Olho, absorto no nada, as velhas pedras, de uma velha casa, n'uma velha aldeia, onde velhos... e velhas, que apesar de velhas, menos velhas parecem que os velhos, páram.
Páram as pedras, as velhas e... os velhos, pára o tempo, páro eu, olhando absorto as pedras muito velhas de uma casa velha, n'uma velha aldeia.
E eu... e as velhas... e os velhos... e as pedras... e o tempo... parados... olhamo-nos...
Se não fosse o tempo parado que me fêz parar... diante destas pedras velhas... paradas, tão paradas quanto parados estão os velhos... as velhas... n'esta aldeia de casas paradas, talvez o meu olhar não parasse no tempo... absorto... diante destas pedras... destas pessoas, velhas, que as ergueram e alinharam e... arrumaram com precisão, umas sobre as outras. Com a mesma precisão, que o tempo vai arrumando, sobrepondo as horas, umas após outras, umas sobre outras, indiferente ao meu olhar absorto... perdido no tempo... parado no tempo...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
Lá, onde acaba o infinito...
Hoje, uma amiga muito querida, brindou-me com esta expressão:
“ich liebe dich”...
;))))))
Fêz-me recordar uma altura da minha adolescência, engraçadíssima!
Teria uns 16 aninhos, ouvia as fantasias mirabolantes dos meus amigos que passavam férias no Algarve e a quem aconteciam estórias fantásticas de "engates" com raparigas estrangeiras.
Daí formou-se a ideia incontestada de que todas as raparigas que estivessem no Algarve e se expressassem em inglês, eram garantia de sexo fácil.
Então, o amigo Bartolomeu não faz mais nada, monta-se na sua bela motita e, feito Luis Represas, ruma ao sul, Portimão.
Chegando ao paraíso das "bifas", é que se lembra que está quase "liso"... sem "cheta". No problem!
Dirije-se a uma cabine telefónica, liga para casa e anuncia: estou no Algarve e esqueci-me de trazer dinheiro, mandem-me dinheiro por favor.
Toínnn!
Respondem-me de lá com perguntas, como era habitual, sempre que mais um dos meus constantes disparates aconteciam.
Respondo a todas com enfado e com "sins e nãos" e acabo por receber a resposta que esperava.
Tá bem amanhã a mãe vai aos correios e envia-te um vale, mas vê lá se andas com juízo.
Pois sim... espera lá que já andas...
Feliz da vida, contente por ver o meu problema imediato, resolvido, espalho-me pela cidade, farejando as estrangeiras.
E lá estávam elas, sentadas nos bares a emborcar cervejola e gin, todas loiras e vermelháças do sol e eu, cheio de vontade de me juntar à festa, mas sem dinheiro sequer para jantar.
Pensei, depois de correr os bares da Rocha para trás e para diante...amanhã na praia é que vai ser... é certinho e direitinho. E foi precisamente a praia, naquela noite, o meu quarto de hotel, mas... tudo bem, até foi engraçado domir no areal.
Bom, nasce o sol, acordo, mas ainda era cedíssimo, a praia deserta. Sento-me, fico ali a olhar para nenhures e o estômago começa-me a peguntar: olha lá oh pázinho, então hoje não me alimentas?
Hãnn?!
Ah.. tens razão, meu... é que... sabes? não ha guito, tás a ver a cena?! vais ter de te aguentar ao bife, mas deixa lá que assim que os correios abrirem, já vamos ter direito a satisfazer-nos, ok? é só uma questão de horas...
Bom, então vê lá se te despachas, porque já não aguento com guinadas... Hmmm!
Bom, às 8 horas já estava à porta dos correios. Assim que abriram, dirigi-me ao balcão e perguntei se tinham recebido um vale em meu nome. Disse o nome. Que não, não havia nada, respondeu-me a senhora muito solícita.
Caíu-me o céu em cima, carregadinho de núvens. Obrigado, então volto mais tarde.
Saí e pensei, daqui a bocado volto cá.
Voltei para a praia, ainda muito pouca gente e ninguem com aspecto de inglesa-fácil.
Óh diacho... mas afinal onde é que elas andam?
Estive por ali mais um bocado e às tantas, lembrei-me que tinha no bolso 5 tostões e com eles podia comprar uma carcaça na padaria.
Nem é cedo, nem é tarde, é para já. Só que uma carcacinha sem nada dentro... foi uma migalha para a fome que me atormentava.
E voltei à estação dos correios.
A senhora do balcão mal me viu, sorriu e isso fêz com que me nascesse uma alma nova, pensei: já chegou o "guito".
Mas não, o sorriso era de simpatia, o que eu esperava ainda não tinha chegado.
Óh desilusão das desilusões!!!
Mas demora assim tanto tempo a chegar, perguntei.
Depende, quando é que foi enviado?
Foi hoje demanhã!
Ah, então concerteza só amanhã à tarde.
Ãnnnnn?
Amanhã?
E como é que eu vou fazer até amanhã?
Como é que vais fazer o quê, perguntou-me a amável senhora.
