quinta-feira, 31 de julho de 2008

A Lua e o Céu

Um de nós já não sou eu
E esta lua que nos abraça
E que até já se escondeu
Evitando o reflexo do nosso olhar
Ciumenta de um amor que a alvoraça
Porque, presa ao firmamento, assim nos vê arrolhar

Serena noite de luar
Em que a brisa morna como beijos, passa
Parecendo não nos querer tocar
Porque sabe que o meu corpo e o teu
São desejo, lume e brasa
Que só se acalma e se extingue no teu céu

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Stolen Memories

Dedicado à minha amiga Silence do "http://wordsnever-tell-u.blogspot.com/" pelo seu post com o título plagiado.
;)
Sento-me ao piano e vou... recordando as imagens de uma vida.
Sinto a tua presença ao meu lado e de novo o aroma dos teus cabelos invade-me os sentidos, tão real e suave como quando nos sentávamos no nosso rochedo da praia olhando o mar imenso.
Fomos jovens e o nosso amor não conheceu limites temporais, somente os sentidos e as emoções governaram os nossos desejos e nem o espaço físico nos limitou. Quando nos amávamos fomos aves conquistando o espaço, fomos cavalos alados galopando o infinito, fomos estrelas que brilharam num universo privado.
Dizem-me esta casa vazia e os objectos empoeirados que já partiste ha muito...
Só eu sei que não é completamente verdade. Ainda te vejo sentada no terraço do jardim, lendo, ou de olhar perdido no espaço das memórias, ou poisado nos ramos das roseiras que carinhosamente continuo a tratar com desvelo para ti.
Fico muitos dias olhando para ti não me atrevendo a penetrar nesse teu mundo fantástico, respeitando a distância entre o teu espaço etéreo e o meu, material, mas tão irreal quanto o teu, tão inatingível para mim.
Queria poder voltar a tocar-te, a acariciar de novo o teu rosto o teu corpo, queria poder beijar-te outra vez, mais vezes, milhões de vezes... queria dar-te ainda e receber de ti a infinidade de beijos que ficaram por dar, queria poder voltar a ter-te nos meus braços...
Sento-me ao piano e vou... dedilhando uma saudosa melodia , um hino, uma prece acompanhada com um verso de Camões: E... se lá no assento etéreo onde subiste... memória desta vida se consente... pede a Deus, que teus anos encurtou... que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus braços te levou...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Estaria ela onde eu a via?

Alberta, lânguida, acercou-se para me anunciar que o almoço iria ser servido dentro de cinco minutos. Em seguida, afastou-se sem mais palavras, deixando prendurada nos meus olhos a imagem das suas nádegas firmes subindo e descendo alternadamente, acompanhando o rítmo dos passos que a afastavam.
Poisei na mesa ao lado do sofá o livro que antes lera e, deixei que a absorção dos pensamentos me tranformasse instantâneamente num viajante ao reino efemero dos sonhos.
O comer começa a arrefecer e depois perde toda a graça, ouvi a voz de Alberta sentenciar enquanto emergia daquela saborosa letargia.
Não mexi um único músculo, tentando que aquele momento de puro prazer se prolongasse mas, notei contudo que a presença de Alberta se mantinha a meu lado, muito próxima, sentinela atenta, exigindo que me movesse à sua ordem de comando.
Rodei a cabeça na sua direcção e observei-lhe directamente o rosto, nunca durante dez anos o havia feito daquele modo. Senti uma vertingem brusca, ao poisar o olhar na face de Alberta , que se apresentava serena, diligente, meiga até, apesar de ligeiramente inquisitória e me olhava tambem directamente nos olhos.
Vamos? perguntou Alberta estendendo-me a sua mão esquerda, convidando-me a segui-la, rodando sobre si mesma no sentido da sala de jantar.
Levantei-me sem pressa, tentando reconhecer se a sensação de flanar era real, ou mera sugestão. Deu um só passo e voltou-se de novo, agora o seu rosto oferecia-me um sorriso resplandecente. Segurei-lhe a mão com firmeza e dei o passo que nos separava, colocando o meu corpo junto ao dela e, sem desviar os meus olhos dos seus um só milímetro, aproximei os lábios das pétalas carmim já entreabertas que Alberta abandonava ao desejo do meu beijo sôfrego.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Experiência... 1, 2, 3, experiência...

