segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Alternâncias...

Aqui, neste limitado ambiente virtual, sinto-me confinado, reduzido à expressão escrita, limitado pela falta da fonética.



Deixo ficar pedaços de mim
Espalhados pelo tempo
Memórias âmbar e marfim
De um passado que antecipo

Guardo o perfumado jasmim
Com que aromatizaste o meu campo
Guardo o cenário em cetim
Onde me fizeste deus do Olimpo

Subo montanhas, penedias agrestes
Sento-me, admirando o mundo
Recordando os beijos que me deste
Calando esta dor lá bem no fundo

E fico, não me solto das memórias
Vagueio por entre sons e imágens
Rio das lembranças, das histórias
Adormeço, escutando o vento entre as ramagens

domingo, 28 de outubro de 2007

Cristal

És o meu cristal da sorte
A minha estrela do Norte
És a sensação mais forte

Eu... sou o eterno errante
Figura escolhida de Dante
Teu sempre, eterno amante

Nos, somos a obra de arte
Contrários ao aberrante
Aves de voo rasante
Somos Vénus, somos Marte
Nos, somos o inverso da morte

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Roda da vida (sem avanços)

Aparentemente frágil
Coração batendo ágil
Com desejo de ternura
Lábios não disfarçam a tremura

Olhos buscam incessantes
Mãos esquecem os instantes
Peitos gastos de amar
Ventres salgados por tanto mar

Gemidos vindos não sei d'onde
Desejo muito forte que se esconde
Passos perdidos, procurados
Infinita rotação, seres abraçados

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E...

E o cheiro que da giesta emana, quando chove
E o cheiro que vem de ti, quando te amo
E a paz que sinto quando no céu a nuvem se move
E o sorriso no teu rosto, quando no fim, pelo teu nome chamo

E o grilar do grilo no restolho
E a minha mão, quando segura a tua
E o mel dos teus lábios que eu colho
E a tua pele morna, suave, doce e nua

E a tempestade que de além se aproxima
E o frio que te aconchega a mim
E o desejo do teu corpo que com o meu rima
E o desprezo completo pelo fim.
Fim!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Esclarecimento

Queridos amigos e amigas, tenho andado sem piquinha nenhuma para escrever, textos, quer em prosa, quer em verso. Deve ser do tempo, ou não...
Mas, e porque não gosto de deixar nada por dizer e esclarecer, venho hoje explicar a história do porquê da suposta masculinidade de Rosa dos Ventos.
Ora bem, conhecendo a minha completa desatenção aos promenores e "truques" bloguistas, disse-me um dia destes uma amiga (esta sei que é fêmia porque a conheço em pessoa).
-Olha lá Bartô, chamas Rosinha e mandas beijos ao Rosa dos Ventos, mas ele é homem pá.
- Hooops, é homem? como é que sabes?
- Olha lá meu tanso, já foste ao perfil dele?
- Eu não, porque carga de água havia de ter ido?
- É que se tivesses ido, percebias que é homem.
- Ah sim? então vou ver.
- Fui ver e... népias, fiquei na mesma.
- Dahhh és mesmo Tóni, se fores ao local e clicares em Ribatejo Norte, vês logo que é homem.
E fui, e cliquei e apareceu-me um "Deckhard" .... chiça! tinha logo de ser hard, pirei-me antes que começasse a arder. Bom, muito sinceramente, não me fazia a menor diferença que Rosa dos Ventos fosse homem ou mulher, só que não havia necessidade de andar a preverter-lhe o sexo. Por isso decidi, num comentário pedir-lhe desculpa pelo equívoco.
Porém, perante a estranheza do comentário de Rosa dos Ventos a minha curiosidade levou-me a fazer a mesma operação no meu perfil, e... surpreza das surprezas, apareceram um porradão de personagens que não têm rigorosamente nada a ver comigo.
Conclusão, a minha amiga, afinal, percebe tanto disto quanto eu, só que com uma diferença, induziu-me em erro, e eu tão parvinho aceitei logo como certa a sugestão dela.
Dahhhh!!!!
Agora é que é a conclusão...
Tudo isto, não resolve a identidade sexual de Rosa dos Ventos, que pode ser Rosa pela parte da mãe e Ventos pela parte do pai, como se pode chamar Maria José Rosa dos Ventos, como José Maria Rosa dos Ventos.
Mas a partir de hoje fica jurado, não volto a meter o nariz no perfil de ninguem.
hehehehehehe
E, Rosinha, tanto dá para mulher, como para homem, portanto ... Avancemos!!!!

