O verso cresce, como o sol
Quando nasce, fazendo rodar o girassol.
O poema é a agonia, a raiva, a paixão
É a nostalgia, o desejo, a sensação
A palavra é a ferida que não sara
A frase, o carreiro da lentidão
São a alma, são a mão, são a cara
De quem tenta sair ou entrar na solidão.
O poema é o véu intransparente
Da mágoa que se esconde lá no fundo
O verso é a palavra que a desprende
E a solta, brevemente pelo mundo
E o poeta, o insensato rimador
É o que aperta e estrangula na garganta essa dor
É o mágico, o profano escrevedor
Que rimando, transforma o que é dor, em amor.
Hoje apeteceu-me melancolizar... :)))
sexta-feira, 27 de julho de 2007
segunda-feira, 23 de julho de 2007
A Gente não Lê
Este é o título de um tema de Rui Veloso e Carlos Tê. Possuo o CD de Isabel Silvestre, que interpreta este tema magistralmente, ajudada pela sua voz límpida e timbrada, ornamentada pela característica pronuncia do Norte. Gostaria que as minhas visitas deixassem a sua impressão pessoal acerca do conteúdo da letra deste poema. Combinado?
Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós,
Rezar o terço ao fim da tarde,
Só pr'a espantar a solidão,
E rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão.
Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.
E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.
Ai senhor das furnas,
Que escuro vai dentro de nós,
A gente morre logo ao nascer,
Com os olhos rasos de lezíria,
De boca em boca passando o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.
Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós,
Rezar o terço ao fim da tarde,
Só pr'a espantar a solidão,
E rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão.
Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais.
E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.
Ai senhor das furnas,
Que escuro vai dentro de nós,
A gente morre logo ao nascer,
Com os olhos rasos de lezíria,
De boca em boca passando o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.
sábado, 21 de julho de 2007
Tu e o mar...
Vieste de um lugar muito distante.
Trazias paisagens no olhar,
cheiro da urze, no cabelo ondulante.
Vieste para conhecer o mar.
A leveza breve do andar.
A suavidade do gesto, o respirar.
Fizeram-me por momentos sonhar,
enquanto caminhavas junto ao mar.
Encantou-me a luz do sol, no teu sorriso.
Quando me perguntaste onde ia dar,
aquele mar verde, brando e liso.
E eu, respondi, que ao teu olhar.
Encantou-me a delicadeza do teu colo,
quando te sentaste ao meu lado.
E, tirando o casaco a tiracolo.
Sobressaiu teu peito acastelado.
Dissemos coisas belas um ao outro.
Segredaste-me desejos de viajar.
Revelaste-me que és guiada por um astro.
E que te reges pela força desse mar.
E eu, senti poder voar.
Segurando a tua mão junto a mim.
Senti-me ir contigo a esse lugar.
Percorrendo esse mar que não tem fim.
Trazias paisagens no olhar,
cheiro da urze, no cabelo ondulante.
Vieste para conhecer o mar.
A leveza breve do andar.
A suavidade do gesto, o respirar.
Fizeram-me por momentos sonhar,
enquanto caminhavas junto ao mar.
Encantou-me a luz do sol, no teu sorriso.
Quando me perguntaste onde ia dar,
aquele mar verde, brando e liso.
E eu, respondi, que ao teu olhar.
Encantou-me a delicadeza do teu colo,
quando te sentaste ao meu lado.
E, tirando o casaco a tiracolo.
Sobressaiu teu peito acastelado.
Dissemos coisas belas um ao outro.
Segredaste-me desejos de viajar.
Revelaste-me que és guiada por um astro.
E que te reges pela força desse mar.
E eu, senti poder voar.
Segurando a tua mão junto a mim.
Senti-me ir contigo a esse lugar.
