http://urbanidades-madeira.blogspot.com/ , surgiu a inspiração para este poema, que lhe dedico.


Fico feliz quando encontro
Companheiro de boa verve
Que solta, vinda de dentro
A palavra que lhe ferve

Que também trata por tu
As fortunas desta vida
E que não olha p'ró tempo
De chegada e de partida

Será que a vida é uma roda
Da qual somos os dentes?
Ou será que é tudo uma moda
De que estamos dependentes?

Entretanto, com razão,
Te digo meu caro amigo
Vamos andando pela mão
Sem olharmos p'ró umbigo

Ao chegar o fim da estrada
Sentiremos em consciência
Não descomandámos a roda
E vivemos com decência

Sem deixarmos de esperar
Pelo sol de amanhã
Tentemos sempre encontrar
A razão para tanto afã.

Avancemos...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Quando um homem se põe a pensar

Revejo-me no espelho dos olhares com que me cruzo pelo mundo
Revelam-me uma parte recôndita do meu ser
Convidam-me a olhar-me bem no fundo
Acalentam em mim o desejo de me conhecer

Nas mãos de quem mas estende noto as marcas
Ora ténues, ora vincadas de uma vida
Vejo caminhos, vejo lutas já travadas
Sinto-lhes a força que as salva da partida

E quedo-me reflexivo nesse limbo
Confiando na paixão deste entender
Reconhecendo o que esta gente tem de lindo
Apreciando o que o mundo tem p'ra viver.

et voilá!!!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Alberta... Alberta

Alberta... Alberta , meu amor
Chega à janela da sala por favor
Vem escutar do mar, o seu clamor
E arrancar do corpo esse turpor.

Vem Alberta, vamos correr pelo areal
Sentir nos pés o sabor do irreal
Apanhar pedras soltas do pedregal
E atira-las sobre as águas, em espiral

Olha Alberta aquele barquinho acolá
Qual será a rota dele, qual será?
O que o terá trazido, o que o levará?
Lindo barco, frágil barco vogará

Alberta... Alberta, chega aqui depressa
Vem ver esta concha que regressa
Desse mar tão grande e tão sem pressa
Curiosa de conhecer-nos, ora essa

Alberta... minha Alberta tão querida
Já se põe o sol por trás d'aquela arriba
E não consegui tirar do peito esta ferida
Causada, por ter de viver com a tua partida.

Volta Alberta, volta depressinha
O mar sem ti, não é mar, nem é nadinha
E eu, sou menos que uma sardinha
Neste remanço de ir vivendo esta vidinha

Volta Alberta, volta!!!!
Mas afinal, quem raio será esta Alberta?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Metáfora

Este poema, dedico-o à minha grande amiga Maria Eduarda, autora do blog andondehaespaco.blogspot.com, onde ela magistralmente vai desfiando aquilo que a alma lhe sente. Como vês Maria, o prometido não foi de vidro, se foi, era do bom, da Marinha Grande, feito ainda pelos arcaicos processos artesanais. "Nada melhor que o belíssimo produto nacional"
;))))

Hoje vi-te!
Como rio que se solta da barragem que lhe prende as águas.
E pegaste-me, envolvendo-me com toda a força do teu querer
Levaste-me leito abaixo, entre margens de desejo.
Despenhámo-nos em cascatas palpitantes, seguindo
Ora rápido, ora lentos, ora calmo, ora agitados,
Saltando de fraga em fraga, galgando por cima de penedos.
Buscando desenfreadamente a plácida foz, onde
Um mar imenso serenamente nos acolhe
E nos guarda, repousados, em seus segredos.
Quando sentires medo, chama por mim.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quando nos amámos

Gelam-me as mãos num fogo ardente
Tremem-me os passos já incertos
Tudo, porque te tenho à minha frente
Oferecendo-me os teus braços já abertos

Abrasa-me o desejo imenso de te ter
De entrar em ti, nos teus sentidos
Explorar o teu corpo sem o ver
Escutar surdamente os teus gemidos

E... resplandeces como o sol ao amanhecer
Sorris-me, docemente quase infantil
Teu corpo ao abandono, faz-me crer
Que toda aquela paixão te tornou frágil

O meu cão... my dogue... mon chiano... mi pierrot... maina dogan.... :))))

Muita gente se interroga: Este Bartolomeu será tolo? Será um puto a passar-se por adulto? Será um toxico-dependente com os chip todos queimadinhos? Será um chico-esperto com a mania que é inteligente? Ou será um extra-terrestre com dificuldade de assimilação dos padrões terráqueos?
Seria ignóbil da minha parte esclarecer esta dúvida, até porque sou inteiramente defensor do princípio do livre arbítrio, pelo que me compete dar a todas as imaginações o espaço suficiente para que divaguem.
So vos vou deixar sinal de uma pequeníssima característica da minha personalidade: fui uma criança muito "viva", alegre e brincalhona (a criança), nas aulas era o bobo da corte, a asneira mais insólita que acontecesse não apresentava qualquer dificuldade em se conhecer o autor, era sempre o mesmo. Porém, embuído de uma qualidade (uma em duas, ou, duas numa) assumia sempre a autoria (por vezes até com um certo orgulho) e defendi sempre os mais fracos.
Posto isto, aqui vai um poeminha que ilustra esta faceta do Bartolomeu, que apesar de crescido se mantem infantil, mais do que Q.B.
Ah, convem esclarecer que o tema deste poema me foi inspirado pelos comentários com a minha mais recente amiga Sirk, autora de um blog muito bem disposto.

Chamo perdigueiro ao meu cão
porque fareja a perdiz
Que lhe chamaria então,
Se ele não tivesse nariz?

