terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Penso, logo... desisto.

Ha quem aplauda as decisões, os discursos, as atitudes de um superior exibicionista, ou, simplesmente desconhecedor da matéria sobre a qual decide, porque essa atitude lhe garante a manutenção do posto que ocupa e por conseguinte, a subsistência, sem que o acto de assim hipotecarem as suas inteligências, os incomode.

E os superiores (inferiormente capazes) ficam deste modo nivelados com os inferiores (superiormente incapazes).

A natureza humana, encontra sempre formas espertas para nivelar as fracas inteligências...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Crosta...

Este post, surge a propósito da insinuação (velada) deixada pela minha amiga psicóloga, Interessada, num comentário ao post anterior. Interpretava esta minha amiga, o sentido das palavras que escrevi e, remetendo para Freud, assinalou a possibilidade de eu estar a desenvolver um processo psicológico, conducente ao afloramento de uma homossexualidade latente-o-serôdia.


Felizmente, ou... infelizmente, nunca senti qualquer género de interesse sexual por pessoas do mesmo sexo, ou sequer por andróginos.


Bom, mas não é uma declaração de interesses que me motiva a escrever este texto.


Aquilo que pretendo relatar, são as considerações e memórias a que me conduziu o comentário da minha amiga Interessada.


Quando fundei este blog (gosto do termo "fundei", dá um certo ar importante e solene, à coisa) e nunca fui tipo de grandes obras, apesar de já contar no meu percurso de vida com algumas fundamentalmente importantes; fiz questão de colocar no meu perfil, a frase que penso definir-me com um grau de aproximação àquilo que me considero ser, bastante real.


«semeador de ideias nos campos da mente»


É verdade. O acto de semear sempre me fascinou. Penso poder iguala-lo de alguma forma, ao acto divino da criação. Não faço ideia se no Acto Primeiro a "coisa" decorreu do mesmo modo... se Deus lançou a semente à Terra, esperou que germinasse e no fim, depois de amadurecida, em lugar de se alimentar dela, deixou que o vento a transportasse e até outros lugares onde de novo germinou e amadureceu... não sei, suspeito que sim.


Mas, voltando à minha frase-apresentação: esta definição de mim próprio, reconheço-a em vários sentidos e aspectos da vida e, subordinada a um princípio verdadeiramente enraizado no meu carácter. Passo a explicar: Quando pretendo semear uma ideia em mente alheia, espero que essa ideia vá produzir uma reacção, um efeito; reacção essa e efeito esse, que espero poder vir a resultar em proveito do próprio, desencadeando outras sementeiras e outras colheitas e também em meu proveito, retirando da experiência resultados que me poderão ajudar a perceber aquilo que até ali não tinha sequer pensado.


Quando era garoto, era bastante irrequieto, possuía um espírito vivo e observador. Mal os meus pais se distraíam, já eu estava a "inventar" algo, que por sistema, resultava em asneira.


Certa vez, andaria pelos meus 4 ou 5 anos, ofereceram-me uma trotinete. Foi paixão à primeira-vista, assim que a desembrulharam, senti-me invadir por um forte desejo de correr o mundo empoleirado em cima daquela prancha de madeira com um guiador quase da minha altura, suportada por uma roda à frente e outra atrás, a tal ponto que, ao chegar a hora de dormir, a minha nova "amiga" teve de dormir encostada à minha cama, bem ali a jeito de lhe poder tocar.


Todos os dias era a trotinite o centro das minhas atenções e brincadeiras, apesar das quedas constantes, das esfoladelas e dos arranhões. Mas, com essas quedas e arranhões, nasceu um novo ponto de interesse; as feridas e as crostas. Começou a intrigar-me aquela coisa da crosta que se formava por cima da ferida, sobretudo aquelas que apanhavam uma área maior da pele. Este interesse, levou-me um dia, com muito jeitinho porque fazia doer, a levantar a crosta, para descobrir o que estaria por baixo.


Fui "apanhado" já no fim da "operação". Denunciou-me o silêncio e a quietude a que me tinha anormalmente remetido e que fizeram com que a minha mãe viesse inspeccionar o que se estava a passar.


