domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Sociedade.

A Sociedade, é um todo, constituída por vários únicos multiplicados.


Mas para que uma Sociedade possa Ser em pleno, tem de possuir consciência daquilo que na realidade, é.


Para que uma Sociedade funcione em pleno, tem de evitar que partes de si paralizem e venham a gangrenar, que se corrompam, corrompendo-a.


Em épocas específicas do ano, fala-se com maior frequência da parte da nossa sociedade, que vive sem condições. Nessas alturas, enaltece-se o serviço que outra parte da sociedade presta à anterior, gratuita e humanísticamente.


As causas que determinaram a falta de condições em que uma parte da sociedade vive, são variadíssimas e de diferentes grandezas. A motivação da parte da sociedade que a serve, é de grandíssimo valor solidário.


Contudo, o número de pessoas que depende da solideriedade de outras, aumenta, assim como aumenta também o número de pessoas solidárias que a serve e, segundo as estatísticas, aumenta também o número de pessoas que cedem solidáriamente parte daquilo que possuem, entregando-o áqueles que solidáriamente servem, para que o distribuam por aqueles que necessitam.


Temos então um corpo a que podemos chamar Sociedade, que um dia, num passeio pelo campo, decidiu descalçar-se, para melhor usufruir da sensação de sentir a terra e as ervas mas não reparou numa silva e picou-se. O corpo... a Sociedade, sentiu uma dor terrível no pé, calçou-se de novo e voltou para casa. Ao chegar a casa, descalçou-se e verificou que a picadela da silva lhe tinha provocado uma infecção no pé, que começava a apresentar vermelhidão e sinais de inchaço. Decidiu não dar importância, nem fazer qualquer tipo de tratamento, deitou-de. No dia seguinte, o corpo... a Sociedade, acordou com o pé inchadíssimo e uma ferida aberta no lugar da picadela da silva, começava a purgar um líquido viscoso e de côr amarelada. Então o corpo... a sociedade, decidiu continuar a não ligar ao pé, saindo para o trabalho, com um pé calçado e outro descalço.


Ao fim do dia, quando regressou a casa, o corpo... a Sociedade, reparou com espanto que a infecção do pé já tinha alastrado para a perna, que começava a apresentar uma côr roxeada, além de um monumental inchaço. As dores eram atrozes, mas mesmo assim, o corpo... a Sociedade, decidiu ir dormir sem dar importância ao agravamento da infecção. De manhã, ao acordar... o corpo verificou que a infecção do pé, já tinha conquistado terreno, chegando nessa altura, ao braço. Então, o corpo... a Sociedade, levantou-se com muito custo, sem forças, a cabeça a latejar, sem conseguir raciocinar e sem acção, colocou-se em frente ao espelho, olhou-se de alto a baixo e verificou que só tinha conseguido chegar até ali, porque a outra metade do corpo mantinha ainda alguma vitalidade. Uns minutos após olhar-se e reflectir, o corpo concluiu que se não tomasse medidas definitivas, se nãoeliminasse definitivamente aquela infecção, todo ele acabaria infectado e socumbiria.


Decidiu então, desinfectar a ferida do pé, tomar antibiotico, alimentar-se convenientemente e imobilizar a zona afectada, até que a infecção fosse debelada e ambos os lados do corpo... da Sociedade, pudessem readquirir força e vitalidade, apoiando-se mutuamente nos trabalhos, nas acções e no movimento, para alegria e sanidade do corpo... da Sociedade!

3 comentários:

Cristina Torrão disse...

Muito adequada, esta imagem. A sociedade ignora os seus problemas e, às vezes, quando reage, já é tarde demais. Anda-se constantemente neste sistema de ignorar/agir tarde/remediar, como num círculo vicioso.

Bartolomeu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bartolomeu disse...

Penso que a sociedade está a corroborar num imenso erro, Cristina.
Aquele erro que deu ligitimidade ao velhinho "tapar o sol com a peneira".
A sociedade está a confundir «solução de um problema» com solideriedade.
E o problema tem solução. Solução essa que exige a cooperação de sociedade e governo.
Compete ao governo ceder meios e compete à sociedade utiliza-los no sentido de eliminar o problema.
O problema reside no facto de uma parte da sociedade se encontrar a viver dificuldades mais profundas que a outra parte da sociedade.
Para igualar estas duas partes da sociedade, é necessário requalificar a parte mais frágil, retirando-a da rua e, requalificando-a restitui-la a uma forma de vida útil e digna.
Isso é possível estabelecendo uma simbiose entre os grupos sociais que se dedicam a apoiar os mais desfavorecidos, os próprios e o estado. Se o estado disponibilizar infraestructuras que não se encontram em uso, como por exemplo alguns quarteis, se em parceria com as associações e fundações de solideriedade social, iniciar um programa de recolha, reeducação e requalificação profissional das pessoas que vivem nas ruas, acredito que em pouco tempo, muitas delas reencontrem um rumo que perderam e um sentido concreto para avida que agora lhes partece sem sentido e sem futuro.