Como é que como e durmo e compro gasolina para a mota?
Estava desesperado.
E lá vieram as fatídicas perguntas da senhora.
De onde eu era, como é que tinha chegado ali, se estava com alguem e mais uma carrada de perguntas.
No meio da minha desorientação lá fui dando respostas a contra-gosto.
Depois de uns momentos de silêncio, a amável senhora, num acesso de compaixão convidou-me para almoçar em casa dela. Que estivesse à porta dos correios à uma hora, que me daria almoço.
A primeira reação foi de alegria, respondi-lhe muito obrigado, que lá estaria e saí de seguidinha.
Mal cheguei à rua e me encontrei com os meus pensamentos, caí em mim e surgiram os prúridos... então vou receber uma esmola de uma desconhecida? e mais isto e mais aqueloutro e que devia voltar e dizer à senhora que não queria, e que vergonha e não sei o quê mais. Mas em seguida veio a inevitável conclusão: bem, ou "isto" ou esperar à fome que o dinheirinho chegasse. Então vai ter de ser "isto" mesmo e quando o dinheiro vier, pago à senhora.
À hora marcada lá estáva eu, com mais fome do que nunca e lá acompanhei a senhora até casa. Era um 1º andar no centro de Portimão, modesto, a senhora teria uns 38/39 anos e era viúva. Esperei que o almoço se fizesse e apareceram uns carapaus enormes, grelhados, com batata cozida a acompanhar.
Brrrr, detesto peixe, olha a minha sorte, caramba, pensei logo. Mas que remédio, vai mesmo ter de ser.
Não sei se pela fome, se porque estava mesmo muito bom, foi uma das refeições que até hoje me soube melhor.
Quando acabámos de almoçar a senhora disse-me que tinha de ir comprar uma botija de gáz a uma mercearia ali perto. Prontifiquei-me imediatamente para a ajudar. Levei a bilha vazia e carreguei de volta a bilha cheia. A senhora ficou agradecidíssima, eu agradeci o almoço e quando ía a saír a senhora perguntou-me se tinha onde jantar. Encolhi os ombros e respondi que não, que enquanto o dinheiro não chegasse...
Então vens jantar connosco.
Sorri-me, agradeci novamente e lá fui, rumo à praia.
Ena pá!!!! Agora sim... isto agora está bom... ha bifas com fartura... então bora lá escolher uma que dê nas bistinhas. Olhei, olhei e lá escolhi uma para me aproximar.
Assentei a toalha, fiz-me notar, não ligou pêvas, lia um livro, fui olhando, sentando, deitando, até que me deu para tentar o contacto... in english... bah!!! respondeu-me secamente, em portugues.
Oh cum carambas, não acerto uma.!
Bom, andei por ali, à deriva, senta aqui, senta acolá, bitaite a esta, bitaite àquela, e nada de acertar com o alvo.
Chegado o fim do dia, lá me encaminhei de novo para casa da minha "assistente social! :)))))
Que tinha estado na praia. Que fiz muito bem, porque no Algave só praia mesmo, que ainda não tinha chegado o vale, que a filha estáva quase a chegar a casa.
A filha?
Oh larecas... a senhora tem uma filha... hummmm, isso é bom, muito bom, vamos lá ver que tal é a filha.
Conversa para aqui, conversa para acolá, que era viúva ha 11 anos, que a filha tinha 20, trabalhava, que nunca tinha ído a Lisboa, e que eu podia dormir em casa dela aquela noite, que amanhã o dinheiro chegava e então já me podia orientar melhor, tal e coisa, coisa e tal, até que chega a filha.
Oh que rica filhinha!!!
A mocinha fica surpreendidíssima com a minha presença e a mamãe lá vai explicando como pode, a minha presença. No final, a garina lança-me um olhar de desprezo por cima do ombro, assim como a dizer-me: ouve lá pázinho... isto aqui não é uma sucursal da santa casa da misericórdia, vê lá se te fazes à vidinha, porque para xular a cota já cá estou eu.
Topei-a, mas aguentei-me à bronca.
Jantámos e quase que só dei atenção ao que a mãe me dizia. Isso deve ter provocado alguma sensação de ciúme na pita, porque estava sempre a tentar "meter a colherada" ao que eu respondia com um sorriso displicente.
Terminado o jantar, ofereci-me para ajudar na lavágem da loiça, mais por cortezia que por evidênte necessidade, a senhora riu-se e agradeceu, mas não aceitou. Em seguida perguntei-lhe se não se importava que saísse para tomar café, e perguntei-lhe a que horas poderia voltar. Disse-me que habitualmente não se deitava antes da meia-noite. Antes de sair, a filha perguntou-me onde iria tomar café. Respondi-lhe que ainda não sabia, que não conhecia os cafés. Depois, soltei uma gargalhada e declarei: desculpem, esqueci-me que não tenho dinheiro sequer para a bica, afinal vou só dar uma volta por aí. A senhora abanou a cabeça, disse qualquer coisa a respeito da cabeça de vento dos jovens e deu dinheiro à filha para irmos os dois beber café. Não venham tarde, pediu.
