Gosto de silogismos!
Gosto; pronto, ponto.
Há quem prefira favas com chouriço, cozido à portuguesa, bife com ovo a cavalo...
Gosto de argumentos; de argumentos que possam ser provados, irrefutávelmente.
Vem este intróito a propósito de uma reflexão, acerca de um texto publicado por um amigo de outro blog, que pode ser lido aqui:
http://quartarepublica.blogspot.com/2011/11/problema-da-grecia-de-portugal-e-da.html
e cujo conteúdo se me afigura como um prefeito silogismo, ou seja; a maior preposição encontra-se no pânico de falência, de perda de toda a "qualidade de vida" e poder de compra, o qual comporta, a capacidade de endividamento e a incapacidade de liquidar o acumulado, que aflige toda a Europa. Passa pela menor preposição; que são as decisões políticas que influenciem a resolução dos problemas económicos e financeiros que afectam a mesma Europa, concluindo-se a falibilidade das uniões dos povos.
Tavares Moreira, na sua reconhecida qualidade de economista, coloca a questão mais à frente de um mero silogismo, fala de egoísmo e de imolação dos mansos cordeiros europeus, àqueles a quem foi mostrado um prado verdejante, apetitoso, mas que não repararam na vedação dissimulada, em redor desse mesmo prado, montada por uma alcateia esfomeada, que vem agora apertando o cerco e de dente aguçado, prontos a saltar no cachaço das indefesas criaturinhas.
A sorte, é que nos guia um lúcido, um iluminado apóstolo, de seu nome, Aníbal, o qual, inspirado pela bucólica imagem de um pastor, conduzindo pela serra o manso e obediente rebanho, nos exorta a vergar a mola sem descanso, ininterruptamente, de sol-a-sol, sem exigirmos paga nem regalias, férias ou descanso. Imolem-se! Grita-nos do alto do seu austero e espartano pedestal. Dêem todo o sangue que tiverem para dar, em nome da salvação económica deste país, governado por políticos que durante décadas satisfizeram as suas gulas, nas levadas de capital que chegaram com o fim de tornar prósperas as mansas ovelhas deste desorganizado rebanho.
Segundo silogismo; preposição maior, logro. Preposição menor; logrados. Conclusão; um epifânio profeta da desgraça!
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
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6 comentários:
Gostei da conclusão.
Uma conclusão muito... concludente! : )
Infelizmente, Catarina...
Numa altura tão crítica, em que o nosso país mais precisava de um "comandante" capaz de dizer o necessário e o acertado, capaz de transmitir confiança e alento aos "seus soldados", temos um miudo-velho que se espanta sempre que vê uma vaca encaminhar-se sózinha para a ordenha, ou sempre que se depara com um rebanho delas a tasquinhar a erva verde. De ensimesmado, passa a declamador entusiasta, quando a visão de um pastor conduzindo o seu rebanho o leva a exortar "os soldados" ao sacrifício e à abenegação em nome do enrequecimento daqueles que já detêm a riqueza e as posições priveligiadas, talvez para que a crise não lhas leve...
Ora abóbora!
Resta-nos a solução menos desejada... a revolta de Vasco Gonçalves e... o Campo Pequeno.
Olá, Bartolomeu
Eu também gosto de silogismos, mais pelo exercício lógico-dedutivo, numa moldura a modos que poético.
Nesta ordem de ideias, desde que se conseguisse demonstrar:
1 - que a declamação entusiasta- do personagem Aníbal, perante a visão do pastor conduzindo o seu rebanho,- é fundamental para a nossa felicidade,
2 - e que a vaquinha, a caminhar para a ordenha, representa uma nova ordem de valores conducentes à regeneração moral e material da troupe que conduz os nossos destinos,
- estas duas preposições passariam a premissas não-falsas e chegaríamos a uma conclusão conclusiva, passe o quase pleonasmo.
Para o caso, o que interessa é o poder da argumentação,da fundamentação, o que aliás não tem faltado à tal classe que habita a Ágora.
Abraço
Olinda
Pois, o pior é que, quando foi mostrado o pardo verdejante aos cordeiros mansos, eles ainda desconfiaram. Mas as luminárias dos seus governantes logo asseguraram que não havia razões para receios, era enfiarem-se de cabeça. Agora, vem a conta.
Mudando de assunto: fiquei muito sensibilizada com o teu comentário no Xaile de Seda, logo indicando a cena onde usei o poema de D. Dinis. Um leitor atento e interessado, coisa rara, hoje em dia. E, ainda por cima, tão amável. Obrigada :)
Concordo com o que escreves, Olinda.
E porque o poder de argumentação é grande, variado e incônscio, assim as Ágoras se multiplicam e tão repentinamente se encontram no centro, como saltam para os extremos.
Pois é, Cristina... por vezes, até tenho a sensação de fazer parte do argumento de um filme de Mr. Alfred Hitchcock.
Quanto ao comentário acerca do teu livro, só posso citar a frase popular "o seu, a seu dono".
;)
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