Percorrendo esse mar que não tem fim.
terça-feira, 17 de julho de 2007
Libertando-me da liberdade
Espraiei o olhar pela planície alentejana
sentindo na pele a força da terra plana
enebriou-me o aroma que da terra emana
tentei resistir ao hipnotismo que me chama
A seara ondulante, dançou-me os sentidos
a sombra dos sobreiros, parados, adormecidos
convida-me a escutar os sons já esquecidos
chorando a memória perpétua daqueles já idos
E tu, impávida, esquecida do rolar circundo
poisas o teu olhar sonhador no horizonte
sorrindo da loucura humana lançada pelo mundo
debruças teu colo, fantástico na fresca fonte
Não te chegam os sons preocupantes
arautos da insensatez de um povo
para ti, nada muda, tal como d'antes
cada dia renasce, ao aprecer o sol de novo
Abandono-me assim, ao teu embalo,
desejo esquecer de e para onde vou,
esta angustia que a todo o esforço calo
este desassossego que quase me matou.
sentindo na pele a força da terra plana
enebriou-me o aroma que da terra emana
tentei resistir ao hipnotismo que me chama
A seara ondulante, dançou-me os sentidos
a sombra dos sobreiros, parados, adormecidos
convida-me a escutar os sons já esquecidos
chorando a memória perpétua daqueles já idos
E tu, impávida, esquecida do rolar circundo
poisas o teu olhar sonhador no horizonte
sorrindo da loucura humana lançada pelo mundo
debruças teu colo, fantástico na fresca fonte
Não te chegam os sons preocupantes
arautos da insensatez de um povo
para ti, nada muda, tal como d'antes
cada dia renasce, ao aprecer o sol de novo
Abandono-me assim, ao teu embalo,
desejo esquecer de e para onde vou,
esta angustia que a todo o esforço calo
este desassossego que quase me matou.
sábado, 14 de julho de 2007
Ne me quites pas
Madalena, chamava-se Madalena
Era bela, cheia de graça plena
Elegante, quase esguia, morena
Sorria sempre, luminosa, serena
Faz um ano, ou pouco mais, era um quase final de tarde de verão na praia do Baleal, ela chegou, radiante, luminosa, numa saínha de ganga e blusa branca, fina, com pequenas flores coloridas bordadas. Poisou o saco e estendeu a toalha dois passos à minha frente. Sem disfarçar, segui atentamente todos os seus gestos. Retirou a roupa e sentou-se na toalha enquanto espalhava o protector solar sobre o corpo. Mesmo em estado hipnótico, percebi que o seu olhar se cruzou com o meu e que os seus lábios esboçaram um leve sorriso. Por mais duas vezes os nossos olhares se encontraram e os nossos sorrisos também. Ocorreram-me ousados pensamentos, aproximar-me, apresentar-me, convida-la para uma bebida no bar da praia. Levantou-se, retirou os óculos escuros e dirigiu-se à água. Fiquei parado admirando o seu andar, as formas esbeltas do seu corpo, o contraste do tom de pele com as ramagens coloridas do bikini.
Vi-a entrar de mansinho na água fria e molhar o rosto, o peito, os braços. Decidi, vou também à água e tento conversar com ela. Nesse momento, mesmo à distância, os nossos olhares encontraram-se, fez-me um sinal com a mão. Senti o coração acelerar e a vontade de correr para junto dela. Levantei-me e caminhei do modo mais confiante que fui capaz. Ao chegar junto dela saíu-me... Olá Madalena. Olhou-me surpreendida - já nos conhecemos? Senti-me embaraçado e confirmei... não, penso que não. - Então como sabes o meu nome? O embaraço aumentou... efectivamente não sei, foi algo instintivo, algo me impeliu interiormente a chamar-te Madalena, mas, na verdade, não te conheço. Sorriu de novo, um sorriso afectuoso, carinhoso e tranquilizou-me. - Acredito em ti, e acertaste, chamo-me Madalena. Uma tontura súbita invadiu os meus sentidos, como era possível o que estava a acontecer? Madalena mergulhou, tinhamos água pela cintura, o mar estava sereno e eu admirei novamente o seu corpo ao meu lado, entrar de cabeça na água, fazendo um arco perfeito. Quando reapareceu um pouco mais à frente, sugeri... vamos nadar? Sorriu-se de novo e observou alegremente, não sei nadar, mas vou para onde fores. Hesitei e nesse momento, outro impulso interior oubrigou-me a soltar o corpo para a frente, enquanto Madalena a um braço de distância de mim, fazia o mesmo. Flutuámos, sentimos a impulsão da água nos nossos corpos, ganhámos a confiança plena e deslizámos suávemente à tona d'água. Saímos fora de pé, batemos os pés, as mãos, rápidamente sentimos que faziamos parte do equilíbrio terreno e universal, e rimos, rimos um para o outro, enquanto saíamos fora de pé.