E lá fomos, rumo ao centro de Portimão a uma esplanada.
De início a conversa foi quase forçada, a mocinha mostrava-se demasiado reservada e quando já estava a pensar como devia descartar-me dela, sem quê nem porquê tornou-se mais amigável, mais interessada em estabelecer conversa.
Aos poucos comecei a dedicar-lhe mais atenção, até que comecei a encontrar sinais de interesse na nossa conversa. Falou-me da morte do pai, do tipo de vida que levava, do relacionamento com a mãe, etc.
O tempo acabou por passar rápido e depressa a meia noite se apróximou. Ao regressarmos a casa, ainda lhe disse que se tivesse dinheiro, o que fazia era ir para uma discoteca.
Quando subíamos a escada do prédio, repentinamente, disse-me: olha vamos sobir até ao terraço, quero mostrar-te uma coisa.
Terraço?
Ah sim? Este prédio tem terraço?
Tem, anda.
E tinha mesmo!
;)))
Avistava-se a foz do rio Arade e os telhados dos prédios vizinhos, era uma noite de verão daquelas que nos convidam a voar pela esfera sideral e que nos deixa suspeitar se efectivamente, seremos descendentes de antigos deuses astronautas.
Rápidamente segurámos a mão um do outro, tão rápidamente quanto os nossos lábios demoraram a unir-se e as nossas mãos irrequietas a descobrir a anatomia um do outro.
Derrepente, um sobressalto: e se vem alguem? e a hora, já passava da meia-noite?
Mais um beijo longo, mais uma corrida louca de mãos em todos os locais desejados e proibidos, arfejos e suspiros, desejos e apertos. Depois a resolução dela, temos de ir.
Segui-a, meio inebriado, meio apalermado. Ao chegar a casa a senhora, tinha preparado uma cama na marquise para mim, ainda me pediu desculpa por ser tão modesta. Meio atabalhoadamente, respondi-lhe que não se incomodasse, que estava muito bem assim.
Cada uma, mãe e filha dirigiram-se ao seu quarto, deixando-me em luta com os meus desejos incontidos e os receios de procurar de novo a mocinha, esperando ainda que fosse ela a tomar a iniciativa de me procurar na marquise.
Como não conseguia adormecer, nem parar quieto na cama, levantei-me e fui colocar-me à janela, fazendo algum barulho para que ela soubesse que a esperava.
Passou algum tempo e nada. Num repente de coragem louca dirigi-me à janela do quarto dela, que dava para a marquise e chamei baixinho. Não obtive resposta. Talvez embalado pelo romance do Romeu e da Julieta, atrevi-me... saltei a janela. Ela fingiu-se surpreendida e zangada, insisti, entrei na cama dela, disse-lhe que estava apaixonado, tentei beija-la, afastou-me, mas percebi que não o fazia com determinação, insisti, cedeu, concedeu, em seguida puxou-me, aceitou-me recebeu-me, amámo-nos. Uma e outra vez, depois, obrigou-me a jurar que ía voltar para a minha cama e que não ía falar nada sobre o assunto. Ainda tentei que mudasse de ideias, beijei-a mais e mais, até que me expulsou com dureza.
Voltei para a marquise, mas o sono não vinha... aproximei-me de novo da janela dela, chamei baixinho, não me deu resposta.
Na manhã seguinte, encontrámo-nos na cozinha para o pequeno almoço. Não trocámos uma palavra, para além do meu bom-dia. A mãe manteve-se calada tambem. Primeiro saíu a filha para trabalhar, despediu-se com um até logo, mãe. Em seguida saímos nós, eu e a mãe. À porta do prédio disse-me, não vale a pena ires aos correios antes das 5 da tarde, nem mais uma palavra.
Percebi que naquele dia, não ía haver almoço para ninguem.
Derrepente tive uma ideia excelente! Fui até à doca onde os barcos de pesca descarregavam o peixe e esperei até conseguir um peixe para o almoço. Naquela altura, já nem a praia, nem as camónes prendiam a minha atenção. A meio da manhã consegui um peixe, aliás um peixão. Uma xaputa enorme, um peixe espalmado, prateado que eu nem conhecia. Ri-me comigo mesmo, pensei... xaputa?! o nome pode ser um bom preságio!!!
;))))
Peguei no peixe e fui até um sapal onde hoje se localiza a marina de Portimão, coloquei o peixe em cima de umas ervas à sombra e fui recolher paus para fazer uma fogueira. Ao meio dia estava a assar o peixe, encarnando a figura de um nómada em plena travessia do deserto. Depois de assado, comi o peixinho à mão. Uma lambuzisse completa, mas que encarei com uma valente dose de humor.