É inteligente o meu cão
Mesmo sem raciocinar
Só não entendo a razão
Porque só lhe falta falar

Diz-me o douto veterinário
Que não tem cordas vocais
Mas no meu imaginário
Falta-lhe isso e muito mais
Falta-lhe conhecer as vogais
:))))))))

As consoantes? Conhece!
Consoante a fome lhe aperta
Ladra assim que amanhece
E quando vê a porta aberta

O meu cão é mesmo esperto
Sai ao dono... já sabia
Havieis de o ver disperto
Quando lhe recito poesia


Estive para enviar este poema (poema?, já te dás ao luxo de poder chamar poema a isto?) ao poeta Manuel Alegre "Cão como nós", em homenagem ao seu livro, mas o homem não deve ter tempo para me ler, anda sempre ocupado a lutar contra a dentadura.
Hãnnn?
Ah... ditadura, pois, isso. desculpem, estáva distraído.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Diálogo entre Mim e Eu

Desnudo-me au teu olhar, mundo exigente
Dispo-me dos farrapos de trajar
Tentando mostrar-te que só sou gente
Sem querer tropeçar no meu andar

Não me peças por favor, grandes obras
Nem esperes de mim actos heroicos
Pois no final, sei que mos cobras
Exigindo que os mesmos fossem autênticos

Deixa-me mundo, ser pequeno
Esperar sentado pelo dia-a-dia
Não me tentes com a glória de um aceno,
Essa efémera sensação tão fugidia

Vai mundo, procurar outro que queira
Beber dessa taça envenenada
Ha muito me curei dessa cegueira
Hoje, só desejo, terminar com honra esta jornada.

(Acho que vou dar razão ao Eu. Não sei... parece-me que tem mais a ver comigo...)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Plácidamente esperando pela inspiração

Gela o sol porque não vens
Secam as fontes murmurantes
Tolda-se o céu de negras nuvens
Tornam-se as belas flores aberrantes

Quando surgias a toda a hora
E ficavas comigo abraçada
Fazendo-te sentir abrasadora
Mesmo quando a noite era gelada

E tu em mim te manifestavas
Pujante, repleta de harmonia
E no meu peito te aninhavas
Fazendo a negra noite ficar dia

Eu sonhava, cantava, rodopiando
Aumentavas em mim a alegria
Até ao dia em que te dissipando
Te afastaste de mim, doce poesia

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Tempos de criança

Este poema é dedicado a uma amiga, que, passados anos, sente ainda o apelo daquela Angola longínqua, onde cresceu e onde deixou amigos de infância que em todos os momentos, lhe invadem de suadades os sentidos.

Eu sei que querias voar
ganhar asas, liberdade
Para à tua terra voltar,
tentar entender a verdade

Eu sei que ainda sonhas
Encontrar velhos amigos
Perguntar-lhe pelas vidas
Conhecer-lhe os destinos

Eu sei que sentes ainda
na pele, aquele calor tropical
Nos olhos a paisagem linda
Que te deu esse ar jovial

Mas aquela terra que amas
Que te viu tornares-te mulher
Quis soltar-se, ganhar asas
Quis tambem poder crescer

E são assim, minha amiga
As voltas que o mundo dá
É esse sonho que te liga
Ás memórias que guardas de lá

(neste poema, obvío títulos académicos e regras específicas de tratamento social, este poema, é uma conversa de almas)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sonhos de um Bartolomeu

Esta noite eu sonhei
que o meu país era lá
numa terra que não sei
e num lugar que não ha

Esta noite eu sonhei
com a gente do meu país
De onde vêem não sei
nem qual é a sua raíz

Esta noite eu sonhei
com o meu país cumprido
Num lugar que eu não sei
no meu coração tão querido

Esta noite eu sonhei
com a minha gente unida
Numa terra que não sei
de grandes vontades ungida

Esta noite vou sonhar
com o canto lusitano
Entoado sobre o mar
por este povo que eu amo

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Sou... Sou? Secalhar sou, sei lá!

Sou um pedaço de nada
perdido na praia do tempo
Sou uma noite acabada
Sou um longinquo lamento

Sou a pedra abandonada
Sou o caminho esquecido
Sou a cantiga cantada
Sou um leito adormecido

Fui, a razão encantada
que um dia nos selou
Sou, a razão acabada
Daquilo que nos separou

Já não espero que regresses
que pises de novo este chão
Já esqueci todas as preces
E o calor dessa paixão

Ah, como queria não ser eu
nem ser tu... amor meu
Ser simplesmente um véu
Esvoaçando, sem rumo, pelo céu

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Será...

Será de fera ou de fogo
esse grito louco que me fere
e não consigo conter?

Será de pedra ou de ferro
esse muro que me prende
e que não consigo erguer?

Será de nada ou de tudo
este desejo fervente
que não me deixa mover?

Será de hoje ou amanhã
esta vida latente
que me obriga a viver?

Será a força pungente
que obriga o universo a girar
que empurra toda a gente
e que me impele a gritar?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Pensamentaduras

Ah... hoje eu quero sentir
as ideias a incendiar
Hoje não lhes vou resistir

E vou deixa-las aflorar

Ah... hoje eu quero ser mais
Quero ser tudo aquilo que não sou
Vou soltar a franga p'los madrigais
Libertar o poema que me abrasou

Hoje vou ser poeta, ou algo assim
Vou cantar o amor o desejo a paixão
Ireis ficar a conhecer algo de mim
Que não tem a ver com senso ou razão

Ireis conhecer o lado secreto da minha alma
A inquietude dos pensares que m'atormentam
Aquilo que me transforma a raiva em calma
Os desejos que me seguram e me tentam

Mas... é evidente e certo que não quereis
Conhecer nada daquilo que escrevi
E todas estas frases , com um sorriso abalroareis
Meio incredulos... terá sido mesmo isto que eu li?

(Ha dias que me assalta uma parvoíce incontrolável)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Se Um Dia...

Um dia... se ao passar por ti, não te cumprimentar, perdoa a minha cegueira.
É que as lágrimas de saudade, vertidas desde que partiste, secaram o meu olhar. O rio que deles brotou ininterrupto chorando a tua ausência, afundou-se num vale profundo, entre montanhas de desespero.
A luz que os iluminava, aos poucos envolveu-se de um cinzento nebuloso, gélido, tornaram-se farois apagados, guardiões de portos esquecidos, onde já não chegam naus.
Se um dia... ao passar por ti, o meu corpo não estremecer de desejo, se os meus lábios não se afastarem de espanto e os meus braços não se abrirem com vontade de te envolver, perdoa o meu torpor.
É que este corpo morreu desde que partiste, calaram-se para sempre estes lábios, penderam eternamente estes braços, cançados de tanto esparar pelos teus.
Se um dia... passares por mim e reconheceres uma derradeira lágrima tombada na minha mão, sorri-te em memória de uma paixão.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Poesia

O verso cresce, como o sol
Quando nasce, fazendo rodar o girassol.
O poema é a agonia, a raiva, a paixão
É a nostalgia, o desejo, a sensação

A palavra é a ferida que não sara
A frase, o carreiro da lentidão
São a alma, são a mão, são a cara
De quem tenta sair ou entrar na solidão.