Tive hoje a minha primeira experiência Omo sexual!!!
Não percebo porquê o vosso olhar de admiração e estranheza!?
Aliás, já ouvi muito boa gente afirmar que em matéria de descoberta sexual, andamos todos sedentos de novas experiências, muitas vezes, tolhe-nos o preconceito e (ou) os princípios morais, sociais, bla, bla, bla.
Mas, tal como afirmei ali atrás... não tirem conclusões apressadas... não é nesse atrás, é ali... 5 linhas atrás, bom, tal como afirmei, de um mero acaso, ou seja, de uma situação absolutamente inesperada, ocorreu a minha primeira experiência Omo sexual, eu conto...
Ficou-me dos tempos de O x ford, o habito adquirido de lavar a roupa interior do dia anterior (ou seria a roupa anterior do dia interior?) durante o banho matinal.
É! Todos os dias tomo um bom banho de imersão, mais ou menos prolongado, mas sempre sem excepção, altamente relaxante e revigorante e, vá-se lá saber porque carga de água, aproveito e no final lavo a bela da cuequita que fica invariávelmente a secar, depois de convenientemente torcida, no varão inferior do toalheiro (estou a maça-los com tantos promenores?).
Voltando a O x ford, ou melhor, desde esses tempos que ensaboo a cueca com o mesmo sabonete ou gel de banho com que ensaboo o corpinho, este corpinho lindo, onde os músculos se deliníam excelentemente, fazendo lembrar uma estátua grega.
Porem, hoje, ao dar início ao banho diário, notei que me faltavam tanto o sabonete como o gel e, já de banheira cheia, decidi procurar alternativa. Rebusquei nos armários e encontrei unicamente os detergentes da roupa e da loiça. Optei pelo da roupa, o da loiça faz imensa espuma, o que levaria a que a esta hora ainda estivesse a tentar retirar aquela película escorregadia da pele.
Assim, peguei no pacote do Omo e corri desenfreado para a banheira que me aguardava ostentando aquele jeitinho de corpo de mulher, onde o desejo brilha em cada poro e a que um rapaz possuidor de um corpinho lindo, onde os músculos se deliníam excelsamente, fazendo lembrar uma estátua grega (ha aqui alguma coisa que me soa a dejá-vue), não consegue resistir.
Entrei, sentei-me, deitei-me, mergulhei a cabeça na água morna-quente e senti o corpo e os sentidos serem invadidos por uma sensação de lascívia e ausência de peso.
Arrancou-me daquele doce torpôr o arrefecimento da àgua, lembrando-me que tinha chegado a hora de dar início ao ritual habitual, adquirido em O x ford.
Sentei-me de novo, abri as pernas, peguei a cueca numa mão, o pacote do Omo na outra (ou foi a cueca na outra e o Omo na uma?), despejei um pouco de pó sobre a cueca, mergulhei-a e dei início à competente esfrega.
Rápidamente cresceu uma espuma abundante , que fez com que a parte dos meus punhos que roçavam as minhas pernas, me provocassem uma sensação voluptuosa. Esta sensação cresceu imensamente, fazendo com que me esquecesse das cuecas e abandonasse a lavagem, passando a dedicar toda a minha atenção àquele membro lindo, onde os músculos se deliníam excelsamente, fazendo lembrar... ai caramba... agora esqueci-me o que é que aqueles músculos me lembram, bem, adiante... onde é que eu ia? Ah... ía já quase a entrar na zona do red line, pois.
E foi assim mesmo que sucedeu a minha primeira experiência Omo sexual. Mas posso garantir-lhes que o slogan da marca é anganoso, constatei que afinal o Omo não deixa "tudo" mais branco, pelo menos no meu caso, aquele tom de pele moreno, lindo, excelso, a fazer-me recordar constantemente os sussurros e gemidos das minhas namoradas em O x ford, mantem-se.
O x ford, foi o meu primeiro carro, um ford escort todo tunnig, encarnado, com um big "x" pintado no tejadilho a branco e um banco traseiro muito espaçoso.
Oh Yeah!!!!!

domingo, 20 de julho de 2008

As férias acabaram (para já)