sábado, 20 de outubro de 2007

O Sabor do apreço

Sempre atribuí ao olhar, como veículo para a descoberta e o entendimento, uma importância fundamental. São importantes ainda, o olfacto, o tacto, o paladar e a sensibilidade para completar esse entendimento. Porém, ha quem neste mundo, desenvolva capacidades sensoriais, que ultrapassam os "sentidos" com que vimos equipados de nascença.
A prova mais recente do que acabo de afirmar, é aquilo que a minha amiga Leonor expressou no seu comentário ao post anterior e que transcrevo:
A ti:Saltas do fundo ao tecto do mundo,colhes flores, falas de amores,apanhas estrelas, ficas a vê-las,respondes à física, escutas música,transformas poesias em dias,os dias em melodias,sabes orações, tocas corações,tens mil desejos e fazendo chover beijos,giras em camas com quem amas,encontras sonhos nunca tristonhos,atiras-te à alegria e ai de quem não ria,empurras a vida numa ida e numa volta sem revolta:um voo apenas, de soltas penas.
É obvio que este comentário me enche de satisfação e... de orgulho, porque não admiti-lo?
Quando alguem nos vê e nos entende do modo como a Leonor o fêz, sente-se sem esforço algum que o ego cresce.
Eu até podia compôr o ramalhete dizendo agora, que são comentários como o dela que me instigam a escrever. Porém, não necessito de o fazer, na medida em que, apesar da excelente sensação que sinto ao lê-lo, compreendo que, aquilo que me leva a escrever, é, antes de mais o prazer pessoal, logo seguido, ou igualado pelo prazer dos comentários expressos por todos (as) que me lêem. Reflicto por isso, no grande prazer da expressão das ideias, reflectido no prazer dos comentários obtidos, garantindo deste modo, que o objectivo da minha escrita "O Avanço" se vai realizando.
Avancemos então, de mãos dadas.
Beijos para todos e todas!!!
Assim como assim, fartei-me de mandar beijos ao Rosa dos Ventos e não morri, é porque afinal, não constitui mal de maior beijar homens.
Mas... não se entusaiasmem, vão com calma!!!
;)))))))))))))))

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Tenho de deixar de fumar aquelas coisas...

Não seriam ainda 11 horas, quando o relógio do quarto, bateu na sala as 12 badaladas, por toda a casa se ouviu o ruído silencioso que soou no corredor. Passos lentos, aproximaram-se rapidamente à distância. Inesperadamente, tal como calculava, ela apareceu, nua, vestindo uma túnica opaca de tecido transparente que não deixava adivinhar os contornos do seu corpo liso. Sorriu-me sem que qualquer músculo do seu rosto vibrasse, imóvel estendeu a mão na minha direcção, apontando a pedra da lareira. Olhou-me de costas, flectiu a perna esquerda que se mantinha direita e sem articular uma palavra, afirmou perguntando. Chove lá fora, está um belíssimo dia, para sair, ficamos em casa hoje!?. Estranhei a certeza com que me admirei por não me surpreender pelo beijo oferecido que não me deu. Sobressaltei-me calmamente quando num gesto súbito, longamente reflectido se ajoelhou à minha frente e me abraçou por trás. Confesso negando que naquele momento, volvidos alguns minutos, um frio abrasador circulou parado por fora do interior do meu ser inexistente, adormecendo os sentimentos insensivelmente despertos. Levantei-me imóvel e conduzi-a parada ao sofá da cama. Lentamente, beijei-a apressado sem lhe tocar, minutos depois, sem que o tempo tivesse passado, rebolámos imóveis no colchão do tapete. Os seus gritos de prazer inaudíveis, soaram calados na sua apatia. O seu corpo húmido, desfez-se por inteiro na aridez do seu espírito… Olhámo-nos invisíveis, sonhámos a realidade de nos amarmos sem ainda nos conhecermos e numa atracção de afastamento unimos nossos corpos separando-os, numa fúria mansa, incontida na prisão, de termos hoje o que amanhã seremos.

Hoje...