Voltámos, trazidos pela maré
calmos, relaxados, satisfeitos
E quando voltámos a ter pé
relatámos um ao outro nossos feitos
Olhando-me nos olhos confessou-me,- afinal, pensei que não sabia nadar, mas tu ensinaste-me.
Eu confessei-lhe... eu não sabia nadar, mas tu, encorajaste-me.
Tinhamos os pés assentes na areia com a água pelo pescoço, Madalena aproximou-se, abraçou-me e encostou os seus lábios aos meus. De novo a vertigem e o parar súbito dos sons do mundo, somente o vai-e-vem suave do mar, embalando-nos, como berço. De olhos cerrados, senti o abraço de Madalena apertar com mais força, foi nesse momento que tomei consciência plena do sabor doce/salgado dos seus lábios. Foi nesse momento que ganhei consciência daquele abraço cósmico que nos unia de um modo tão pleno e imenso. Senti Madalena, suavemente baixar o meu calção e instintivamente as minhas mãos baixaram da sua cintura e retiraram o dela. Suspirou, os seus lábios sôfregos beijaram mais mansamente, o seu corpo envolveu o meu, colocando as pernas em redor da minha cintura. O tempo não existia, somente o vai-e-vem suave do mar e os gemidos suaves de Madalena me transmitiam a sensação de ainda estar vivo. Depois um abraço mais forte, um beijo mordido um estremecer interior e um quase desfalecimento de Madalena, enquanto me segredava, não saias de mim, fizeream-me crer mais ainda na magia cósmica. Ficámos assim, quietos, embalados suavemente pelo mar. Aos poucos, os sons da praia voltaram, o marulhar das ondas, o pio das gaivotas, o grito e o riso das crianças, uma outra vida diferenta daquela que nós vivemos, fez-se sentir. Voltámos a colocar os calções e de mão dada regressámos lentamente à praia. Ao chegarmos à areia, Madalena soltou a minha mão sem deixar de sorrir um sorriso ainda mais iluminado. Cheguei a minha toalha para junto dela. Conversámos sobre tudo, as bincadeiras da infÂncia, os gostos literários, desportos, até sobre os gostos gastronómicos. Quando a praia começou a ficar deserta, Madalena, reduziu a luminozidade do seu sorriso e declarou-me - tenho de ir embora. Perguntei-lhe se tinha transporte, respondeu que sim, prontifiquei-me para a acompanhar enquanto colocava de novo a sua saínha de ganga e a sua bluzinha branca, fina, bordada de florinhas coloridas. Saíu à minha frente, mantendo-se dois passos distante de mim. Ao chegar ao carro, colocou o saco e a toalha no banco do pendura, parando por momentos ao lado da porta. Aproximei-me, mostrei o desejo de a beijar de novo, não permitiu. Perguntei-lhe se poderia voltar a vê-la. Respondeu-me que era impossível, era casada. Entrou no seu carro e partiu, sem me olhar de novo. Como um autómato, voltei à praia, ao local onde Madalena tivera a sua toalha estendida e deitei-me, no sítio preciso onde ainda se notavam as marcas do seu corpo. Acho que chorei, tenho a certeza que adormeci. Fui acordado pelo abanão de um polícia marítimo, começava a escurecer. -Você está bem? perguntou ele. Bem? Estar vivo é o mesmo que estar bem? - Vá lá, não pode ficar a dormir aqui, tem de saír. Levantei-me, peguei na toalha e fiquei a olhar o lugar na areia onde Madalena estivera deitada. O polícia voltou. - Então? Perdeu alguma coisa? Perdi sim! - O quê?
