Pequenos nadas - passo o pleonasmo - podem determinar a diferença entre os significados de grandes coisas.
Por exemplo: Uma simples vogal "a" pode ser suficiente para distinguir duas palavras; «intangivel» e «inatingivel».
A cada uma destas palavras corresponde um significado próprio e, simultâneamente distante.
A distância entre esses significados, reside sobretudo numa terceira palavra; «compreensão».
Quero dizer o seguinte: para que algo perca a sua qualidade de inatingível, é necessário antes de tudo, que a consigamos entender, compreender, interiorizar e explicar. Depois disso, haverá então condições que permitam atingir esse «algo». Atingido o «algo», estão por sua vez criadas as condições de o tocar, passando o mesmo a ser tangível.
Quer dizer então que à palavra «compreensão», corresponde o artigo «a». Deve ser por esse motivo que sempre que atingimos a compreensão de «algo»soltamos a interjeição «ah!!!).
Ou será que esta interjeição corresponde à verbalização do pensamento introspectivo?
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
think about...
É do pensamento que nasce a palavra e ambos, preenchem e comandam a nossa existência, ditam as nossas acções, colocando-nos num espaço e num tempo que nem sempre nos parece sintonizado com aquilo que pensamos e as decisões de acção que tomamos.
Por isso, talvez, tendemos a separar o dia e a noite, independentemente da luminosidade, mas dependentemente do estado de alerta em que o nosso cérebro se encontra.
Pode ter nascido o sol ha várias horas, mas se nos encontramos a dormir e a nossa actividade cerebral, mesmo que activa, em parte, não nos conduz à construção mental de frases, capazes de ditar acções; se nos mantemos inertes, mesmo que sonhando, então, será noite e nenhuma ação poderá esperar-se da nossa existência.
Apesar de tudo, sendo dia estando o nosso cérebro alerta, é possível fazer com que não processe informação e não gere pensamentos.
Interrompi o processo, para escrever este texto...
;)))
Por isso, talvez, tendemos a separar o dia e a noite, independentemente da luminosidade, mas dependentemente do estado de alerta em que o nosso cérebro se encontra.
Pode ter nascido o sol ha várias horas, mas se nos encontramos a dormir e a nossa actividade cerebral, mesmo que activa, em parte, não nos conduz à construção mental de frases, capazes de ditar acções; se nos mantemos inertes, mesmo que sonhando, então, será noite e nenhuma ação poderá esperar-se da nossa existência.
Apesar de tudo, sendo dia estando o nosso cérebro alerta, é possível fazer com que não processe informação e não gere pensamentos.
Interrompi o processo, para escrever este texto...
;)))
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Feios, Porcos... e Maus.
Pergunto aos senhores que discursam
No ecrã do meu receptor,
Se a eles também afectam,
Os males que nos causam dor.
Pergunto-lhes se os filhinhos,
Ao sair da universidade,
Também pedem pel'os cantinhos,
Em busca da felicidade.
Se esses pais tão conscientes,
E de medidas tão austeras,
Os tratam como negligentes,
Como àqueles que ficam à espera.
Ou se correm a metê-los
Na empresa de um amigo.
Dos que são todos desvêlos,
E só olham pr'o umbigo.
Pergunto àqueles trapaceiros
Eleitos para governar,
Se os seus fofos travesseiros
Lhes permitem repousar.
No ecrã do meu receptor,
Se a eles também afectam,
Os males que nos causam dor.
Pergunto-lhes se os filhinhos,
Ao sair da universidade,
Também pedem pel'os cantinhos,
Em busca da felicidade.
Se esses pais tão conscientes,
E de medidas tão austeras,
Os tratam como negligentes,
Como àqueles que ficam à espera.
Ou se correm a metê-los
Na empresa de um amigo.
Dos que são todos desvêlos,
E só olham pr'o umbigo.
Pergunto àqueles trapaceiros
Eleitos para governar,
Se os seus fofos travesseiros
Lhes permitem repousar.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
A permanência de um sonho
Quando ela vai...
Leva no olhar o Sol;
Deixa no meu peito um ai
E ao meu lado, o frio do lençol.
Quando ela vem...
Traz de novo o respirar,
Naquele corpo de ninguém,
Tão urgente de se dar.
E se o meu corpo acorda
Com o seu beijo faminto,
E se um vai-e-vem infinito
Nos projecta numa roda...
Entrelaçam-se os sentidos,
Perdemos do tempo a noção.
Trocam os corpos os fluídos.
Explode-nos a paixão!
Leva no olhar o Sol;
Deixa no meu peito um ai
E ao meu lado, o frio do lençol.
Quando ela vem...
Traz de novo o respirar,
Naquele corpo de ninguém,
Tão urgente de se dar.
E se o meu corpo acorda
Com o seu beijo faminto,
E se um vai-e-vem infinito
Nos projecta numa roda...
Entrelaçam-se os sentidos,
Perdemos do tempo a noção.
Trocam os corpos os fluídos.
Explode-nos a paixão!
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Poema do Crava
Cravo-te os olhos nos olhos
Nesses teus olhos tão belos
E esqueço todos os escolhos
Que ultrapassei para vê-los
Cravo os olhos nesses cabelos
Que te emolduram o rosto
Tão sedosos e tão belos
Tão inteiramente a meu gosto
Cravo os olhos no teu peito
Nessas duas rolas aninhadas
Que me atraem de um jeito
Que só penso em beija-las
Cravo os dedos na cintura
Que te dá esse requebro
Que me provoca a tontura;
Já nem do mundo me lembro
Cravo-te molhos debeijos
Nesses teus lábios carnudos
Porque me sabem a queijos
De outros mundos, oriundos.
Nesses teus olhos tão belos
E esqueço todos os escolhos
Que ultrapassei para vê-los
Cravo os olhos nesses cabelos
Que te emolduram o rosto
Tão sedosos e tão belos
Tão inteiramente a meu gosto
Cravo os olhos no teu peito
Nessas duas rolas aninhadas
Que me atraem de um jeito
Que só penso em beija-las
Cravo os dedos na cintura
Que te dá esse requebro
Que me provoca a tontura;
Já nem do mundo me lembro
Cravo-te molhos debeijos
Nesses teus lábios carnudos
Porque me sabem a queijos
De outros mundos, oriundos.
sábado, 22 de setembro de 2012
As cantigas que regem as revoluções.
Em Abril de 1974, o poema que conduziu a revolução, chamava-se "Grandola Vila Morena", da autoria de José Afonso:
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade.
Em Setembro de 2012, cantou-se em frente ao palácio da Presidência da República, em Belém, o poema de José Gomes Ferreira "Acordai!"
Acordai!
Acordai, homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raíz!
Acordai!
Acordai, raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações...
Acordai!
Acendei, de almas e de sóis,
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!
E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais.
ACORDAI!
Em ambas as datas, o povo português, achava-se esgotado, farto de ser oprimido, sequioso de ser dono dos seus destinos.
Em ambas as datas, os governos proclamavam democracia, reivindicavam esforços titânicos, tentando iludir o povo, de que faziam os possíveis e impossíveis para elevar a nação pobre e anémica e por querer fazê-la guindar-se aos níveis económicos capazes de proporcionar a todos os cidadãos uma melhor qualidade de vida, dignidade, justiça e paz.
Em várias alturas da sua história, o povo português, desperdiçou oportunidades excelentes de se cumprir, de atingir o patamar da sustentabilidade económica e social.
Em todas, deixou que se lhe escapassem por entre os dedos, ficando, sempre, consecutivamente, de mãos vazias e de alma a sangrar.
Não sei se está em curso uma nova revolução, porventura mais consciente, tanto das nossas fraquezas como povo, como das nossas qualidades, competências e aptidões.
Se estiver, efectivamente; desejo que essa revolução seja bem dirigida, bem executada e bem aproveitada e que dela venha a nascer uma nova sociedade, mais exigente consigo mesma, mais tolerante e mais coerente, mas disponível e mais corajosa, mais ciente dos seus direitos e das suas obrigações. Uma nova sociedade com um sentido mais apurado de cidadania!
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade.
Em Setembro de 2012, cantou-se em frente ao palácio da Presidência da República, em Belém, o poema de José Gomes Ferreira "Acordai!"
Acordai!
Acordai, homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raíz!
Acordai!
Acordai, raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações...
Acordai!
Acendei, de almas e de sóis,
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!
E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais.
ACORDAI!
Em ambas as datas, o povo português, achava-se esgotado, farto de ser oprimido, sequioso de ser dono dos seus destinos.
Em ambas as datas, os governos proclamavam democracia, reivindicavam esforços titânicos, tentando iludir o povo, de que faziam os possíveis e impossíveis para elevar a nação pobre e anémica e por querer fazê-la guindar-se aos níveis económicos capazes de proporcionar a todos os cidadãos uma melhor qualidade de vida, dignidade, justiça e paz.
Em várias alturas da sua história, o povo português, desperdiçou oportunidades excelentes de se cumprir, de atingir o patamar da sustentabilidade económica e social.
Em todas, deixou que se lhe escapassem por entre os dedos, ficando, sempre, consecutivamente, de mãos vazias e de alma a sangrar.
Não sei se está em curso uma nova revolução, porventura mais consciente, tanto das nossas fraquezas como povo, como das nossas qualidades, competências e aptidões.
Se estiver, efectivamente; desejo que essa revolução seja bem dirigida, bem executada e bem aproveitada e que dela venha a nascer uma nova sociedade, mais exigente consigo mesma, mais tolerante e mais coerente, mas disponível e mais corajosa, mais ciente dos seus direitos e das suas obrigações. Uma nova sociedade com um sentido mais apurado de cidadania!
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Avançando...
Andei pelo Norte, percorri o Parque Nacional do Alvão, designado para a eleição das «sete maravilhas». Parei nas aldeias de xisto, indicadas por uma tabuleta que garante ao visitante, terem beneficiado de um programa comunitário de reabilitação e requalificação. Sentei-me à sombra dos castanheiros ao lado dos naturais e auscultei-os, fui um deles (ou tentei que fosse).
São gente resignada, enchem-lhes os olhos, as serranias, os regatos, os lameiros cobertos de milho, o coval e o feijoal. Se lhes pergunto, não sabem nem demonstram interesse em saber quem governa o país, e ainda muito menos ou nada mesmo, o que é a troika, ou o que faz, ou em que medida lhes influência as vivências.
Preocupa-os a saúde da vaquinha barrosã, das pitas e os incêndios... esse flagêlo que à noite lhes chega de povoação conhecida, através dos telejornais.
Erguem-se com o sol e numa cadência natural e ao ritmo das horas, vão cumprindo as tarefas que têm de ser feitas. Depois, recolhem-se ao mesmo tempo que o sol, ceiam e depois de encomendar a alma ao Criador, estendem-se nos lençois que podem ser a sua mortalha, quando o momento chegar. Vivem ao rítmo da Terra.
Escusei-me a perguntar-lhes se esperavam que as "coisas" melhorassem. Não sentem necessidade que assim seja. Aquilo que sentem é que têm uma existência para cumprir e que a duração da mesma não lhes compete decidir.
Retorno, e repenso aquilo que me atormenta o espírito; porque não amamos o que é nosso? Porque não o valorizamos? Porque aceitamos que outros, de outros países, nos enviem dinheiro para reerguermos aquilo que os nossos avós construíram? Por acaso estamos tão incapacitados, tão alienados, que não sejamos capazes de criar com os próprios recursos e as vontades próprias, as condições de vida que ansiamos e que temos tudo para alcançar?
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Chuva miudinha...
Por vezes chovem-me os olhos.
Alagam-se numa chuva persistente.
Se passo de novo em caminhos velhos,
Quando olho nos olhos da gente.
Chovem-me os olhos, e por vezes.
Invade-me o peito uma nostalgia.
Se por mim passam as almas, leves.
De certos seres que conheci um dia.
Mas chovem-me os olhos, também.
Quando falo com alguém,
Que na vida venceu a dor.
E encontrou a alegria, numa lágrima de amor.
Chovem-me os olhos à noitinha,
N'uma chuva miudinha.
Por vezes, também pungente,
Sempre que recordo outra gente.
A gente do meu crescer;
A que me ensinou a falar.
A que me pegou, ao nascer;
A que me ajudou a andar.
Chovem-me os olhos, de saudade.
E também, de gratidão.
Chovem, quase sem razão.
Ou chovem, por cumplicidade.
Alagam-se numa chuva persistente.
Se passo de novo em caminhos velhos,
Quando olho nos olhos da gente.
Chovem-me os olhos, e por vezes.