Today, apetece-me falar sobre mim, apetece-me falar sobre este ser que já conta 50 anos de idade... -hum??? -52? Seja! só não entendo o porquê de tanta importância a dar a 2 anos. Bom, sejam 52, ou 50 o que eu quero dizer é que, durante este tempo e desde que me recorde tenho feito muita questão em auto-conhecer-me, e consequentemente indicar a mim próprio a forma mais equilibrada e honesta de me gerir e de me projectar neste mundo de conciliações e permanentes ajustes. O resultado desse auto-conhecimento, leva-me a concluir que não saio significativamente do padrão "normal". Sou exigente comigo mesmo, respeito e exijo que me respeitem, e sobretudo, vejo sempre nos outros alguem que percorre o mesmo caminho, tentando chegar tambem a um objectivo.
Desde que me recordo também, a música tem acompanhado e influênciado este processo de auto-conhecimento, sobretudo a música anglo-saxónica que se produziu a partir de meados da década de 60, até à década de 80. Vários foram os grupo e os temas que exerceram essa influência e ajudaram a moldar o meu carácter. Entre eles destaco Beatles, Supertramp, Cat Steavens, Dire Straites, Genesis, Pink Floyd, Rolling Stones, Elkie Brooks, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Eric Clapton.
Ouvi muitos outros, porém e se não me estou a esquecer de algum, foram estes os mais importantes, com especial preferência pelos temas, por ordem sequêncial: "Imagine" e "Hey Jude" - "Give a Little Bit" e "The Logical Song" - "Father and Son" e "You'll Be My Love" - "A Dream so Strong" e "Angel of Mercy" - "Musical Box", "Fountain of Salmacis" e Home By The Sea" - "House Of Rising Sun" e"Tell Me" - "Pearl's A Singer" e "Roadhouse Blues" - "Piece Of My Heart" e "Cry Baby" - "Hey Joe" e "Little Wing" - "Cocain" e "Wonderful Tonight".
Depois e em algumas épocas, simultâneamente, surgiram a música clássica, a música Celta e os cânticos Gregorianos.
Em resumo, existe uma afinidade entre mim e o José Cid, ambos "nascemos prá música", só que ele é mais música e eu... mais letra lololl ah e existe uma diferença entre os dois que nos distingue, ele tem um CD, no lugar onde eu tenho um penizzzz.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tu e Nada

Corro... parado no tempo,
Na pressa lenta de,
Chegar, partindo

Enfraquece o desejo crescente
De ter nada, cá dentro
De desejar o feio, tão lindo

Distraio-me, sempre atento
Lembrando-me da saudade, de
Chorando te ver rindo

E, sozinho entre a gente
Vou-me soltando do enclaustro
De te ver chegar, partindo

domingo, 14 de outubro de 2007

A palavra...

A todos quantos, a palavra os detém
A todos quantos não a usam por temor
A todos aqueles que a olham com desdém
Ou que lhe trocam o sentido a desfavor


A todos aqueles que lhe chamam palavrão
Ou que a vêem só com olhos de suspeita
A todos aqueles que não a unem à razão
A todos quantos a confundem com maleita


A todos esses, a quem ela repugna e enjoa,
A todos esses, vou revelar um segredo
A palavra só ofende, a palavra só magoa,
Se dentro de nós houver medo

sábado, 13 de outubro de 2007

Um, Dó, Li, Tá

Trazes pedaços de sol e de mar
serenos, pendurados no cabelo
Trazes estrelas nos olhos, luar
fantasia, tudo em ti, é tão belo


Trazes solto, no corpo o areal
Dunas onde guardas teu segredo
Da tua voz, o timbre tão real
Que ecoa pelo mar, livre, sem medo

Sorris menina, ainda de sol dourado
Recolhes conchas que a onda oferece
Nesse teu jeito, simples, apaixonado
Vives o sonho contido numa prece

Ali vem...

Ali vem, ali vem um lenhador
De machado e de serra bem armado
Finalmente vai parar aquela dor
Desfechando neste tronco o seu machado

Mas, não parou aquele lenhador malvado
Distraído, não me viu em seu passar?
Volta aqui, óh lenhador apressado
Ha um trabalho que precisas acabar

Lá vai ele, afasta-se sem me notar
Abandona-me, insensível, ao sabor
Deste tempo que não para p'ra me dar
Um momento, um momento, por favor...

Sim, eu sei...