«Vi logo que não "a" estavas a fazer boa... já estavas sossegadinho ha demasiado tempo»


-Mas que ideia foi essa de arrancares a crosta da ferida?


-Quis ver o que estava por baixo.


-Ah quiseste ver... pois é, então agora vamos ter de fazer novo curativo à ferida e vamos ter de colocar um penso.


-Não quero um penso!


-Mas vais ter de pôr. Não sabes que a crosta serve para proteger a ferida?


-Proteger de quê?


-Proteger de uns bichinhos muito pequenininhos que provocam as infecções.


-Mas eu não tenho bichinhos na ferida.


-Não sabes se tens, eles são tão pequenininhos que não os consegues ver sem uma lupa.


Pronto! Foi o bastante para que nova semente começasse a germinar na minha mente... uma lupa!


A partir daquele dia, não descansei, enquanto não me compraram uma lupa.


Assim que me apanhei com o objecto e percebi as sua enoooormes potencialidades, passei a querer ver tudo através da lupa.


Foi necessário que me explicassem que a lupa servia somente para quando se pretendia observar algo minúsculo, de contrário, correria o risco de ficar cego.


Cego???!!!


Eis que outra ideia me começa a germinar na mente!


Passei a andar de olhos fechados pela casa, imaginando que não via, apalpando as paredes, as portas, e... tropeçando nas cadeiras, estatelando-me ao comprido, batendo com a boca na esquina de uma mesa e partindo um dente incisivo.


Esta, não foi preciso explicarem-me as contra-indicações, demiti-me dela por iniciativa própria.


A minha Amiga Interessada já percebeu concerteza, se estiver a ler este texto, onde pretendo chegar com tão já longo arrazoado: Que o facto de se levantar a crosta, não garante que se consiga ver os micróbios que infectam a ferida, mesmo possuindo uma lupa com forte poder de aumento. Porque simplesmente, a ferida, pode nem sequer estar infectada...


;)))))))

domingo, 29 de janeiro de 2012

Puta que pariu a vida (nestas condições)!

Hoje... percebi que sou uma merda!
É!
Uma merda, no sentido em que, dentro de pouco tempo (e lá vem o cabrão do tempo à baila) me transformarei em MERDA!
Estou a falar a sério meus amigos.
Um dia destes bato a cassoleta, abafo, dou o badagaio, morro, CARALHO!
E deve ser tão bom morrer, ver-me livre de toda esta estupidez que me cerca, de todos estes cabrões, tão mortais quanto eu, que passam a vida a foder-me o pouco que ganho, porque se convenceram que com aquilo que me roubam, vão poder pagar a imortalidade.
Que errados que estão...
Bem podem sacar-me, a mim que pouco tenho, mas que sempre me preocupei em ter sem tirar aos outros.
Nunca serão imortais!
NUNCA!!!
Esses grandes filhos de uma puta, salvo as mãezinhas deles que provávelmente nunca deixaram que caralhos alheios lhes explorassem as entranhas... talvez por uma questão de religião... porque o pároco lá da aldeia passava a homilia a ameaçar com o filho da puta do pecado... e... oh quantas vezes elas, as mãezinhas deles, apertaram entre as pernas, a ideia de um vergalho ardente, palpitante, muito diferente do outro... meio teso, meio mole com que o pai da criança a penetrava, enquanto ela, triste, perdida nos seus sonhos de adolescente, ansiosa porque um dia, o destino lhe colocasse em frente um homem, um ser completo, erecto, vertical, determinado, capaz de a defender de a amar com todos os poderes dos sentidos... a viesse resgatar das garras daquela monotona civilidade.
Ide!
Ide todos, cabrões, filhos de uma puta, roubar, mas... já que para roubar tendes tanta arte... apurai-a e... tentai roubar-vos uns aos outros, caralho! Parem com essa fixação de roubar aqueles que já nada têem... foda-se!
É!
Já que a vossa doutrina se distingue da Outra... roubai-vos a vós próprios... como se só vocês existissem neste mundo.
Cabrões!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Não sei...

