Cresce feliz, alegre e saudável a pequena Braclané. Não podemos afirmar que a sua infância tenha sido igual à de outras crianças da sua idade e do seu tempo. Foi certamente criada com a máxima dedicação e muito amor. Estes privilégios não lhe foram prodigalizados pelos progenitores, que devido aos acasos da vida, não teve possibilidade de conhecer. Foram, outrossim, as rameiras do bordel onde foi recolhida, como se de convento se tratasse, que lhe dedicaram as atenções e carinhos necessários ao seu saudável crescimento físico e espiritual. Espiritual, sim! Porquê esse vosso ar de pasmo? Para que saibam, as pupilas de mm Balbina, esmeravam-se na educação e acompanhamento da pequena Braclané. Logo que ela cresceu o suficiente para entender as "coisas" superiores da vida, empenharam-se em que a pequena Braclané, conhecesse todos os meandros escuros que neste mundo a poderiam tomar de surpresa. Mostraram-lhe com exemplos práticos, tudo aquilo que para bem de si mesma deveria evitar, assim como o que poderia servir-lhe e tornar-se-lhe útil. Foi o bordel de de mm Balbina, uma universidade de todas as ciências para a pequena Braclané.
Porém, com o passar do tempo, Braclané foi crescendo e os seus sentidos, foram naturalmente despontando para o amor.
Certo dia, com a idade de 15 anos, quando passeava no jardim público acompanhada de duas cortesãs do bordel, o seu olhar cruzou-se com um olhar penetrante, simultâneamente doce e meigo de um belo rapaz louro que ela já tinha observado anteriormente por trás das cortinas da janela, que garantiam o recato e a penumbra do seu quarto. Eram uns olhos grandes, azuis, expressivos, enquadrados num rosto singularmente belo e másculo, que lhe recordou de imediato a figura de um deus grego que vira gravada numa página de um livro que o Sr. Conde de Monte a Nelas, seu protector, lhe havia oferecido.
Aquela visão tão fugaz, foi o suficiente para que durante toda a noite, o belo rosto do rapaz, não lhe saísse do pensamento. No dia seguinte, logo pela manha, Braclané levantou-se e imediatamente se foi colocar por trás dos cortinados da janela, na esperança de a todo o momento avistar a silhueta daquele que passou a ser a sua razão de existir.
Passado algum tempo, quando uma das serviçais do bordel a chamou para descer à sala de jantar, porque estava servido o desjejum, já Braclané só se encontrava em corpo naquele quarto, o seu olhar, atribuladamente buscava por entre os transeuntes o olhar magicamente magnético daquele que lhe furtara o sono durante a noite anterior.
Como não respondesse ao seu chamado, a serviçal de seu nome Bela Racha Berta, conhecida no bordel por Bela Racha, aproximou-se de Braclané e despertou-a daquele sonho, tocando-lhe no braço. Lentamente Braclané voltou o rosto na direcção da Bela Racha, indagando o que queria. -Vossa madrinha, mm Balbina, mandou avisar que está servido o pequeno almoço menina.
- Vai e diz a minha madrinha que não vou descer, falta-me o apetite.
- Mas, está doente menina?
- Não! Simplesmente não tenho vontade, vai e diz isso a minha madrinha.
Nesse momento, como que por magia, passa defronte à janela de Braclané o deus loiro, lenta e majestosamente. O sol da manhã faz dourar ainda mais os seus cabelos encaracolados, transformando a sua figura em algo grandioso, quase irreal.
Braclané, sente de súbito que as forças a abandonam e que os seus joelhos tremem de fraqueza. A serviçal, vendo que Braclané está prestes a desmaiar, apressa-se a segura-la, encostando-a a si, abanando-lhe para o rosto com a mão.
- Então menina, não se está a sentir bem?
- Já passa Bela Racha, foi uma indisposição ligeira.
Mas a aflição com que voltou para junto da janela atraiçoou-lhe o disfarce, dando a perceber à serviçal, a origem do leve desmaio.
Com um olhar maroto, Bela Racha deu a entender que tinha percebido tudo e Braclané, incapaz de disfarçar o seu desatino pediu-lhe que não contasse nada do que se tinha passado a sua madrinha. A serviçal prometeu que nada diria e logo ali se estabeleceu uma cumplicidade entre ambas.
