sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A Rota do Roteiro

O Presidente da República, inicia hoje, com uma conferência na Cidadela de Cascais ( a mesma que tem custado uma fortuna ao erário público, em obras de reabilitação e restauro) subordinada ao título "Nascer em Portugal": o novo «Roteiro para o Futuro». A participar nesta conferência, foram convidados três conferencistas estrangeiros, verdadeiros especialistas mundiais, da temática «fecundidade».

Não faço ideia de quanto custa ao país trazer estes conferencistas a Cascais mas, tenho esperança, que em nome do altruísmo e da justeza da causa, eles tenham oferecido a sua participação (estadia e deslocações inclusive) gratuitamente.

Não possuo especiais conhecimentos da temática "fecundidade", sei unicamente que existem condicionantes que "a" podem viabilizar, ou inviabilizar. E sei que entre essas condicionantes se encontram problemas de saúde, disfunção de órgãos e ainda, dificuldades financeiras.

Longe vão os tempos em que procriar era uma imposição social e familiar. Estavam em causa valores éticos, religiosos e sociais, que hoje se acham dissipados e que deram lugar a outros não menos importantes e que têm a ver com perspectivas de futuro.

A instabilidade económica, a incerteza quanto à manutenção do emprego que garante a estabilidade económica de uma família, e que garante também o sustento, a educação, a saúde e o conforto, são uma realidade tão crua e nua, que os casais em idade fecunda, se inibe por completo do acto de procriar.

Dizem as estatísticas que no nosso país, o número de óbitos dos últimos anos, tem sido superior ao dos nascimentos. Esta evidência preocupa o Presidente da República, preocupa-me e preocupa a população em geral. Sabemos, nem que seja somente por instinto, que qualquer sociedade necessita vitalmente de renovação, de nascimentos. São esses nascimentos que garantem o futuro e que mantêm a actividade.

No entanto, este problema, penso que não pode ser endossado directamente, à falta de vontade de procriar, à inacção, à inconsciência social. Qualquer cidadão português, neste momento, vê com nitidez à sua frente, uma recessão tão abrangente e profunda, que teme achar-se de um dia para o outro, sem emprego, sem casa e sem os recursos mínimos que lhe permitam criar um filho.

Para que esta situação inverta o sentido, para que o país detenha a marcha vertiginosa que o conduz à falência económica e demográfica, necessita reequacionar-se, necessita reinventar-se, necessita urgentemente de se inventariar.

Nesta fase difícil em que o país se encontra, não são necessários estudos demográficos, nem conferencistas estrangeiros a debitarem-lhe estatísticas e opiniões técnicas, generalistas, fundamentadas em realidades que não lhe são comuns e a sangrarem-lhe recursos económicos necessários para atender a necessidades reais e prementes.

O Roteiro, sim. Acho-o da maior utilidade, se bem estruturado e bem conduzido. O contacto directo com as realidades do país, com os habitantes, a reunião de opiniões e o estímulo à procura de soluções... em suma, a inventariação do país e dos portugueses; o que pensam e como pensam; as soluções que propõem, os meios de que dispõem, a motivação, os projectos que as comunidades ^têm pensados e em execução.

Este inventário, este conhecimento real das realidades e das propostas de mudar de fazer inverter o estado actual de coisas, é que em minha opinião deve ser levado a peito pelo nosso Presidente da República e pelos Portugueses.

Agora... os salamaleques protocolares, os politicamente correctos, as recepções, o brilho, as luzes, os cristais e as baixelas... esses servirão somente para nos deixar mais pobres.

Sr. Presidente da República, peço-lhe, exerça a sua função de Chefe de Estado com hombridade, e coloque-se ao serviço do seu País!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

As Brumas da Memória

Vejo já distante a minha idade dos vinte anos.




Mas, recordo-me com clareza dos muitos sonhos e projectos que alicerçaram esta construção que fui erguendo ao longo dos anos; Esta vida, que conheceu também momentos em que as maiores dificuldade surgiram, em que a vontade de continuar se sobrepôs à de desistir, porque eram fortes os motivos que a sustinham.




Recordo-me dos esforços que precisei empregar, para conseguir vencer as barreiras que teimavam em querer provar a minha capacidade de decisão, a minha vontade de prosseguir.