O poema é o véu intransparente
Da mágoa que se esconde lá no fundo
O verso é a palavra que a desprende
E a solta, brevemente pelo mundo

E o poeta, o insensato rimador
É o que aperta e estrangula na garganta essa dor
É o mágico, o profano escrevedor
Que rimando, transforma o que é dor, em amor.

Hoje apeteceu-me melancolizar... :)))

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A Gente não Lê

Este é o título de um tema de Rui Veloso e Carlos Tê. Possuo o CD de Isabel Silvestre, que interpreta este tema magistralmente, ajudada pela sua voz límpida e timbrada, ornamentada pela característica pronuncia do Norte. Gostaria que as minhas visitas deixassem a sua impressão pessoal acerca do conteúdo da letra deste poema. Combinado?


Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós,
Rezar o terço ao fim da tarde,
Só pr'a espantar a solidão,
E rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão.

Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.

E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.

Ai senhor das furnas,
Que escuro vai dentro de nós,
A gente morre logo ao nascer,
Com os olhos rasos de lezíria,
De boca em boca passando o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.

De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.

Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.

sábado, 21 de julho de 2007

Tu e o mar...

Vieste de um lugar muito distante.
Trazias paisagens no olhar,
cheiro da urze, no cabelo ondulante.
Vieste para conhecer o mar.

A leveza breve do andar.
A suavidade do gesto, o respirar.
Fizeram-me por momentos sonhar,
enquanto caminhavas junto ao mar.

Encantou-me a luz do sol, no teu sorriso.
Quando me perguntaste onde ia dar,
aquele mar verde, brando e liso.
E eu, respondi, que ao teu olhar.

Encantou-me a delicadeza do teu colo,
quando te sentaste ao meu lado.
E, tirando o casaco a tiracolo.
Sobressaiu teu peito acastelado.

Dissemos coisas belas um ao outro.
Segredaste-me desejos de viajar.
Revelaste-me que és guiada por um astro.
E que te reges pela força desse mar.

E eu, senti poder voar.
Segurando a tua mão junto a mim.
Senti-me ir contigo a esse lugar.
Percorrendo esse mar que não tem fim.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Libertando-me da liberdade

Espraiei o olhar pela planície alentejana
sentindo na pele a força da terra plana
enebriou-me o aroma que da terra emana
tentei resistir ao hipnotismo que me chama

A seara ondulante, dançou-me os sentidos
a sombra dos sobreiros, parados, adormecidos
convida-me a escutar os sons já esquecidos
chorando a memória perpétua daqueles já idos

E tu, impávida, esquecida do rolar circundo
poisas o teu olhar sonhador no horizonte
sorrindo da loucura humana lançada pelo mundo
debruças teu colo, fantástico na fresca fonte

Não te chegam os sons preocupantes
arautos da insensatez de um povo
para ti, nada muda, tal como d'antes
cada dia renasce, ao aprecer o sol de novo

Abandono-me assim, ao teu embalo,
desejo esquecer de e para onde vou,
esta angustia que a todo o esforço calo
este desassossego que quase me matou.

sábado, 14 de julho de 2007

Ne me quites pas

Madalena, chamava-se Madalena
Era bela, cheia de graça plena
Elegante, quase esguia, morena
Sorria sempre, luminosa, serena