A noite anterior não me saía da cabeça, o desejo de voltar a encontrar a filha da senhora, superava outra coisa qualquer. Fiquei por ali um bom bocado a olhar os barcos que entravam e saíam do rio, as águas que corriam, a passarada à volta, etc. Antes de voltar aos correios, ainda passei pela Rocha, mas o areal já não me disse nada, nem as estranjas nas esplanadas dos bares. Deambulei até à estação dos correios. Ao chegar, encontrei duas pessoas para serem atendidas, esperei. Enquanto esperava, notei os olhares hostis que a senhora me lançava, percebi que ía ter complicações. Chegando a minha vez, sem mais palavras a senhora estendeu-me um talão para eu assinar e começou a contar as notas... 500 escudos... porreiro já me dava para muita coisa. Colocou o dinheiro em cima do balcão, recolheu o talão assinado, olhou para mim muito séria e com cara de poucos amigos e avisou-me: olha meu menino, tenho aqui a morada dos teus pais em Lisboa, portanto ficas a saber, se houver problemas com a minha filha, os teus pais vão saber de tudo e vão ter de resolver a situação.
Foi como se tivesse levado um estaladão que me tivesse virado a cabeça ao contrário. E ainda rematou: não se pode ser bom para ninguem... ajudei-te e pagaste-me daquela maneira?! Vai-te embora... desaparece daqui e livra-te de voltares a minha casa, se voltares, já sabes, chamo a polícia.
Saí da estação e senti-me destroçado, esmagado, injustiçado e tremendamente envergonhado. Quase automáticamente cheguei até à mota, montei-me e comecei a conduzir sem destino. Quando dei por mim, estava em Lagos, sentei-me à beira do rio, sem notar nada do que me rodeava, nem pessoas nem nada, tinha só o olhar fixo no movimento das águas do rio. Às tantas, um bêbado, ou um louco, ou as duas, ou nenhuma das duas, sentou-se ao meu lado e começou a falar de coisas que eu não percebia o sentido, mas que foram aos poucos captando a minha atenção. Falou, falou e comecei a achar piada ao sotaque, era um tipo inglês que veio ao Algarve e se foi deixando ficar por ali. Vivia de tudo e de nada, como ele próprio dizia. Passado um bocado, tirou do bolso de dentro do blusão o resto de uma sandes e ofereceu-me. Peguei na oferta, atirei com ela para o rio e disse-lhe, fica para os peixes, pá. Nós vamos mas é os dois jantar a um restaurante, pago eu, bora!
Levantou-se, sempre a tagarelar coisas para as quais eu não conseguia achar um sentido e lá fomos à procura de um restaurante. Acabámos numa tasca que ele conhecia, voltei a jantar peixe, ele pediu um prato com: alface, cenoura, azeitonas, beterraba e queijo. Partimos o côco a rir os dois, um com o outro, bebemos umas cervejolas valentes e voltámos para o centro de Lagos.
Andámos por ali a cheirar o ambiente, eu a meter-me com a estranjas e elas a mandarem-me bugiar, ele a debitar coisas malucas sem sentido. Já de madrugada, perguntou-me se queria ir dormir a casa dele... Oh pá, isso agora é que é mais complicado, pensei... o gajo era um homem e eu, um chavaleco. Mas, rejeitar a oferta, podia revelar-se improcedente. Como sempre fui um tipo temerário e um tanto inconsequente, lá o fui seguindo até à casa dele. Bom, a casa, não era mais que 4 barrotes de madeira, cravados no chão, com umas telhas de zinco a fazer de telhado e, espalhados pelo chão ao lado de um colchão, montes de cartões, sacos, panos, cobertores, roupas, etc.
Chegados lá, sentou-se no colchão, descalçou as botas, puxou um cobertor e aninhou-se. Fiquei ali a olhar para tudo aquilo e qual é o meu espanto, quase instantâneamente o meu amigo desata a ressonar.
Pimba!
Então, peguei no meu dinheiro, tirei uma nota de 100 escudos, coloquei-a em cima do colchão ao lado dele, com uma pedra por cima e dei de frosques.
Voltei a montar-me na minha moto e rumei a Lisboa. Cheguei a Alcácer do Sal, seríam umas 8 horas da matina. Entrei num café, fui à casa de banho lavar a cara e as mãos e quando me vi ao espelho, estáva com um ar desgraçado.
Então decidi, vou tomar o pequeno almoço e ver se encontro uma pensão para alugar um quarto e dormir um bocado.
Assim foi, lá aluguei um quarto, tomei um bom banho, coloquei o sono em dia e voltei a casa, onde entrei triunfalmente mesmo a tempo da hora do jantar.
A minha mãe preocupadíssima, não parava de fazer perguntas, o meu pai, olhava-me de ladécos e quase não aguentáva a vontade de rir. Quando voltei a caír na cama, foi novamente tiro e queda.
;))))
“ich liebe dich”...
;))))))
Fêz-me recordar uma altura da minha adolescência, engraçadíssima!
Teria uns 16 aninhos, ouvia as fantasias mirabolantes dos meus amigos que passavam férias no Algarve e a quem aconteciam estórias fantásticas de "engates" com raparigas estrangeiras.
Daí formou-se a ideia incontestada de que todas as raparigas que estivessem no Algarve e se expressassem em inglês, eram garantia de sexo fácil.