Invade-me o peito uma nostalgia.
Se por mim passam as almas, leves.
De certos seres que conheci um dia.
Mas chovem-me os olhos, também.
Quando falo com alguém,
Que na vida venceu a dor.
E encontrou a alegria, numa lágrima de amor.
Chovem-me os olhos à noitinha,
N'uma chuva miudinha.
Por vezes, também pungente,
Sempre que recordo outra gente.
A gente do meu crescer;
A que me ensinou a falar.
A que me pegou, ao nascer;
A que me ajudou a andar.
Chovem-me os olhos, de saudade.
E também, de gratidão.
Chovem, quase sem razão.
Ou chovem, por cumplicidade.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Nos braços do vento.
Vai, levado pelo vento,
pensamento;
Não pares um minuto
ou um momento.
Goza a vertigem, e o
passo lento.
Escuta, o Mundo e o
seu lamento.
Rodopia, corre, perde
o tento;
Mas não percas o vento;
Não esqueças o lamento;
Nem de viver o momento,
Transportado,
nos braços do vento.
pensamento;
Não pares um minuto
ou um momento.
Goza a vertigem, e o
passo lento.
Escuta, o Mundo e o
seu lamento.
Rodopia, corre, perde
o tento;
Mas não percas o vento;
Não esqueças o lamento;
Nem de viver o momento,
Transportado,
nos braços do vento.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Terra
Transporta-me até ti, um vento forte
Sussurra-me teu nome a brisa morna
De ti, nunca me separará a morte
A ti, todo o meu ser agora torna
Depende de ti, toda a existência
De ti nasce a seiva que me sustem
De ti, nunca eu sinto a ausência
Em ti, tudo nasce, e se mantem
És imensa, protectora e forte
Dás, ralhas, castigas e amas
Em ti se joga, a vida e a sorte
Por ti se empunham e disparam armas
Compramos-te em partes, julgando-te nossa
Utópicos, loucos, querendo-te possuir
Mas tu, jóvem anciã, não admites posse
E nós de ti, não podemos transigir.
Sussurra-me teu nome a brisa morna
De ti, nunca me separará a morte
A ti, todo o meu ser agora torna
Depende de ti, toda a existência
De ti nasce a seiva que me sustem
De ti, nunca eu sinto a ausência
Em ti, tudo nasce, e se mantem
És imensa, protectora e forte
Dás, ralhas, castigas e amas
Em ti se joga, a vida e a sorte
Por ti se empunham e disparam armas
Compramos-te em partes, julgando-te nossa
Utópicos, loucos, querendo-te possuir
Mas tu, jóvem anciã, não admites posse
E nós de ti, não podemos transigir.
terça-feira, 24 de julho de 2012
Margens.
Quando no alto da falésia contemplo o oceano, perdido no meio de reflexões, penso que se ele quisesse, poderia de um só golpe, submergir-nos: Terra, Humanidade, Flora e Fauna. Motivos não lhe faltariam para o fazer. Força também, não. Falta-lhe então o poder. O poder capaz de contrariar e se sobrepor àquele, que o mantém confinado às margens dos continentes, que o sustêm.
Dedicado à minha amiga Cristina, para alimentar a superstição.
Chamava-o de mansinho, sempre que passava em frente à sua porta.
Nunca recusou os seus convites para entrar, e ao fazê-lo, quando ainda entre portas, notava acender-se uma chama no seu olhar.
Ainda antes de a porta se fechar, enlaçava-o nos seus braços e apertava-o contra o peito.
Sentia então, que todo o seu corpo tremia como o de uma criança abandonada na noite escura.
Abraçava-a também com ternura, como se quisesse protegê-la de medos, de terrores que não sabia.
Nessa altura, erguia o seu rosto que escondera no peito dele ao chegar, fixava-lhe o olhar nos lábios e aproximava os seus devagarinho. Tocavam-se as duas bocas como pétalas de flor, entreabriam-se, beijavam-se, primeiro com doçura e uma leveza que logo depois se transformava em sofreguidão, em querer sem medida, em paixão ardente.
Era quando comaçava uma dança de corpos que se desejavam.
Em movimentos de espiral, rodopiavam até ao quarto, de olhos cerrados, bocas coladas sem errar o caminho, parando a espaços, pressionanado-se mutuamente contra a parede.
Ao chegarem, já sem roupa, lançavam-se num leito espaçoso, iluminado pela luz do sol que jorrava pela janela aberta para o jardim.
Amavam-se!
Amavam-se ternamente, por inteiro. Entregavam um ao outro a essência de si mesmo, numa troca sem receios nem medidas, até que todos os músculos e tendões não suportassem o esforço dos movimentos.
Então os corpos frôxos, deitados lado-a-lado, as mãos entrelaçadas, experimentavam a sensação que descreve o paraíso. Era quando ele notava os aromas florais que chegavam do jardim e o cheiro a feno e alecrim que se soltava dos lençois alvos, o palco de um amor intenso, mas sem sons. Um amor mudo, como que saído das profundezas da terra.
Então, o corpo dela, alvo, nu, começava a agitar-se levemente num soluço que crescia, transformando-se no pranto convulsivo de criança-menina a quem roubaram a sua boneca mais querida.
Ele, levantava-se de mansinho, pegava as roupas sem ruído, vestia-se já junto à porta e saía.
Ela, enrolada sobre si mesma, chorava e chamava pelo nome do amor que a morte lhe roubara.
Ele... voltava a passar em frente à sua porta.
;)
Nunca recusou os seus convites para entrar, e ao fazê-lo, quando ainda entre portas, notava acender-se uma chama no seu olhar.
Ainda antes de a porta se fechar, enlaçava-o nos seus braços e apertava-o contra o peito.
Sentia então, que todo o seu corpo tremia como o de uma criança abandonada na noite escura.
Abraçava-a também com ternura, como se quisesse protegê-la de medos, de terrores que não sabia.
Nessa altura, erguia o seu rosto que escondera no peito dele ao chegar, fixava-lhe o olhar nos lábios e aproximava os seus devagarinho. Tocavam-se as duas bocas como pétalas de flor, entreabriam-se, beijavam-se, primeiro com doçura e uma leveza que logo depois se transformava em sofreguidão, em querer sem medida, em paixão ardente.
Era quando comaçava uma dança de corpos que se desejavam.
Em movimentos de espiral, rodopiavam até ao quarto, de olhos cerrados, bocas coladas sem errar o caminho, parando a espaços, pressionanado-se mutuamente contra a parede.
Ao chegarem, já sem roupa, lançavam-se num leito espaçoso, iluminado pela luz do sol que jorrava pela janela aberta para o jardim.
Amavam-se!
Amavam-se ternamente, por inteiro. Entregavam um ao outro a essência de si mesmo, numa troca sem receios nem medidas, até que todos os músculos e tendões não suportassem o esforço dos movimentos.
Então os corpos frôxos, deitados lado-a-lado, as mãos entrelaçadas, experimentavam a sensação que descreve o paraíso. Era quando ele notava os aromas florais que chegavam do jardim e o cheiro a feno e alecrim que se soltava dos lençois alvos, o palco de um amor intenso, mas sem sons. Um amor mudo, como que saído das profundezas da terra.
Então, o corpo dela, alvo, nu, começava a agitar-se levemente num soluço que crescia, transformando-se no pranto convulsivo de criança-menina a quem roubaram a sua boneca mais querida.
Ele, levantava-se de mansinho, pegava as roupas sem ruído, vestia-se já junto à porta e saía.
Ela, enrolada sobre si mesma, chorava e chamava pelo nome do amor que a morte lhe roubara.
Ele... voltava a passar em frente à sua porta.
;)
segunda-feira, 23 de julho de 2012
A vida e suas ironias
Sinto fome de partir...
não de fugir, mas de buscar.
Sinto necessidade de ir...
de ver, entender, encontrar.
Como caçador que sai...
antes do romper da alva.
E pelas quebradas se vai...
buscando a lebre que salta.
Sinto que me chamam o Vento,
a Terra, o Sol e o Mar.
O passar do tempo, lento.
E o desejo de não voltar.
Sinto sede de universo,
de lonjura e mansidão.Do aconchego, no regresso,
que me oferece o meu chão.
Sinto sede de voltar,
sem nunca chegar a partir.De te ver, de te abraçar,
de te beijar, e sentir.
Sinto medo de te inventar,
na lonjura da razão.
De te querer, de te amar,
e depois, soltares-me a mão.
De te querer, de te amar,
e depois, soltares-me a mão.
A felicidade, a amizade... e aquilo que dizemos.
A felicidade é tola; assim como a amizade. Porque ambas, conseguem não ser eternas.
Aquilo que dizemos, tanto pode ser o tijolo e a argamassa que constroem a parede da amizade, como o ariete que a derruba.
Calemo-nos então, se pretendemos manter uma amizade... muda.
Aquilo que dizemos, tanto pode ser o tijolo e a argamassa que constroem a parede da amizade, como o ariete que a derruba.
Calemo-nos então, se pretendemos manter uma amizade... muda.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Era uma vez...
Uma vez por dia,
Mês sim, mês não,
Visito a Maria
E beijo-lhe a mão.
Uma vez por semana,
Ano sim, ano não,
Visito a Joana,
Dou-lhe a minha atenção.
Uma vez por mês,
Dia sim, dia não,
Visito a Inês
E pergunto-lhe; então?
Uma vez por ano,
Vez sim, vez não,
Mergulho pelo cano,
Por não ter paixão.
Uma vez por hora,
Segundo sim, ou não.
Sou deitado fora,
Sem qualquer razão.
Uma vez, escrevi.
Um verso maluco.
Mas nunca o li.
Por me parecer tosco.
;)))
Mês sim, mês não,
Visito a Maria
E beijo-lhe a mão.
Uma vez por semana,
Ano sim, ano não,
Visito a Joana,
Dou-lhe a minha atenção.
Uma vez por mês,
Dia sim, dia não,
Visito a Inês
E pergunto-lhe; então?
Uma vez por ano,
Vez sim, vez não,
Mergulho pelo cano,
Por não ter paixão.
Uma vez por hora,
Segundo sim, ou não.
Sou deitado fora,
Sem qualquer razão.
Uma vez, escrevi.
Um verso maluco.
Mas nunca o li.
Por me parecer tosco.
;)))
sábado, 30 de junho de 2012
O Salgueiro-Chorão e a Figueira "Pingo-de-Mel".
Aquela árvore, ali, foi plantada por mim.
Abri um buraco fundo na terra, coloquei a raíz da pequena árvore lá dentro, mais, um palmo do tronco, depois tapei tudo...num gesto mecânico... sem prestar atenção a pormenores, ou a técnicas de cultivo.
É um chorão. Um salgueiro chorão. Uma árvore comum das margens do Tejo, na zona do Ribatejo.
Não possui um tronco forte... mas os ramos, com as suas folhas comprindas, pendem como uma cabeleira, chegando a tocaro chão.
Por vezes, meto-me debaixo do Chorão, com vontade de chorar. deixo-me envolver por aquela profusão de ramos que pendem até ao chão e que formam uma perfeita cortina, capaz de me separar do mundo, mantendo-me em simultâneo nele.
Não consigo chorar debaixo do meu chorão.
Aquela árvore sou eu; irrequieta, brincalhona. Uma pequena aragem é suficiente para a fazer vibrar, agitar, ganhar vida. Basta esse pequeno nada, para que o "meu" Chorão cresça, avolume, refulja. Então, saio debaixo dele, finjo-me zangado e atiro-lhe: não posso contar contigo para nada, que grande amigo me saíste.
Mais a baixo tenho uma figueira. Plantei-a ... está a fazer uns 5 anos. Desconheço a que "raça" pertence. Quem ma vendeu, afiançou-me que era "pingo de mel".
Mas,comprei-a porque ouvi a uma velha contar, o caso de um homem que morreu debaixo de uma figueira e em seguida, morreu a mulher, debaixo da mesma figueira.
Contou-me a velha que o homem, já cansado e doente, costumava sentar-se ao final da tarde, numa velha cadeira, encostada ao tronco da figueira. Certo dia, a mulher foi encontra-lo morto, sentado na velha cadeira, com um ar muito sereno.
Feito o funeral, a mulher passou a sentar-se na mesma cadeira, ao final do dia, sob a mesma figueira.
Poucos dias depois, encontraram-na morta, sentada na cadeira, com um ar muito sereno.
A superstição das gentes aqui dos montes, afirma que quem se sentar sob uma figueira, sofre da parte desta, uma sucção de vitalidade, acabando por falecer, omo que, or inanição.