Não esqueço também os apoios que contribuíram para consolidar estes sonhos, e, a meu lado, tornaram mais forte a vontade, se ela tendia a fraquejar. Aprendi ao longo da vida, que as equipes mais fortes, são aquelas que se sabem manter unidas, enfrentando qualquer dificuldade sem vacilar, confiando no apoio e na força que vem do outro. As grandes batalhas são ganhas pelos exércitos, cuja estratégia de luta assenta na união entre os seus combatentes, onde não deserções e em que cada guerreiro confia a retaguarda ao seu companheiro.




Hoje, ao percorrer as ruas, reparo nos rostos de quem se cruza comigo, a maioria inexpressivos, casas de olhos despovoados de sonhos. Assalta-me um pensamento, uma dúvida; Que forças movem estas gentes? Que desejos, que anseios, que vontades, lhes definem os caminhos? Porque escolhem ir por aqui e não, por ali?




O que sentem estas gentes de hoje, que deixaram de crer num Deus, porque a ciência lhes afirmou que não existe, mas que a mesma ciência não tem forma de substituir, deixando-lhes um vazio na alma, impossível de preencher?




Que horizontes, buscam os homens e mulheres que se cruzam nas ruas destas vidas, alcançar?




Que futuro... que futuro existe para além dessa bruma espessa que nos delimita o olhar e teima em querer tolher-nos a acção?




A mesma bruma tenebrosa e negra que desafiou os Portugueses de 500, que os fez aventurarem-se pelo mar, afrontando-a, rasgando-a, conquistando um mundo inacessível, permitindo que uma parte do mundo descobrisse a parte que faltava, completando-se, volta hoje a tentar oprimir-nos?




Quem saberá explicar este mundo hostil, ao mundo, quem será investido da força e da clareza de espírito capazes de conduzir o mundo através da bruma, rasga-la, permitindo que brilhe de novo a luz da humanização, permitindo que a sociedade readquira a vontade de sonhar e de se cumprir?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Acerca do Amor e da Liberdade!

Poucos de nós se acharão aptos a poder decidir entre amor e liberdade...
Ambos os sentimentos se envolvem e só os entendemos, enquadrados em conceitos excepcionais que mergulham profundamente nos mares da física e da química, e depois, ascendem vertiginosamente aos céus onde reina o espiritual.
E nós, simples almas humanas, vulneráveis à rede que nos pesca desses mares, buscamos nos reinos da espiritualidade, a libertação da asfixia que nos causa a dependência do amor.
Mas... O que ama cada um de nós? Com que intensidade? Com que dedicação? E... até que ponto, estamos preparados para ceder a liberdade àqueles que amamos?
A incondicionalidade, é uma regra ambígua, que se altera de acordo com a intensidade e a coerência do amor que se dedica a alguém.
quem, não conceba incondicionalidade no amor, tal como, quem, só conceba o amor plenamente assumido e entendido, livre de condições.
Esta forma de compreender o amor e dele fazer bom uso, foi-nos ensinada por um Homem, dois mil anos.
Ele ensinou-nos a amar incondicionalmente e em simultâneo, permitiu-nos optar pelas formas de amor mais adequadas ao nosso entendimento e à nossa condição de seres incompletos, prometendo-nos que cresceríamos no amor, se o praticássemos e que, ao mesmo tempo, adquiriríamos através da prática e do entendimento do amor, a Liberdade.
Princípios que à partida nos podem parecer antagónicos, afinal, verificamos que se completam, desde que os entendamos com clareza e que sejamos suficientemente humildes, para os praticar.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Suposta Realidade dos Militantes Desmilitarizados

Nada daquilo que julgamos saber, é definitivo e está confirmado.



Até à quinhentos anos, pensava-se que o Sol, os planetas e as estrelas, rodavam em torno da Terra.



Nessa altura, Martinho Lutero desafiou a autoridade papal, ao insurgir-se contra o pagamento pela remissão dos pecados. Nessa época, em termos sociais, tudo girava em torno do poder clerical, que remetia para a suprema vontade divina, todo o bem e todo o mal que pudessem suceder aos simples mortais, inclusivé... aos mais poderosos, aos Reis e ao Clero. Nicolau Coperninico contemporâneo de Lutero, afrontando o que estava estabelecido e repudiado pela igreja católica, teorizou que era a Terra que gravitava em torno do sol, sendo necessário que passassem cem anos até que Kepler provasse matemáticamente que assim era na verdade. Com as teorias e as fórmulas apresentadas por estes homens, assentou-se na regra que determina a incontestabilidade de todas as teorias que possam ser confirmadas pela ciência.