Um tesouro, um amor!
Entrei no carro e dirigi-me para casa. Ao chegar, coloquei no leitor de CD's Jacques Brel e dançámos e chorámos e gritámos vezes sem conta, pela noite dentro, até o sono nos vencer...
Ne me quites pas... Ne me quites pas... Ne me quites pas!
Era bela, cheia de graça plena
Elegante, quase esguia, morena
Sorria sempre, luminosa, serena
Faz um ano, ou pouco mais, era um quase final de tarde de verão na praia do Baleal, ela chegou, radiante, luminosa, numa saínha de ganga e blusa branca, fina, com pequenas flores coloridas bordadas. Poisou o saco e estendeu a toalha dois passos à minha frente. Sem disfarçar, segui atentamente todos os seus gestos. Retirou a roupa e sentou-se na toalha enquanto espalhava o protector solar sobre o corpo. Mesmo em estado hipnótico, percebi que o seu olhar se cruzou com o meu e que os seus lábios esboçaram um leve sorriso. Por mais duas vezes os nossos olhares se encontraram e os nossos sorrisos também. Ocorreram-me ousados pensamentos, aproximar-me, apresentar-me, convida-la para uma bebida no bar da praia. Levantou-se, retirou os óculos escuros e dirigiu-se à água. Fiquei parado admirando o seu andar, as formas esbeltas do seu corpo, o contraste do tom de pele com as ramagens coloridas do bikini.
Vi-a entrar de mansinho na água fria e molhar o rosto, o peito, os braços. Decidi, vou também à água e tento conversar com ela. Nesse momento, mesmo à distância, os nossos olhares encontraram-se, fez-me um sinal com a mão. Senti o coração acelerar e a vontade de correr para junto dela. Levantei-me e caminhei do modo mais confiante que fui capaz. Ao chegar junto dela saíu-me... Olá Madalena. Olhou-me surpreendida - já nos conhecemos? Senti-me embaraçado e confirmei... não, penso que não. - Então como sabes o meu nome? O embaraço aumentou... efectivamente não sei, foi algo instintivo, algo me impeliu interiormente a chamar-te Madalena, mas, na verdade, não te conheço. Sorriu de novo, um sorriso afectuoso, carinhoso e tranquilizou-me. - Acredito em ti, e acertaste, chamo-me Madalena. Uma tontura súbita invadiu os meus sentidos, como era possível o que estava a acontecer? Madalena mergulhou, tinhamos água pela cintura, o mar estava sereno e eu admirei novamente o seu corpo ao meu lado, entrar de cabeça na água, fazendo um arco perfeito. Quando reapareceu um pouco mais à frente, sugeri... vamos nadar? Sorriu-se de novo e observou alegremente, não sei nadar, mas vou para onde fores. Hesitei e nesse momento, outro impulso interior oubrigou-me a soltar o corpo para a frente, enquanto Madalena a um braço de distância de mim, fazia o mesmo. Flutuámos, sentimos a impulsão da água nos nossos corpos, ganhámos a confiança plena e deslizámos suávemente à tona d'água. Saímos fora de pé, batemos os pés, as mãos, rápidamente sentimos que faziamos parte do equilíbrio terreno e universal, e rimos, rimos um para o outro, enquanto saíamos fora de pé.