Sou uma árvore mal plantada
De raízes tortas mal fundadas
Presa a torrões, desamparada
De fracas, nuas e toscas ramadas

Alcandorada numa encosta resvaleira
Enfrentando estios, ventos e chuvadas
Por companhia uma pedra zombeteira
E uma raposa que se perde pelas quebradas

Dias ha, que me acorda um breve canto
De ave que passa sem notar na solidão
Destes ramos que despidos do seu manto
Esquecem nos anos o sabor de uma paixão

Cada inverno, cada verão trazem esperanças
De ser chegado o final deste tormento
Às ventanias vou soltando as lembranças
A cada raio imploro que me toque um momento

Um verso

Lavo a alma com pedaços de fogo, soltos
Ardo as penas, qual phenix despedaçada
E das cinzas não renascem os meus votos
Porque a chama deste fogo está gelada

Marco o tempo e o desejo de te ver
Falto ao verbo, nao encontro a palavra
A corrida que me levava a escrever
É um chão que minha pena não desbrava

Mas marcho, desbastando a aridez
Rebuscando nos recantos a expressão
Esperando o regresso da fluidez
De um verso, recheado de inspiração

Ele virá, como vem sempre que o chamo
Ele será meu consolo minha calma
Eu serei o seu servo e ele meu amo
Eu entrego-lhe o meu corpo e ele a alma

Novo caminho surgirá nesta assunpção
Novas marcas e desafios a vencer
Todo o verso constitui uma canção
Toda a rima gera um novo amanhecer


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Balbina IV

Como bem se recordarão, Balbina III, terminou com a seguinte frase... "Sem que Braclané tivesse pressentido, Bela Racha assiste silenciosa, num canto recôndito do quarto, ao desenrolar de todos estes acontecimentos..."
Iremos hoje dedicar-nos um pouco a conhecer as origens desta fiel e discreta serviçal. Bela Racha é uma jovem de 23 anos, rapariga trigueira nascida nas agreste terras das beiras interiores, no seio de uma família paupérrima, que partilhava com 7 irmãos, todos homens.
A casa onde Bela Racha nasceu, pouco mais era que um mísero casebre, obrigando a que todos os filhos dormissem envolvidos na palha do estábulo, juntamente com os animais.
Certa noite de inverno, em que o frio se fazia sentir tão intensamente que não permitia que a Bela Racha adormecesse, estranhos ruídos, semelhantes a profundos e semi-abafados gemidos, chamaram a sua atenção para um canto do estábulo. Atraída pela intensidade dos gemidos, acompanhados do balido de uma ovelha, Bela Racha, abandonando o velho cobertor em que envolvia o corpo, rastejou silenciosamente na direcção do magnético canto. Chegando a escassa distância, notou iluminada por uma nesga de luz da lua que entrava por uma janelinha do estábulo, a silhueta do seu mano Maço Fortes, que em movimentos frenéticos, de calças arreadas, agarrado aos quartos traseiros da ovelha Amância, gemia e grunhia que nem reco quando chega a altura de ser capado. A cena surpreendeu Bela Racha, que por momentos ficou estática, sem compreender o que se estaria ali a passar. Quando tudo terminou e o mano Fortes abandonando a Amância subiu de novo as calças, Bela Racha notou que algo muito comprido, pendia por sob o ventre do mano. Nesse momento esqueceu quase por completo o intrigante acontecimento com a ovelha e o seu pensamento fixou-se somente naquela imagem que nunca vira. Logo que se vestiu, o mano Fortes deitou-se na palha, enroscadinho na ovelha Amância e adormeceu de imediato. Bela racha quedou-se ainda por longas horas, sem que o sono lhe entorpecesse os sentidos.
A partir daquela noite, Bela Racha, passou a esperar ansiosamente que a cena se repetisse e para seu espanto, constatou logo 2 dias depois que todos os seus manos praticavam a mesma "operação" com as várias ovelhas do rebanho. Então, uma noite Bela Racha, inspirada pelo ar de satisfação que os rostos dos manos exibiam, sempre que praticavam com as ovelhinhas, decidiu que iria também ela experimentar, mas rapidamente percebeu a impossibilidade de o fazer, pois não possuía o mesmo que os manos, pendurado sob o ventre. Uma súbita angústia lhe invadiu o espírito e por várias noites chorou em silêncio emvolta no seu velho cobertor, perguntando a si mesma, que mal teria feito para não possuir aquilo que os manos possuíam?
Aquele inverno passou, a primavera seguinte também e Bela Racha definhava de desconsolo consigo mesma e não poucas vezes se achou a si mesma, observando as suas partes íntimas e puxando por aquilo que encontrava mais saliente, na esperança sempre gorada de fazer com que algo semelhante ao dos manos, lhe viesse a crescer.
Porém, numa tarde de estio em que se encontrava dormitando na frescura do palheiro, notou que o seu burro Jeremias estava diferente. Algo semelhante àquilo que pendia dos manos, mas muito maior, badalava sob a barriga do Jeremias. Ergueu-se de um pulo e aproximou-se curiosa do seu querido burro, de forma a observar de mais perto aquele prodígio. Jeremias encontrava-se imóvel, de olhos semi-cerrados, como que dormindo em pé e aquela enorme excrescência não parava de badalar, como que hipnotizando o olhar de Bela Racha. Levada por um impulso incontrolável, Bela racha ajoelhou-se ao lado do seu amigo Jeremias e sem perceber porquê, segurou com as duas mãos o enorme badalo do burrinho. Jeremias continuava imóvel e Bela Racha, sempre mais curiosa, levava a sua exploração mais adiante, apreciando a suavidade da pela do membro, em contraste com o restante corpo de Jeremias, notando ainda o calor que emanava, e a rijeza agradável. Bela Racha sentia aquele membro a palpitar nas suas mãos, como se tivesse vida própria e um novo impulso instigou-a a levar o membro do Jeremias aos lábios. Oh que ditosa sensação, seu corpo estremeceu por completo e iria jurar que o corpo de Jeremias estremeceu também. Nesse momento uma intensa sensação de amor pelo seu burro invadiu-a por completo e a sua boca abriu-se o mais possível com o desejo irreprimível de guardar dentro dela o palpitante membro de Jeremias. Não foi fácil, mas após duas tentativas, Bela Racha conseguiu aquilo que de início lhe pareceu impossível. E foi indescritível a sensação de ter dentro da sua boca o membro quente, macio e rijo de Jeremias. Desejou que aquele momento fosse eterno, e que pudesse sentir aquela imensa sensação de alegria incontida para o resto da vida. Sem retirar o membro de Jeremias de dentro da boca, Bela Racha sentou-se por baixo do seu lindo burrinho e então, numa posição mais cómoda, sentiu o desejo de sugar aquele membro que a enchia de tanta satisfação. Se bem pensou, melhor o fez e quanto mais chupava, mais intensa e irreprimível sentia a vontade de continuar a chupar. Estava Bela Racha edílicamente entregue a tão agradável tarefa, quando de súbito algo de estranho sucedeu. Sentiu que repentinamente uma torrente líquida, muito quente lhe invadiu a garganta, fazendo quase com que se engasgasse. Rapidamente retirou o membro de Jeremias de dentro da boca, verificando que de dentro dele se soltava por impulsos, um jacto de um líquido viscoso de aroma acre que lhe escorria por todo o rosto e lhe provocava uma sensação mista de euforia e de espanto...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Confissão/Contricção