Sinto que o objectivo do nosso governo, é o de nos enfraquecer e de nos fazer socumbir, exaurindo-nos,esgotando-nos com impostos e aumentos de custo dos bens essenciais.
Não compreendo, que o nosso governo tencione, ao menos, plantar meia-duzia de Salgueiros-chorões, sob os quais, protegidos pelas suas ramagens, possamos carpiar as nossas mágoas e em seguida, de alma aliviada, saltemos para fora, aregacemos as mangas e lutemos pelo futuro e pela prosparidade que desejamos.
Sinto que o nosso governo, tem dado espaço e premissão, para que sejam plantadas somente figueiras, milhares de figueiras, sob as quais nos iremos sentando, em velhas cadeiras, esperando pelo momento final da inanição-colectiva.
Pelo sim, pelo não, prefiro a minha figueira, porque, enquanto for morrendo, vou saboreando os pequenos mas saborosos figos "pingo-de-mel".
Abri um buraco fundo na terra, coloquei a raíz da pequena árvore lá dentro, mais, um palmo do tronco, depois tapei tudo...num gesto mecânico... sem prestar atenção a pormenores, ou a técnicas de cultivo.
É um chorão. Um salgueiro chorão. Uma árvore comum das margens do Tejo, na zona do Ribatejo.
Não possui um tronco forte... mas os ramos, com as suas folhas comprindas, pendem como uma cabeleira, chegando a tocaro chão.
Por vezes, meto-me debaixo do Chorão, com vontade de chorar. deixo-me envolver por aquela profusão de ramos que pendem até ao chão e que formam uma perfeita cortina, capaz de me separar do mundo, mantendo-me em simultâneo nele.
Não consigo chorar debaixo do meu chorão.
Aquela árvore sou eu; irrequieta, brincalhona. Uma pequena aragem é suficiente para a fazer vibrar, agitar, ganhar vida. Basta esse pequeno nada, para que o "meu" Chorão cresça, avolume, refulja. Então, saio debaixo dele, finjo-me zangado e atiro-lhe: não posso contar contigo para nada, que grande amigo me saíste.
Mais a baixo tenho uma figueira. Plantei-a ... está a fazer uns 5 anos. Desconheço a que "raça" pertence. Quem ma vendeu, afiançou-me que era "pingo de mel".
Mas,comprei-a porque ouvi a uma velha contar, o caso de um homem que morreu debaixo de uma figueira e em seguida, morreu a mulher, debaixo da mesma figueira.
Contou-me a velha que o homem, já cansado e doente, costumava sentar-se ao final da tarde, numa velha cadeira, encostada ao tronco da figueira. Certo dia, a mulher foi encontra-lo morto, sentado na velha cadeira, com um ar muito sereno.
Feito o funeral, a mulher passou a sentar-se na mesma cadeira, ao final do dia, sob a mesma figueira.
Poucos dias depois, encontraram-na morta, sentada na cadeira, com um ar muito sereno.
A superstição das gentes aqui dos montes, afirma que quem se sentar sob uma figueira, sofre da parte desta, uma sucção de vitalidade, acabando por falecer, omo que, or inanição.
Sinto que o objectivo do nosso governo, é o de nos enfraquecer e de nos fazer socumbir, exaurindo-nos,esgotando-nos com impostos e aumentos de custo dos bens essenciais.
Não compreendo, que o nosso governo tencione, ao menos, plantar meia-duzia de Salgueiros-chorões, sob os quais, protegidos pelas suas ramagens, possamos carpiar as nossas mágoas e em seguida, de alma aliviada, saltemos para fora, aregacemos as mangas e lutemos pelo futuro e pela prosparidade que desejamos.
Sinto que o nosso governo, tem dado espaço e premissão, para que sejam plantadas somente figueiras, milhares de figueiras, sob as quais nos iremos sentando, em velhas cadeiras, esperando pelo momento final da inanição-colectiva.
Pelo sim, pelo não, prefiro a minha figueira, porque, enquanto for morrendo, vou saboreando os pequenos mas saborosos figos "pingo-de-mel".
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Pensamos que temos tudo, mas não temos nada...
Caminhava pela berma da estrada estreita, deserta. Amparava-se a um pau tosco, encardido. Obesa, quase andrajosa. Parou quando me aproximei e ficou parada a olhar enquanto passei. Parei logo a seguir, fiz marcha atrás, abri o vidro, não precisei de lhe oferecer boleia, passou imediatamente pela frente do carro, dirigindo-se à porta do passageiro.
-Vou só até ali à frente, ao café, sabe onde é?
-Sei; entre.
Entrou com imensa dificuldade, agarrando-se a tudo o que pudesse servir-lhe de travão ao desmoronamento daque corpo enorme. Primeiro de tudo, entrou o pau, a seguir a perna esquerda e com ela metade de um cu que mais parecia a anca de um animal de tracção. A restante perna, o resto do cu e o tranco onde avolumava um par de mamas que se confundia com o prolongamento do proeminente estômago, é que foram a parte mais difícil de entrar.
Quando já me preparava para saír do carro, com a intenção de empurrar aquela massa gelatinosa para o lugar do passageiro, num súbito solavanco, como rolha de garrafa de champanhe que se solta, mas ao contrário, lá entrou a totalidade daquele corpo imenso arfante, balôfo.
Nem lhe ordenei que colocasse o cinto de segurança, imaginei-o insuficiente para abarcar a totalidade do volume.
-É a coluna que me mata, sabe?! Foram muitos anos no duro, de manhã à noite, por esses campos fora, desde muito pequena. Levantava-me como primeiro cantar.
-Com o primeiro cantar? O que é isso?!
-Então, era quando o galo cantava pela primeira vez, sabe que naquele tempo, ha oitenta anos, aqui por estes sítios, ninguém tinha relógio nem despertador. Agente alevantava-se quer fosse de Verão ou de Inverno, com o primeiro cantar do galo; e depois lá íamos por esses caminhos fora até às quintas onde nos davam trabalho, a roer uma côdea de pão pelo caminho. Olhe que foram tempos muito difíceis... nem me quero lembrar, senhor, Jesus, Maria. Mas olhe, tudo se criou,e viveu-se com mais alegria. A gente nada tinha, mas eramos alegres, íamos o caminho todo a cantar e a contar anidotas. E hoje...(calou-se uns instantes) hoje, julgamos que temos muito e ainda temos menos.
-Então acha que esses tempos passados, foram melhores que os actuais?
- Olhe senhor, se hoje é melhor, não lhe posso dizer, aquilo que lhe digo é que já não ha alegria para nada.
Chegámos ao largo em frente ao café, parei o carro e perguntei-lhe se era ali que desejava ficar.
-É sim senhor, respondeu-me, venha beber um cafézinho que pago eu.
-Não senhora, muito obrigado (enquanto esperava que o corpanzil conseguisse mover-se, desta vez para fora do carro).
-Então e uma cerveja? venha daí, ao menos uma cervejinha.
-Agradeço-lhe, minha senhora, mas fica para outra altura, agora está na hora de ir almoçar.
-Então e o que é que tem? Venha lá beber a cerveja...
-Não vai, não vai... mas agradeço à mesma!
-Pronto, você é que sabe, mas olhe que é de boa-vontade.
E lá acabou por conseguir tirar a totalidade do corpo, fechar a porta do carro e agradecer de novo a boleia com um sorriso imenso e radioso.
-Vou só até ali à frente, ao café, sabe onde é?
-Sei; entre.
Entrou com imensa dificuldade, agarrando-se a tudo o que pudesse servir-lhe de travão ao desmoronamento daque corpo enorme. Primeiro de tudo, entrou o pau, a seguir a perna esquerda e com ela metade de um cu que mais parecia a anca de um animal de tracção. A restante perna, o resto do cu e o tranco onde avolumava um par de mamas que se confundia com o prolongamento do proeminente estômago, é que foram a parte mais difícil de entrar.
Quando já me preparava para saír do carro, com a intenção de empurrar aquela massa gelatinosa para o lugar do passageiro, num súbito solavanco, como rolha de garrafa de champanhe que se solta, mas ao contrário, lá entrou a totalidade daquele corpo imenso arfante, balôfo.
Nem lhe ordenei que colocasse o cinto de segurança, imaginei-o insuficiente para abarcar a totalidade do volume.
-É a coluna que me mata, sabe?! Foram muitos anos no duro, de manhã à noite, por esses campos fora, desde muito pequena. Levantava-me como primeiro cantar.
-Com o primeiro cantar? O que é isso?!
-Então, era quando o galo cantava pela primeira vez, sabe que naquele tempo, ha oitenta anos, aqui por estes sítios, ninguém tinha relógio nem despertador. Agente alevantava-se quer fosse de Verão ou de Inverno, com o primeiro cantar do galo; e depois lá íamos por esses caminhos fora até às quintas onde nos davam trabalho, a roer uma côdea de pão pelo caminho. Olhe que foram tempos muito difíceis... nem me quero lembrar, senhor, Jesus, Maria. Mas olhe, tudo se criou,e viveu-se com mais alegria. A gente nada tinha, mas eramos alegres, íamos o caminho todo a cantar e a contar anidotas. E hoje...(calou-se uns instantes) hoje, julgamos que temos muito e ainda temos menos.
-Então acha que esses tempos passados, foram melhores que os actuais?
- Olhe senhor, se hoje é melhor, não lhe posso dizer, aquilo que lhe digo é que já não ha alegria para nada.
Chegámos ao largo em frente ao café, parei o carro e perguntei-lhe se era ali que desejava ficar.
-É sim senhor, respondeu-me, venha beber um cafézinho que pago eu.
-Não senhora, muito obrigado (enquanto esperava que o corpanzil conseguisse mover-se, desta vez para fora do carro).
-Então e uma cerveja? venha daí, ao menos uma cervejinha.
-Agradeço-lhe, minha senhora, mas fica para outra altura, agora está na hora de ir almoçar.
-Então e o que é que tem? Venha lá beber a cerveja...
-Não vai, não vai... mas agradeço à mesma!
-Pronto, você é que sabe, mas olhe que é de boa-vontade.
E lá acabou por conseguir tirar a totalidade do corpo, fechar a porta do carro e agradecer de novo a boleia com um sorriso imenso e radioso.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
E eu, o que tenho para dizer? ...Népia!
Saramago, o escritor, disse:
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
Essa coisa que somos e não tem nome, gera-se dentro de nós e raras vezes se manifesta plenamente, por forma a que, do exterior, possa ser inteiramente entendível, reconhecível.
Porque, muitas vezes, em várias situações, não nos bastam os olhos e a capacidade de ver, para nos permitirmos entender aquilo que vimos.
David Mourão Ferreira, disse: Possuímos 5 sentidos; dois pares e meio de asas, por isso talvez, voemos tão desequilibrados.
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
Essa coisa que somos e não tem nome, gera-se dentro de nós e raras vezes se manifesta plenamente, por forma a que, do exterior, possa ser inteiramente entendível, reconhecível.
Porque, muitas vezes, em várias situações, não nos bastam os olhos e a capacidade de ver, para nos permitirmos entender aquilo que vimos.
David Mourão Ferreira, disse: Possuímos 5 sentidos; dois pares e meio de asas, por isso talvez, voemos tão desequilibrados.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Sem título...
Agarrei-a; por agarrar.
Sem sequer lhe olhar o rosto.
Sem tão pouco a desejar.
Nem lhe ter lido o desgosto,
Que a fazia chorar,
Que a tornava o mosto,
De um vinho a azedar.
Agarrei-a sem a ver.
Levei-a sem a sentir.
E ela... veio, sem ser.
E eu, comecei a a despir.
E ela, sempre a descer.
E sem nunca tentar fugir.
Depois; foi o grito profundo.
O repuxar dos lençois.
Foi o romper d'aquele mundo,
Que já não conhece mais sois.
Foi então quando a vi:
Numa alma ultrajada.
Foi ali que eu morri.
Entre espasmos de tesão.
E que a senti, já vingada,
De uma vida sem razão.
Sem sequer lhe olhar o rosto.
Sem tão pouco a desejar.
Nem lhe ter lido o desgosto,
Que a fazia chorar,
Que a tornava o mosto,
De um vinho a azedar.
Agarrei-a sem a ver.
Levei-a sem a sentir.
E ela... veio, sem ser.
E eu, comecei a a despir.
E ela, sempre a descer.
E sem nunca tentar fugir.
Depois; foi o grito profundo.
O repuxar dos lençois.
Foi o romper d'aquele mundo,
Que já não conhece mais sois.
Foi então quando a vi:
Numa alma ultrajada.