Então, o amigo Bartolomeu não faz mais nada, monta-se na sua bela motita e, feito Luis Represas, ruma ao sul, Portimão.
Chegando ao paraíso das "bifas", é que se lembra que está quase "liso"... sem "cheta". No problem!
Dirije-se a uma cabine telefónica, liga para casa e anuncia: estou no Algarve e esqueci-me de trazer dinheiro, mandem-me dinheiro por favor.
Toínnn!
Respondem-me de lá com perguntas, como era habitual, sempre que mais um dos meus constantes disparates aconteciam.
Respondo a todas com enfado e com "sins e nãos" e acabo por receber a resposta que esperava.
Tá bem amanhã a mãe vai aos correios e envia-te um vale, mas vê lá se andas com juízo.
Pois sim... espera lá que já andas...
Feliz da vida, contente por ver o meu problema imediato, resolvido, espalho-me pela cidade, farejando as estrangeiras.
E lá estávam elas, sentadas nos bares a emborcar cervejola e gin, todas loiras e vermelháças do sol e eu, cheio de vontade de me juntar à festa, mas sem dinheiro sequer para jantar.
Pensei, depois de correr os bares da Rocha para trás e para diante...amanhã na praia é que vai ser... é certinho e direitinho. E foi precisamente a praia, naquela noite, o meu quarto de hotel, mas... tudo bem, até foi engraçado domir no areal.
Bom, nasce o sol, acordo, mas ainda era cedíssimo, a praia deserta. Sento-me, fico ali a olhar para nenhures e o estômago começa-me a peguntar: olha lá oh pázinho, então hoje não me alimentas?
Hãnn?!
Ah.. tens razão, meu... é que... sabes? não ha guito, tás a ver a cena?! vais ter de te aguentar ao bife, mas deixa lá que assim que os correios abrirem, já vamos ter direito a satisfazer-nos, ok? é só uma questão de horas...
Bom, então vê lá se te despachas, porque já não aguento com guinadas... Hmmm!
Bom, às 8 horas já estava à porta dos correios. Assim que abriram, dirigi-me ao balcão e perguntei se tinham recebido um vale em meu nome. Disse o nome. Que não, não havia nada, respondeu-me a senhora muito solícita.
Caíu-me o céu em cima, carregadinho de núvens. Obrigado, então volto mais tarde.
Saí e pensei, daqui a bocado volto cá.
Voltei para a praia, ainda muito pouca gente e ninguem com aspecto de inglesa-fácil.
Óh diacho... mas afinal onde é que elas andam?
Estive por ali mais um bocado e às tantas, lembrei-me que tinha no bolso 5 tostões e com eles podia comprar uma carcaça na padaria.
Nem é cedo, nem é tarde, é para já. Só que uma carcacinha sem nada dentro... foi uma migalha para a fome que me atormentava.
E voltei à estação dos correios.
A senhora do balcão mal me viu, sorriu e isso fêz com que me nascesse uma alma nova, pensei: já chegou o "guito".
Mas não, o sorriso era de simpatia, o que eu esperava ainda não tinha chegado.
Óh desilusão das desilusões!!!
Mas demora assim tanto tempo a chegar, perguntei.
Depende, quando é que foi enviado?
Foi hoje demanhã!
Ah, então concerteza só amanhã à tarde.
Ãnnnnn?
Amanhã?
E como é que eu vou fazer até amanhã?
Como é que vais fazer o quê, perguntou-me a amável senhora.
Como é que como e durmo e compro gasolina para a mota?
Estava desesperado.
E lá vieram as fatídicas perguntas da senhora.
De onde eu era, como é que tinha chegado ali, se estava com alguem e mais uma carrada de perguntas.
No meio da minha desorientação lá fui dando respostas a contra-gosto.
Depois de uns momentos de silêncio, a amável senhora, num acesso de compaixão convidou-me para almoçar em casa dela. Que estivesse à porta dos correios à uma hora, que me daria almoço.
A primeira reação foi de alegria, respondi-lhe muito obrigado, que lá estaria e saí de seguidinha.
Mal cheguei à rua e me encontrei com os meus pensamentos, caí em mim e surgiram os prúridos... então vou receber uma esmola de uma desconhecida? e mais isto e mais aqueloutro e que devia voltar e dizer à senhora que não queria, e que vergonha e não sei o quê mais. Mas em seguida veio a inevitável conclusão: bem, ou "isto" ou esperar à fome que o dinheirinho chegasse. Então vai ter de ser "isto" mesmo e quando o dinheiro vier, pago à senhora.
À hora marcada lá estáva eu, com mais fome do que nunca e lá acompanhei a senhora até casa. Era um 1º andar no centro de Portimão, modesto, a senhora teria uns 38/39 anos e era viúva. Esperei que o almoço se fizesse e apareceram uns carapaus enormes, grelhados, com batata cozida a acompanhar.
Brrrr, detesto peixe, olha a minha sorte, caramba, pensei logo. Mas que remédio, vai mesmo ter de ser.
Não sei se pela fome, se porque estava mesmo muito bom, foi uma das refeições que até hoje me soube melhor.
