quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Tempos de criança

Este poema é dedicado a uma amiga, que, passados anos, sente ainda o apelo daquela Angola longínqua, onde cresceu e onde deixou amigos de infância que em todos os momentos, lhe invadem de suadades os sentidos.

Eu sei que querias voar
ganhar asas, liberdade
Para à tua terra voltar,
tentar entender a verdade

Eu sei que ainda sonhas
Encontrar velhos amigos
Perguntar-lhe pelas vidas
Conhecer-lhe os destinos

Eu sei que sentes ainda
na pele, aquele calor tropical
Nos olhos a paisagem linda
Que te deu esse ar jovial

Mas aquela terra que amas
Que te viu tornares-te mulher
Quis soltar-se, ganhar asas
Quis tambem poder crescer

E são assim, minha amiga
As voltas que o mundo dá
É esse sonho que te liga
Ás memórias que guardas de lá

(neste poema, obvío títulos académicos e regras específicas de tratamento social, este poema, é uma conversa de almas)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sonhos de um Bartolomeu

Esta noite eu sonhei
que o meu país era lá
numa terra que não sei
e num lugar que não ha

Esta noite eu sonhei
com a gente do meu país
De onde vêem não sei
nem qual é a sua raíz

Esta noite eu sonhei
com o meu país cumprido
Num lugar que eu não sei
no meu coração tão querido

Esta noite eu sonhei
com a minha gente unida
Numa terra que não sei
de grandes vontades ungida

Esta noite vou sonhar
com o canto lusitano
Entoado sobre o mar
por este povo que eu amo

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Sou... Sou? Secalhar sou, sei lá!

Sou um pedaço de nada
perdido na praia do tempo
Sou uma noite acabada
Sou um longinquo lamento

Sou a pedra abandonada
Sou o caminho esquecido
Sou a cantiga cantada
Sou um leito adormecido

Fui, a razão encantada
que um dia nos selou
Sou, a razão acabada
Daquilo que nos separou

Já não espero que regresses
que pises de novo este chão
Já esqueci todas as preces
E o calor dessa paixão

Ah, como queria não ser eu
nem ser tu... amor meu
Ser simplesmente um véu
Esvoaçando, sem rumo, pelo céu

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Será...

Será de fera ou de fogo
esse grito louco que me fere
e não consigo conter?

Será de pedra ou de ferro
esse muro que me prende
e que não consigo erguer?

Será de nada ou de tudo
este desejo fervente
que não me deixa mover?

Será de hoje ou amanhã
esta vida latente
que me obriga a viver?

Será a força pungente
que obriga o universo a girar
que empurra toda a gente
e que me impele a gritar?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Pensamentaduras

Ah... hoje eu quero sentir
as ideias a incendiar
Hoje não lhes vou resistir

E vou deixa-las aflorar

Ah... hoje eu quero ser mais
Quero ser tudo aquilo que não sou
Vou soltar a franga p'los madrigais
Libertar o poema que me abrasou

Hoje vou ser poeta, ou algo assim
Vou cantar o amor o desejo a paixão
Ireis ficar a conhecer algo de mim
Que não tem a ver com senso ou razão

Ireis conhecer o lado secreto da minha alma
A inquietude dos pensares que m'atormentam
Aquilo que me transforma a raiva em calma
Os desejos que me seguram e me tentam

Mas... é evidente e certo que não quereis
Conhecer nada daquilo que escrevi
E todas estas frases , com um sorriso abalroareis
Meio incredulos... terá sido mesmo isto que eu li?

(Ha dias que me assalta uma parvoíce incontrolável)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Se Um Dia...

Um dia... se ao passar por ti, não te cumprimentar, perdoa a minha cegueira.
É que as lágrimas de saudade, vertidas desde que partiste, secaram o meu olhar. O rio que deles brotou ininterrupto chorando a tua ausência, afundou-se num vale profundo, entre montanhas de desespero.
A luz que os iluminava, aos poucos envolveu-se de um cinzento nebuloso, gélido, tornaram-se farois apagados, guardiões de portos esquecidos, onde já não chegam naus.
Se um dia... ao passar por ti, o meu corpo não estremecer de desejo, se os meus lábios não se afastarem de espanto e os meus braços não se abrirem com vontade de te envolver, perdoa o meu torpor.
É que este corpo morreu desde que partiste, calaram-se para sempre estes lábios, penderam eternamente estes braços, cançados de tanto esparar pelos teus.
Se um dia... passares por mim e reconheceres uma derradeira lágrima tombada na minha mão, sorri-te em memória de uma paixão.