Até ao princípio do século passado, o mundo católico regia-se pela obediência à vontade religiosa, e a ciência provava que os dogma da religião, tinham origem em processos naturais, não dependentes de causas divinas, nem impenetráveis; completamente prováveis.



Esta mudança, causou a insegurança numa boa parte da população católica que de um "momento" para o outro, foi "convidada" a deixar de acreditar naquilo que durante séculos lhe tinha sido imposto por uma classe religiosa, detentora exclusiva do conhecimento e do poder, e passar a pensar por si mesma, passar a ser unica e exclusivamente responsável pelos seus actos e decisões, com base nas provas que a ciência ia produzindo, adquiridas através da experiência.



Passados quinhentos anos, a humanidade permanece envolta nas brumas do desconhecido, "entalada" entre o saber místico e castrador da religião e a incomplitude do conhecimento adquirido pela ciência.



Passados quinhentos anos, deixámos de acreditar na salvação divina, e a ciência não consegue ainda garantir-nos a salvação.



Estaremos realmente a adquirir, hoje, o verdadeiro uso da autodeterminação?!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Diabo e a Cruz

Muitos e diferentes são os mitos que atormentam as nossas existências.


A eterna e permanente guerra entre o bem e o mal, materializa-se em muitos casos, num bizarro tema folclórico, ornamentado de símbolos e de imagens, uns pavorosos, outros paradisíacos.


Quando tentamos compreender a necessidade de estes dois "faróis" existirem, topamos irremediávelmente com as nossas fragilidades pessoais, as nossas incapacidades de nos compreendermos e de nos relacionarmos. Então, nessa altura, torna-se muito mais fácil resolver essa nossa dificuldade, remetendo para as forças do bem e do mal. Contudo, em boa parte das situações que se nos deparam, ou até mesmo na totalidade das mesmas, a solução enquadra-se perfeitamente dentro do nosso poder de auto-crítica e de auto-determinação.


Não quero dizer com isto, que deste modo consigamos anular por completo, a causa do efeito. Nem pensar.


Dou um exemplo; se passarmos por alguém e não cumprimentarmos, o efeito mais provável será, não sermos também cumprimentados por essa pessoa. Ou então e passando para o ambiente virtual dos blog's, se comentamos um post e o seu autor não se digna colocar um comentário ao nosso comentário... um simples "smile", sinal de que cedeu algum do seu tempo e da sua atenção, à opinião do comentador; então é muito provável que esta causa provoque como efeito, o anulamento dos comentários, do comentador.


Estas dinâmicas tão peculiares, reservadas aos seres que possuem capacidade para pensar, que raciocinam e tentam compreender o porquê das coisas, regulam as nossas existências e ditam os nossos comportamentos. Por vezes, estes sentimentos remetem-nos para o ostracismo, por vezes, enchem-nos de um sentimento que abomino; a indiferença.


Por natureza, acredito na capacidade de regeneração comum a todos os seres. E entendo que regeneração é uma palavra múltipla e totalmente abrangente, capaz de substituir com total e completa vantagem, quer o diabo, quer a cruz.


Assim reine entre os Homens de boa vontade, a paz, a concórdia e a mutualidade!!!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Apologia do Nada

