quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Escrevo com aparo...

Alguem que me conhece e sabe que gosto muito de canetas de tinta permanente, ofereceu-me este fim-de-semana, quatro.
São reedições de modelos clássicos dos anos cinquenta. Réplicas quase perfeitas, no corpo, no "clip", na decoração, nos pormenores do aparo. Diferem na forma do enchimento. Todas elas, adoptam o sistema descartável das recargas de encaixe rápido.
Escrever com aparo, é um exercício que exige alguma destreza, arte e... tempo.
Apesar de manter guardadas algumas canetas de tinta permanente que fui adquirindo, não as usava com frequência. Lembro-me que após o exame da quarta classe, entrei abruptamente na era das "bic", amarelas, tampa azul que, como tantos outros, tinha o habito de mordiscar. Não nego que estas velhinhas esferográficas, possibilitávam uma escrita rápida... descomprometida com os preceitos caligráficos, bastante diferente da ritual escrita a caneta de aparo.
Essa, era linda, mais calma, cuidada, com o seu quê, um razoável quê de introspectiva, criativa, até.
Hoje, reaprendo a escrever com caneta de aparo e decidi... vou abandonar definitivamente a esferográfica.
Contudo, não vou abandoná-la assim do pé para a mão, sem antes lhe dedicar algumas palavras de apreço, de carinho... pronto... de agradecimento, apesar de, já não ser actualmente a velhinha "bic" que preenchia o espaço entre o meu polegar e indicador direitos, apoiada no "pai-de-todos".
Não!
Últimamente, utilizava uma ergonómica "uni-ball" Blue Cristal 0.7, que me proporcionáva uma forma suave e confortável de escrita, não me queixo.
Mas hoje decidi: vou voltar à tradicional escrita com aparo, vou ter de voltar a exercitar a agilidade do punho.
Exactamente, do punho... ah não sabiam?!
Mas é assim mesmo... quando se escreve com aparo, não se apoia a mão!
Pois... aí é que reside a dificuldade e a "arte"... é tudo feito a pulso!
;))))

13 comentários:

Baila sem peso disse...

Bem, lá que vai ser difícil comentar
Aqui com a rima sem falhar
Ai, isso vai! Mas então direi:
Com a tinta permanente numa escrita
Fica a beleza do texto bem descrita
E para continuar também digo
Meu passado (escrita já se vê)foi parecido :)
Ainda hoje não troco a permanente
Por nada que seja muito diferente!
Também já fiz um intervalinho
Com as Uni-ball Blue cristal 0.7
Pela sua suavidade, sim senhor
Mas quem me tira a tinta permanente
Tira-me o pão ao dente ;))))
Ah, e tenho cá em casa algumas sim
Divididas por o filhote e por mim...
Agora essa de não apoiar o pulso...
Muito bem pensando e aqui explicado
Deu para um sorrisinho bem amanhado!!!:)))

Bartolomeu disse...

Escrever um sorriso com aparo
Uma memória... uma saudade...
Neste tempo mitigado tão avaro
Requer do escriba agilidade
Da caneta, um traço de verdade
Do leitor, um... não reparo!
;)

Rosa dos Ventos disse...

Parabéns pelo teu texto!Gostei dele, sinceramente...
Sou do tempo, por aqui podes imaginar,em que ainda havia nas carteiras o tinteiro de cerâmica branca com tinta lá dentro para as meninas que ainda não tinham caneta de tinta permanente molharem a caneta com um simples aparo na ponta.
Disse meninas, mas na dos meninos era igual...
Creio que não haverá muita gente a pegar em lápis, canetas e esferográficas como eu faço.
A professora nunca conseguiu que eu usasse essa posição dos dedos que tu descreves que é, afinal, a correcta!
A minha primeira caneta era verde mesclada de cinzento...
Sujava-me um pouco os dedos, já não era nova. Herdei-a do meu pai! :-))
Cá por casa há algumas até muito valiosas, um dia destes vou "ressuscitar" uma...e vou fazer como tu!

Abraço, Bartô

Bartolomeu disse...

Olá Rosinha!!!
Também colecciono relógios de bolso e de pulso!
;)))
E... tanto as canetas, como os relógios, são paixões antigas, portanto, não tem a ver "só" com nostalgia, tem a ver com genuínidade, no meu ponto de vista.
Gostava de poder coleccionar carros antigos, ou de outras máquinas.
Olha, ha algum tempo um amigo convidou-me para visitar uma quinta que um amigo dele tinha adquirido recentemente.
É uma quinta agrícula, enorme, com um casarão sumptuoso, estratégicamente localizado e com as dependências agrículas, necessárias.
Na adega, um casarão enorme, ainda equipado com as maquinarias e os processos de antanho, nas abegoarias, com os utensílios necessários e próprios de outras épocas... perdi-me, deslumbrei-me, inebriei-me, eu sei lá.
Só te digo... foi como se tivessem dado o melhor brinquedo a um puto.

Catarina disse...

A sua coleção (ou coleções diversas) que, de certa forma, denota ser um homem de letras (:)), aliada à sua indiscutível paixão por tudo o que se refere a agricultura, é uma combinação fascinante!

Bartolomeu disse...

É verdade Catarina, interesso-me por tudo aquilo que é pensado e criado pelo, sobretudo se o seu movimento depender da acção humana.
Como por exemplo, uma malhadeira!
;))))))
Sério!!! uma malhadeira é uma máquina que separa o grão da pragana.
Ora bem, se pegarmos numa espiga de trigo e quisermos separar os grãos do trigo, vamos ter de usar de alguma destreza e cuidado. No entanto, o homem foi capaz de conceber uma máquina que executa esse trabalho com uma precisão superior à sua própria. Extraordinário, não te parece?
Outro exemplo. O moínho.
Se pretendermos transformar o mesmo grão em farinha, precisamos de duas pedras, uma onde assenta o grão, outra que através de pressão o esmaga. Mas, para que consigamos moer convenientemente a quantidade suficiente de grão que nos permita cozer um pão, vamos ter de dispender algumas horas e bastante esforço físico.
Então o homem concebeu uma máquina que, movida pela força do vento e utilizando pedras enormes, consegue reduzir os grãos a farinha quase sem que o homem necessite de empregar a força física.
Isto dito deste modo, até parece uma brincadeira de meninos, mas, para chegar à concepção do sistema todo e à dimensão das peças que compõem o conjunto, assim como o funcionamento de toda a mecânica, totalmente artesanal... minha amiga, acho que os crâneos da actualidade, monidos de todo o apoio informático e de todo o conhecimento científico, são perfeitos aprendizes comparativamente com aqueles "engenheiros/artesãos".
;)))

Sandra disse...

E são as coisas que nos dão mais prazer são as conseguidas a pulso, não?
:)

Bartolomeu disse...

hehehehe!!!
Pois... Sandra.
à falta de melhor...

Sandra disse...

Ok
Ok
Denotei aí uma conclusão um bocado ao lado...e que realmente depois de reler o que escrevi.....

Mas o que quis dizer foi que valorizamos mais o que é difícil...pois isto sim...o resto não sei...

;)

Bartolomeu disse...

Quando mencionei " à falta de melhor"... referia-me ao computador, minha amiga Sandra.
É evidente que tu também!
;))))

Sandra disse...

(Ok...não faço mais comentários sobre isto que me está tudo a sair ao lado)
...
:)

Bartolomeu disse...

;))))
Essencial é que saia, Sandra. Seja ao lado... ou não!
;))))

Sandra disse...

(...)

:)