Foi ali que eu morri.
Entre espasmos de tesão.
E que a senti, já vingada,
De uma vida sem razão.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Lembras-te...?!
Lembras-te...?!
Costumo utilizar este termo interrogativo e simultâneamente afirmativo, com alguma frequência; quando converso com amigos ou familiares sensivelmente da mesma idade. Depois, nos meus momentos mais íntimos, naqueles em que troco comigo mesmo algumas reflexões, penso: Somos, desde que nascemos, um arquivo de memórias. Memórias que acumulamos e nos vão acompanhando ao longo do tempo em que possuímos consciência, em que possuímos razão... São sempre vozes que me guiam, que me dizem; vai em frente, ou então, volta atrás. Umas, audíveis, outras, não. Umas físicas, outras, somente adivinháveis. Mas todas elas, compositoras de um arquivo indimensionável, irreferenciável, capaz de se tornar acessível, de se escancarar, através de um simples som, fonético ou não, de uma simples imagem, de um cheiro ou odor, de um toque ou de um sabor. E ando... convencido por vezes, que cada passo me é ditado, desenhado, programado, por uma consciência individual, criada por mim, unicamente.
Mas não!
Eu, não sou Eu.
Nunca serei.
O que sou, é o resultado de gerações consecutivas de muitos outros. O que serei, é o cúmulo de todas as palavras, de todos os pensamentos, de todos os gestos, de todos os sonhos e conquistas, daqueles que já foram. Quando todos aqueles que se julgam comandantes dos destinos do Mundo e das Almas que o habitam entenderem, que tudo o que fazem, o que pensam e decidem, se subordina a uma ordem que os ultrapassa e obriga... então, compreenderão a liberdade.
Então, deporão o poder, a utopia, a malícia e a demagogia, banhar-se-hão nas nascentes das origens e compreenderão finalmente, o sentido da Universalidade.
Mas não!
Eu, não sou Eu.
Nunca serei.
O que sou, é o resultado de gerações consecutivas de muitos outros. O que serei, é o cúmulo de todas as palavras, de todos os pensamentos, de todos os gestos, de todos os sonhos e conquistas, daqueles que já foram. Quando todos aqueles que se julgam comandantes dos destinos do Mundo e das Almas que o habitam entenderem, que tudo o que fazem, o que pensam e decidem, se subordina a uma ordem que os ultrapassa e obriga... então, compreenderão a liberdade.
Então, deporão o poder, a utopia, a malícia e a demagogia, banhar-se-hão nas nascentes das origens e compreenderão finalmente, o sentido da Universalidade.
sábado, 28 de abril de 2012
Vai-te Embora...
Ha um Homem que caminha à minha frente, pela mesma estrada.
Separa-nos uma curta distância que apesar dos esforços, não consigo vencer.
Caminha à frente, escolhendo sempre os mesmos caminhos por onde sigo, e ainda não vi o seu rosto, não conheço o seu nome. Se o chamo, não me escuta.
Se me detenho, cansado, e me sento na beira do caminho, ele não para, continua a jornada mas, quando me levanto, ele aparece instantâneamente, à minha frente, sempre À mesma distância de mim, sempre voltado para frente, nunca, deixando que lhe conheça o rosto.
Veste como eu, caminha do mesmo modo, mas nunca se volta para trás. Noto que sabe sempre por onde passou e o que já viu... pois é transparente e, à transparência, consigo ver-lhe todos os registos dos nomes e imágens que já conheceu.
Caminha à minha frente, não fala, por vezes, quando o vento sopra de frente, julgo escutar um murmúrio, como que, uma melodia antiga... ha dias pareceu-me que trauteava uma velha lenga-lenga... vai-te embora papão negro, de cima desse telhado... deixa dormir o menino... um soninho descançado... vai-te embora...
terça-feira, 24 de abril de 2012
Á Noite
Aparece sempre que se começam a cerrar os nevoeiros nocturnos.
Chega sem se notar, silenciosa. Esquiva-se ao diálogo, olha, somente.
O lume crepita, estaladiço, lançando ondas cálidas de luz laranja-fogo.
Lentamente, ergue-se e desliza até mim, enrosca-se, penetra nos meus sonhos.
E eu... hmm, quase não me atrevo a tocar-lhe, arrisco um só beijo, levemente.
Velo a noite toda, guardo-lhe o sono, temo que se respirar, possa fazer com que termine este jogo.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
O Sempre...!
Nasci cedo demais para ser futuro e, demasiadamente tarde para ser passado.
Quando eu morrer, o tempo se encarregará de me colocar no tempo certo. Onde o passado, o presente e o futuro, serão um só... O Sempre!
http://www.youtube.com/watch?v=7ewOw8v9fWs
;)
Quando eu morrer, o tempo se encarregará de me colocar no tempo certo. Onde o passado, o presente e o futuro, serão um só... O Sempre!
http://www.youtube.com/watch?v=7ewOw8v9fWs
;)
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
A Rota do Roteiro
O Presidente da República, inicia hoje, com uma conferência na Cidadela de Cascais ( a mesma que tem custado uma fortuna ao erário público, em obras de reabilitação e restauro) subordinada ao título "Nascer em Portugal": o novo «Roteiro para o Futuro». A participar nesta conferência, foram convidados três conferencistas estrangeiros, verdadeiros especialistas mundiais, da temática «fecundidade».
Não faço ideia de quanto custa ao país trazer estes conferencistas a Cascais mas, tenho esperança, que em nome do altruísmo e da justeza da causa, eles tenham oferecido a sua participação (estadia e deslocações inclusive) gratuitamente.
Não possuo especiais conhecimentos da temática "fecundidade", sei unicamente que existem condicionantes que "a" podem viabilizar, ou inviabilizar. E sei que entre essas condicionantes se encontram problemas de saúde, disfunção de órgãos e ainda, dificuldades financeiras.
Longe vão os tempos em que procriar era uma imposição social e familiar. Estavam em causa valores éticos, religiosos e sociais, que hoje se acham dissipados e que deram lugar a outros não menos importantes e que têm a ver com perspectivas de futuro.
A instabilidade económica, a incerteza quanto à manutenção do emprego que garante a estabilidade económica de uma família, e que garante também o sustento, a educação, a saúde e o conforto, são uma realidade tão crua e nua, que os casais em idade fecunda, se inibe por completo do acto de procriar.
Dizem as estatísticas que no nosso país, o número de óbitos dos últimos anos, tem sido superior ao dos nascimentos. Esta evidência preocupa o Presidente da República, preocupa-me e preocupa a população em geral. Sabemos, nem que seja somente por instinto, que qualquer sociedade necessita vitalmente de renovação, de nascimentos. São esses nascimentos que garantem o futuro e que mantêm a actividade.
No entanto, este problema, penso que não pode ser endossado directamente, à falta de vontade de procriar, à inacção, à inconsciência social. Qualquer cidadão português, neste momento, vê com nitidez à sua frente, uma recessão tão abrangente e profunda, que teme achar-se de um dia para o outro, sem emprego, sem casa e sem os recursos mínimos que lhe permitam criar um filho.
Para que esta situação inverta o sentido, para que o país detenha a marcha vertiginosa que o conduz à falência económica e demográfica, necessita reequacionar-se, necessita reinventar-se, necessita urgentemente de se inventariar.
Nesta fase difícil em que o país se encontra, não são necessários estudos demográficos, nem conferencistas estrangeiros a debitarem-lhe estatísticas e opiniões técnicas, generalistas, fundamentadas em realidades que não lhe são comuns e a sangrarem-lhe recursos económicos necessários para atender a necessidades reais e prementes.
O Roteiro, sim. Acho-o da maior utilidade, se bem estruturado e bem conduzido. O contacto directo com as realidades do país, com os habitantes, a reunião de opiniões e o estímulo à procura de soluções... em suma, a inventariação do país e dos portugueses; o que pensam e como pensam; as soluções que propõem, os meios de que dispõem, a motivação, os projectos que as comunidades ^têm pensados e em execução.
Este inventário, este conhecimento real das realidades e das propostas de mudar de fazer inverter o estado actual de coisas, é que em minha opinião deve ser levado a peito pelo nosso Presidente da República e pelos Portugueses.
Agora... os salamaleques protocolares, os politicamente correctos, as recepções, o brilho, as luzes, os cristais e as baixelas... esses servirão somente para nos deixar mais pobres.
Sr. Presidente da República, peço-lhe, exerça a sua função de Chefe de Estado com hombridade, e coloque-se ao serviço do seu País!
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
As Brumas da Memória
Vejo já distante a minha idade dos vinte anos.
Mas, recordo-me com clareza dos muitos sonhos e projectos que alicerçaram esta construção que fui erguendo ao longo dos anos; Esta vida, que conheceu também momentos em que as maiores dificuldade surgiram, em que a vontade de continuar se sobrepôs à de desistir, porque eram fortes os motivos que a sustinham.
Recordo-me dos esforços que precisei empregar, para conseguir vencer as barreiras que teimavam em querer provar a minha capacidade de decisão, a minha vontade de prosseguir.
Não esqueço também os apoios que contribuíram para consolidar estes sonhos, e, a meu lado, tornaram mais forte a vontade, se ela tendia a fraquejar. Aprendi ao longo da vida, que as equipes mais fortes, são aquelas que se sabem manter unidas, enfrentando qualquer dificuldade sem vacilar, confiando no apoio e na força que vem do outro. As grandes batalhas são ganhas pelos exércitos, cuja estratégia de luta assenta na união entre os seus combatentes, onde não há deserções e em que cada guerreiro confia a retaguarda ao seu companheiro.
Hoje, ao percorrer as ruas, reparo nos rostos de quem se cruza comigo, a maioria inexpressivos, casas de olhos despovoados de sonhos. Assalta-me um pensamento, uma dúvida; Que forças movem estas gentes? Que desejos, que anseios, que vontades, lhes definem os caminhos? Porque escolhem ir por aqui e não, por ali?
O que sentem estas gentes de hoje, que deixaram de crer num Deus, porque a ciência lhes afirmou que não existe, mas que a mesma ciência não tem forma de substituir, deixando-lhes um vazio na alma, impossível de preencher?
Que horizontes, buscam os homens e mulheres que se cruzam nas ruas destas vidas, alcançar?
Que futuro... que futuro existe para além dessa bruma espessa que nos delimita o olhar e teima em querer tolher-nos a acção?
A mesma bruma tenebrosa e negra que desafiou os Portugueses de 500, que os fez aventurarem-se pelo mar, afrontando-a, rasgando-a, conquistando um mundo inacessível, permitindo que uma parte do mundo descobrisse a parte que faltava, completando-se, volta hoje a tentar oprimir-nos?
Quem saberá explicar este mundo hostil, ao mundo, quem será investido da força e da clareza de espírito capazes de conduzir o mundo através da bruma, rasga-la, permitindo que brilhe de novo a luz da humanização, permitindo que a sociedade readquira a vontade de sonhar e de se cumprir?
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Acerca do Amor e da Liberdade!
Poucos de nós se acharão aptos a poder decidir entre amor e liberdade...
Ambos os sentimentos se envolvem e só os entendemos, enquadrados em conceitos excepcionais que mergulham profundamente nos mares da física e da química, e depois, ascendem vertiginosamente aos céus onde reina o espiritual.
E nós, simples almas humanas, vulneráveis à rede que nos pesca desses mares, buscamos nos reinos da espiritualidade, a libertação da asfixia que nos causa a dependência do amor.
Mas... O que ama cada um de nós? Com que intensidade? Com que dedicação? E... até que ponto, estamos preparados para ceder a liberdade àqueles que amamos?
A incondicionalidade, é uma regra ambígua, que se altera de acordo com a intensidade e a coerência do amor que se dedica a alguém.
Há quem, não conceba incondicionalidade no amor, tal como, há quem, só conceba o amor plenamente assumido e entendido, livre de condições.
Esta forma de compreender o amor e dele fazer bom uso, foi-nos ensinada por um Homem, há dois mil anos.
Ele ensinou-nos a amar incondicionalmente e em simultâneo, permitiu-nos optar pelas formas de amor mais adequadas ao nosso entendimento e à nossa condição de seres incompletos, prometendo-nos que cresceríamos no amor, se o praticássemos e que, ao mesmo tempo, adquiriríamos através da prática e do entendimento do amor, a Liberdade.
Princípios que à partida nos podem parecer antagónicos, afinal, verificamos que se completam, desde que os entendamos com clareza e que sejamos suficientemente humildes, para os praticar.
