quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Do Paradoxo

Duma reflexão acerca da nossa dignidade - da dignidade dos Portugueses - suscitada pelo comentário deixado pela minha amiga Interessada, ao post anterior, sou compelido a fazer uma análise com base na observação e nas experiências de vida, em suma, na vivência do dia-a-dia.


É certo que a nossa História de largos séculos, se encontra repleta de factos e de feitos que nos caracterizam como povo, atribuindo-nos qualidades e defeitos que tanto nos envergonham, como nos enchem de orgulho.


Não sei se será coerente atribuir a esta "confusão" ou profusão de carácters, concorrentes para uma designação, ou para uma caracterização de um povo, a classificação de matriz.


Se olharmos atentamente para o passado, verificamos com a maior facilidade que ao longo dos séculos, os Portugueses viveram as experiências mais ricas e extravagantes, mais arrojadas e temerosas que qualquer outro povo do mundo. Faltando-lhes somente terem saído do globo terrestre.


Este imenso conjunto de experiências físicas e metafísicas, este enorme caldeirão de ingredientes humanos e espirituais, culminou numa raça com características evidentes de honra, altruísmo, generosidade, alegria, crença religiosa; Superstição, tristeza, avareza, cinismo e malandrice.


Chegados ao século XXI, entramos, segundo a minha opinião, na era do paradoxo refinado.


A sensação que tenho, é a de que, durante todo o tempo da nossa existência como povo e como nação, andámos como que a formar-nos no aprefeiçoamento da arte do paradoxal. De tal forma que nestes tempos que vivemos, ninguém estranha já o paradoxo, encontre-se ele onde se encontrar, chegámos ao cúmulo de já ninguém se incomodar sequer, em encontrar a forma de o combater, de o emendar, de o eliminar. O paradoxo faz parte integrante da nossa existência e da nossa identidade. Já não somos um país, nem uma raça, somos um paradoxo. Um paradoxo global, limitado por fronteiras... não físicas, delimitadas por rios ou por serras, ou por traços riscados no asfalto, não. O que nos limita, é a capacidade mental para entender e agir de acordo com um querer, e com uma razão.

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