Faz um ano, ou pouco mais, era um quase final de tarde de verão na praia do Baleal, ela chegou, radiante, luminosa, numa saínha de ganga e blusa branca, fina, com pequenas flores coloridas bordadas. Poisou o saco e estendeu a toalha dois passos à minha frente. Sem disfarçar, segui atentamente todos os seus gestos. Retirou a roupa e sentou-se na toalha enquanto espalhava o protector solar sobre o corpo. Mesmo em estado hipnótico, percebi que o seu olhar se cruzou com o meu e que os seus lábios esboçaram um leve sorriso. Por mais duas vezes os nossos olhares se encontraram e os nossos sorrisos também. Ocorreram-me ousados pensamentos, aproximar-me, apresentar-me, convida-la para uma bebida no bar da praia. Levantou-se, retirou os óculos escuros e dirigiu-se à água. Fiquei parado admirando o seu andar, as formas esbeltas do seu corpo, o contraste do tom de pele com as ramagens coloridas do bikini.
Vi-a entrar de mansinho na água fria e molhar o rosto, o peito, os braços. Decidi, vou também à água e tento conversar com ela. Nesse momento, mesmo à distância, os nossos olhares encontraram-se, fez-me um sinal com a mão. Senti o coração acelerar e a vontade de correr para junto dela. Levantei-me e caminhei do modo mais confiante que fui capaz. Ao chegar junto dela saíu-me... Olá Madalena. Olhou-me surpreendida - já nos conhecemos? Senti-me embaraçado e confirmei... não, penso que não. - Então como sabes o meu nome? O embaraço aumentou... efectivamente não sei, foi algo instintivo, algo me impeliu interiormente a chamar-te Madalena, mas, na verdade, não te conheço. Sorriu de novo, um sorriso afectuoso, carinhoso e tranquilizou-me. - Acredito em ti, e acertaste, chamo-me Madalena. Uma tontura súbita invadiu os meus sentidos, como era possível o que estava a acontecer? Madalena mergulhou, tinhamos água pela cintura, o mar estava sereno e eu admirei novamente o seu corpo ao meu lado, entrar de cabeça na água, fazendo um arco perfeito. Quando reapareceu um pouco mais à frente, sugeri... vamos nadar? Sorriu-se de novo e observou alegremente, não sei nadar, mas vou para onde fores. Hesitei e nesse momento, outro impulso interior oubrigou-me a soltar o corpo para a frente, enquanto Madalena a um braço de distância de mim, fazia o mesmo. Flutuámos, sentimos a impulsão da água nos nossos corpos, ganhámos a confiança plena e deslizámos suávemente à tona d'água. Saímos fora de pé, batemos os pés, as mãos, rápidamente sentimos que faziamos parte do equilíbrio terreno e universal, e rimos, rimos um para o outro, enquanto saíamos fora de pé.
Voltámos, trazidos pela maré
calmos, relaxados, satisfeitos
E quando voltámos a ter pé
relatámos um ao outro nossos feitos
Olhando-me nos olhos confessou-me,- afinal, pensei que não sabia nadar, mas tu ensinaste-me.
Eu confessei-lhe... eu não sabia nadar, mas tu, encorajaste-me.
Tinhamos os pés assentes na areia com a água pelo pescoço, Madalena aproximou-se, abraçou-me e encostou os seus lábios aos meus. De novo a vertigem e o parar súbito dos sons do mundo, somente o vai-e-vem suave do mar, embalando-nos, como berço. De olhos cerrados, senti o abraço de Madalena apertar com mais força, foi nesse momento que tomei consciência plena do sabor doce/salgado dos seus lábios. Foi nesse momento que ganhei consciência daquele abraço cósmico que nos unia de um modo tão pleno e imenso. Senti Madalena, suavemente baixar o meu calção e instintivamente as minhas mãos baixaram da sua cintura e retiraram o dela. Suspirou, os seus lábios sôfregos beijaram mais mansamente, o seu corpo envolveu o meu, colocando as pernas em redor da minha cintura. O tempo não existia, somente o vai-e-vem suave do mar e os gemidos suaves de Madalena me transmitiam a sensação de ainda estar vivo. Depois um abraço mais forte, um beijo mordido um estremecer interior e um quase desfalecimento de Madalena, enquanto me segredava, não saias de mim, fizeream-me crer mais ainda na magia cósmica. Ficámos assim, quietos, embalados suavemente pelo mar. Aos poucos, os sons da praia voltaram, o marulhar das ondas, o pio das gaivotas, o grito e o riso das crianças, uma outra vida diferenta daquela que nós vivemos, fez-se sentir. Voltámos a colocar os calções e de mão dada regressámos lentamente à praia. Ao chegarmos à areia, Madalena soltou a minha mão sem deixar de sorrir um sorriso ainda mais iluminado. Cheguei a minha toalha para junto dela. Conversámos sobre tudo, as bincadeiras da infÂncia, os gostos literários, desportos, até sobre os gostos gastronómicos. Quando a praia começou a ficar deserta, Madalena, reduziu a luminozidade do seu sorriso e declarou-me - tenho de ir embora. Perguntei-lhe se tinha transporte, respondeu que sim, prontifiquei-me para a acompanhar enquanto colocava de novo a sua saínha de ganga e a sua bluzinha branca, fina, bordada de florinhas coloridas. Saíu à minha frente, mantendo-se dois passos distante de mim. Ao chegar ao carro, colocou o saco e a toalha no banco do pendura, parando por momentos ao lado da porta. Aproximei-me, mostrei o desejo de a beijar de novo, não permitiu. Perguntei-lhe se poderia voltar a vê-la. Respondeu-me que era impossível, era casada. Entrou no seu carro e partiu, sem me olhar de novo. Como um autómato, voltei à praia, ao local onde Madalena tivera a sua toalha estendida e deitei-me, no sítio preciso onde ainda se notavam as marcas do seu corpo. Acho que chorei, tenho a certeza que adormeci. Fui acordado pelo abanão de um polícia marítimo, começava a escurecer. -Você está bem? perguntou ele. Bem? Estar vivo é o mesmo que estar bem? - Vá lá, não pode ficar a dormir aqui, tem de saír. Levantei-me, peguei na toalha e fiquei a olhar o lugar na areia onde Madalena estivera deitada. O polícia voltou. - Então? Perdeu alguma coisa? Perdi sim! - O quê?
Um tesouro, um amor!
Entrei no carro e dirigi-me para casa. Ao chegar, coloquei no leitor de CD's Jacques Brel e dançámos e chorámos e gritámos vezes sem conta, pela noite dentro, até o sono nos vencer...
Ne me quites pas... Ne me quites pas... Ne me quites pas!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Poema do faz-de-conta

Hoje vou ser palavroso
e escrever, escrever sem razão
Vou usar um tom jucoso
E abusar do palavrão

Portanto, aos meus amigos
Dou um conselho avisado
Que não leiam estes versos
São escritos por um tarado

Esta manhã acordei
com uma ideia fisgada
Descobrir por onde andei
durante a noite passada

Depois de muito pensar
enquanto me barbeava
lembrei-me de ter saido
para encontrar namorada

Não me lembro se encontrei
ou se vim dormir sozinho
porque acho que tropecei
quando a meio do caminho

Algo me deve ter empurrado
não sei, já não me recordo
so sei que vim entornado
e que dormi como um tordo


Estávam à espera de ver o Bartolomeu escrever asneirolas?
lololol

sábado, 7 de julho de 2007

Em busca, logo... Avançando

Sigo o vento, através da noite escura
Busco a magia, perdida noutro tempo
Alimento o meu desejo de procura
Sinto o coração da terra num momento

Percorro as veredas da lembrança
Convoco imagens surrealistas
Encaixo-as no meu tempo de criança
Pretendo ser, desse tempo cronista

Mas, encontro o vazio desse abraço
Quando julgo tudo já ter descoberto
E eu já não ocupo aquele espaço
Mantem-se longe, o meu desejo de perto

Abro o peito aos raios deste sol que me aquece
As mãos, ávidas de receber a vibração
Deste mundo, feito de gente que esquece
Todo o poder do amor, do coração

domingo, 1 de julho de 2007

Dar-te-me

Disse que te via, envolta em magia
em gestos profanos, ao nascer o dia.
Disse sentir, que o teu corpo ardia
Que teus lábios queimavam minha nostalgia.

