quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dizem que a vida é feita de choro e de riso...


No alto d'esta escarpa
avisto o mundo redondo
De ali nada me escapa
Desde o belo ao ediondo

Da beleza natural quando é dia
Ao setestrelo quando à noite
Me prendem a ti estes rochedos
Às memórias de uma antologia
Guardada desde a bela Afrodite
Entre sonhos de homem e tantos medos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Silêncio...!



Ouve-se, o silêncio?
Sim! E a distância também.
A ausência dos ruídos comuns, aqueles que nos habituámos no dia-a-dia a escutar, é uma sensação estranha. Quando sucede encontrar-nos num local e, subitamente percebermos que não existe qualquer ruído em nosso redor, somos instintivamente compelidos a prestar maior atenção ás formas físicas que a nossa visão alcança.
O local onde a foto deste post foi obtida, situa-se na Serra do Açor. Um local elevado, de onde se avistam em toda a volta, pequenas povoações e serras... serras após outras serras, dando-nos a ilusão que o mundo é uma sequência infindável de serras, montes que se perdem, horizonte fora, até ao fim do mundo.
Passei neste local, cerca de 45 minutos, sem que passasse um único automóvel, se passasse 45 horas, 45 dias, 45 anos, 45 séculos, talvez o tempo não fosse outro que aquele que demorou 45 minutos.
A ausência de ruído, após os primeiros instantes de surpreza e de "ajuste" do nosso sensorial ao silêncio, conduz-nos ao relaxe, ao esvaziamento e abre a porta que nos transporta até ao auto-conhecimento, ao entendimento do que somos, de que somos e do que desejamos ser.

domingo, 5 de setembro de 2010

Uma Porta para o Paraíso



«Só o Amor, dá Sentido à Vida»
Esta, é uma frase de Dalai Lama.
O Senhor Presidente da nossa República, apelou este ano aos seus concidadãos, que fizessem férias dentro do país.
Tenho a opinião de que Aníbal Cavaco Silva, fala de menos acerca daquilo que diz respeito aos assuntos importantes da política e da sociedade, ou que fala menos do que esperaríamos. Relativamente a este apelo, considero que disse o essencial. E o essencial é reconhecer a beleza aprazível de imensos locais do nosso país, desfrutando deles. E... só é possível reconhecer a beleza, se o amor habitar os nossos sentimentos.
As fotos foram obtidas na praia fluvial de Fragas de São Simão um lugar mágico, onde é impossível não descobrirmos o amor que dá sentido à vida!

sábado, 4 de setembro de 2010

Porque parámos de querer?




Mahatma Gandhi, teve o seguinte pensamento: «Esquecermo-nos de como cavar a terra e de como cuidar do solo é esquecermo-nos de nós próprios»
Casal de São Simão, é o nome da aldeia que se vê na imagem. Pertence ao concelho de Figueiró dos Vinhos e estende-se pela crista de uma elevação, de um lado e de outro da única rua existente.
As casas, são construídas em Xisto e encontram-se na quase totalidade, restauradas, adaptadas interirormente às "necessidades" modernas e exteriormente, respeitando ao máximo a arquitectura tradicional, empregando materiais naturais.
A origem desta povoação, perde-se nas brumas dos tempos, contudo, sabe-se que os seus habitantes, aqueles que a construiram, trabalhavam árduamente a terra, retirando dela o seu sustento.
Casal de S. Simão, encontra-se entre duas ribeiras, do Fato e de Alge. Do lado da Ribeira do Fato, existe o Vale da Abundância, onde diáriamente, com a ajuda de bois e de burros, homens e mulheres, semeavam e colhiam o seu sustento. Ao longo da Ribeira de Alge, existem ainda, ruínas e velhos moínhos, onde era moído o cerreal, que depois de transformado em farinha, dava origem ao pão que era cozido nos fornos de lenha do Casal. A par com a criação de animais domésticos, a pesca de que as duas ribeiras eram fartas, proporcionávam aos habitantes do Casal de São Simão, duas fontes excelentes de provimento alimentar.
Contudo, chegou a era em que estes habitantes, cansados do trabalho árduo do cultivo da terra, começaram a deslocar-se para as cidades, em busca de "melhor vida".
Hoje, a autarquia, requalificou toda esta área, concorrendo a fundos comunitários para restaurar as habitações e construíndo praias fluviais, acessos e infra-estruturas de apoio às mesmas, visando o retorno e a fixação de populações.
Por enquanto, existe um núcleo de habitantes que ocupa as casas em épocas de férias, não residindo efectivamente nelas, mas mantendo-as, dando alguma vida à aldeia que se encontrava "morta".
Será que um dia irão redescobrir o prazer de cavar a terra, tratar o solo e retirar dele o seu sustento?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Esvaziamento


O interior do nosso país, sofre de esvaziamento!
Cheguei a esta triste constatação, durante os breves dias que passei em Figueiró dos Vinhos. Na verdade, não me limitei a permanecer naquela Vila pertencente ao concelho de Leiria. Visitei também Castanheira de Pera, Pedrogão Grande e Lousã. Percorri estradas e serras de maravilhosa beleza natural, encontrei excelentes praias fluviais, percorri ruas e becos de características aldeias de xisto. Encantei-me com a paisagem e as gentes, entristeceu-me a falta de querer e de esperança que habita os corações das gentes.
Quando não se possui nada; credo, terra, saber, vontade, sonhos, é natural que se tente alcança-los, mas, quando se possuiu tudo isso e se perdeu, a angústia toma posse da vontade e a apatia conquista o terreno dos sentidos.
Durante estes dias que passei em Figueiró, conversei com as pessoas, indaguei, o porquê de tantos e tão grandes sinais evidentes de esvaziamento.
Não há trabalho... não há dinheiro, responderam-me em todos os locais onde parei, todos com quem conversei.
Os habitantes, directa ou indirectamente, mantêm as suas vidas, com os parcos dinheiros das reformas, ou dos subsídios. Meia-dúzia, mantém uma pequena horta, de onde tira o complemento do seu sustento.
O distrito é forte em madeira, pinheiro e eucalipto, a maioria das serrações e empresas de extracção de madeiras, cessaram a actividade.
Empresas que directa ou indirectamente dependiam da actividade agrícola e florestal, terminaram a actividade.
Nota-se o esforço (inglório) dos municípios de criar condições para atrair turistas e fixar população. Encontrei rodovias de muito boa qualidade, mesmo aquelas de categoria secundária, encontrei infra-estruturas de apoio e uso social e lúdico, mesmo em localidades de menor dimensão populacional.
Á primeira vista, parece que só está a faltar trabalho, ao interior do nosso país.
Mas não. Está a faltar mais, muito mais. Está a faltar um olhar correcto dos nossos governantes. Falta criar uma politica de regulação e de incentivo à produção. Uma política que não permita a importação de bens que se produzam no nosso país, uma política em que, através do apoio técnico, seja possível obter excelência na qualidade daquilo que for produzido e, uma política séria e equilibrada de preços e distribuição desses produtos.
É necessário criar de novo nas pessoas, o desejo de fazer, sabendo que o seu trabalho será justamente pago e que, com ele, estarão a contribuir para a recuperação económica do país.