Quando acabámos de almoçar a senhora disse-me que tinha de ir comprar uma botija de gáz a uma mercearia ali perto. Prontifiquei-me imediatamente para a ajudar. Levei a bilha vazia e carreguei de volta a bilha cheia. A senhora ficou agradecidíssima, eu agradeci o almoço e quando ía a saír a senhora perguntou-me se tinha onde jantar. Encolhi os ombros e respondi que não, que enquanto o dinheiro não chegasse...
Então vens jantar connosco.
Sorri-me, agradeci novamente e lá fui, rumo à praia.
Ena pá!!!! Agora sim... isto agora está bom... ha bifas com fartura... então bora lá escolher uma que dê nas bistinhas. Olhei, olhei e lá escolhi uma para me aproximar.
Assentei a toalha, fiz-me notar, não ligou pêvas, lia um livro, fui olhando, sentando, deitando, até que me deu para tentar o contacto... in english... bah!!! respondeu-me secamente, em portugues.
Oh cum carambas, não acerto uma.!
Bom, andei por ali, à deriva, senta aqui, senta acolá, bitaite a esta, bitaite àquela, e nada de acertar com o alvo.
Chegado o fim do dia, lá me encaminhei de novo para casa da minha "assistente social! :)))))
Que tinha estado na praia. Que fiz muito bem, porque no Algave só praia mesmo, que ainda não tinha chegado o vale, que a filha estáva quase a chegar a casa.
A filha?
Oh larecas... a senhora tem uma filha... hummmm, isso é bom, muito bom, vamos lá ver que tal é a filha.
Conversa para aqui, conversa para acolá, que era viúva ha 11 anos, que a filha tinha 20, trabalhava, que nunca tinha ído a Lisboa, e que eu podia dormir em casa dela aquela noite, que amanhã o dinheiro chegava e então já me podia orientar melhor, tal e coisa, coisa e tal, até que chega a filha.
Oh que rica filhinha!!!
A mocinha fica surpreendidíssima com a minha presença e a mamãe lá vai explicando como pode, a minha presença. No final, a garina lança-me um olhar de desprezo por cima do ombro, assim como a dizer-me: ouve lá pázinho... isto aqui não é uma sucursal da santa casa da misericórdia, vê lá se te fazes à vidinha, porque para xular a cota já cá estou eu.
Topei-a, mas aguentei-me à bronca.
Jantámos e quase que só dei atenção ao que a mãe me dizia. Isso deve ter provocado alguma sensação de ciúme na pita, porque estava sempre a tentar "meter a colherada" ao que eu respondia com um sorriso displicente.
Terminado o jantar, ofereci-me para ajudar na lavágem da loiça, mais por cortezia que por evidênte necessidade, a senhora riu-se e agradeceu, mas não aceitou. Em seguida perguntei-lhe se não se importava que saísse para tomar café, e perguntei-lhe a que horas poderia voltar. Disse-me que habitualmente não se deitava antes da meia-noite. Antes de sair, a filha perguntou-me onde iria tomar café. Respondi-lhe que ainda não sabia, que não conhecia os cafés. Depois, soltei uma gargalhada e declarei: desculpem, esqueci-me que não tenho dinheiro sequer para a bica, afinal vou só dar uma volta por aí. A senhora abanou a cabeça, disse qualquer coisa a respeito da cabeça de vento dos jovens e deu dinheiro à filha para irmos os dois beber café. Não venham tarde, pediu.
E lá fomos, rumo ao centro de Portimão a uma esplanada.
De início a conversa foi quase forçada, a mocinha mostrava-se demasiado reservada e quando já estava a pensar como devia descartar-me dela, sem quê nem porquê tornou-se mais amigável, mais interessada em estabelecer conversa.
Aos poucos comecei a dedicar-lhe mais atenção, até que comecei a encontrar sinais de interesse na nossa conversa. Falou-me da morte do pai, do tipo de vida que levava, do relacionamento com a mãe, etc.
O tempo acabou por passar rápido e depressa a meia noite se apróximou. Ao regressarmos a casa, ainda lhe disse que se tivesse dinheiro, o que fazia era ir para uma discoteca.
Quando subíamos a escada do prédio, repentinamente, disse-me: olha vamos sobir até ao terraço, quero mostrar-te uma coisa.
Terraço?
Ah sim? Este prédio tem terraço?
Tem, anda.
E tinha mesmo!
;)))
Avistava-se a foz do rio Arade e os telhados dos prédios vizinhos, era uma noite de verão daquelas que nos convidam a voar pela esfera sideral e que nos deixa suspeitar se efectivamente, seremos descendentes de antigos deuses astronautas.
Rápidamente segurámos a mão um do outro, tão rápidamente quanto os nossos lábios demoraram a unir-se e as nossas mãos irrequietas a descobrir a anatomia um do outro.
Derrepente, um sobressalto: e se vem alguem? e a hora, já passava da meia-noite?
Mais um beijo longo, mais uma corrida louca de mãos em todos os locais desejados e proibidos, arfejos e suspiros, desejos e apertos. Depois a resolução dela, temos de ir.