Para onde caminham os meus olhos?
O que querem afagar as minhas mãos?
A quem roubei eu, estes meus sonhos?
Todos eles, disfarçados de riso mas, solidão!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

«Falta cumprir o amor por Portugal»

«Falta cumprir o amor a Portugal»
Palavras do tema de Dulce Pontes.
Sinto-me frequentemente impelido a contemplar o monumento edificado na margem direita do Tejo, mesmo defronte ao Mosteiro dos Jerónimos, conhecido por Padrão dos Descobrimentos.
O monumento, como todos saberão e aliás, a própria forma identifica, representa uma caravela de velas enfunadas, pronta para partir, rumo ao Sul.
Da equipagem desta nau, fazem parte 33 figuras que representam; à proa e de tamanho superior aos restantes, o Infante D. Henrique e de cada um dos lados da nau, alinhadas, 16 figuras de navegadores, poetas, cavaleiros, religiosos, príncipes e uma rainha. Cada uma destas personagens, desempenhou um papel importante na gesta portuguesa dos descobrimentos.
Como referi no início deste post, foram já muitas as ocasiões que me senti conduzido até junto do monumento e me quedei a observa-lo, a entendê-lo, a tentar desvendar com a máxima precisão o sentido das esculturas e o sentido das expressões que os personagens que identificamos com facilidade, apresentam e que lhes foram dadas por Leopoldo de Almeida.
A expressão facial de 32 daquelas figuras não apresentam diferenças significativas, umas das outras. São expressões que definem determinação e simultâneamente expectativa. Parecem dizer-nos... sabemos que vamos em direcção a um ponto no horizonte, não sabemos defini-lo nem caracteriza-lo, mas sabemos que o encontraremos, porque ele nos espera.
A maioria das figuras encontra-se de pé, algumas, poucas, com um joelho em terra, a maioria olha em frente, dois religiosos olham para o céu e dois cavaleiros olham para o chão, mas, uma figura, uma única figura, posicionada sensivelmente a meio do lado da nau voltado a nascente, olha para a direita e... encontra-se de costas voltadas para o Infante, segurando um padrão com as armas portuguesas, chama-se Martim Afonso de Sousa.
Martim Afonso de Sousa, foi filho bastardo do Rei Afonso III, foi governador da Índia e do Brasil, conhecido pelas suas excepcionais faculdades intelectuais, possuiu imensos bens, mas ambicionava sempre mais.
Porque terá Leopoldo de Almeida, colocado Martim Afonso de costas voltadas para o Infante?
Será que possuir um conhecimento superior leva os homens a voltar as costas ao poder?
Acabo, citando Jaime Cortesão: Os portugueses pertencem a um vasto processo espiritual, que visa, como supremo escopo, a libertação e a solideriedade das consciências.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Acerca de um mail...

quem; impregnado de certezas absolutas, fundamentadas num superior conhecimento e capacidade de ver e de entender o mundo que os rodeia, decida avisar e demonstrar aos outros, o perigo em que vivemos.

Partem do princípio que, aqueles a quem avisam, existem alheios, total ou parcialmente da realidade.

Partem também do princípio que aqueles a quem demonstram que o fim do mundo está próximo, nada fazem para alterar esse desmoronar inevitável, limitando-se a murmurar ou a acusar, aqueles a quem, convém que esses que murmuram... murmurem.

Contudo, esse visionários-activistas, nada mais fazem, para além de acirrar e de ameaçar com um futuro apocalíptico, aos que murmuram e acusam aqueles que confortavelmente, fingem ignorar os murmúrios.

É certo que as decisões de mudança, partem da vontade conjunta de muitos e das acções que se dispuserem levar a cabo.

Para que esses actos ocorram, é necessário que haja um cúmulo de motivos de indignação social e, que haja quem lidere, segundo um ideal, o conjunto de indignados que decidam conjurar-se.

Falta revelar-se essa liderança, uma vez que a indignação e o murmúrio, já se ouvem num registo altíssimo.

Vem esta expressão a propósito de um mail que recebi de um caro leitor (suponho) alertando-me para a evidência da insuficiência, do efeito nulo do murmúrio. É necessário agir, para que, no mínimo, não fiquemos para a história e para a memória dos nossos descendentes, como a geração dos estáticos-anuentes.

Que surja então a liderança!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Do Paradoxo

Duma reflexão acerca da nossa dignidade - da dignidade dos Portugueses - suscitada pelo comentário deixado pela minha amiga Interessada, ao post anterior, sou compelido a fazer uma análise com base na observação e nas experiências de vida, em suma, na vivência do dia-a-dia.


