quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Do frio à calentura...

Há na vida quem escreva, como vento que varre a serrania; e sinta, como onda que se espraia no areal.
Há-os que escrevem, tentando exorcizar os tormentos que lhes apertam a alma e lhes provocam  tontura, causada pelo espartilho, que é a condição de mortal que os sujeita.
Outros, buscam na escrita, a chave que abrirá a porta da imensidão, do caminho para o nada, do bálsamo para a existência.

De Rosália de Castro:

Son los corazones de algunas criaturas
Como los caminos muy transitados,
Donde las pisadas de los que ahora chegan
Borran las pisadas de los que pasaron:

No será posible que dejeis en ellos,
De vostro carino, recuerdo ni rastro.

;)

4 comentários:

Olinda Melo disse...


Este teu post apanhou-me ainda por aqui. :)

Gostei muito do que dizes e acho que é mesmo assim. Cada um escreve para exteriorizar sentimentos sejam de tristeza, de alegria, de experiências vividas ou simplesmente procurando o tal caminho ou o tal bálsamo...

Abraço

Olinda

Bartolomeu disse...

É, não é, Olinda?!
É essa também, a minha opinião.
Mas esta reflexão conduz-me a uma outra que me parece superior: porque escrevem certas pessoas, de uma forma tão agradável e cristalina, tão capaz de nos transportar para fora de nós mesmos, ou de nos remeter ao mais fundo do nosso ser?!
Serão seres diferentes?

Rosa dos Ventos disse...

Pois eu pasmo à procura de algo que possa interessar aos possíveis leitores...
Parece que bloqueei! :-((
Quanto ao poema...fiquei arrepiada!
É mesmo verdade!

Abraço

Bartolomeu disse...

Também eu passei por essa fase, Rosinha. E durante alguns períodos não escrevi nada.
Depois pensei: espera, Bartolomeuzinho; quando criaste o blog, tencionavas escrever o que te afluisse ao espírto, ou aquilo que poderia agradar a quem lesse?
E é obvio que conclui que escrevia aquilo que me saltasse a um lugar que não conheço, mas de onde brotam os pensamentos que depois traduzimos por palavras.
Quando por vezes releio aquilo que escrevi há mais tempo, textos, poemas, ou simples frases, concluo que não devia ter publicado alguns. Mas agora não os apago, ganharam o espaço deles e acabam por servir de exercício para a memória, quando tento lembrar-me daquilo que me levou a escrevê-lo.
No entanto, continuo a considerar que os comentários, são na maior parte das vezes mais gratificantes, que o texto, ou o motivo que me levou a escrevê-lo.
Uno abracito Rosinha!
;)