Segui-a, meio inebriado, meio apalermado. Ao chegar a casa a senhora, tinha preparado uma cama na marquise para mim, ainda me pediu desculpa por ser tão modesta. Meio atabalhoadamente, respondi-lhe que não se incomodasse, que estava muito bem assim.
Cada uma, mãe e filha dirigiram-se ao seu quarto, deixando-me em luta com os meus desejos incontidos e os receios de procurar de novo a mocinha, esperando ainda que fosse ela a tomar a iniciativa de me procurar na marquise.
Como não conseguia adormecer, nem parar quieto na cama, levantei-me e fui colocar-me à janela, fazendo algum barulho para que ela soubesse que a esperava.
Passou algum tempo e nada. Num repente de coragem louca dirigi-me à janela do quarto dela, que dava para a marquise e chamei baixinho. Não obtive resposta. Talvez embalado pelo romance do Romeu e da Julieta, atrevi-me... saltei a janela. Ela fingiu-se surpreendida e zangada, insisti, entrei na cama dela, disse-lhe que estava apaixonado, tentei beija-la, afastou-me, mas percebi que não o fazia com determinação, insisti, cedeu, concedeu, em seguida puxou-me, aceitou-me recebeu-me, amámo-nos. Uma e outra vez, depois, obrigou-me a jurar que ía voltar para a minha cama e que não ía falar nada sobre o assunto. Ainda tentei que mudasse de ideias, beijei-a mais e mais, até que me expulsou com dureza.
Voltei para a marquise, mas o sono não vinha... aproximei-me de novo da janela dela, chamei baixinho, não me deu resposta.
Na manhã seguinte, encontrámo-nos na cozinha para o pequeno almoço. Não trocámos uma palavra, para além do meu bom-dia. A mãe manteve-se calada tambem. Primeiro saíu a filha para trabalhar, despediu-se com um até logo, mãe. Em seguida saímos nós, eu e a mãe. À porta do prédio disse-me, não vale a pena ires aos correios antes das 5 da tarde, nem mais uma palavra.
Percebi que naquele dia, não ía haver almoço para ninguem.
Derrepente tive uma ideia excelente! Fui até à doca onde os barcos de pesca descarregavam o peixe e esperei até conseguir um peixe para o almoço. Naquela altura, já nem a praia, nem as camónes prendiam a minha atenção. A meio da manhã consegui um peixe, aliás um peixão. Uma xaputa enorme, um peixe espalmado, prateado que eu nem conhecia. Ri-me comigo mesmo, pensei... xaputa?! o nome pode ser um bom preságio!!!
;))))
Peguei no peixe e fui até um sapal onde hoje se localiza a marina de Portimão, coloquei o peixe em cima de umas ervas à sombra e fui recolher paus para fazer uma fogueira. Ao meio dia estava a assar o peixe, encarnando a figura de um nómada em plena travessia do deserto. Depois de assado, comi o peixinho à mão. Uma lambuzisse completa, mas que encarei com uma valente dose de humor.
A noite anterior não me saía da cabeça, o desejo de voltar a encontrar a filha da senhora, superava outra coisa qualquer. Fiquei por ali um bom bocado a olhar os barcos que entravam e saíam do rio, as águas que corriam, a passarada à volta, etc. Antes de voltar aos correios, ainda passei pela Rocha, mas o areal já não me disse nada, nem as estranjas nas esplanadas dos bares. Deambulei até à estação dos correios. Ao chegar, encontrei duas pessoas para serem atendidas, esperei. Enquanto esperava, notei os olhares hostis que a senhora me lançava, percebi que ía ter complicações. Chegando a minha vez, sem mais palavras a senhora estendeu-me um talão para eu assinar e começou a contar as notas... 500 escudos... porreiro já me dava para muita coisa. Colocou o dinheiro em cima do balcão, recolheu o talão assinado, olhou para mim muito séria e com cara de poucos amigos e avisou-me: olha meu menino, tenho aqui a morada dos teus pais em Lisboa, portanto ficas a saber, se houver problemas com a minha filha, os teus pais vão saber de tudo e vão ter de resolver a situação.
Foi como se tivesse levado um estaladão que me tivesse virado a cabeça ao contrário. E ainda rematou: não se pode ser bom para ninguem... ajudei-te e pagaste-me daquela maneira?! Vai-te embora... desaparece daqui e livra-te de voltares a minha casa, se voltares, já sabes, chamo a polícia.
Saí da estação e senti-me destroçado, esmagado, injustiçado e tremendamente envergonhado. Quase automáticamente cheguei até à mota, montei-me e comecei a conduzir sem destino. Quando dei por mim, estava em Lagos, sentei-me à beira do rio, sem notar nada do que me rodeava, nem pessoas nem nada, tinha só o olhar fixo no movimento das águas do rio. Às tantas, um bêbado, ou um louco, ou as duas, ou nenhuma das duas, sentou-se ao meu lado e começou a falar de coisas que eu não percebia o sentido, mas que foram aos poucos captando a minha atenção. Falou, falou e comecei a achar piada ao sotaque, era um tipo inglês que veio ao Algarve e se foi deixando ficar por ali. Vivia de tudo e de nada, como ele próprio dizia. Passado um bocado, tirou do bolso de dentro do blusão o resto de uma sandes e ofereceu-me. Peguei na oferta, atirei com ela para o rio e disse-lhe, fica para os peixes, pá. Nós vamos mas é os dois jantar a um restaurante, pago eu, bora!