Disse-te que o desejo, era ser infinito
Era sonho, era tempo, era o devaneio
Achámos tão longe a estreiteza do grito
O abandono ao beijo ao doce enleio

Disseste-me com o olhar, felicidade
Com o sorriso, deste-me o coração
Com o desejo ,deste-me vontade
Na entrega, descobrimos a paixão

quinta-feira, 21 de junho de 2007

De Ti

O tempo, roubou-te do olhar
O brilho intenso do firmamento
Salpicou de prata o teu cabelo de mar
Abraçou-te o corpo num abandono lento

O tempo confiou-te o saber
Que tão generosamente emprestas
Àqueles que te querem ler
Aos que te espreitam pelas frestas

E tu ris-te, segura que num momento
Conheces o sentido de todo o amor
Sabes, porque já te disse o vento
Quando te envolve em seu louco clamor

E então, és senhora absoluta do mundo
És o olhar arguto, que perscruta mais além
És o amor, mais sincero, mais profundo
És a serena canção, és todo o bem

Segues, dando-te, sempre sem reserva
Lembrando tempos de enorme ardor
Do mundo, consideras-te uma serva
O tempo, não te roubou o explendor

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Em Stonehenge

Movem-se as pedras dentro de um circulo fechado, num perpétuo movimento.
Emergem do fundo dos tempos, sons vagamente harmoniosos, de um universo em constante transformação.
Vislumbra-se nos astros o advir, fractura-se o tempo nas estações, equinócios místicos abrem portas temporais.
Solstícios espreitam por entre colunas de pedra, incidindo sobre altares, suvemente simbolizando, da matéria a carne, do sangue a vida que renasce .
O futuro espelha-se do passado, reflecte-se no presente.
Em vórtice, emergem das pedras falantes, segredos esotéricos secretamente guardados, revelados aos escolhidos, àqueles que de coração puro, serão os guardiões da verdade.
Presta-se homenagem a Gaia, ergue-se o espírito para o cosmos. Fica consumado o acto da existência.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Blog's e gastronomia

Saltitava pelos blog
num salitar apressado
quando dei com aquele blog
num cantinho amarfanhado

Então, blog amigo
que tristeza te apoquenta?
-Doi-me à volta do umbigo
Uma dor que não s'aguenta

Oh que tremenda chatice
Que enorme aborrecimento
Vou perguntar à Clarice
se para ti tem um unguento

Massaja com azeite morno
Disse ela doutamente
Depois, leva ao forno
e dixa assar lentamente

Ai! troquei a receita toda
Não é nada disso, amigo
Massaja sim com azeite
à volta do teu umbigo

E depois então almoçamos
um belo cabrito assado
Com uns cheiros de ramos
que a Clarice tem preparado

Quem será a Clarice? Se alguma das minhas visitas se chamar Clarice e souber cuzinhar um bom cabrito no forno, faça o favor de se anunciar.
hahahaha

terça-feira, 12 de junho de 2007

Poema do ente (brincando com as palavras, mas não com o conteúdo)

Corre gente agitadamente
Em corrente, dependente
Tentando airosamente
Parecer que o faz alegremente

Falam fluentemente
Dos males que inquietam a gente
E que desumanamente
Nos transforma em gente dependente

Correm frenéticamente à frente
De um desânimo mordente
De uma ânsia persistente
De um sofrimento pungente

Surge gente desatinadamente
Perseguindo um nada aderente
Que lhes concede a ilusão poente
De um futuro poeticamente, politicamente, pomposamente, pontualmente, possívelmente... potente.

Oh minha gente
É imprudente nadar contra a corrente
Debater-nos sordidamente
Defendendo a vanidade decorrente
Em lugar da paixão pelo recorrente

Será bom que velozmente
Se coloque a mão na mente
Se interrompa o divergente
Se crie uma nova corrente
Que iguale toda a gente,
Consciencialize docemente,
Cure o mundo doente,
Do mal que dramáticamente
O torna num mundo sem gente.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Brincadeiras de Verão

Comprei um calção novo
Para ir até à praia
Mas o calção foi um estorvo
Ao dar de caras com a Maia

Ela olhou-me d'alto a baixo
Com um sorriso matreiro
E atirou-me um... "Oh gajo"
Tás com um ar d'azeiteiro...

É do creme, disse-lhe eu
Fingindo não entender
É dos calções, digo-te eu
Responde a Maia a correr

Tentando mudar a conversa
Convidei-a para ir nadar
Mas a Maia tinha pressa
Pressa para se pirar

E um sumo ali no bar?
Balbuciei engasgado...
A minha sede é de desandar
Respondeu num tom zangado

E lá fiquei na toalha
Virado de papo para o ar
Olhando para a maralha
Que entrava e saía do mar

Mas os calções são tão lindos
Pensei olhando-lhe a flor
E os elogios são bem vindos
Mas se não vierem, melhor!

"A Maia, foi só para rimar, :)))))"

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Dia Mundial da Criança

Hoje, eu ainda sou criança
brincando aqui alegremente
Hoje, a vida será uma dança
dançada convosco, minha gente

Hoje, vamos todos lá para fora
vamos correr, vamos jogar
Hoje, lançamos a maioridade fora
Hoje, vou ser eu a apanhar

Vou para o coito, contar
enquanto vos ireis esconder
Depois, vou-vos encontrar
Hoje, não vos deixarei crescer

Venham, venham, ver o que aqui ha
Um ninho? uma gruta com tesouros?
Vamos brincar ao Ali-ba-ba
ou então aos cristãos e aos mouros

Venham, vamos fazer uma corrida
Não, esperem, ninguem queira ganhar
Não vêem que a meta é a vida
E ela está ali para nos apanhar?

Voltem, voltem, por favor!!
Vamos de novo ser crianças!!

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A Estrela

Aquela estrela cadente
Que agora mesmo caíu
Até ha pouco brilhante
O meu olhar atraíu

Era bela, fulgurante
Radiosa de explendor
Desapareceu num instante
Como foi o teu amor

O seu brilho era intenso
E radioso o seu cintilar
Como o teu olhar imenso
Que me fez um dia sonhar

Hoje a estrela apagou-se
Perdeu o céu seu encanto
E o meu mundo tornou-se
Num vago eterno quebranto

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Rio louco

Ha um rio que me percorre
Ora calmo, ora alteroso
Fingindo que me socorre
No seu correr caprichoso

Por vezes venço a corrente
Que teima em me levar
Por vezes ela é potente
Impedindo-me de lutar

Neste rio que me invade
E que me faz sentir mar
Ainda encontro acuidade
E o desejo de clamar

De soltar um grito rouco
Que se evada do peito
Que acalme este rio louco
Que lhe imponha respeito

domingo, 27 de maio de 2007

O beijo

Roubei-te o beijo que tão cuidadosamente guardavas
Não proferi as palavras que ansiosamente esperavas
Mas foram os teus lábios que me mostraram a doçura
E nos teus belos olhos que conheci a ternura

Foram os teus dedos que no meu peito falaram
Foram os meus lábios que no teu corpo sonharam
Foram dois corpos que num só se conheceram
Foram duas almas que sem receios se deram

Roubei-te a inocência que me quizeste entregar
Fiz-te mulher quando o teu corpo foi mar
E o meu foi batel, se perdeu, para depois se encontrar
Naquele desejo sem fim de contigo navegar.