Voltámos, trazidos pela maré
calmos, relaxados, satisfeitos
E quando voltámos a ter pé
relatámos um ao outro nossos feitos
Olhando-me nos olhos confessou-me,- afinal, pensei que não sabia nadar, mas tu ensinaste-me.
Eu confessei-lhe... eu não sabia nadar, mas tu, encorajaste-me.
Tinhamos os pés assentes na areia com a água pelo pescoço, Madalena aproximou-se, abraçou-me e encostou os seus lábios aos meus. De novo a vertigem e o parar súbito dos sons do mundo, somente o vai-e-vem suave do mar, embalando-nos, como berço. De olhos cerrados, senti o abraço de Madalena apertar com mais força, foi nesse momento que tomei consciência plena do sabor doce/salgado dos seus lábios. Foi nesse momento que ganhei consciência daquele abraço cósmico que nos unia de um modo tão pleno e imenso. Senti Madalena, suavemente baixar o meu calção e instintivamente as minhas mãos baixaram da sua cintura e retiraram o dela. Suspirou, os seus lábios sôfregos beijaram mais mansamente, o seu corpo envolveu o meu, colocando as pernas em redor da minha cintura. O tempo não existia, somente o vai-e-vem suave do mar e os gemidos suaves de Madalena me transmitiam a sensação de ainda estar vivo. Depois um abraço mais forte, um beijo mordido um estremecer interior e um quase desfalecimento de Madalena, enquanto me segredava, não saias de mim, fizeream-me crer mais ainda na magia cósmica. Ficámos assim, quietos, embalados suavemente pelo mar. Aos poucos, os sons da praia voltaram, o marulhar das ondas, o pio das gaivotas, o grito e o riso das crianças, uma outra vida diferenta daquela que nós vivemos, fez-se sentir. Voltámos a colocar os calções e de mão dada regressámos lentamente à praia. Ao chegarmos à areia, Madalena soltou a minha mão sem deixar de sorrir um sorriso ainda mais iluminado. Cheguei a minha toalha para junto dela. Conversámos sobre tudo, as bincadeiras da infÂncia, os gostos literários, desportos, até sobre os gostos gastronómicos. Quando a praia começou a ficar deserta, Madalena, reduziu a luminozidade do seu sorriso e declarou-me - tenho de ir embora. Perguntei-lhe se tinha transporte, respondeu que sim, prontifiquei-me para a acompanhar enquanto colocava de novo a sua saínha de ganga e a sua bluzinha branca, fina, bordada de florinhas coloridas. Saíu à minha frente, mantendo-se dois passos distante de mim. Ao chegar ao carro, colocou o saco e a toalha no banco do pendura, parando por momentos ao lado da porta. Aproximei-me, mostrei o desejo de a beijar de novo, não permitiu. Perguntei-lhe se poderia voltar a vê-la. Respondeu-me que era impossível, era casada. Entrou no seu carro e partiu, sem me olhar de novo. Como um autómato, voltei à praia, ao local onde Madalena tivera a sua toalha estendida e deitei-me, no sítio preciso onde ainda se notavam as marcas do seu corpo. Acho que chorei, tenho a certeza que adormeci. Fui acordado pelo abanão de um polícia marítimo, começava a escurecer. -Você está bem? perguntou ele. Bem? Estar vivo é o mesmo que estar bem? - Vá lá, não pode ficar a dormir aqui, tem de saír. Levantei-me, peguei na toalha e fiquei a olhar o lugar na areia onde Madalena estivera deitada. O polícia voltou. - Então? Perdeu alguma coisa? Perdi sim! - O quê?
Um tesouro, um amor!
Entrei no carro e dirigi-me para casa. Ao chegar, coloquei no leitor de CD's Jacques Brel e dançámos e chorámos e gritámos vezes sem conta, pela noite dentro, até o sono nos vencer...
Ne me quites pas... Ne me quites pas... Ne me quites pas!
