sábado, 4 de setembro de 2010
Porque parámos de querer?
Mahatma Gandhi, teve o seguinte pensamento: «Esquecermo-nos de como cavar a terra e de como cuidar do solo é esquecermo-nos de nós próprios»
Casal de São Simão, é o nome da aldeia que se vê na imagem. Pertence ao concelho de Figueiró dos Vinhos e estende-se pela crista de uma elevação, de um lado e de outro da única rua existente.
As casas, são construídas em Xisto e encontram-se na quase totalidade, restauradas, adaptadas interirormente às "necessidades" modernas e exteriormente, respeitando ao máximo a arquitectura tradicional, empregando materiais naturais.
A origem desta povoação, perde-se nas brumas dos tempos, contudo, sabe-se que os seus habitantes, aqueles que a construiram, trabalhavam árduamente a terra, retirando dela o seu sustento.
Casal de S. Simão, encontra-se entre duas ribeiras, do Fato e de Alge. Do lado da Ribeira do Fato, existe o Vale da Abundância, onde diáriamente, com a ajuda de bois e de burros, homens e mulheres, semeavam e colhiam o seu sustento. Ao longo da Ribeira de Alge, existem ainda, ruínas e velhos moínhos, onde era moído o cerreal, que depois de transformado em farinha, dava origem ao pão que era cozido nos fornos de lenha do Casal. A par com a criação de animais domésticos, a pesca de que as duas ribeiras eram fartas, proporcionávam aos habitantes do Casal de São Simão, duas fontes excelentes de provimento alimentar.
Contudo, chegou a era em que estes habitantes, cansados do trabalho árduo do cultivo da terra, começaram a deslocar-se para as cidades, em busca de "melhor vida".
Hoje, a autarquia, requalificou toda esta área, concorrendo a fundos comunitários para restaurar as habitações e construíndo praias fluviais, acessos e infra-estruturas de apoio às mesmas, visando o retorno e a fixação de populações.
Por enquanto, existe um núcleo de habitantes que ocupa as casas em épocas de férias, não residindo efectivamente nelas, mas mantendo-as, dando alguma vida à aldeia que se encontrava "morta".
Será que um dia irão redescobrir o prazer de cavar a terra, tratar o solo e retirar dele o seu sustento?
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7 comentários:
Seja muito bem vindo ao seu blogue, Bartolomeu! : )
Deve ser desolador ver pequenas vilas e aldeias quase desertas e ter a sensação de que as poucas pessoas que lá vivem o ano inteiro parecem ser de épocas remotas. Bem governado, o país teria tanto para oferecer ao turismo internacional e doméstico. Pelo que se pode antever isso não vai acontecer num futuro próximo.
Bart,
já tiveste uma horta de verdade ?
como se consegue conciliar isso com outros compromissos profissionais ?
oiço falar de casais estrangeiros que compram quintas em Portugal, e fazem cultura biológica, e tbm se dedicam ao turismo rural ~~
acho que isto só é possível para quem tem outras fontes de rendimento, que não lhe roubem o tempo quase todo ~~
viver exclusivamente, da agricultura, em Portugal, parece-me arriscado ~~ mas posso estar enganada; não sei ~~
Não sei por quanto tempo, ou... por quantos post's Catarina, de qualquer forma, agradeço-te a simpatia.
As pessoas que tive a felicidade de conhecer, em todas as minhas deslocações aos lugares mais recônditos do nosso país, possuem uma magia, impossível de encontrar nas cidades... a magia de fazer parte integrante da terra de onde nasceram, da terra que lhes dá o sustento, da terra que sabem, um dia lhes receberá o corpo. Chamo a isto, possuir alma.
E nós Catarina, os da cidade... teremos alma?
Sou um priveligiado, Isabel, porque possuo uma horta!
Sabes?! Resido a 40 km de Lisboa, no cimo de um monte, em redor, vinhedos e espaço, muito espaço a perder de vista. No meu terreno plantei 100 pinheiros, 30 oliveiras e várias árvores de fruto. Plantei um morangal, cujos frutos partilho com a passarada. Todos os anos semeio batata, cebola, alho, alface, fava, tomate, hortelã e salsa.
Não utilizo qualquer tipo de pesticida ou fertilizante, se produzir, optimo, se não produzir, paciência... produzirá no ano seguinte.
Nos terrenos em volta existe todo o género de animais, raposas, ginetes, saca-rabos, furões, perdizes, coelhos, falcões, açores, corujas, corvos, calhandras, melros, pardais que elegeram o meu telhado, como património de utilidade pardalal.
;)
Viver daquilo que a terra nos oferece, é fácil Isabel, desde que não tenhamos compromissos financeiros que nos obriguem a trabalhar para terceiros.
Já tive um rebanho de vinte e tal ovelhas e cabras, perús, patos e galinhas, mais de uma centena, dois porcos e coelhos às dezenas.
Por aqui, podes perceber que viver no campo e do campo, não constitui uma especial dificuldade.
Bart,
se tivesse nascido algumas décadas antes, o mais certo era ter vivido a minha vida assim: dedicada à família, à terra e à bicharada; talvez por influência de séries como " Uma Casa na Pradaria " e de testemunhos de quem foi criado por Mães assim ~~ é esse um dos meus "conceitos" de felicidade ~~ Nasci porém, tarde demais! e sem direito a opção! estudar depressa para começar a trabalhar, trabalhar, e ser mãe ao mesmo tempo; quando finalmente, podia começar a pensar em trabalhar menos horas fora de casa, e a poder ter tudo isso ( horta animais etc etc ) Muda tudo!!! e vejo-me obrigada a trabalhar ainda mais fora de casa, e sabe Deus até quando ~~ Hoje, poder ter uma horta, animais e viver disso, é mesmo um enorme privilégio, ao alcance de muito poucos ~~ Toca a aproveitar bem isso, Bart :)) gostei de ler ~~
Será que parámos de querer?
Ou desaprendemos de o fazer?
Achei uma beldade esta tua faceta!
Agricultor a 40 km da cidade...
Bartolomeu...que grande qualidade!
Parabéns, admiro a tua coragem!!!
E alma todos temos
por desventura,(alguns)
dela não sabemos...
E vou subir mais acima...
tenho vindo numa escadinha
e como estou de sono passadinha
não ligues muito à ladainha!
;)))
A ladaínha foi excelente, Bailarina Levezinha!!!
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