sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Epopeia

Já vejo solto o pano branco da barca nua que vogará pelo mundo.
Transporta no ventre herois imensos de tempos passados
De coragens desmedidas, de desígnios bem armados
Correm longe sobre os mares, buscando terras lá ao fundo

Sabendo gentes, conhecendo-lhes os habitos diferentes.
Ouvem-se os clamores das trombetas que anunciam a partida
Sentem-se as preces aflitas, dos que ficam dessas gentes.
Para que um dia, outras gentes, conhecendo outra lida

Esqueçam o rumo dessa barca e se percam pelo mundo de fugida
Guiando-se pelo sonho de um desejo, uma vontade desmedida
Que a conquista e a encoraja a proseguir buscando a vida
Numa renovada e sempre prepétua partida!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Avançando...

Da visita ao blog do Rui Caetano, http://urbanidades-madeira.blogspot.com/ , surgiu a inspiração para este poema, que lhe dedico.


Fico feliz quando encontro
Companheiro de boa verve
Que solta, vinda de dentro
A palavra que lhe ferve

Que também trata por tu
As fortunas desta vida
E que não olha p'ró tempo
De chegada e de partida

Será que a vida é uma roda
Da qual somos os dentes?
Ou será que é tudo uma moda
De que estamos dependentes?

Entretanto, com razão,
Te digo meu caro amigo
Vamos andando pela mão
Sem olharmos p'ró umbigo

Ao chegar o fim da estrada
Sentiremos em consciência
Não descomandámos a roda
E vivemos com decência

Sem deixarmos de esperar
Pelo sol de amanhã
Tentemos sempre encontrar
A razão para tanto afã.

Avancemos...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Quando um homem se põe a pensar

Revejo-me no espelho dos olhares com que me cruzo pelo mundo
Revelam-me uma parte recôndita do meu ser
Convidam-me a olhar-me bem no fundo
Acalentam em mim o desejo de me conhecer

Nas mãos de quem mas estende noto as marcas
Ora ténues, ora vincadas de uma vida
Vejo caminhos, vejo lutas já travadas
Sinto-lhes a força que as salva da partida

E quedo-me reflexivo nesse limbo
Confiando na paixão deste entender
Reconhecendo o que esta gente tem de lindo
Apreciando o que o mundo tem p'ra viver.

et voilá!!!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Alberta... Alberta

Alberta... Alberta , meu amor
Chega à janela da sala por favor
Vem escutar do mar, o seu clamor
E arrancar do corpo esse turpor.

Vem Alberta, vamos correr pelo areal
Sentir nos pés o sabor do irreal
Apanhar pedras soltas do pedregal
E atira-las sobre as águas, em espiral

Olha Alberta aquele barquinho acolá
Qual será a rota dele, qual será?
O que o terá trazido, o que o levará?
Lindo barco, frágil barco vogará

Alberta... Alberta, chega aqui depressa
Vem ver esta concha que regressa
Desse mar tão grande e tão sem pressa
Curiosa de conhecer-nos, ora essa

Alberta... minha Alberta tão querida
Já se põe o sol por trás d'aquela arriba
E não consegui tirar do peito esta ferida
Causada, por ter de viver com a tua partida.

Volta Alberta, volta depressinha
O mar sem ti, não é mar, nem é nadinha
E eu, sou menos que uma sardinha
Neste remanço de ir vivendo esta vidinha

Volta Alberta, volta!!!!
Mas afinal, quem raio será esta Alberta?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Metáfora

Este poema, dedico-o à minha grande amiga Maria Eduarda, autora do blog andondehaespaco.blogspot.com, onde ela magistralmente vai desfiando aquilo que a alma lhe sente. Como vês Maria, o prometido não foi de vidro, se foi, era do bom, da Marinha Grande, feito ainda pelos arcaicos processos artesanais. "Nada melhor que o belíssimo produto nacional"
;))))

Hoje vi-te!
Como rio que se solta da barragem que lhe prende as águas.
E pegaste-me, envolvendo-me com toda a força do teu querer
Levaste-me leito abaixo, entre margens de desejo.
Despenhámo-nos em cascatas palpitantes, seguindo
Ora rápido, ora lentos, ora calmo, ora agitados,
Saltando de fraga em fraga, galgando por cima de penedos.
Buscando desenfreadamente a plácida foz, onde
Um mar imenso serenamente nos acolhe
E nos guarda, repousados, em seus segredos.
Quando sentires medo, chama por mim.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quando nos amámos