É certo que a nossa História de largos séculos, se encontra repleta de factos e de feitos que nos caracterizam como povo, atribuindo-nos qualidades e defeitos que tanto nos envergonham, como nos enchem de orgulho.


Não sei se será coerente atribuir a esta "confusão" ou profusão de carácters, concorrentes para uma designação, ou para uma caracterização de um povo, a classificação de matriz.


Se olharmos atentamente para o passado, verificamos com a maior facilidade que ao longo dos séculos, os Portugueses viveram as experiências mais ricas e extravagantes, mais arrojadas e temerosas que qualquer outro povo do mundo. Faltando-lhes somente terem saído do globo terrestre.


Este imenso conjunto de experiências físicas e metafísicas, este enorme caldeirão de ingredientes humanos e espirituais, culminou numa raça com características evidentes de honra, altruísmo, generosidade, alegria, crença religiosa; Superstição, tristeza, avareza, cinismo e malandrice.


Chegados ao século XXI, entramos, segundo a minha opinião, na era do paradoxo refinado.


A sensação que tenho, é a de que, durante todo o tempo da nossa existência como povo e como nação, andámos como que a formar-nos no aprefeiçoamento da arte do paradoxal. De tal forma que nestes tempos que vivemos, ninguém estranha já o paradoxo, encontre-se ele onde se encontrar, chegámos ao cúmulo de já ninguém se incomodar sequer, em encontrar a forma de o combater, de o emendar, de o eliminar. O paradoxo faz parte integrante da nossa existência e da nossa identidade. Já não somos um país, nem uma raça, somos um paradoxo. Um paradoxo global, limitado por fronteiras... não físicas, delimitadas por rios ou por serras, ou por traços riscados no asfalto, não. O que nos limita, é a capacidade mental para entender e agir de acordo com um querer, e com uma razão.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ora... favas!!!

Quando era ainda muito pequeno, lembro-me de um certo dia ter entrado na cozinha lá em casa, e o meu olfacto ter sido invadido por um cheiro forte estranho e extremamente desagradável.

Lembro-me de ter ficado por momentos, estático, no meio da cozinha, tentando identificar aquele odor que agredia os meus sensores olfactivos e me toldava os sentidos, ao ponto de me provocar náusea.

Perguntei a que correspondia aquele cheiro agressivo e agoniante, mesclado de outros que quase conseguia identificar mas que, no meio daquele festival, me pareciam igualmente desagradáveis.

Foi-me respondido que se tratava de favas guisadas com entrecosto, e que fosse lavar as mãos e sentar-me à mesa, porque estava praticamente pronto.

Lembro-me que respondi de imediato; mas eu não gosto disso.

A minha mãe sorriu e carinhosamente respondeu-me; sabes lá se gostas... nunca provaste.

-Não gosto! respondi com determinação - cheira mal!

- Não digas isso, o comer nunca cheira mal, tomara muitos meninos que neste momento estão cheios de fome, ter um prato de favas para o almoço.

- Então a mãe dê as minhas favas a esses meninos...

- Vá, chega de conversa, toca a lavar as mãos e a sentar à mesa.

Contrariado, lá fui cumprir a ordem. No entanto, mentalmente, já havia determinado que não iria sequer provar aquele prato horroroso.

E assim foi. Apesar de todas as negociações gastronómicas - então prova só o entrecosto que está tão bom - e o chouriço - e trinca só uma favinha, para veres que é bom - até às contra-negociações; se não comes ao menos a carninha, não podes ver a televisão nem brincar com os brinquedos... nem comi, nem provei. Para que não ficasse sem refeição, a minha mãe condescendeu em que comesse outro prato mas, na verdade, sentia o estômago tão engulhado que não me achava capaz de comer o melhor pitéu.

Lembrei-me deste episódio, a propósito destas negociações laborais entre governo e sindicatos, as quais começaram pela imposição de mais meia hora diária no período laboral, terminando com a abolição dessa imposição, mas aprovando outras muito mais gravosas para qualquer empregado e que proporcionam ao empregador uma ampla liberdade de despedir o empregado que não lhe agrade, de acordo com o humor com que acordar naquele dia.