Ambos os sentimentos se envolvem e só os entendemos, enquadrados em conceitos excepcionais que mergulham profundamente nos mares da física e da química, e depois, ascendem vertiginosamente aos céus onde reina o espiritual.
E nós, simples almas humanas, vulneráveis à rede que nos pesca desses mares, buscamos nos reinos da espiritualidade, a libertação da asfixia que nos causa a dependência do amor.
Mas... O que ama cada um de nós? Com que intensidade? Com que dedicação? E... até que ponto, estamos preparados para ceder a liberdade àqueles que amamos?
A incondicionalidade, é uma regra ambígua, que se altera de acordo com a intensidade e a coerência do amor que se dedica a alguém.
Há quem, não conceba incondicionalidade no amor, tal como, há quem, só conceba o amor plenamente assumido e entendido, livre de condições.
Esta forma de compreender o amor e dele fazer bom uso, foi-nos ensinada por um Homem, há dois mil anos.
Ele ensinou-nos a amar incondicionalmente e em simultâneo, permitiu-nos optar pelas formas de amor mais adequadas ao nosso entendimento e à nossa condição de seres incompletos, prometendo-nos que cresceríamos no amor, se o praticássemos e que, ao mesmo tempo, adquiriríamos através da prática e do entendimento do amor, a Liberdade.
Princípios que à partida nos podem parecer antagónicos, afinal, verificamos que se completam, desde que os entendamos com clareza e que sejamos suficientemente humildes, para os praticar.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
A Suposta Realidade dos Militantes Desmilitarizados
Nada daquilo que julgamos saber, é definitivo e está confirmado.
Até à quinhentos anos, pensava-se que o Sol, os planetas e as estrelas, rodavam em torno da Terra.
Nessa altura, Martinho Lutero desafiou a autoridade papal, ao insurgir-se contra o pagamento pela remissão dos pecados. Nessa época, em termos sociais, tudo girava em torno do poder clerical, que remetia para a suprema vontade divina, todo o bem e todo o mal que pudessem suceder aos simples mortais, inclusivé... aos mais poderosos, aos Reis e ao Clero. Nicolau Coperninico contemporâneo de Lutero, afrontando o que estava estabelecido e repudiado pela igreja católica, teorizou que era a Terra que gravitava em torno do sol, sendo necessário que passassem cem anos até que Kepler provasse matemáticamente que assim era na verdade. Com as teorias e as fórmulas apresentadas por estes homens, assentou-se na regra que determina a incontestabilidade de todas as teorias que possam ser confirmadas pela ciência.
Até ao princípio do século passado, o mundo católico regia-se pela obediência à vontade religiosa, e a ciência provava que os dogma da religião, tinham origem em processos naturais, não dependentes de causas divinas, nem impenetráveis; completamente prováveis.
Esta mudança, causou a insegurança numa boa parte da população católica que de um "momento" para o outro, foi "convidada" a deixar de acreditar naquilo que durante séculos lhe tinha sido imposto por uma classe religiosa, detentora exclusiva do conhecimento e do poder, e passar a pensar por si mesma, passar a ser unica e exclusivamente responsável pelos seus actos e decisões, com base nas provas que a ciência ia produzindo, adquiridas através da experiência.
Passados quinhentos anos, a humanidade permanece envolta nas brumas do desconhecido, "entalada" entre o saber místico e castrador da religião e a incomplitude do conhecimento adquirido pela ciência.
Passados quinhentos anos, deixámos de acreditar na salvação divina, e a ciência não consegue ainda garantir-nos a salvação.
Estaremos realmente a adquirir, hoje, o verdadeiro uso da autodeterminação?!
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
O Diabo e a Cruz
Muitos e diferentes são os mitos que atormentam as nossas existências.
A eterna e permanente guerra entre o bem e o mal, materializa-se em muitos casos, num bizarro tema folclórico, ornamentado de símbolos e de imagens, uns pavorosos, outros paradisíacos.
Quando tentamos compreender a necessidade de estes dois "faróis" existirem, topamos irremediávelmente com as nossas fragilidades pessoais, as nossas incapacidades de nos compreendermos e de nos relacionarmos. Então, nessa altura, torna-se muito mais fácil resolver essa nossa dificuldade, remetendo para as forças do bem e do mal. Contudo, em boa parte das situações que se nos deparam, ou até mesmo na totalidade das mesmas, a solução enquadra-se perfeitamente dentro do nosso poder de auto-crítica e de auto-determinação.
Não quero dizer com isto, que deste modo consigamos anular por completo, a causa do efeito. Nem pensar.
Dou um exemplo; se passarmos por alguém e não cumprimentarmos, o efeito mais provável será, não sermos também cumprimentados por essa pessoa. Ou então e passando para o ambiente virtual dos blog's, se comentamos um post e o seu autor não se digna colocar um comentário ao nosso comentário... um simples "smile", sinal de que cedeu algum do seu tempo e da sua atenção, à opinião do comentador; então é muito provável que esta causa provoque como efeito, o anulamento dos comentários, do comentador.
Estas dinâmicas tão peculiares, reservadas aos seres que possuem capacidade para pensar, que raciocinam e tentam compreender o porquê das coisas, regulam as nossas existências e ditam os nossos comportamentos. Por vezes, estes sentimentos remetem-nos para o ostracismo, por vezes, enchem-nos de um sentimento que abomino; a indiferença.
Por natureza, acredito na capacidade de regeneração comum a todos os seres. E entendo que regeneração é uma palavra múltipla e totalmente abrangente, capaz de substituir com total e completa vantagem, quer o diabo, quer a cruz.
Assim reine entre os Homens de boa vontade, a paz, a concórdia e a mutualidade!!!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
A Apologia do Nada
Inquieta-me um Homem que conheço, porque pensa, pensa aquilo que depois me faz pensar.
Pergunta ele, no post "Íris" que publicou recentemente: E se nunca nos fosse dado um nome...? Passaríamos à condição de seres anónimos, se assim fosse? Explicando deste modo, a necessidade da atribuição de um nome, a tudo. Do meu ponto de vista, a identificação de cada um de nós, não teria necessidade de existir, se os nossos sentidos se achassem tão apurados, quanto os dos animais. Assim, poderíamos reconhecer-nos pelo cheiro, utilizando o olfacto, ou pela audição, identificando um ruído que caracterizasse determinado individuo, ou ainda, pela visão, identificando a forma de cada um, mas... e quando pretendêssemos referir-nos verbalmente a alguém?
Isso aí é que seria o buzilis...
Consigo imaginar uma mãe, ou um pai, ao fim do dia, à porta do infantário para recolher o filho e as empregadas a trazerem-lhe as crianças em fila indiana para que a cheirassem até encontrarem a sua. Ou então, o casal ao chegar a casa ao fim do dia, depois de se cheirarem mutuamente a fim de se certificarem que ele é o marido dela e ela a mulher dele, começarem a falar dos acontecimentos do dia e ela, muito feliz, porque encontrou uma amiga de infância que não via à anos. E o marido admirado, perguntar; e como foi que a reconheceste?
É óbvio que não me vou adiantar mais nesta fantasia. Correria o risco de derivar para a parvoíce, sem que desse pelo cheiro.
Bom, voltando à realidade (ou fazendo por isso).
Vivi com intensidade o idealismo social das décadas de 60 e 70 e o idealismo espiritual da década de 80.
Todos estes "movimentos" me deixaram acreditar que uma enorme quantidade de "coisas" de que nos tornamos dependentes ao longo da vida, não fazem o mínimo sentido, nem contam rigorosamente para nada, sem ser, para um determinado ilusionismo.
Frequentemente tenho a sensação de fazer parte de um número de ilusionismo fantástico e ambíguo, um número, em que o grande mágico nos faz desaparecer e reaparecer de uma forma mágica e tão dogmática, que até hoje ainda nenhum dos figurantes destes números, conseguiu descobrir como é que o "truque" se desenrola e ainda... porque é que o "truque" se mantém ininterruptamente em palco.
Por vezes, quase que chego a uma conclusão, convicto de que, o mágico que controla este "truque" se chama consciência e que a finalidade do mesmo, culminará na universalidade.
Será?!
Pergunta ele, no post "Íris" que publicou recentemente: E se nunca nos fosse dado um nome...? Passaríamos à condição de seres anónimos, se assim fosse? Explicando deste modo, a necessidade da atribuição de um nome, a tudo. Do meu ponto de vista, a identificação de cada um de nós, não teria necessidade de existir, se os nossos sentidos se achassem tão apurados, quanto os dos animais. Assim, poderíamos reconhecer-nos pelo cheiro, utilizando o olfacto, ou pela audição, identificando um ruído que caracterizasse determinado individuo, ou ainda, pela visão, identificando a forma de cada um, mas... e quando pretendêssemos referir-nos verbalmente a alguém?
Isso aí é que seria o buzilis...
Consigo imaginar uma mãe, ou um pai, ao fim do dia, à porta do infantário para recolher o filho e as empregadas a trazerem-lhe as crianças em fila indiana para que a cheirassem até encontrarem a sua. Ou então, o casal ao chegar a casa ao fim do dia, depois de se cheirarem mutuamente a fim de se certificarem que ele é o marido dela e ela a mulher dele, começarem a falar dos acontecimentos do dia e ela, muito feliz, porque encontrou uma amiga de infância que não via à anos. E o marido admirado, perguntar; e como foi que a reconheceste?
É óbvio que não me vou adiantar mais nesta fantasia. Correria o risco de derivar para a parvoíce, sem que desse pelo cheiro.
Bom, voltando à realidade (ou fazendo por isso).
Vivi com intensidade o idealismo social das décadas de 60 e 70 e o idealismo espiritual da década de 80.
Todos estes "movimentos" me deixaram acreditar que uma enorme quantidade de "coisas" de que nos tornamos dependentes ao longo da vida, não fazem o mínimo sentido, nem contam rigorosamente para nada, sem ser, para um determinado ilusionismo.
Frequentemente tenho a sensação de fazer parte de um número de ilusionismo fantástico e ambíguo, um número, em que o grande mágico nos faz desaparecer e reaparecer de uma forma mágica e tão dogmática, que até hoje ainda nenhum dos figurantes destes números, conseguiu descobrir como é que o "truque" se desenrola e ainda... porque é que o "truque" se mantém ininterruptamente em palco.
Por vezes, quase que chego a uma conclusão, convicto de que, o mágico que controla este "truque" se chama consciência e que a finalidade do mesmo, culminará na universalidade.
Será?!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
A Sociedade.
A Sociedade, é um todo, constituída por vários únicos multiplicados.
Mas para que uma Sociedade possa Ser em pleno, tem de possuir consciência daquilo que na realidade, é.
Para que uma Sociedade funcione em pleno, tem de evitar que partes de si paralizem e venham a gangrenar, que se corrompam, corrompendo-a.
Em épocas específicas do ano, fala-se com maior frequência da parte da nossa sociedade, que vive sem condições. Nessas alturas, enaltece-se o serviço que outra parte da sociedade presta à anterior, gratuita e humanísticamente.
As causas que determinaram a falta de condições em que uma parte da sociedade vive, são variadíssimas e de diferentes grandezas. A motivação da parte da sociedade que a serve, é de grandíssimo valor solidário.
Contudo, o número de pessoas que depende da solideriedade de outras, aumenta, assim como aumenta também o número de pessoas solidárias que a serve e, segundo as estatísticas, aumenta também o número de pessoas que cedem solidáriamente parte daquilo que possuem, entregando-o áqueles que solidáriamente servem, para que o distribuam por aqueles que necessitam.
Temos então um corpo a que podemos chamar Sociedade, que um dia, num passeio pelo campo, decidiu descalçar-se, para melhor usufruir da sensação de sentir a terra e as ervas mas não reparou numa silva e picou-se. O corpo... a Sociedade, sentiu uma dor terrível no pé, calçou-se de novo e voltou para casa. Ao chegar a casa, descalçou-se e verificou que a picadela da silva lhe tinha provocado uma infecção no pé, que começava a apresentar vermelhidão e sinais de inchaço. Decidiu não dar importância, nem fazer qualquer tipo de tratamento, deitou-de. No dia seguinte, o corpo... a Sociedade, acordou com o pé inchadíssimo e uma ferida aberta no lugar da picadela da silva, começava a purgar um líquido viscoso e de côr amarelada. Então o corpo... a sociedade, decidiu continuar a não ligar ao pé, saindo para o trabalho, com um pé calçado e outro descalço.
