segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Apologia do Nada

Inquieta-me um Homem que conheço, porque pensa, pensa aquilo que depois me faz pensar.
Pergunta ele, no post "Íris" que publicou recentemente: E se nunca nos fosse dado um nome...? Passaríamos à condição de seres anónimos, se assim fosse? Explicando deste modo, a necessidade da atribuição de um nome, a tudo. Do meu ponto de vista, a identificação de cada um de nós, não teria necessidade de existir, se os nossos sentidos se achassem tão apurados, quanto os dos animais. Assim, poderíamos reconhecer-nos pelo cheiro, utilizando o olfacto, ou pela audição, identificando um ruído que caracterizasse determinado individuo, ou ainda, pela visão, identificando a forma de cada um, mas... e quando pretendêssemos referir-nos verbalmente a alguém?
Isso aí é que seria o buzilis...
Consigo imaginar uma mãe, ou um pai, ao fim do dia, à porta do infantário para recolher o filho e as empregadas a trazerem-lhe as crianças em fila indiana para que a cheirassem até encontrarem a sua. Ou então, o casal ao chegar a casa ao fim do dia, depois de se cheirarem mutuamente a fim de se certificarem que ele é o marido dela e ela a mulher dele, começarem a falar dos acontecimentos do dia e ela, muito feliz, porque encontrou uma amiga de infância que não via à anos. E o marido admirado, perguntar; e como foi que a reconheceste?
É óbvio que não me vou adiantar mais nesta fantasia. Correria o risco de derivar para a parvoíce, sem que desse pelo cheiro.
Bom, voltando à realidade (ou fazendo por isso).
Vivi com intensidade o idealismo social das décadas de 60 e 70 e o idealismo espiritual da década de 80.
Todos estes "movimentos" me deixaram acreditar que uma enorme quantidade de "coisas" de que nos tornamos dependentes ao longo da vida, não fazem o mínimo sentido, nem contam rigorosamente para nada, sem ser, para um determinado ilusionismo.
Frequentemente tenho a sensação de fazer parte de um número de ilusionismo fantástico e ambíguo, um número, em que o grande mágico nos faz desaparecer e reaparecer de uma forma mágica e tão dogmática, que até hoje ainda nenhum dos figurantes destes números, conseguiu descobrir como é que o "truque" se desenrola e ainda... porque é que o "truque" se mantém ininterruptamente em palco.
Por vezes, quase que chego a uma conclusão, convicto de que, o mágico que controla este "truque" se chama consciência e que a finalidade do mesmo, culminará na universalidade.
Será?!

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