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Poema do faz-de-conta
Hoje vou ser palavroso
e escrever, escrever sem razão
Vou usar um tom jucoso
E abusar do palavrão
Portanto, aos meus amigos
Dou um conselho avisado
Que não leiam estes versos
São escritos por um tarado
Esta manhã acordei
com uma ideia fisgada
Descobrir por onde andei
durante a noite passada
Depois de muito pensar
enquanto me barbeava
lembrei-me de ter saido
para encontrar namorada
Não me lembro se encontrei
ou se vim dormir sozinho
porque acho que tropecei
quando a meio do caminho
Algo me deve ter empurrado
não sei, já não me recordo
so sei que vim entornado
e que dormi como um tordo
Estávam à espera de ver o Bartolomeu escrever asneirolas?
lololol
e escrever, escrever sem razão
Vou usar um tom jucoso
E abusar do palavrão
Portanto, aos meus amigos
Dou um conselho avisado
Que não leiam estes versos
São escritos por um tarado
Esta manhã acordei
com uma ideia fisgada
Descobrir por onde andei
durante a noite passada
Depois de muito pensar
enquanto me barbeava
lembrei-me de ter saido
para encontrar namorada
Não me lembro se encontrei
ou se vim dormir sozinho
porque acho que tropecei
quando a meio do caminho
Algo me deve ter empurrado
não sei, já não me recordo
so sei que vim entornado
e que dormi como um tordo
Estávam à espera de ver o Bartolomeu escrever asneirolas?
lololol
sábado, 7 de julho de 2007
Em busca, logo... Avançando
Sigo o vento, através da noite escura
Busco a magia, perdida noutro tempo
Alimento o meu desejo de procura
Sinto o coração da terra num momento
Percorro as veredas da lembrança
Convoco imagens surrealistas
Encaixo-as no meu tempo de criança
Pretendo ser, desse tempo cronista
Mas, encontro o vazio desse abraço
Quando julgo tudo já ter descoberto
E eu já não ocupo aquele espaço
Mantem-se longe, o meu desejo de perto
Abro o peito aos raios deste sol que me aquece
As mãos, ávidas de receber a vibração
Deste mundo, feito de gente que esquece
Todo o poder do amor, do coração
Busco a magia, perdida noutro tempo
Alimento o meu desejo de procura
Sinto o coração da terra num momento
Percorro as veredas da lembrança
Convoco imagens surrealistas
Encaixo-as no meu tempo de criança
Pretendo ser, desse tempo cronista
Mas, encontro o vazio desse abraço
Quando julgo tudo já ter descoberto
E eu já não ocupo aquele espaço
Mantem-se longe, o meu desejo de perto
Abro o peito aos raios deste sol que me aquece
As mãos, ávidas de receber a vibração
Deste mundo, feito de gente que esquece
Todo o poder do amor, do coração
domingo, 1 de julho de 2007
Dar-te-me
Disse que te via, envolta em magia
em gestos profanos, ao nascer o dia.
Disse sentir, que o teu corpo ardia
Que teus lábios queimavam minha nostalgia.
Disse-te que o desejo, era ser infinito
Era sonho, era tempo, era o devaneio
Achámos tão longe a estreiteza do grito
O abandono ao beijo ao doce enleio
Disseste-me com o olhar, felicidade
Com o sorriso, deste-me o coração
Com o desejo ,deste-me vontade
Na entrega, descobrimos a paixão
em gestos profanos, ao nascer o dia.
Disse sentir, que o teu corpo ardia
Que teus lábios queimavam minha nostalgia.
Disse-te que o desejo, era ser infinito
Era sonho, era tempo, era o devaneio
Achámos tão longe a estreiteza do grito
O abandono ao beijo ao doce enleio
Disseste-me com o olhar, felicidade
Com o sorriso, deste-me o coração
Com o desejo ,deste-me vontade
Na entrega, descobrimos a paixão
Assinar:
Postagens (Atom)