É verdade. Acabaram hoje. Amanhã, retomo a labuta diária e consequentemente os horários e os rituais pré-programados.
Este ano decidi gozar os dias de férias de uma assentada, sem contudo programar préviamente o que ira fazer durante todo o tempo.
Comecei por tentar dormir mais um pouco para além da hora habitual de me levantar, foi contudo um esforço que não resultou, ao segundo dia desisti deste intento. Depois pensei se iria uns dias à praia, não, ha outras coisas melhores para fazer do que esticar o corpinho ao sol, suar as estopinhas e dar mergulhos forçados, para tentar enganar o calor que sobrevem imediatamente a sair-se do molho, isto sem contar com as filas de trânsito e as dificuldades para estacionar.
Ao quarto dia, decidi como já fiz em outras ocasiões, zarpar sem rumo definido, ou seja, sempre para norte. É deste modo, meus amigos, que ainda consigo encontrar e saborear o verdadeiro sentido de liberdade.
Percorri as serras do parque natural do gerêz, do soajo e do lindoso, embriaguei-me de verde, de amplitude e de silêncio. Dormi em camas estranhas mas acolhedoras, em quartos de residênciais, saboreei os paladares de comidas genuínas em restaurantes de estrada, muitos deles só encontrados por indicação dos naturais do local. O único devaneio enquanto permaneci no país, foi um almoço de marisco regado por um fabuloso verde da região no "pedra alta", perto de Viana. Conheci gente, muita gente, conheci algumas das suas preocupações e necessidades, conheci a força de vontade daquela gente que nas serranias ainda tira da terra, à força de braço, o sustento que os mantem.
Depois saltei para espanha. Santiago de Compostela, visitei o santo caminhante. Decorriam festejos e uma feira medieval. Tendas de comes e bebes, artesanato, produtos naturais e, no ar, aquela sensação que não se consegue definir, resultante da permissão de partilha entre o religioso e o profano. Evidente em diferentes contextos a cultura celta que os galegos zelosamente mantêm, do mesmo modo que fazem com os monumentos.
Depois, percorri toda a orla marítima, detendo-me nas esplanadas das praias, todas elas limpas, de fácil estacionamento, e com um ambiente calmo.
Quando voltei a saltar cá para o rectângulo, fiz uma directa até à Inbícta, onde me assaltou uma buntade imensa de "comer" uma fráncezinha. E lá fui até ao kapas.
No Puorto, não vou em tangas de ficar nas residênciais, isséquera, nem pensar. Fiquei uma noite no Batalha e na noite seguinte dei o salto para Gaia. A propósito... sabíeis que na cultura ameríndia, Gaia é o nome da deusa-Mãe, ou deusa-Terra? Ah pezé...
Bom, mas andava aqui o cromo a vagabundear pelo cais de Gaia e quando olhou para os barquinhos de passeio, lembrou-se assim de repentinha... e seu embarcasse?
Entrei num barzinho para beber qualquer coisa e deparo-me com uma mocinha atrás do balcão. De resto, mais ninguem, absoluto deserto. Pergunto: vai fechar?
Com um sorriso aberto, como acho que só no nuorte se consegue encontrar, respondeu-me. - Ainda nãoe, só de madrugada.
Sentei-me, pedi uma bebida e tagarelei com a simpatia da moça.
Até que me voltei a lembrar do passeio de barco e tirei com a mocinha, nabos da púcara. Explicou-me tudo. Que havia vários itinerários, barcos maiores e mais pequenos, passeios mais curtos e mais longos, mas que na opinõe dela, qualquer um valia a pena.
-A sua descrição conquistou-me, devia ter-me lembrado de fazer uma reserva.
-Talvez não seja preciso, esteja aqui no cais amanhã pelas 8horas e fale com a senhora da agência que vai lá estar, se não tiverem os lugares esgotados, pode embarcar e fazer o passeio.
E assim foi, no dia seguinte lá estava o "je" a fazer olhinhos à menina, convencido que iria ter de empregar a técnica do charme para conseguir o lugarzinho, a verdade porem é que a lotação estava pelo metade e sobravam muitos lugares. O barcucho era o "Douro Azul". Na cave, encontravam-se as instalações sanitárias, no rés do chão (ou seria da água?) o salão de refeições, para onde me convidaram a entrar de imediato e a tomar um petit dejeuner, que... foi mesmo muito petit. Adiante... No primeiro andar, encontrava-se o terraço, onde actuava a banda que acompanha o programa televisivo do Gôxa, o Praça da Alegria e de onde, durante todo o passeio, se admira a extraordinária paisagem das margens do Douro. Tocavam o tema velhinho da série "Barco do Amor". Fui até ao Peso da Régua e voltei ao Puorto, estaçõe de São Bento, de cumboio. Foi giro!