Inquieta-me um Homem que conheço, porque pensa, pensa aquilo que depois me faz pensar.
Pergunta ele, no post "Íris" que publicou recentemente: E se nunca nos fosse dado um nome...? Passaríamos à condição de seres anónimos, se assim fosse? Explicando deste modo, a necessidade da atribuição de um nome, a tudo. Do meu ponto de vista, a identificação de cada um de nós, não teria necessidade de existir, se os nossos sentidos se achassem tão apurados, quanto os dos animais. Assim, poderíamos reconhecer-nos pelo cheiro, utilizando o olfacto, ou pela audição, identificando um ruído que caracterizasse determinado individuo, ou ainda, pela visão, identificando a forma de cada um, mas... e quando pretendêssemos referir-nos verbalmente a alguém?
Isso aí é que seria o buzilis...
Consigo imaginar uma mãe, ou um pai, ao fim do dia, à porta do infantário para recolher o filho e as empregadas a trazerem-lhe as crianças em fila indiana para que a cheirassem até encontrarem a sua. Ou então, o casal ao chegar a casa ao fim do dia, depois de se cheirarem mutuamente a fim de se certificarem que ele é o marido dela e ela a mulher dele, começarem a falar dos acontecimentos do dia e ela, muito feliz, porque encontrou uma amiga de infância que não via à anos. E o marido admirado, perguntar; e como foi que a reconheceste?
É óbvio que não me vou adiantar mais nesta fantasia. Correria o risco de derivar para a parvoíce, sem que desse pelo cheiro.
Bom, voltando à realidade (ou fazendo por isso).
Vivi com intensidade o idealismo social das décadas de 60 e 70 e o idealismo espiritual da década de 80.
Todos estes "movimentos" me deixaram acreditar que uma enorme quantidade de "coisas" de que nos tornamos dependentes ao longo da vida, não fazem o mínimo sentido, nem contam rigorosamente para nada, sem ser, para um determinado ilusionismo.
Frequentemente tenho a sensação de fazer parte de um número de ilusionismo fantástico e ambíguo, um número, em que o grande mágico nos faz desaparecer e reaparecer de uma forma mágica e tão dogmática, que até hoje ainda nenhum dos figurantes destes números, conseguiu descobrir como é que o "truque" se desenrola e ainda... porque é que o "truque" se mantém ininterruptamente em palco.
Por vezes, quase que chego a uma conclusão, convicto de que, o mágico que controla este "truque" se chama consciência e que a finalidade do mesmo, culminará na universalidade.
Será?!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Sociedade.

A Sociedade, é um todo, constituída por vários únicos multiplicados.


Mas para que uma Sociedade possa Ser em pleno, tem de possuir consciência daquilo que na realidade, é.


Para que uma Sociedade funcione em pleno, tem de evitar que partes de si paralizem e venham a gangrenar, que se corrompam, corrompendo-a.


Em épocas específicas do ano, fala-se com maior frequência da parte da nossa sociedade, que vive sem condições. Nessas alturas, enaltece-se o serviço que outra parte da sociedade presta à anterior, gratuita e humanísticamente.


As causas que determinaram a falta de condições em que uma parte da sociedade vive, são variadíssimas e de diferentes grandezas. A motivação da parte da sociedade que a serve, é de grandíssimo valor solidário.


Contudo, o número de pessoas que depende da solideriedade de outras, aumenta, assim como aumenta também o número de pessoas solidárias que a serve e, segundo as estatísticas, aumenta também o número de pessoas que cedem solidáriamente parte daquilo que possuem, entregando-o áqueles que solidáriamente servem, para que o distribuam por aqueles que necessitam.


Temos então um corpo a que podemos chamar Sociedade, que um dia, num passeio pelo campo, decidiu descalçar-se, para melhor usufruir da sensação de sentir a terra e as ervas mas não reparou numa silva e picou-se. O corpo... a Sociedade, sentiu uma dor terrível no pé, calçou-se de novo e voltou para casa. Ao chegar a casa, descalçou-se e verificou que a picadela da silva lhe tinha provocado uma infecção no pé, que começava a apresentar vermelhidão e sinais de inchaço. Decidiu não dar importância, nem fazer qualquer tipo de tratamento, deitou-de. No dia seguinte, o corpo... a Sociedade, acordou com o pé inchadíssimo e uma ferida aberta no lugar da picadela da silva, começava a purgar um líquido viscoso e de côr amarelada. Então o corpo... a sociedade, decidiu continuar a não ligar ao pé, saindo para o trabalho, com um pé calçado e outro descalço.


Ao fim do dia, quando regressou a casa, o corpo... a Sociedade, reparou com espanto que a infecção do pé já tinha alastrado para a perna, que começava a apresentar uma côr roxeada, além de um monumental inchaço. As dores eram atrozes, mas mesmo assim, o corpo... a Sociedade, decidiu ir dormir sem dar importância ao agravamento da infecção. De manhã, ao acordar... o corpo verificou que a infecção do pé, já tinha conquistado terreno, chegando nessa altura, ao braço. Então, o corpo... a Sociedade, levantou-se com muito custo, sem forças, a cabeça a latejar, sem conseguir raciocinar e sem acção, colocou-se em frente ao espelho, olhou-se de alto a baixo e verificou que só tinha conseguido chegar até ali, porque a outra metade do corpo mantinha ainda alguma vitalidade. Uns minutos após olhar-se e reflectir, o corpo concluiu que se não tomasse medidas definitivas, se nãoeliminasse definitivamente aquela infecção, todo ele acabaria infectado e socumbiria.