Gelam-me as mãos num fogo ardente
Tremem-me os passos já incertos
Tudo, porque te tenho à minha frente
Oferecendo-me os teus braços já abertos

Abrasa-me o desejo imenso de te ter
De entrar em ti, nos teus sentidos
Explorar o teu corpo sem o ver
Escutar surdamente os teus gemidos

E... resplandeces como o sol ao amanhecer
Sorris-me, docemente quase infantil
Teu corpo ao abandono, faz-me crer
Que toda aquela paixão te tornou frágil

O meu cão... my dogue... mon chiano... mi pierrot... maina dogan.... :))))

Muita gente se interroga: Este Bartolomeu será tolo? Será um puto a passar-se por adulto? Será um toxico-dependente com os chip todos queimadinhos? Será um chico-esperto com a mania que é inteligente? Ou será um extra-terrestre com dificuldade de assimilação dos padrões terráqueos?
Seria ignóbil da minha parte esclarecer esta dúvida, até porque sou inteiramente defensor do princípio do livre arbítrio, pelo que me compete dar a todas as imaginações o espaço suficiente para que divaguem.
So vos vou deixar sinal de uma pequeníssima característica da minha personalidade: fui uma criança muito "viva", alegre e brincalhona (a criança), nas aulas era o bobo da corte, a asneira mais insólita que acontecesse não apresentava qualquer dificuldade em se conhecer o autor, era sempre o mesmo. Porém, embuído de uma qualidade (uma em duas, ou, duas numa) assumia sempre a autoria (por vezes até com um certo orgulho) e defendi sempre os mais fracos.
Posto isto, aqui vai um poeminha que ilustra esta faceta do Bartolomeu, que apesar de crescido se mantem infantil, mais do que Q.B.
Ah, convem esclarecer que o tema deste poema me foi inspirado pelos comentários com a minha mais recente amiga Sirk, autora de um blog muito bem disposto.

Chamo perdigueiro ao meu cão
porque fareja a perdiz
Que lhe chamaria então,
Se ele não tivesse nariz?

É inteligente o meu cão
Mesmo sem raciocinar
Só não entendo a razão
Porque só lhe falta falar

Diz-me o douto veterinário
Que não tem cordas vocais
Mas no meu imaginário
Falta-lhe isso e muito mais
Falta-lhe conhecer as vogais
:))))))))

As consoantes? Conhece!
Consoante a fome lhe aperta
Ladra assim que amanhece
E quando vê a porta aberta

O meu cão é mesmo esperto
Sai ao dono... já sabia
Havieis de o ver disperto
Quando lhe recito poesia


Estive para enviar este poema (poema?, já te dás ao luxo de poder chamar poema a isto?) ao poeta Manuel Alegre "Cão como nós", em homenagem ao seu livro, mas o homem não deve ter tempo para me ler, anda sempre ocupado a lutar contra a dentadura.
Hãnnn?
Ah... ditadura, pois, isso. desculpem, estáva distraído.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Diálogo entre Mim e Eu

Desnudo-me au teu olhar, mundo exigente
Dispo-me dos farrapos de trajar
Tentando mostrar-te que só sou gente
Sem querer tropeçar no meu andar

Não me peças por favor, grandes obras
Nem esperes de mim actos heroicos
Pois no final, sei que mos cobras
Exigindo que os mesmos fossem autênticos

Deixa-me mundo, ser pequeno
Esperar sentado pelo dia-a-dia
Não me tentes com a glória de um aceno,
Essa efémera sensação tão fugidia

Vai mundo, procurar outro que queira
Beber dessa taça envenenada
Ha muito me curei dessa cegueira
Hoje, só desejo, terminar com honra esta jornada.

(Acho que vou dar razão ao Eu. Não sei... parece-me que tem mais a ver comigo...)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Plácidamente esperando pela inspiração

Gela o sol porque não vens
Secam as fontes murmurantes
Tolda-se o céu de negras nuvens
Tornam-se as belas flores aberrantes

Quando surgias a toda a hora
E ficavas comigo abraçada
Fazendo-te sentir abrasadora
Mesmo quando a noite era gelada

E tu em mim te manifestavas
Pujante, repleta de harmonia
E no meu peito te aninhavas
Fazendo a negra noite ficar dia

Eu sonhava, cantava, rodopiando
Aumentavas em mim a alegria
Até ao dia em que te dissipando
Te afastaste de mim, doce poesia