Roubei-te aquele beijo que te fez adormecer
Ofereceste-me o sorriso que me fez sonhar.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Não sei que título posso colocar

O espaço que nos separa é ficção
Na realidade, só nós existimos
Aquilo que nos parece atracção
É a diferença entre os nossos destinos

Somos o reflexo da nossa imaginação
Imagens reais de um sonho
Projectadas pela visão
Num andamento enfadonho

Dá-me uma razão para existir
Para que me consiga encontrar
Para que não continue a fugir
Dos medos que não sei enfrentar

Olha nos meus olhos, vê o meu coração
Lê-me a vida num abraço
Eu salvo-te dando-te a mão
Tu! Salva-me em teu regaço.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Enigma

Ora bem, tenho visto nos blog's por onde me passeio alguns desafios. Devo confessar que não consigo participar neles de modo sério que os desafiadores, penso que gostariam, dado que o sentido dos mesmos, inclina-se para o lado do auto-conhecimento, acompanhado de alguma filosofia de vida, se é que esta designação pode corresponder a algo de concreto e que nos caracterize.
Assim, resolvi lançar tambem um desafio, a quem se sentir de alguma forma interessado e sem nada de melhor em que perder o seu precioso tempinho.
:)))
Trata-se este desafio de 2 quadras em código, estando as letrinhas todas organizadinhas se gundo uma ordem constante, lá vai:

UEQDANOOOSLASEGPAAR
MEODUNOOAOÁTVMOTOLAR
MOSIERADISNORSEVÃOOMPONT
UOMONDRSEMAUNCOTO

EEDVNOUOTSDOAER
FDAMORUAQMENADIIFO
NDEOOVEOCAULTESAAR
TNARERVAAAIDEQUIDO

Hãnnn?
Querem uma ajudinha?
pronto eu dou... estão atentos?

três é a divisão verdadeira
o que está adiante é atrás
e todos casam de maneira
que no fim, o futuro verás

domingo, 20 de maio de 2007

Desejo-te

Desejo-te em campos de trigo manso,
A tua pele dourada. Espiga madura.
O teu ondular livre, amplo balanço.
Toda lascívia, pontuada de candura.

Desejo, o ai do teu corpo, da tua alma,
A tontura do teu suspiro infinito.
Ter-te em mim, completa e calma,
Beber em ti o beijo, docemente dito.

Desejo-te, como ao ar que se respira.
Como à água pura, fresca, de nascente .
Intensa, és a musa que me inspira.
Feiticeira, que me ama docemente.

Desejo-te ao luar da noite morna.
Suavemente inebriada de paixão.
Corpo lânguido, ardente de uma forma,
Cujo fogo se lhe desconhece a razão.

Sinto-te plenamente, meu amor.
Avanças pela noite, és presença.
Fica, abraça-me, enche de calor.
Meu corpo, minha alma de criança.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Busca

São folhas caídas,
este amor que sinto,
mas...não vivo
Por lhe faltar o sentido


São pérolas brilhantes
Que encontro no mar
E não acho na vida,
em quem as colocar


E se tento encontrar
O pescoço ideal, divinal
Sobrepõe-se um mar
De vagas, rochas e sal


Depois, sentado, penso
Naquela imensidão de pureza
Atento no seu peito doce e denso
Atento, na solidão da beleza

sábado, 12 de maio de 2007

Verão

Era Verão...
E tu chegaste esvoaçante,
como uma ave emigrante,
que chega de país distante.

Era Verão...
E eu, qual galante,
insinuei-me vagamente,
perante o teu ar provocante.

Era Verão...
E o teu olhar cintilante,
a tua voz cativante,
o teu cabelo ondulante,
fizeram o meu coração errante,
disparar loucamente, alucinante.

Era Verão...
E o teu andar elegante,
gravou-se no meu, delirante,
E o teu falar empolgante,
geraram aquele amor escaldante.

Foi Verão...
E aquele amor gigante,
desfez-se num instante.
Quando voltaste hesitante,
para o teu país distante.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Tempos

Vivemos tempos em que é destruído o resto daquilo que foi construído.
A desorientação é geral, todos buscamos um caminho. Para nos animarmos nesta busca, criamos imagens irreais que perseguimos, fundamentadas num desejo apoiado em conceitos vãos.
Neste percurso, não deixamos obra que nos dignifique. Queremos ser mais, queremos ser tudo, desejamos possuir tudo, desejamos que tudo esteja submetido ao nosso querer.
Nestes tempos, desqualificam-se conceitos morais, sociais e humanos. Tudo sob uma capa de indiferença, porque nada diferente parece poder ser feito. É o ritmo alucinante que uma sociedade consumista se habituou a viver e para o qual não está a conseguir encontrar alternativa.
Na nossa capacidade limitada de visão, não nos é possível alcançar mais adiante, nem projectar para o futuro, o hoje está diáriamente mais difícil.
Nestes tempos, o objectivo de vida é possuir, mas possuir bens, não, valores, possuir objectos com uma vida útil limitada. Essa avidez pelo consumo gera uma crescente vontade de possuir para marcar a diferença.
Nestes tempos vive-se do faz-de-conta e do conceito de ilustre desconhecido, que imediatamente é tomado como um ícone social, pela marca de adereços que ostenta, pelos locais que frequenta, pelos circulos sociais em que se insere.
Quando são estes os valores que perdominam e que servem como tábua de mandamentos de uma sociedade, é certo que se vivem tempos de mudança.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Imagens

Escuto os choros do mundo.
Olho os corpos dos famintos,
dos doentes que lá do fundo,
me dirigem um olhar triste,
rogando uns nada já extintos,
sobras daquilo que não existe.

Choro com eles em silêncio,
reconheço-me na sua verdade.
Na pobreza que presencio.
Busco um tudo necessário,
que seja mais que bondade,
que ultrapasse o simples dar.
Algo de muito extraordinário.
Busco-lhes o ressuscitar.