Decidiu então, desinfectar a ferida do pé, tomar antibiotico, alimentar-se convenientemente e imobilizar a zona afectada, até que a infecção fosse debelada e ambos os lados do corpo... da Sociedade, pudessem readquirir força e vitalidade, apoiando-se mutuamente nos trabalhos, nas acções e no movimento, para alegria e sanidade do corpo... da Sociedade!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O papel do embrulho.

A pele que nos cobre e nos empresta uma aparência, a qual tentamos modificar de acordo com as situações, as épocas e as modas, serve também para cobrir um conjunto de órgãos e uma estrutura muscular e óssea que nos possibilitam a movimentação, a existência, da forma que fomos concebidos.
Podemos assim sintetizar de uma forma muito ligeira, que a pele está para os humanos, como o papel de fantasia, para os presentes de Natal, ou de aniversário...?!
Poderíamos mas na verdade, a nossa pele encontra-se num patamar de apreço, superior ao do papel que reveste o presente.
No caso do presente, o nosso primeiro olhar, dirige-se para o revestimento, para o brilho, o colorido, os motivos de decoração, a forma como está colocado mas, logo de seguida, o papel do embrulho deixa de ter qualquer interesse, muitas vezes, passado o momento inicial de apreço, até o rasgamos, na pressa de conhecer o que se encontra no interior; o objecto que dele se reveste.
Quanto à nossa pele, à pele que nos reveste os interiores e nos confere uma forma exterior, aquela forma porque somos conhecidos visualmente e que muitas vezes desejamos alterar de acordo com diferentes factores, por vezes até, de acordo com o estado de espírito... quanto a essa, nunca a curiosidade nos leva a querer rasga-la, para conhecer o que está dentro. Salvo nos casos em que algum dos órgãos interiores necessite de uma intervenção externa.


Dir-me-ão que esta analogia que estabeleci entre o papel de embrulho e a nossa pele, é no mínimo estapafurdia, que não tem nada a ver, que muitos de nós, sobretudo aqueles que se preocupam mais com a sua imagem, o seu aspecto exterior, o fazem para se sentir melhor consigo mesmo, que o fazem, no sentido de buscar felicidade através da janela da imagem que o espelho reflecte.


É verdade, sei-o por experiência. Certos dias, ao olhar-me ao espelho, vejo nele reflectida uma imagem que me agrada mais. Nesses dias, sinto uma alegria interior, um desejo maior de me movimentar, de fazer coisas novas, de ir a lugares diferentes, de conversar, de trocar ideias, de subir a uma montanha, olhar o mundo, e reflectir.


Gosto imenso de reflectir acerca das coisas humanas, dos "quê" e dos "porquê".


Mas... esbarro frequentemente numa questão: A questão da felicidade. Todos concordamos em que, o maior desejo da humanidade é o de alcançar a felicidade; Verificamos no entanto, que muitos de nós, se ocupam quase exclusivamente a criar situações que impeçam ou dificultem os outros de alcançar a sua própria felicidade, a sua realização pessoal, em suma, de se cumprirem nos seus desejos e objectivos.


Talvez porque os objectivos individuais se cruzam e interferem, se chocam e se impedem de evoluir...?


Talvez a Humanidade precise de uma consciência universal tão perfeita, capaz de conseguir dirigir as consciências individuais no mesmo sentido, sem que colidam entre si e, sem que percam a sua capacidade de decidir em que sentido pretendem ir.


Impossível?


Não me parece... aliás, acho até que é precisamente a existÊncia dessa consciência universal que está a permitir que as consciências individuais colidam e não encontrem a saída adequada que lhes permita entrar no caminho da evolução.


(Este post foi inspirado por um outro de um amigo, que pode ser lido em: http://massanocardoso.blogspot.com/2012/02/diversidade.html)