Confesso: Que as minhas(eus) leitoras(es) me assediam. Confesso-me vítima dos seus tresloucados desejos lidibinosos, que me coagem a escrever sobre matérias contra as quais a minha integridade moral, luta desesperadamente. Confesso ainda que apesar do meu esforço para escrever aquilo a que sou impelido, de modo a não ferir a suscepibilidade daqueles (as) que como eu se desejam preservar dos efeitos da ignomínia, tentando utilizar termos e expressões dissimuladoras de uma nudez árida vocabolar, verifico infrutífero e inócuo o meu esforço.
Contricção: Seguindo a máxima popular, que "ferida de cão, deve ser tratada com pelo do mesmo cão", vou reiniciar o cíclo intitulado "A Minha Balbina". Aproveito para avisar aquelas(es) mais sensíveis, que este ciclo irá priveligiar a boçalidade e roçar a obscenidade, senão mesmo, utilizá-la ostensivamente.
Para que ninguem seja tomado de surpreza, deixo a seguir uma lista de termos por ordem analfabética, que irão surgir com maior frequência nos próximos capítulos...
Amâncio a menina (se for capaz)
Baxatagora
Camóca prá sossega
Dá-me dá-me
Eras má boa có queu imanginába
Fazia-te um desenho britual
Gajas ò phedere
Hoji onti e amanhain
Inda um dia abemos de cumbressar
Já agora, mostra lá
Kilo qui tu queres, sei eu bain
Logo douti mais
Molha a ponta neste geli
Novembro é o mês das pulgas
Olvira anda cá ò padraste
Porca pró meu parafuso
Querias, mas tá de chuva
Roscas & canapés
Sopra sopra, chupa chupa
Todos juntos, cada vez sames menos
Ui ca pesadelo, parecia a melher do mê vezinho
Vira agora Mincalina
Xabes o que te digo?
Yngaldades mesicais
Zorzidelas calientes
Pensaram que não conhecia o analfabeto?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A Debulha...