De tão desumanas e chocantes,
Duvido cinicamente das notícias,
Da verdade inventada pelos homens.
A crueza das imagens distantes.
Da dor alheia que fere, lancinante,
O peito dos que a suportam.
Mas a quem só as palavras não confortam.
Impele-os uma força natural. Adiante!
E marcham, como formigas...
Carregando a culpa da existência... ultrajante.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Caminhando

Vou caminhando, sentindo o sol nas minhas costas. Fixo o olhar no horizonte, inebrio-me na lonjura da distância. Não busco por sinais, nem por respostas, vou simplesmente percorrendo o espaço. Não determino um tempo para chegar, não programei o tempo de partida. Não baixo, nem elevo a linha do olhar, não determino um ponto fixo no horizonte, não reconheço a fadiga dos meus passos. Vou andando, na esperança de sentir a passagem deste para um novo tempo.

terça-feira, 1 de maio de 2007

A culpa

-A culpa é tua...!
-Não. A ulpa é tua!
-Desculpa, a culpa é tua!
-Pediste-me desculpa, porque admites ser o culpado?
-Não, pedi desculpa pela insistência da minha afirmação.
-Mas admites que a culpa é tua?
-Não. Já disse que a culpa é tua!
-Irra! Com mil demónios. A culpa é tua!
-Volto a afirmar. A culpa é exclusiva e inteiramente tua!
-Estou a perder a paciência. Disse e repito; a... culpa... é... tua!
-Mas como é que podes afirmar que a culpa é minha?
-Obviamente, porque é lógico que assim seja. A culpa é tua!
-Vamos raciocinar; afinal, de que se culpado?
-Daquilo que estás a pretender culpar-me.
-Que é concretamente o quê?
-É...

sábado, 28 de abril de 2007

Ajo sem vergonha

Ajo, ponto por ponto, como um tonto
convencido que agindo deste modo,
com certeza, saberei com o que conto.
E eganar-me, não sucederá, de todo

Rio-me de mim próprio, sem pudor,
desta forma de certeza confirmada.
Convencido firmemente do valor,
daquilo que afinal, não vale nada.

Aos demais, brado com maior firmeza,
a tontice que me faz julgar maior,
Dando mostras, com toda a certeza,
que escutam, não um tolo, mas um doutor.

E todos me creem fácilmente,
seguindo a doutrina da mentira
Não sei se sou eu, ou esta gente,
que me dá este agir, ou que mo tira.


heheehe, hoje deu-me prá parvoeira

terça-feira, 24 de abril de 2007

A montanha de Sísifo

Vejo o medo, nos olhos de todos aqueles,
que como eu empurram montanha acima,
o penedo de Sísifo, persistentes, debeles,
indagando da vida o objectivo que a encima.

Os braços exaustos e o tronco desfeito,
mas a coragem remanesce a cada passo,
renasce a cada arquejo, dentro do peito.
Desfaz o corpo, aumenta o cansaço.

Da tontura, desejam construir o abraço.
Do desânimo, a constância, a força insana.
Dos musculos e tendões, forte baraço,
projectando toda a força que d'eles emana.

E voltam a erger a face, à rocha dura,
atacando novamente na subida.
Resignados/resistentes à catadura,
dos esforços titânicos desta vida.

Foi-lhes dito, garantido à nascença,
que toda a vida ganha um dia o seu final.
Descobriram logo cedo por experiência.
Que no meio fica um tempo adicional.

sábado, 21 de abril de 2007

Agostinho da Silva

Não se recordam?
Foi um pensador, entre outras coisas. Utilizador da palavra e da expressão em toda a sua plenitude, homem intrínsecamente ligado à terra e à gente do povo, com quem aprendeu a crescer e a entender o mundo. Nasceu no Porto, faleceu em Lisboa, depois de ter percorrido os quatro cantos do mundo e de, em todos ter deixado a sua marca pessoal e de português.
De Portugal e da sua funcção futura no mundo, Agostinho, deixou escrito este bilhete.
Leiam-no atentamente, por favor.
Portugal, vindo do além do mundo, revela-se ao mundo até ao século XIV, formulando a sua cultura própria, a do Espírito Santo, e na plenitude de suas características fundamentais, no que incluo o que se chame de qualidades ou defeitos, de seu inteiro povo, ou do conjunto de seus povos regionais, dos grupos vários que se formem e de colaborantes classes.
Do século XV ao século XX revela Portugal o mundo ao mundo, na força máxima de sua variedade, e com bastante compreensão de sua unidade humana e de sua aspiração ao mais elevado e mais íntimo.
Do século XXI por diante revelará Portugal ao mundo, sobretudo pelo ser de cada um, o que se vai atingir para além do mundo, com toda a física uma metafísica; todas as coisas várias e a mesma; todos os povos um só e diferentes; todas as características uma e diferentes; todos os ideais diferentes, e um só.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Pombal

Hoje, apetece-me escrever acerca daquele que deveria ser, em minha opinião, o paradígma dos políticos portugueses. Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido de todos pelos títulos nobiliárquicos de Conde de Oeiras e de Marquês de Pombal, nasceu em Lisboa no ano de 1699 e faleceu na vila de Pombal, em 1782. Quando o referencio como modelo a seguir pelos nossos políticos, não estou a pensar nos seus actos de despotismo e prepotência, mas sim em todas as suas medidas de dinamização e protecção às indústrias e comercio. O feito que habitualmente referencia Sebastião, é a reconstrucção de Lisboa, após o terremoto de 1755. Esse facto, é sem dúvida meritório, pela clarividência que demonstrou face à dimensão da tragédia, pela sua capacidade de determinar a actuação a seguir e também pela sua visão futurista e dinâmica daquilo que deveria ser a Lisboa do futuro. Porém, onde eu encontro maior mérito, em tudo o que foi a sua administração, é sem dúvida a forma como ele previu e programou o desenvolvimento económico do país, criando e desenvolvendo mecanismos para que toda a gente tivesse ocupação e dela pudesse retirar o seu sustento. Esta dinâmica contrariou o estado de absoluta pobreza em que o país se encontrava, desenvolvendo a agricultura a indústria e o comércio, proporcionando o aumento da produtividade e das exportações, criando riqueza, acabando com a mendicidade e a indigência. Perdeu no entanto algum brilho, toda a sua governação , devido às crueldades e violências que mandou cometer, sobretudo na pessoa de famílias poderosas da época, de que são exemplo os Távora. Hoje desconhecemos o contexto real em que essas atitudes terão ocorrido, conclui-se no entanto que as famílias que foram alvo das atrocidades de Sebastião, seriam detentoras de enorme poder político, económico e religioso, os quais entravariam a concretização dos projectos de Pombal. Por vezes, grandes actos, obrigam a grandes decisões. Conceda-se-lhe o benefício da dúvida...