Levantou-se, sempre a tagarelar coisas para as quais eu não conseguia achar um sentido e lá fomos à procura de um restaurante. Acabámos numa tasca que ele conhecia, voltei a jantar peixe, ele pediu um prato com: alface, cenoura, azeitonas, beterraba e queijo. Partimos o côco a rir os dois, um com o outro, bebemos umas cervejolas valentes e voltámos para o centro de Lagos.
Andámos por ali a cheirar o ambiente, eu a meter-me com a estranjas e elas a mandarem-me bugiar, ele a debitar coisas malucas sem sentido. Já de madrugada, perguntou-me se queria ir dormir a casa dele... Oh pá, isso agora é que é mais complicado, pensei... o gajo era um homem e eu, um chavaleco. Mas, rejeitar a oferta, podia revelar-se improcedente. Como sempre fui um tipo temerário e um tanto inconsequente, lá o fui seguindo até à casa dele. Bom, a casa, não era mais que 4 barrotes de madeira, cravados no chão, com umas telhas de zinco a fazer de telhado e, espalhados pelo chão ao lado de um colchão, montes de cartões, sacos, panos, cobertores, roupas, etc.
Chegados lá, sentou-se no colchão, descalçou as botas, puxou um cobertor e aninhou-se. Fiquei ali a olhar para tudo aquilo e qual é o meu espanto, quase instantâneamente o meu amigo desata a ressonar.
Pimba!
Então, peguei no meu dinheiro, tirei uma nota de 100 escudos, coloquei-a em cima do colchão ao lado dele, com uma pedra por cima e dei de frosques.
Voltei a montar-me na minha moto e rumei a Lisboa. Cheguei a Alcácer do Sal, seríam umas 8 horas da matina. Entrei num café, fui à casa de banho lavar a cara e as mãos e quando me vi ao espelho, estáva com um ar desgraçado.
Então decidi, vou tomar o pequeno almoço e ver se encontro uma pensão para alugar um quarto e dormir um bocado.
Assim foi, lá aluguei um quarto, tomei um bom banho, coloquei o sono em dia e voltei a casa, onde entrei triunfalmente mesmo a tempo da hora do jantar.
A minha mãe preocupadíssima, não parava de fazer perguntas, o meu pai, olhava-me de ladécos e quase não aguentáva a vontade de rir. Quando voltei a caír na cama, foi novamente tiro e queda.
;))))
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Sou... somos
Sou... um sobreiro solitário
enraizado na secura da planície
À minha volta, o torrão gregário
Que se soltou da terra, canície
Esse torrão desagregado
Como eu, solitário companheiro
Persistente desterrado
D'este deserto, marinheiro
Sou... a sombra rotativa
Que acolhe o sol à volta
Sempre achada, prestativa
Em grandes mistérios envolta
E tu... quem és?
enraizado na secura da planície
À minha volta, o torrão gregário
Que se soltou da terra, canície
Esse torrão desagregado
Como eu, solitário companheiro
Persistente desterrado
D'este deserto, marinheiro
Sou... a sombra rotativa
Que acolhe o sol à volta
Sempre achada, prestativa
Em grandes mistérios envolta
E tu... quem és?
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Existências
Se existem flores,
selvagens
Armadas de espinhos,
mansos
Se existem rios,
sem margens
Se existem amores,
descansos
Porque suporto as dores
Porque tremo junto às margens
Porque não me aqueço nos frios
E de te olhar não me canso?
selvagens
Armadas de espinhos,
mansos
Se existem rios,
sem margens
Se existem amores,
descansos
Porque suporto as dores
Porque tremo junto às margens
Porque não me aqueço nos frios
E de te olhar não me canso?
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Onde ?
Devoto do vento
Cavaleiro alado
Liberto do tempo
Eterno,incomeçado
Em esferas armilares
Buscando as razões
Caminhos estrelares
Entre constelações
Lutando pela vida
Ignoto dos tempos
Perdendo a corrida
Que destroi os mais lentos
Já sem paixão
De alma quebrada
Arrastando pelo chão
A lança cansada
Sobre um penedo..
No topo do mundo
Olhando sem medo
O futuro...profundo
Cavaleiro alado
Liberto do tempo
Eterno,incomeçado
Em esferas armilares
Buscando as razões
Caminhos estrelares
Entre constelações
Lutando pela vida
Ignoto dos tempos
Perdendo a corrida
Que destroi os mais lentos
Já sem paixão
De alma quebrada
Arrastando pelo chão
A lança cansada
Sobre um penedo..
No topo do mundo
Olhando sem medo
O futuro...profundo
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