Como prometi, venho à eira a fim de debulhar o preconceito.
Declaro-me seguidor incondicional da entre-ajuda comunitária, para quem ainda não se livrou de preconceitos e possa estar a conectar esta minha afirmação com uma qualquer ligação política, ou corrente filosófica, esclareço que sou apolítico e as correntes filosóficas a que me acho filiado, são primorosamente privadas e fruto das experiências que a vida me tem proporcionado.
Antes de continuar a debulha, quero convidar todas e todos que (ainda ) lêem aquilo que escrevo, a sentarem-se aqui na eira e a participarem na debulha do preconceito.
Para nos focalizarmos na tarefa proposta, vou apresentar-lhes a matéria a debulhar. Preconceito é um substantivo masculino com o(s) seguinte(s) significado(s): conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério; superstição; prejuízo; erro.
Este conceito, que ainda rege a vidinha de muita gente, pode dizer-se que imprime condicionalismos fortíssimos no âmbito da auto-determinação e da auto-estima de quem ainda não "aprendeu" a domina-lo. Uma vez que, pessoalmente não acredito na possibilidade de alguém conseguir viver em sociedade sem que esteja sujeito, mesmo que minimamente, directa ou indirectamente aos efeitos deste agente.
Mas, há ainda um conceito adjacente ao preconceito, não sei se mais limitador que o próprio preconceito e que eu designo por fermento do preconceito. Consiste este, em empolar e fazer proliferer o preconceito, ajudar a que se desenvolva e estenda raizes, tentando a todo o custo que essas raízes abranjam uma área, passo a passo, mais vasta.
Há efectivamente quem viva tão dependente do preconceito, que tenta a todo o custo alimentá-lo e fomentar a sua proliferação.
Há ainda aqueles que, achando-se num meio hostil ao uso do preconceito, auto-martirizam-se com a sua utilização compulsiva, colocando sempre em terceiros a "culpa" por serem vítimas desses preconceito.
Preguntar-me-heis certamente, de que forma poderemos combater com eficácia o preconceito, uma vez que se lhe reconhece a acção limitativa ao direito de cada um se expressar com a liberdade que lhe é devida?
Diz um fulano pensador, daqueles que dizem coisas que são fruto de reflexões acerca daquilo que observam, que um povo precisa de se saber respeitar, par que seja respeitado, e que, para que nos saibamos respeitar, é fundamental que nos conheçamos.
Esta, parece-me ser uma dica bastante concisa e pertinente. Se nos soubermos observar, se conseguirmos resistir ao preconceito e nos auto-conhecermos, passaremos a aceitar-nos e a respeitar-mo-nos da forma natural como somos. Sem etiquetas, sem espartilhos, sem pensamentos pré-concebidos por moralismos que se fundamentaram em vivências, épocas, locais e conjunturas diferentes. É importante sermos capazes de olhar para a nossa vida e para a de todos os que nos rodeiam e sermos capazes de vislumbrar tudo aquilo que pode constituir a felicidade e sobrepor-se ao preconceito. Pessoalmente, interpreto a vida como um monumental "puzzle" (do Mordillo, por vezes), onde só é possível encaixar uma peça, naquela peça e só naquela, e em mais nenhuma outra. Portanto, inventar aquilo que já existe, ou tentar trocar-lhe o sentido, usando o preconceito, limita a possibilidade de se avançar.
Avancemos...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A minha Balbina III

É então chegado o momento de introduzir neste conto o trovador Anus Rosado, que, chegado recentemente de Pirilaulândia (um estado brasileiro), canta em poesia os sentires da belíssima Braclané. Assim, dedilhando o seu alaúde, Anus Rosado, transporta-nos nesta melodia à ambiência dos filmes indianos da década de 70, em que os actores principais, interrompiam a representação dramática, interpretando musicalmente um tema empolgadíssimo, entoado num registo de Heidi nas montanhas da Suiça, quando andava à procura do Pedro e ele se escondia no meio das cabrinhas... muito agarradinho a elas... por trás, segurando-lhes o pêlo com força... para aquecer as mãozinhas... isso... pois...