Ao fim do dia, quando regressou a casa, o corpo... a Sociedade, reparou com espanto que a infecção do pé já tinha alastrado para a perna, que começava a apresentar uma côr roxeada, além de um monumental inchaço. As dores eram atrozes, mas mesmo assim, o corpo... a Sociedade, decidiu ir dormir sem dar importância ao agravamento da infecção. De manhã, ao acordar... o corpo verificou que a infecção do pé, já tinha conquistado terreno, chegando nessa altura, ao braço. Então, o corpo... a Sociedade, levantou-se com muito custo, sem forças, a cabeça a latejar, sem conseguir raciocinar e sem acção, colocou-se em frente ao espelho, olhou-se de alto a baixo e verificou que só tinha conseguido chegar até ali, porque a outra metade do corpo mantinha ainda alguma vitalidade. Uns minutos após olhar-se e reflectir, o corpo concluiu que se não tomasse medidas definitivas, se nãoeliminasse definitivamente aquela infecção, todo ele acabaria infectado e socumbiria.
Decidiu então, desinfectar a ferida do pé, tomar antibiotico, alimentar-se convenientemente e imobilizar a zona afectada, até que a infecção fosse debelada e ambos os lados do corpo... da Sociedade, pudessem readquirir força e vitalidade, apoiando-se mutuamente nos trabalhos, nas acções e no movimento, para alegria e sanidade do corpo... da Sociedade!
Mas para que uma Sociedade possa Ser em pleno, tem de possuir consciência daquilo que na realidade, é.
Para que uma Sociedade funcione em pleno, tem de evitar que partes de si paralizem e venham a gangrenar, que se corrompam, corrompendo-a.
Em épocas específicas do ano, fala-se com maior frequência da parte da nossa sociedade, que vive sem condições. Nessas alturas, enaltece-se o serviço que outra parte da sociedade presta à anterior, gratuita e humanísticamente.
As causas que determinaram a falta de condições em que uma parte da sociedade vive, são variadíssimas e de diferentes grandezas. A motivação da parte da sociedade que a serve, é de grandíssimo valor solidário.
Contudo, o número de pessoas que depende da solideriedade de outras, aumenta, assim como aumenta também o número de pessoas solidárias que a serve e, segundo as estatísticas, aumenta também o número de pessoas que cedem solidáriamente parte daquilo que possuem, entregando-o áqueles que solidáriamente servem, para que o distribuam por aqueles que necessitam.
Temos então um corpo a que podemos chamar Sociedade, que um dia, num passeio pelo campo, decidiu descalçar-se, para melhor usufruir da sensação de sentir a terra e as ervas mas não reparou numa silva e picou-se. O corpo... a Sociedade, sentiu uma dor terrível no pé, calçou-se de novo e voltou para casa. Ao chegar a casa, descalçou-se e verificou que a picadela da silva lhe tinha provocado uma infecção no pé, que começava a apresentar vermelhidão e sinais de inchaço. Decidiu não dar importância, nem fazer qualquer tipo de tratamento, deitou-de. No dia seguinte, o corpo... a Sociedade, acordou com o pé inchadíssimo e uma ferida aberta no lugar da picadela da silva, começava a purgar um líquido viscoso e de côr amarelada. Então o corpo... a sociedade, decidiu continuar a não ligar ao pé, saindo para o trabalho, com um pé calçado e outro descalço.
Ao fim do dia, quando regressou a casa, o corpo... a Sociedade, reparou com espanto que a infecção do pé já tinha alastrado para a perna, que começava a apresentar uma côr roxeada, além de um monumental inchaço. As dores eram atrozes, mas mesmo assim, o corpo... a Sociedade, decidiu ir dormir sem dar importância ao agravamento da infecção. De manhã, ao acordar... o corpo verificou que a infecção do pé, já tinha conquistado terreno, chegando nessa altura, ao braço. Então, o corpo... a Sociedade, levantou-se com muito custo, sem forças, a cabeça a latejar, sem conseguir raciocinar e sem acção, colocou-se em frente ao espelho, olhou-se de alto a baixo e verificou que só tinha conseguido chegar até ali, porque a outra metade do corpo mantinha ainda alguma vitalidade. Uns minutos após olhar-se e reflectir, o corpo concluiu que se não tomasse medidas definitivas, se nãoeliminasse definitivamente aquela infecção, todo ele acabaria infectado e socumbiria.
Decidiu então, desinfectar a ferida do pé, tomar antibiotico, alimentar-se convenientemente e imobilizar a zona afectada, até que a infecção fosse debelada e ambos os lados do corpo... da Sociedade, pudessem readquirir força e vitalidade, apoiando-se mutuamente nos trabalhos, nas acções e no movimento, para alegria e sanidade do corpo... da Sociedade!
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
O papel do embrulho.
A pele que nos cobre e nos empresta uma aparência, a qual tentamos modificar de acordo com as situações, as épocas e as modas, serve também para cobrir um conjunto de órgãos e uma estrutura muscular e óssea que nos possibilitam a movimentação, a existência, da forma que fomos concebidos.
Podemos assim sintetizar de uma forma muito ligeira, que a pele está para os humanos, como o papel de fantasia, para os presentes de Natal, ou de aniversário...?!
Poderíamos mas na verdade, a nossa pele encontra-se num patamar de apreço, superior ao do papel que reveste o presente.
No caso do presente, o nosso primeiro olhar, dirige-se para o revestimento, para o brilho, o colorido, os motivos de decoração, a forma como está colocado mas, logo de seguida, o papel do embrulho deixa de ter qualquer interesse, muitas vezes, passado o momento inicial de apreço, até o rasgamos, na pressa de conhecer o que se encontra no interior; o objecto que dele se reveste.
Quanto à nossa pele, à pele que nos reveste os interiores e nos confere uma forma exterior, aquela forma porque somos conhecidos visualmente e que muitas vezes desejamos alterar de acordo com diferentes factores, por vezes até, de acordo com o estado de espírito... quanto a essa, nunca a curiosidade nos leva a querer rasga-la, para conhecer o que está dentro. Salvo nos casos em que algum dos órgãos interiores necessite de uma intervenção externa.
Podemos assim sintetizar de uma forma muito ligeira, que a pele está para os humanos, como o papel de fantasia, para os presentes de Natal, ou de aniversário...?!
Poderíamos mas na verdade, a nossa pele encontra-se num patamar de apreço, superior ao do papel que reveste o presente.
No caso do presente, o nosso primeiro olhar, dirige-se para o revestimento, para o brilho, o colorido, os motivos de decoração, a forma como está colocado mas, logo de seguida, o papel do embrulho deixa de ter qualquer interesse, muitas vezes, passado o momento inicial de apreço, até o rasgamos, na pressa de conhecer o que se encontra no interior; o objecto que dele se reveste.
Quanto à nossa pele, à pele que nos reveste os interiores e nos confere uma forma exterior, aquela forma porque somos conhecidos visualmente e que muitas vezes desejamos alterar de acordo com diferentes factores, por vezes até, de acordo com o estado de espírito... quanto a essa, nunca a curiosidade nos leva a querer rasga-la, para conhecer o que está dentro. Salvo nos casos em que algum dos órgãos interiores necessite de uma intervenção externa.
Dir-me-ão que esta analogia que estabeleci entre o papel de embrulho e a nossa pele, é no mínimo estapafurdia, que não tem nada a ver, que muitos de nós, sobretudo aqueles que se preocupam mais com a sua imagem, o seu aspecto exterior, o fazem para se sentir melhor consigo mesmo, que o fazem, no sentido de buscar felicidade através da janela da imagem que o espelho reflecte.
É verdade, sei-o por experiência. Certos dias, ao olhar-me ao espelho, vejo nele reflectida uma imagem que me agrada mais. Nesses dias, sinto uma alegria interior, um desejo maior de me movimentar, de fazer coisas novas, de ir a lugares diferentes, de conversar, de trocar ideias, de subir a uma montanha, olhar o mundo, e reflectir.
Gosto imenso de reflectir acerca das coisas humanas, dos "quê" e dos "porquê".
Mas... esbarro frequentemente numa questão: A questão da felicidade. Todos concordamos em que, o maior desejo da humanidade é o de alcançar a felicidade; Verificamos no entanto, que muitos de nós, se ocupam quase exclusivamente a criar situações que impeçam ou dificultem os outros de alcançar a sua própria felicidade, a sua realização pessoal, em suma, de se cumprirem nos seus desejos e objectivos.
Talvez porque os objectivos individuais se cruzam e interferem, se chocam e se impedem de evoluir...?
Talvez a Humanidade precise de uma consciência universal tão perfeita, capaz de conseguir dirigir as consciências individuais no mesmo sentido, sem que colidam entre si e, sem que percam a sua capacidade de decidir em que sentido pretendem ir.
Impossível?
Não me parece... aliás, acho até que é precisamente a existÊncia dessa consciência universal que está a permitir que as consciências individuais colidam e não encontrem a saída adequada que lhes permita entrar no caminho da evolução.
(Este post foi inspirado por um outro de um amigo, que pode ser lido em: http://massanocardoso.blogspot.com/2012/02/diversidade.html)
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Penso, logo... desisto.
Ha quem aplauda as decisões, os discursos, as atitudes de um superior exibicionista, ou, simplesmente desconhecedor da matéria sobre a qual decide, porque essa atitude lhe garante a manutenção do posto que ocupa e por conseguinte, a subsistência, sem que o acto de assim hipotecarem as suas inteligências, os incomode.
E os superiores (inferiormente capazes) ficam deste modo nivelados com os inferiores (superiormente incapazes).
A natureza humana, encontra sempre formas espertas para nivelar as fracas inteligências...
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
A Crosta...
Este post, surge a propósito da insinuação (velada) deixada pela minha amiga psicóloga, Interessada, num comentário ao post anterior. Interpretava esta minha amiga, o sentido das palavras que escrevi e, remetendo para Freud, assinalou a possibilidade de eu estar a desenvolver um processo psicológico, conducente ao afloramento de uma homossexualidade latente-o-serôdia.
Felizmente, ou... infelizmente, nunca senti qualquer género de interesse sexual por pessoas do mesmo sexo, ou sequer por andróginos.
Bom, mas não é uma declaração de interesses que me motiva a escrever este texto.
Aquilo que pretendo relatar, são as considerações e memórias a que me conduziu o comentário da minha amiga Interessada.
Quando fundei este blog (gosto do termo "fundei", dá um certo ar importante e solene, à coisa) e nunca fui tipo de grandes obras, apesar de já contar no meu percurso de vida com algumas fundamentalmente importantes; fiz questão de colocar no meu perfil, a frase que penso definir-me com um grau de aproximação àquilo que me considero ser, bastante real.
«semeador de ideias nos campos da mente»
É verdade. O acto de semear sempre me fascinou. Penso poder iguala-lo de alguma forma, ao acto divino da criação. Não faço ideia se no Acto Primeiro a "coisa" decorreu do mesmo modo... se Deus lançou a semente à Terra, esperou que germinasse e no fim, depois de amadurecida, em lugar de se alimentar dela, deixou que o vento a transportasse e até outros lugares onde de novo germinou e amadureceu... não sei, suspeito que sim.
Mas, voltando à minha frase-apresentação: esta definição de mim próprio, reconheço-a em vários sentidos e aspectos da vida e, subordinada a um princípio verdadeiramente enraizado no meu carácter. Passo a explicar: Quando pretendo semear uma ideia em mente alheia, espero que essa ideia vá produzir uma reacção, um efeito; reacção essa e efeito esse, que espero poder vir a resultar em proveito do próprio, desencadeando outras sementeiras e outras colheitas e também em meu proveito, retirando da experiência resultados que me poderão ajudar a perceber aquilo que até ali não tinha sequer pensado.
Quando era garoto, era bastante irrequieto, possuía um espírito vivo e observador. Mal os meus pais se distraíam, já eu estava a "inventar" algo, que por sistema, resultava em asneira.
Certa vez, andaria pelos meus 4 ou 5 anos, ofereceram-me uma trotinete. Foi paixão à primeira-vista, assim que a desembrulharam, senti-me invadir por um forte desejo de correr o mundo empoleirado em cima daquela prancha de madeira com um guiador quase da minha altura, suportada por uma roda à frente e outra atrás, a tal ponto que, ao chegar a hora de dormir, a minha nova "amiga" teve de dormir encostada à minha cama, bem ali a jeito de lhe poder tocar.
Todos os dias era a trotinite o centro das minhas atenções e brincadeiras, apesar das quedas constantes, das esfoladelas e dos arranhões. Mas, com essas quedas e arranhões, nasceu um novo ponto de interesse; as feridas e as crostas. Começou a intrigar-me aquela coisa da crosta que se formava por cima da ferida, sobretudo aquelas que apanhavam uma área maior da pele. Este interesse, levou-me um dia, com muito jeitinho porque fazia doer, a levantar a crosta, para descobrir o que estaria por baixo.
