quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eles, assumem-se republicanos mas, não dispensam o explendor, o glamour das cortes.

Eles, assumem-se republicanos mas, não dispensam o esplendor, o glamour das cortes.
Não dispensam os coches de luxo, o conforto das peles, sedas e damascos, as recepções cerimoniosas, os Porto de honra, os banquetes servidos em porcelanas e cristais, confeccionados por cozinheiros de renome, as viagens em executiva, o motorista perfilado e o porteiro que lhes abre a porta.
Em discursos inflamados, eleitoralistas, eles defendem os mais desfavorecidos, os mais necessitados, as vítimas de uma sociedade que não olha pelos seus cidadãos, vítimas de doença, de desemprego e de outras patifarias que a vida lhes pregou. De punho erguido, juram que farão tudo o que estiver ao seu alcance para mudar essas situações, que são a vergonha de uma sociedade que se rege por princípios de igualdade democrática.
Depois... depois de percorrerem as ruas, vielas e becos, mercados e escolas, depois de abraçar todo aquele por quem passam, depois de receberem de todos a retribuição pela simpatia dispensada e pelos discursos prometedores, recolhem aos hotéis, às sedes de candidatura, rodeiam-se dos seus pares e festejam as vitórias. No dia seguinte já não descem à rua, nem aos mercados, nem aos largos das vilas e aldeias. No dia seguinte, os segurança que os rodeiam, impedem que aquele idoso que na véspera os tinha abraçado e a quem prometeram o empenho na melhoria de condições de vida, de se aproximar. No dia seguinte, entram à pressa para a viatura topo de gama que o Estado, leia-se o idoso, o trabalhador rural, o médico, o comerciante, o empregado de escritório, o professor, contribuíram para comprar. Quanto muito, acena fugazmente, para os mesmos a quem no dia anterior abraçou. É que, no dia anterior prometera aquilo que no dia seguinte, não poderia, nem quereria cumprir. Excepto, usufruir dos luxos, dos dourados, das luzes, do conforto, da arrogância, da distância, do desprezo que a condição lhe permite dedicar a todos que no dia anterior abraçou, beijou, cumprimentou, fazendo-se passar por um igual, conhecedor e sofredor das suas penas, empenhado em lhas aliviar, custasse, o que custasse.

2 comentários:

Olinda Melo disse...

'No dia seguinte já não descem à rua, nem aos mercados, nem aos largos das vilas e aldeias.'

É assim, sem tirar nem pôr.É uma coisa que me assalta o pensamento vezes sem conta.É onde se vê a fragilidade daquilo a que chamam democracia.

Obrigada por este texto tão sentido e tão verdadeiro.

Abraço

Olinda

Bartolomeu disse...

E a revolta interior aumenta, quando pensamos que "eles" são filhos do mesmo povo que os elege e a quem mentem e usurpam, minha Amiga Olinda...