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Pergunto, se...

Pergunto ao sol, pelo menino irrequieto
que corria no recreio daquela escola
Pergunto ao vento, pela criança de bibe aberto
que rindo, alegremente, jogáva à bola

Pergunto à chuva se recorda aquele rapaz
de cabelos soltos, meigo e irreverente,
alegre, endiabrado, brincalhão e sagaz
que vivia, pregando partidas a toda a gente

Pergunto à relva, ás arvores daquele parque
se recordam aquele jovem enamorado
Que de mão-dada se sentava ao fim da tarde
junto aos lírios... de olhar apaixonado

E que, ternamente olhando a sua amada
lhe jurava um amor imenso, inacabado
Roubando-lhe um beijo à descarada,
entregando-lhe um coração apaixonado

Pergunto ao mar se tem lançado o seu odor
se tem polvilhado de algas e maresia,
O corpo daquele jovem que sem pavor
brincava nas suas ondas com ousadia.

Pergunto à lua, se tem visto pelo espaço
o romântico, o poeta maravilhado
Que cantava o seu brilho, o seu abraço
em versos de um encanto perfumado

Pergunto à vida, o que fez daquele grande sonhador
para quem ela tinha um projecto tão fantástico
Respondeu-me, ele agora é um senhor
responsável, circunspecto, cuase estático

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Os desafios da Psique: um novo desafio

Eu sou!
Não tenho duvidas que sou!
Com toda a garantia, posso afirmar que sou!
Se eu não fosse, todos vocês não seriam também, logo, se vocês são, eu também sou, ou seja, a garantia de eu ser, é a de vocês serem.
Aquilo que quero ser, é o projecto continuado daquilo que sou, hoje. Como cantava Jeanis Joplin... o futuro não existe, o ontem não existe... it's always the same fuk'in day man.
Mas... Sting, aquele rapaz que foi Police, também afirmou... be your self, no mether what they say.
Como não sou capaz de inventar nada e até novos dados, vou-me apoiando no princípio do Yin e do Yan, vou pondo um pezinho à frente do outro, um de cada vez, tentando não tropeçar.

terça-feira, 10 de abril de 2007

A Força do Olhar

Olhei-te, deixei de pensar,
passou o tempo,
fiquei a olhar.

Olhaste também e aí eu senti,
que algo entre nós
Devia existir

Numa atracção natural juntámos o olhar,
sentimos então,
estarmos a amar


Quisemos falar, não havia o que dizer,
ficámos a olhar,
até ao entardecer.

Aí...nessa altura, cansados de olhar,
juntámos os lábios,
quisemos amar.

Senti o teu corpo, sentiste o meu,
em poucos instantes,
estávamos no céu.

E pensámos que juntos,
voávamos pelo ar.
E quando pousámos,
descobrimos no olhar
a força de amar.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Marca Indelével

Ainda que o sol brilhe,
sinto que a chuva e o frio,
invadem o meu coração

Mesmo quando as nuvens
já tenham desaparecido.
Fica a mesma sensação

Ainda que me mostres
a vã razão para lutar,
já não tenho aquela força

Quando olho as minhas mãos
e penso em sobreviver,
sinto que o mundo é uma farsa

Mas mesmo assim os teus olhos,
mantêm-me a esperança acesa
para encontrar a paixão

E mesmo que digas que não,
são os teus lábios que falam
e nunca o teu coração.

sábado, 31 de março de 2007

Hoje

Hoje, vim aqui para escrever,
conversar com vossas mercês
e para deixar transparecer
alguns quês e seus porqês

Algumas manhas e deixas
uns truques e fantasistas.
Não vou maça-los com queixas
nem vou falar de conquistas.

Vou sim, falar de alquímia,
e da pedra filosofal
que transforma todo o dia
a vida num festival

Essa pedra é um tesouro
bem difícil de encontrar
Não tem preço, e vale ouro
mas não se pode comprar

Como já devem saber
falo de amor e paixão
Que nasce dentro do ser
em qualquer ocasião

Ha que procurar esse bem
Rebuscando sem cessar
e quando se encontre alguem
dá-se-lhe a pedra a guardar

quinta-feira, 29 de março de 2007

Ao Mundo Blogger

Lanço-me em amplexos vazios pelo mundo dos blog. Pretendo encaixar como peça de puzzle, num espaço, onde reconheça o reflexo de mim, dos meus pensamentos, das conclusões a que julgo ter chegado. Mas encontro a lógica do ilógico implantada nos conceitos que se pretendem ver entendidos pelos restantes viajantes. Extraordinário é perceber que nesses vazios amplexos, encontro espaços preenchidos com essências, com supremos momentos de entendimento mútuo. E então reflicto: A virtualidade compõe a realidade, a negação da concordância culmina como vértice de pirâmide com o desejo motivador de entender.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Fabula...Fabulosa

Sete fadas me levaram
Suavemente num sonho
Em três lagos me banharam
Num ambiente risonho

Em nove bosques me sararam
Dançaram-me ao luar.
Dum sonho me acordaram
Profundo, feito mar

Depositaram-me no orvalho
Sobre violetas em molhos
À nona semana renascia.
Ao abrir os olhos,
numa manhã de poalho
Eras tu que eu via

Dei-me ao mundo com amor
Mas o mundo me tragou.
Dei-me a ti com alegria
Dei-me ao amor que te roubou.

Bebeste-me em cálices de pedra!

segunda-feira, 19 de março de 2007

ENCONTREI-TE!

Encontrei-te, saías de um beco escuro
Trazias na mão a vida inanimada
No peito arfante, um quadro duro
No olhar sombrio, uma vida acabada

Olhaste-me sem me ver
Arrastavas pelo chão
As tiras do teu sofrer
E nem me ouviste dizer
Que estava ali a minha mão
Que podia amparar o teu morrer

Mas de onde tu vinhas
Não se via a luz.
Não havia almas
Era sempre aquela cruz
O grito da dor que adivinhas
Só depois da noite te acalmas

E eu ali, na esquina
Entrego-te metade de mim
Para gastares como fumo
Em manhã de neblina
Ou para te dar novo rumo
Salvando-me ao teu fim