Fui "apanhado" já no fim da "operação". Denunciou-me o silêncio e a quietude a que me tinha anormalmente remetido e que fizeram com que a minha mãe viesse inspeccionar o que se estava a passar.
«Vi logo que não "a" estavas a fazer boa... já estavas sossegadinho ha demasiado tempo»
-Mas que ideia foi essa de arrancares a crosta da ferida?
-Quis ver o que estava por baixo.
-Ah quiseste ver... pois é, então agora vamos ter de fazer novo curativo à ferida e vamos ter de colocar um penso.
-Não quero um penso!
-Mas vais ter de pôr. Não sabes que a crosta serve para proteger a ferida?
-Proteger de quê?
-Proteger de uns bichinhos muito pequenininhos que provocam as infecções.
-Mas eu não tenho bichinhos na ferida.
-Não sabes se tens, eles são tão pequenininhos que não os consegues ver sem uma lupa.
Pronto! Foi o bastante para que nova semente começasse a germinar na minha mente... uma lupa!
A partir daquele dia, não descansei, enquanto não me compraram uma lupa.
Assim que me apanhei com o objecto e percebi as sua enoooormes potencialidades, passei a querer ver tudo através da lupa.
Foi necessário que me explicassem que a lupa servia somente para quando se pretendia observar algo minúsculo, de contrário, correria o risco de ficar cego.
Cego???!!!
Eis que outra ideia me começa a germinar na mente!
Passei a andar de olhos fechados pela casa, imaginando que não via, apalpando as paredes, as portas, e... tropeçando nas cadeiras, estatelando-me ao comprido, batendo com a boca na esquina de uma mesa e partindo um dente incisivo.
Esta, não foi preciso explicarem-me as contra-indicações, demiti-me dela por iniciativa própria.
A minha Amiga Interessada já percebeu concerteza, se estiver a ler este texto, onde pretendo chegar com tão já longo arrazoado: Que o facto de se levantar a crosta, não garante que se consiga ver os micróbios que infectam a ferida, mesmo possuindo uma lupa com forte poder de aumento. Porque simplesmente, a ferida, pode nem sequer estar infectada...
;)))))))
domingo, 29 de janeiro de 2012
Puta que pariu a vida (nestas condições)!
Hoje... percebi que sou uma merda!
É!
Uma merda, no sentido em que, dentro de pouco tempo (e lá vem o cabrão do tempo à baila) me transformarei em MERDA!
Estou a falar a sério meus amigos.
Um dia destes bato a cassoleta, abafo, dou o badagaio, morro, CARALHO!
E deve ser tão bom morrer, ver-me livre de toda esta estupidez que me cerca, de todos estes cabrões, tão mortais quanto eu, que passam a vida a foder-me o pouco que ganho, porque se convenceram que com aquilo que me roubam, vão poder pagar a imortalidade.
Que errados que estão...
Bem podem sacar-me, a mim que pouco tenho, mas que sempre me preocupei em ter sem tirar aos outros.
Nunca serão imortais!
NUNCA!!!
Esses grandes filhos de uma puta, salvo as mãezinhas deles que provávelmente nunca deixaram que caralhos alheios lhes explorassem as entranhas... talvez por uma questão de religião... porque o pároco lá da aldeia passava a homilia a ameaçar com o filho da puta do pecado... e... oh quantas vezes elas, as mãezinhas deles, apertaram entre as pernas, a ideia de um vergalho ardente, palpitante, muito diferente do outro... meio teso, meio mole com que o pai da criança a penetrava, enquanto ela, triste, perdida nos seus sonhos de adolescente, ansiosa porque um dia, o destino lhe colocasse em frente um homem, um ser completo, erecto, vertical, determinado, capaz de a defender de a amar com todos os poderes dos sentidos... a viesse resgatar das garras daquela monotona civilidade.
Ide!
Ide todos, cabrões, filhos de uma puta, roubar, mas... já que para roubar tendes tanta arte... apurai-a e... tentai roubar-vos uns aos outros, caralho! Parem com essa fixação de roubar aqueles que já nada têem... foda-se!
É!
Já que a vossa doutrina se distingue da Outra... roubai-vos a vós próprios... como se só vocês existissem neste mundo.
Cabrões!
É!
Uma merda, no sentido em que, dentro de pouco tempo (e lá vem o cabrão do tempo à baila) me transformarei em MERDA!
Estou a falar a sério meus amigos.
Um dia destes bato a cassoleta, abafo, dou o badagaio, morro, CARALHO!
E deve ser tão bom morrer, ver-me livre de toda esta estupidez que me cerca, de todos estes cabrões, tão mortais quanto eu, que passam a vida a foder-me o pouco que ganho, porque se convenceram que com aquilo que me roubam, vão poder pagar a imortalidade.
Que errados que estão...
Bem podem sacar-me, a mim que pouco tenho, mas que sempre me preocupei em ter sem tirar aos outros.
Nunca serão imortais!
NUNCA!!!
Esses grandes filhos de uma puta, salvo as mãezinhas deles que provávelmente nunca deixaram que caralhos alheios lhes explorassem as entranhas... talvez por uma questão de religião... porque o pároco lá da aldeia passava a homilia a ameaçar com o filho da puta do pecado... e... oh quantas vezes elas, as mãezinhas deles, apertaram entre as pernas, a ideia de um vergalho ardente, palpitante, muito diferente do outro... meio teso, meio mole com que o pai da criança a penetrava, enquanto ela, triste, perdida nos seus sonhos de adolescente, ansiosa porque um dia, o destino lhe colocasse em frente um homem, um ser completo, erecto, vertical, determinado, capaz de a defender de a amar com todos os poderes dos sentidos... a viesse resgatar das garras daquela monotona civilidade.
Ide!
Ide todos, cabrões, filhos de uma puta, roubar, mas... já que para roubar tendes tanta arte... apurai-a e... tentai roubar-vos uns aos outros, caralho! Parem com essa fixação de roubar aqueles que já nada têem... foda-se!
É!
Já que a vossa doutrina se distingue da Outra... roubai-vos a vós próprios... como se só vocês existissem neste mundo.
Cabrões!
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Não sei...
Para onde caminham os meus olhos?
O que querem afagar as minhas mãos?
A quem roubei eu, estes meus sonhos?
Todos eles, disfarçados de riso mas, solidão!
O que querem afagar as minhas mãos?
A quem roubei eu, estes meus sonhos?
Todos eles, disfarçados de riso mas, solidão!
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
«Falta cumprir o amor por Portugal»
«Falta cumprir o amor a Portugal»
Palavras do tema de Dulce Pontes.
Sinto-me frequentemente impelido a contemplar o monumento edificado na margem direita do Tejo, mesmo defronte ao Mosteiro dos Jerónimos, conhecido por Padrão dos Descobrimentos.
O monumento, como todos saberão e aliás, a própria forma identifica, representa uma caravela de velas enfunadas, pronta para partir, rumo ao Sul.
Da equipagem desta nau, fazem parte 33 figuras que representam; à proa e de tamanho superior aos restantes, o Infante D. Henrique e de cada um dos lados da nau, alinhadas, 16 figuras de navegadores, poetas, cavaleiros, religiosos, príncipes e uma rainha. Cada uma destas personagens, desempenhou um papel importante na gesta portuguesa dos descobrimentos.
Como referi no início deste post, foram já muitas as ocasiões que me senti conduzido até junto do monumento e me quedei a observa-lo, a entendê-lo, a tentar desvendar com a máxima precisão o sentido das esculturas e o sentido das expressões que os personagens que identificamos com facilidade, apresentam e que lhes foram dadas por Leopoldo de Almeida.
A expressão facial de 32 daquelas figuras não apresentam diferenças significativas, umas das outras. São expressões que definem determinação e simultâneamente expectativa. Parecem dizer-nos... sabemos que vamos em direcção a um ponto no horizonte, não sabemos defini-lo nem caracteriza-lo, mas sabemos que o encontraremos, porque ele nos espera.
A maioria das figuras encontra-se de pé, algumas, poucas, com um joelho em terra, a maioria olha em frente, dois religiosos olham para o céu e dois cavaleiros olham para o chão, mas, uma figura, uma única figura, posicionada sensivelmente a meio do lado da nau voltado a nascente, olha para a direita e... encontra-se de costas voltadas para o Infante, segurando um padrão com as armas portuguesas, chama-se Martim Afonso de Sousa.
Martim Afonso de Sousa, foi filho bastardo do Rei Afonso III, foi governador da Índia e do Brasil, conhecido pelas suas excepcionais faculdades intelectuais, possuiu imensos bens, mas ambicionava sempre mais.
Porque terá Leopoldo de Almeida, colocado Martim Afonso de costas voltadas para o Infante?
Será que possuir um conhecimento superior leva os homens a voltar as costas ao poder?
Acabo, citando Jaime Cortesão: Os portugueses pertencem a um vasto processo espiritual, que visa, como supremo escopo, a libertação e a solideriedade das consciências.
Palavras do tema de Dulce Pontes.
Sinto-me frequentemente impelido a contemplar o monumento edificado na margem direita do Tejo, mesmo defronte ao Mosteiro dos Jerónimos, conhecido por Padrão dos Descobrimentos.
O monumento, como todos saberão e aliás, a própria forma identifica, representa uma caravela de velas enfunadas, pronta para partir, rumo ao Sul.
Da equipagem desta nau, fazem parte 33 figuras que representam; à proa e de tamanho superior aos restantes, o Infante D. Henrique e de cada um dos lados da nau, alinhadas, 16 figuras de navegadores, poetas, cavaleiros, religiosos, príncipes e uma rainha. Cada uma destas personagens, desempenhou um papel importante na gesta portuguesa dos descobrimentos.
Como referi no início deste post, foram já muitas as ocasiões que me senti conduzido até junto do monumento e me quedei a observa-lo, a entendê-lo, a tentar desvendar com a máxima precisão o sentido das esculturas e o sentido das expressões que os personagens que identificamos com facilidade, apresentam e que lhes foram dadas por Leopoldo de Almeida.
A expressão facial de 32 daquelas figuras não apresentam diferenças significativas, umas das outras. São expressões que definem determinação e simultâneamente expectativa. Parecem dizer-nos... sabemos que vamos em direcção a um ponto no horizonte, não sabemos defini-lo nem caracteriza-lo, mas sabemos que o encontraremos, porque ele nos espera.
A maioria das figuras encontra-se de pé, algumas, poucas, com um joelho em terra, a maioria olha em frente, dois religiosos olham para o céu e dois cavaleiros olham para o chão, mas, uma figura, uma única figura, posicionada sensivelmente a meio do lado da nau voltado a nascente, olha para a direita e... encontra-se de costas voltadas para o Infante, segurando um padrão com as armas portuguesas, chama-se Martim Afonso de Sousa.
Martim Afonso de Sousa, foi filho bastardo do Rei Afonso III, foi governador da Índia e do Brasil, conhecido pelas suas excepcionais faculdades intelectuais, possuiu imensos bens, mas ambicionava sempre mais.
Porque terá Leopoldo de Almeida, colocado Martim Afonso de costas voltadas para o Infante?
Será que possuir um conhecimento superior leva os homens a voltar as costas ao poder?
Acabo, citando Jaime Cortesão: Os portugueses pertencem a um vasto processo espiritual, que visa, como supremo escopo, a libertação e a solideriedade das consciências.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Acerca de um mail...
Há quem; impregnado de certezas absolutas, fundamentadas num superior conhecimento e capacidade de ver e de entender o mundo que os rodeia, decida avisar e demonstrar aos outros, o perigo em que vivemos.
Partem do princípio que, aqueles a quem avisam, existem alheios, total ou parcialmente da realidade.
Partem também do princípio que aqueles a quem demonstram que o fim do mundo está próximo, nada fazem para alterar esse desmoronar inevitável, limitando-se a murmurar ou a acusar, aqueles a quem, convém que esses que murmuram... murmurem.
Contudo, esse visionários-activistas, nada mais fazem, para além de acirrar e de ameaçar com um futuro apocalíptico, aos que murmuram e acusam aqueles que confortavelmente, fingem ignorar os murmúrios.
É certo que as decisões de mudança, partem da vontade conjunta de muitos e das acções que se dispuserem levar a cabo.
Para que esses actos ocorram, é necessário que haja um cúmulo de motivos de indignação social e, que haja quem lidere, segundo um ideal, o conjunto de indignados que decidam conjurar-se.
