
O interior do nosso país, sofre de esvaziamento!
Cheguei a esta triste constatação, durante os breves dias que passei em Figueiró dos Vinhos. Na verdade, não me limitei a permanecer naquela Vila pertencente ao concelho de Leiria. Visitei também Castanheira de Pera, Pedrogão Grande e Lousã. Percorri estradas e serras de maravilhosa beleza natural, encontrei excelentes praias fluviais, percorri ruas e becos de características aldeias de xisto. Encantei-me com a paisagem e as gentes, entristeceu-me a falta de querer e de esperança que habita os corações das gentes.
Quando não se possui nada; credo, terra, saber, vontade, sonhos, é natural que se tente alcança-los, mas, quando se possuiu tudo isso e se perdeu, a angústia toma posse da vontade e a apatia conquista o terreno dos sentidos.
Durante estes dias que passei em Figueiró, conversei com as pessoas, indaguei, o porquê de tantos e tão grandes sinais evidentes de esvaziamento.
Não há trabalho... não há dinheiro, responderam-me em todos os locais onde parei, todos com quem conversei.
Os habitantes, directa ou indirectamente, mantêm as suas vidas, com os parcos dinheiros das reformas, ou dos subsídios. Meia-dúzia, mantém uma pequena horta, de onde tira o complemento do seu sustento.
O distrito é forte em madeira, pinheiro e eucalipto, a maioria das serrações e empresas de extracção de madeiras, cessaram a actividade.
Empresas que directa ou indirectamente dependiam da actividade agrícola e florestal, terminaram a actividade.
Nota-se o esforço (inglório) dos municípios de criar condições para atrair turistas e fixar população. Encontrei rodovias de muito boa qualidade, mesmo aquelas de categoria secundária, encontrei infra-estruturas de apoio e uso social e lúdico, mesmo em localidades de menor dimensão populacional.
Á primeira vista, parece que só está a faltar trabalho, ao interior do nosso país.
Mas não. Está a faltar mais, muito mais. Está a faltar um olhar correcto dos nossos governantes. Falta criar uma politica de regulação e de incentivo à produção. Uma política que não permita a importação de bens que se produzam no nosso país, uma política em que, através do apoio técnico, seja possível obter excelência na qualidade daquilo que for produzido e, uma política séria e equilibrada de preços e distribuição desses produtos.
É necessário criar de novo nas pessoas, o desejo de fazer, sabendo que o seu trabalho será justamente pago e que, com ele, estarão a contribuir para a recuperação económica do país.