Palpita louco de amor
o coração de Braclané
Pelo olhar de seu senhor
Óscar Alho, que ali defronte está em pé

Abraçá-lo é o seu grande desejo
Correr para ele, lançar-se-lhe nos braços
Beber avidamente todos os seus beijos
Descobrir-lhe no corpo os inchaços

Afagar seu cabelos anelados
Beijar seus doces olhos, suas mãos
Segurar-lhe os membros já melados
De toda a essência que lhe brota da paixão

Desfalecer em incontível arquejo
De o ter todo em si eternamente
De ser sua totalmente e num lampejo
Percorrer o espaço, qual estrela cadente

E assim corre de Braclané o pensamento
Enquanto vê seu amado passar pela rua
Deixando descair sua mão por um momento
Até ao ventre, afagando sua pele já nua

Mil sensações lhe invadem os sentidos
Quando os dedos lhe tocam a intimidade
E entre suspiros e agitados gemidos
Estremece-lhe o ventre de tanta ansiedade

Sem que Braclané tivesse presentido, Bela Racha assiste silenciosa, num canto recôndito do quarto, ao desenrolar de todos estes acontecimentos...
(suspeito que o próximo capítulo vá incendiar as folhas do bilogue... hum... hum)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A minha Balbina II

Cresce feliz, alegre e saudável a pequena Braclané. Não podemos afirmar que a sua infância tenha sido igual à de outras crianças da sua idade e do seu tempo. Foi certamente criada com a máxima dedicação e muito amor. Estes privilégios não lhe foram prodigalizados pelos progenitores, que devido aos acasos da vida, não teve possibilidade de conhecer. Foram, outrossim, as rameiras do bordel onde foi recolhida, como se de convento se tratasse, que lhe dedicaram as atenções e carinhos necessários ao seu saudável crescimento físico e espiritual. Espiritual, sim! Porquê esse vosso ar de pasmo? Para que saibam, as pupilas de mm Balbina, esmeravam-se na educação e acompanhamento da pequena Braclané. Logo que ela cresceu o suficiente para entender as "coisas" superiores da vida, empenharam-se em que a pequena Braclané, conhecesse todos os meandros escuros que neste mundo a poderiam tomar de surpresa. Mostraram-lhe com exemplos práticos, tudo aquilo que para bem de si mesma deveria evitar, assim como o que poderia servir-lhe e tornar-se-lhe útil. Foi o bordel de de mm Balbina, uma universidade de todas as ciências para a pequena Braclané.
Porém, com o passar do tempo, Braclané foi crescendo e os seus sentidos, foram naturalmente despontando para o amor.
Certo dia, com a idade de 15 anos, quando passeava no jardim público acompanhada de duas cortesãs do bordel, o seu olhar cruzou-se com um olhar penetrante, simultâneamente doce e meigo de um belo rapaz louro que ela já tinha observado anteriormente por trás das cortinas da janela, que garantiam o recato e a penumbra do seu quarto. Eram uns olhos grandes, azuis, expressivos, enquadrados num rosto singularmente belo e másculo, que lhe recordou de imediato a figura de um deus grego que vira gravada numa página de um livro que o Sr. Conde de Monte a Nelas, seu protector, lhe havia oferecido.
Aquela visão tão fugaz, foi o suficiente para que durante toda a noite, o belo rosto do rapaz, não lhe saísse do pensamento. No dia seguinte, logo pela manha, Braclané levantou-se e imediatamente se foi colocar por trás dos cortinados da janela, na esperança de a todo o momento avistar a silhueta daquele que passou a ser a sua razão de existir.
Passado algum tempo, quando uma das serviçais do bordel a chamou para descer à sala de jantar, porque estava servido o desjejum, já Braclané só se encontrava em corpo naquele quarto, o seu olhar, atribuladamente buscava por entre os transeuntes o olhar magicamente magnético daquele que lhe furtara o sono durante a noite anterior.
Como não respondesse ao seu chamado, a serviçal de seu nome Bela Racha Berta, conhecida no bordel por Bela Racha, aproximou-se de Braclané e despertou-a daquele sonho, tocando-lhe no braço. Lentamente Braclané voltou o rosto na direcção da Bela Racha, indagando o que queria. -Vossa madrinha, mm Balbina, mandou avisar que está servido o pequeno almoço menina.
- Vai e diz a minha madrinha que não vou descer, falta-me o apetite.
- Mas, está doente menina?
- Não! Simplesmente não tenho vontade, vai e diz isso a minha madrinha.
Nesse momento, como que por magia, passa defronte à janela de Braclané o deus loiro, lenta e majestosamente. O sol da manhã faz dourar ainda mais os seus cabelos encaracolados, transformando a sua figura em algo grandioso, quase irreal.
Braclané, sente de súbito que as forças a abandonam e que os seus joelhos tremem de fraqueza. A serviçal, vendo que Braclané está prestes a desmaiar, apressa-se a segura-la, encostando-a a si, abanando-lhe para o rosto com a mão.
- Então menina, não se está a sentir bem?
- Já passa Bela Racha, foi uma indisposição ligeira.
Mas a aflição com que voltou para junto da janela atraiçoou-lhe o disfarce, dando a perceber à serviçal, a origem do leve desmaio.
Com um olhar maroto, Bela Racha deu a entender que tinha percebido tudo e Braclané, incapaz de disfarçar o seu desatino pediu-lhe que não contasse nada do que se tinha passado a sua madrinha. A serviçal prometeu que nada diria e logo ali se estabeleceu uma cumplicidade entre ambas.
Já mais confiante, Braclané ousou perguntar à sua amiga Bela Racha, se conhecia o garboso rapaz louro que se detinha em frente à sua janela.
- Conheço muito bem menina, é o menino Óscar Alho do Rego, filho do Senhor Barão Jacinto Leite Capelo Rego, habitam um palácio situado ao princípio desta rua.