Falta revelar-se essa liderança, uma vez que a indignação e o murmúrio, já se ouvem num registo altíssimo.
Vem esta expressão a propósito de um mail que recebi de um caro leitor (suponho) alertando-me para a evidência da insuficiência, do efeito nulo do murmúrio. É necessário agir, para que, no mínimo, não fiquemos para a história e para a memória dos nossos descendentes, como a geração dos estáticos-anuentes.
Que surja então a liderança!
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Do Paradoxo
Duma reflexão acerca da nossa dignidade - da dignidade dos Portugueses - suscitada pelo comentário deixado pela minha amiga Interessada, ao post anterior, sou compelido a fazer uma análise com base na observação e nas experiências de vida, em suma, na vivência do dia-a-dia.
É certo que a nossa História de largos séculos, se encontra repleta de factos e de feitos que nos caracterizam como povo, atribuindo-nos qualidades e defeitos que tanto nos envergonham, como nos enchem de orgulho.
Não sei se será coerente atribuir a esta "confusão" ou profusão de carácters, concorrentes para uma designação, ou para uma caracterização de um povo, a classificação de matriz.
Se olharmos atentamente para o passado, verificamos com a maior facilidade que ao longo dos séculos, os Portugueses viveram as experiências mais ricas e extravagantes, mais arrojadas e temerosas que qualquer outro povo do mundo. Faltando-lhes somente terem saído do globo terrestre.
Este imenso conjunto de experiências físicas e metafísicas, este enorme caldeirão de ingredientes humanos e espirituais, culminou numa raça com características evidentes de honra, altruísmo, generosidade, alegria, crença religiosa; Superstição, tristeza, avareza, cinismo e malandrice.
Chegados ao século XXI, entramos, segundo a minha opinião, na era do paradoxo refinado.
A sensação que tenho, é a de que, durante todo o tempo da nossa existência como povo e como nação, andámos como que a formar-nos no aprefeiçoamento da arte do paradoxal. De tal forma que nestes tempos que vivemos, ninguém estranha já o paradoxo, encontre-se ele onde se encontrar, chegámos ao cúmulo de já ninguém se incomodar sequer, em encontrar a forma de o combater, de o emendar, de o eliminar. O paradoxo faz parte integrante da nossa existência e da nossa identidade. Já não somos um país, nem uma raça, somos um paradoxo. Um paradoxo global, limitado por fronteiras... não físicas, delimitadas por rios ou por serras, ou por traços riscados no asfalto, não. O que nos limita, é a capacidade mental para entender e agir de acordo com um querer, e com uma razão.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Ora... favas!!!
Quando era ainda muito pequeno, lembro-me de um certo dia ter entrado na cozinha lá em casa, e o meu olfacto ter sido invadido por um cheiro forte estranho e extremamente desagradável.
Lembro-me de ter ficado por momentos, estático, no meio da cozinha, tentando identificar aquele odor que agredia os meus sensores olfactivos e me toldava os sentidos, ao ponto de me provocar náusea.
Perguntei a que correspondia aquele cheiro agressivo e agoniante, mesclado de outros que quase conseguia identificar mas que, no meio daquele festival, me pareciam igualmente desagradáveis.
Foi-me respondido que se tratava de favas guisadas com entrecosto, e que fosse lavar as mãos e sentar-me à mesa, porque estava praticamente pronto.
Lembro-me que respondi de imediato; mas eu não gosto disso.
A minha mãe sorriu e carinhosamente respondeu-me; sabes lá se gostas... nunca provaste.
-Não gosto! respondi com determinação - cheira mal!
- Não digas isso, o comer nunca cheira mal, tomara muitos meninos que neste momento estão cheios de fome, ter um prato de favas para o almoço.
- Então a mãe dê as minhas favas a esses meninos...
- Vá, chega de conversa, toca a lavar as mãos e a sentar à mesa.
Contrariado, lá fui cumprir a ordem. No entanto, mentalmente, já havia determinado que não iria sequer provar aquele prato horroroso.
E assim foi. Apesar de todas as negociações gastronómicas - então prova só o entrecosto que está tão bom - e o chouriço - e trinca só uma favinha, para veres que é bom - até às contra-negociações; se não comes ao menos a carninha, não podes ver a televisão nem brincar com os brinquedos... nem comi, nem provei. Para que não ficasse sem refeição, a minha mãe condescendeu em que comesse outro prato mas, na verdade, sentia o estômago tão engulhado que não me achava capaz de comer o melhor pitéu.
Lembrei-me deste episódio, a propósito destas negociações laborais entre governo e sindicatos, as quais começaram pela imposição de mais meia hora diária no período laboral, terminando com a abolição dessa imposição, mas aprovando outras muito mais gravosas para qualquer empregado e que proporcionam ao empregador uma ampla liberdade de despedir o empregado que não lhe agrade, de acordo com o humor com que acordar naquele dia.
É assim, deste modo, com estas medidas, que o governo eleito por maioria democrática para governar o país e fazer respeitar os legítimos direitos dos trabalhadores, cria condições para regenerar a economia do país e encontra incentivos para que os empresários portugueses invistam na produção.
Ora favas!!!
sábado, 7 de janeiro de 2012
Para que serve uma R e um E...?!
Hoje, acordei cedo, como é meu habito.
Preparei-me e tomei um delicioso pequeno almoço, à janela da cozinha, apreciando o sol ainda baixo, os campos e uma ave de rapina, não sei se um açor ou um peneireiro... ou outra, que pairava a pouca distância e a pouca altura, esperando que um coelho ou outro roedor se distraísse, proporcionando-lhe a primeira refeição do dia.
Estive um bom pedaço de tempo a aprecia-la, até que, repentinamente, saindo daquele ponto estático, picou a direito até ao chão e deixei de a ver.
O ciclo natural da vida a cumprir-se, pensei. Calcei então umas botas grossas, coloquei um boné e saí sem destino determinado, somente andando pelos carreiros entre arbustos selvagens, atravessando vinhas e bordejando campos já semeados.
Cerca de uma hora depois, avistei lá ao fundo uns vizinhos que num campo fresado se atarefavam a fazer algo que não identifiquei do ponto onde me encontrava.
Decidi ir até eles, para melhor perceber o que faziam. Eram quatro, três homens e uma mulher. O terreno terá uma área de dois, dois hectares e meio e quando lá cheguei, já se achava, em parte, "plantado" de pequenos seguementos de cana, todos muito bem enfileirados e muito direitinhos.
Cumprimentei e retribuiram a saudação, sem pararem de fazer o que faziam e que era, usando uma bitola e seguindo a orientação de um arame muito bem esticado, espetar na terra os pedaços de cana.
Fiquei a observa-los durante alguns minutos, tentando perceber a finalidade do que faziam, já que tinha partido do princípio que não andariam a semear canas. Passados alguns instantes, sem perceber concretamente, que tarefa andavam aquelas almas a desempenhar, reparei, olhando para a extenção das canas que já se encontravam espetadas no solo, que, tanto vistas de frente, como de qualquer um dos lados esquerdo ou direito, elas apresentavam-se sempre em filas rigorosamente rectas. Fiquei por ali durante um bom bocado e quando os meus vizinhos já se tinham afastado do ponto onde me encontrava, decidi ir ao encontro deles e indagar a utilidade do trabalho que faziam.
Responderam-me como quem diz: então? não se está mesmo a ver? que andavam a marcar o lugar onde iriam plantar o bacêlo...
Ahhhhh!!!
Então estes pauzinhos são para marcar o lugar do ba... ahhhh... agora compreendi! E ri-me, tanto da minha ignorância, como do ar surpreendido deles.
Depois acrescentei; mas vocês têm um "olho" espectacular... conseguem fazer as fileiras rigorosamente paralelas, umas às outras e todas à mesma distância.
Voltaram a olhar-me com o mesmo ar surpreendido, como se eu estivesse a dizer a coisa mais estapafúrdia deste mundo.
Depois, encolheram os ombros e responderam-me; olhe lá, nada disto é "a olho"!
- Ah não? Então?
- Não senhor, isto é feito com régua e esquadro!
Pronto, pensei, como dei mostras de não perceber o que faziam, agora estão a querer gozar comigo, e esbocei um sorriso amarelo, assim como quem diz: tá bem abelha.
- Não acredita? Então quando formos marcar a outra carreira, já vai ver.
- Nesse caso vou esperar mais um bocado.
E assim fiz, esperei que terminassem de espetar os pauzinhos e para meu enorme espanto, quando chegaram ao fim, ficou um deles no extremo da nova carreira, outro, passou para o outro extremo e os outros dois esticaram um arame na perpendicular e... pegando num enorme esquadro em madeira e numa régua, traçaram a distância certa e a prependicular à fila anterior.
Depois de ver... e de compreender, o espanto dissipou-se, mas uma nova dúvida me surgiu; será que estes bacanos são Maçons?
Nesta não caí eu em perguntar, mas como não usavam avental...
Preparei-me e tomei um delicioso pequeno almoço, à janela da cozinha, apreciando o sol ainda baixo, os campos e uma ave de rapina, não sei se um açor ou um peneireiro... ou outra, que pairava a pouca distância e a pouca altura, esperando que um coelho ou outro roedor se distraísse, proporcionando-lhe a primeira refeição do dia.
Estive um bom pedaço de tempo a aprecia-la, até que, repentinamente, saindo daquele ponto estático, picou a direito até ao chão e deixei de a ver.
O ciclo natural da vida a cumprir-se, pensei. Calcei então umas botas grossas, coloquei um boné e saí sem destino determinado, somente andando pelos carreiros entre arbustos selvagens, atravessando vinhas e bordejando campos já semeados.
Cerca de uma hora depois, avistei lá ao fundo uns vizinhos que num campo fresado se atarefavam a fazer algo que não identifiquei do ponto onde me encontrava.
Decidi ir até eles, para melhor perceber o que faziam. Eram quatro, três homens e uma mulher. O terreno terá uma área de dois, dois hectares e meio e quando lá cheguei, já se achava, em parte, "plantado" de pequenos seguementos de cana, todos muito bem enfileirados e muito direitinhos.
Cumprimentei e retribuiram a saudação, sem pararem de fazer o que faziam e que era, usando uma bitola e seguindo a orientação de um arame muito bem esticado, espetar na terra os pedaços de cana.
Fiquei a observa-los durante alguns minutos, tentando perceber a finalidade do que faziam, já que tinha partido do princípio que não andariam a semear canas. Passados alguns instantes, sem perceber concretamente, que tarefa andavam aquelas almas a desempenhar, reparei, olhando para a extenção das canas que já se encontravam espetadas no solo, que, tanto vistas de frente, como de qualquer um dos lados esquerdo ou direito, elas apresentavam-se sempre em filas rigorosamente rectas. Fiquei por ali durante um bom bocado e quando os meus vizinhos já se tinham afastado do ponto onde me encontrava, decidi ir ao encontro deles e indagar a utilidade do trabalho que faziam.
Responderam-me como quem diz: então? não se está mesmo a ver? que andavam a marcar o lugar onde iriam plantar o bacêlo...
Ahhhhh!!!
Então estes pauzinhos são para marcar o lugar do ba... ahhhh... agora compreendi! E ri-me, tanto da minha ignorância, como do ar surpreendido deles.
Depois acrescentei; mas vocês têm um "olho" espectacular... conseguem fazer as fileiras rigorosamente paralelas, umas às outras e todas à mesma distância.
Voltaram a olhar-me com o mesmo ar surpreendido, como se eu estivesse a dizer a coisa mais estapafúrdia deste mundo.
Depois, encolheram os ombros e responderam-me; olhe lá, nada disto é "a olho"!
- Ah não? Então?
- Não senhor, isto é feito com régua e esquadro!
Pronto, pensei, como dei mostras de não perceber o que faziam, agora estão a querer gozar comigo, e esbocei um sorriso amarelo, assim como quem diz: tá bem abelha.
- Não acredita? Então quando formos marcar a outra carreira, já vai ver.
- Nesse caso vou esperar mais um bocado.
E assim fiz, esperei que terminassem de espetar os pauzinhos e para meu enorme espanto, quando chegaram ao fim, ficou um deles no extremo da nova carreira, outro, passou para o outro extremo e os outros dois esticaram um arame na perpendicular e... pegando num enorme esquadro em madeira e numa régua, traçaram a distância certa e a prependicular à fila anterior.
Depois de ver... e de compreender, o espanto dissipou-se, mas uma nova dúvida me surgiu; será que estes bacanos são Maçons?
Nesta não caí eu em perguntar, mas como não usavam avental...
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