É assim, deste modo, com estas medidas, que o governo eleito por maioria democrática para governar o país e fazer respeitar os legítimos direitos dos trabalhadores, cria condições para regenerar a economia do país e encontra incentivos para que os empresários portugueses invistam na produção.

Ora favas!!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Para que serve uma R e um E...?!

Hoje, acordei cedo, como é meu habito.
Preparei-me e tomei um delicioso pequeno almoço, à janela da cozinha, apreciando o sol ainda baixo, os campos e uma ave de rapina, não sei se um açor ou um peneireiro... ou outra, que pairava a pouca distância e a pouca altura, esperando que um coelho ou outro roedor se distraísse, proporcionando-lhe a primeira refeição do dia.
Estive um bom pedaço de tempo a aprecia-la, até que, repentinamente, saindo daquele ponto estático, picou a direito até ao chão e deixei de a ver.
O ciclo natural da vida a cumprir-se, pensei. Calcei então umas botas grossas, coloquei um boné e saí sem destino determinado, somente andando pelos carreiros entre arbustos selvagens, atravessando vinhas e bordejando campos já semeados.
Cerca de uma hora depois, avistei lá ao fundo uns vizinhos que num campo fresado se atarefavam a fazer algo que não identifiquei do ponto onde me encontrava.
Decidi ir até eles, para melhor perceber o que faziam. Eram quatro, três homens e uma mulher. O terreno terá uma área de dois, dois hectares e meio e quando lá cheguei, já se achava, em parte, "plantado" de pequenos seguementos de cana, todos muito bem enfileirados e muito direitinhos.
Cumprimentei e retribuiram a saudação, sem pararem de fazer o que faziam e que era, usando uma bitola e seguindo a orientação de um arame muito bem esticado, espetar na terra os pedaços de cana.
Fiquei a observa-los durante alguns minutos, tentando perceber a finalidade do que faziam, já que tinha partido do princípio que não andariam a semear canas. Passados alguns instantes, sem perceber concretamente, que tarefa andavam aquelas almas a desempenhar, reparei, olhando para a extenção das canas que já se encontravam espetadas no solo, que, tanto vistas de frente, como de qualquer um dos lados esquerdo ou direito, elas apresentavam-se sempre em filas rigorosamente rectas. Fiquei por ali durante um bom bocado e quando os meus vizinhos já se tinham afastado do ponto onde me encontrava, decidi ir ao encontro deles e indagar a utilidade do trabalho que faziam.
Responderam-me como quem diz: então? não se está mesmo a ver? que andavam a marcar o lugar onde iriam plantar o bacêlo...
Ahhhhh!!!
Então estes pauzinhos são para marcar o lugar do ba... ahhhh... agora compreendi! E ri-me, tanto da minha ignorância, como do ar surpreendido deles.
Depois acrescentei; mas vocês têm um "olho" espectacular... conseguem fazer as fileiras rigorosamente paralelas, umas às outras e todas à mesma distância.
Voltaram a olhar-me com o mesmo ar surpreendido, como se eu estivesse a dizer a coisa mais estapafúrdia deste mundo.
Depois, encolheram os ombros e responderam-me; olhe lá, nada disto é "a olho"!
- Ah não? Então?
- Não senhor, isto é feito com régua e esquadro!
Pronto, pensei, como dei mostras de não perceber o que faziam, agora estão a querer gozar comigo, e esbocei um sorriso amarelo, assim como quem diz: tá bem abelha.
- Não acredita? Então quando formos marcar a outra carreira, já vai ver.
- Nesse caso vou esperar mais um bocado.
E assim fiz, esperei que terminassem de espetar os pauzinhos e para meu enorme espanto, quando chegaram ao fim, ficou um deles no extremo da nova carreira, outro, passou para o outro extremo e os outros dois esticaram um arame na perpendicular e... pegando num enorme esquadro em madeira e numa régua, traçaram a distância certa e a prependicular à fila anterior.
Depois de ver... e de compreender, o espanto dissipou-se, mas uma nova dúvida me surgiu; será que estes bacanos são Maçons?
Nesta não caí eu em perguntar, mas como não usavam avental...