A minha Balbina

Nunca escrevo "por encomenda", mas seduziu-me o tema proposto pela minha amiga Sirk. Assim, dei início, não em verso (para já) àquilo que poderá muito bem vir a ser o guião da novela portuguesa com o nome do título... ou ... com o título do nome?
Avancemos então...
Branca Clara Alva das Neves, foi abandonada à nascença, à porta de um prostíbulo numa fria noite de Dezembro. Decorria o ano 1850. Quem cometeu o terrível acto de abandono, premeditou que aquela seria a hora de maior afluência ao local, pelo que, provavelmente não demoraria a ser encontrada. Efectivamente Branca das Neves, foi encontrada por um distinto senhor que visitava regularmente a casa de madame Balbina, no preciso momento em que as suas cordas vocais iniciaram um estrepitoso choro. Quando madame Balbina, mulher garbosa já entrada na idade mas ainda altiva, detentora de uma personalidade férrea e um auto-domínio, que os anos de experiência no "ramo" lhe conferiam, atendeu a porta, encontrou o seu cliente habitual pegando no colo protector a ternurenta bebé. Deu-se um momento de estupefacção e de indecisão, que fizeram mm Balbina ficar como que pregada à soleira da porta, de olhos muito abertos fitando, ora o Sr. Conde, ora a pequena criança.
-Então mm Balbina, vai querer que a pobre criança enregele? Permite-nos que entremos?
Como que acordada à força de um pesadelo, mm Balbina, afastou-se dando passagem ao Sr. Conde e à sua protegida.
- Mas Sr. Conde, pode explicar-me o que se está a passar?
Sem prestar atenção à pergunta formulada, o Conde de Monte a Nelas passou a entrada e sem deixar a pequena Branca, aliviou-se dos abafos que lhe mantinham o já velho corpo aquecido. Depois, chegando a pequena Clara á luz mortiça de um aplique de parede, perguntou como que afirmando, é linda, não é?
Mm Balbina, ainda insegura da situação, acercou-se um pouco mais e confirmou. Sim, de facto é uma linda bebé. Mas a quem pertence Sr. Conde?
Lentamente o velho conde virou-se para mm Balbina e, de olhar penetrante e arguto, concluiu.
-Esperava que fosse a senhora a esclarecer-me essa questão. Não será obra de alguma das suas “pupilas”?
-Não estou a perceber a lógica da sua dúvida senhor conde, pelo facto de nos encontrarmos numa casa de prostituição, não quer dizer que sejamos pessoas desumanas, capazes de abandonar uma recém-nascida a um destino tão desfavorável.
- Bom, assim sendo, crendo na veracidade das suas palavras, tenho a pedir-lhe um enorme favor.
- Se estiver ao meu alcance, pode estar certo que atenderei ao seu pedido Sr. Conde.
- Estará certamente, mm Balbina. Como poderá imaginar, ficar-lhe-ia muito grato se tomasse a seu cargo a responsabilidade de criar esta menina. Estou certo que lhe saberá proporcionar o conforto e educação apropriados. Para provir a todas as necessidades da pequena, providenciarei amanhã mesmo com o meu advogado, o usufruto de uma das minhas propriedades de Nelas, que será administrado por si e passará para a posse da menina, logo que ela atinja a maioridade.
- Perplexa, sem reacção mm Balbina, não ousa sequer contrariar a vontade do Sr. Conde. Chama imediatamente uma das meninas e ordena-lhe que recolha a bebé, lhe dê banho e procure com urgência uma ama que a amamente.
E assim se inicia a existência de Branca Clara Alva das Neves, que iremos mais adiante conhecer pelo diminutivo “Braclané”.