Já mais confiante, Braclané ousou perguntar à sua amiga Bela Racha, se conhecia o garboso rapaz louro que se detinha em frente à sua janela.
- Conheço muito bem menina, é o menino Óscar Alho do Rego, filho do Senhor Barão Jacinto Leite Capelo Rego, habitam um palácio situado ao princípio desta rua.
Porém, com o passar do tempo, Braclané foi crescendo e os seus sentidos, foram naturalmente despontando para o amor.
Certo dia, com a idade de 15 anos, quando passeava no jardim público acompanhada de duas cortesãs do bordel, o seu olhar cruzou-se com um olhar penetrante, simultâneamente doce e meigo de um belo rapaz louro que ela já tinha observado anteriormente por trás das cortinas da janela, que garantiam o recato e a penumbra do seu quarto. Eram uns olhos grandes, azuis, expressivos, enquadrados num rosto singularmente belo e másculo, que lhe recordou de imediato a figura de um deus grego que vira gravada numa página de um livro que o Sr. Conde de Monte a Nelas, seu protector, lhe havia oferecido.
Aquela visão tão fugaz, foi o suficiente para que durante toda a noite, o belo rosto do rapaz, não lhe saísse do pensamento. No dia seguinte, logo pela manha, Braclané levantou-se e imediatamente se foi colocar por trás dos cortinados da janela, na esperança de a todo o momento avistar a silhueta daquele que passou a ser a sua razão de existir.
Passado algum tempo, quando uma das serviçais do bordel a chamou para descer à sala de jantar, porque estava servido o desjejum, já Braclané só se encontrava em corpo naquele quarto, o seu olhar, atribuladamente buscava por entre os transeuntes o olhar magicamente magnético daquele que lhe furtara o sono durante a noite anterior.
Como não respondesse ao seu chamado, a serviçal de seu nome Bela Racha Berta, conhecida no bordel por Bela Racha, aproximou-se de Braclané e despertou-a daquele sonho, tocando-lhe no braço. Lentamente Braclané voltou o rosto na direcção da Bela Racha, indagando o que queria. -Vossa madrinha, mm Balbina, mandou avisar que está servido o pequeno almoço menina.
- Vai e diz a minha madrinha que não vou descer, falta-me o apetite.
- Mas, está doente menina?
- Não! Simplesmente não tenho vontade, vai e diz isso a minha madrinha.
Nesse momento, como que por magia, passa defronte à janela de Braclané o deus loiro, lenta e majestosamente. O sol da manhã faz dourar ainda mais os seus cabelos encaracolados, transformando a sua figura em algo grandioso, quase irreal.
Braclané, sente de súbito que as forças a abandonam e que os seus joelhos tremem de fraqueza. A serviçal, vendo que Braclané está prestes a desmaiar, apressa-se a segura-la, encostando-a a si, abanando-lhe para o rosto com a mão.
- Então menina, não se está a sentir bem?
- Já passa Bela Racha, foi uma indisposição ligeira.
Mas a aflição com que voltou para junto da janela atraiçoou-lhe o disfarce, dando a perceber à serviçal, a origem do leve desmaio.
Com um olhar maroto, Bela Racha deu a entender que tinha percebido tudo e Braclané, incapaz de disfarçar o seu desatino pediu-lhe que não contasse nada do que se tinha passado a sua madrinha. A serviçal prometeu que nada diria e logo ali se estabeleceu uma cumplicidade entre ambas.
Já mais confiante, Braclané ousou perguntar à sua amiga Bela Racha, se conhecia o garboso rapaz louro que se detinha em frente à sua janela.
- Conheço muito bem menina, é o menino Óscar Alho do Rego, filho do Senhor Barão Jacinto Leite Capelo Rego, habitam um palácio situado ao princípio desta rua.
18 comentários:
Fantástico!
Brancalé lembra-me Eliza Sommers a "Filha da Fortuna" e, agora, a descrição do rapaz, remete-me para Dorian Gray, do sublime romance de Oscar Wilde. Questiono-me se estes autores não terão tido acesso às suas fontes, Bartolomeu.
Uma coisa é certa. Você é muito melhor.
Estou ansiosa por ler os próximos capítulos.
Tenha um bom dia, meu caro.
;)))
Bartolomeu. bartoomeu...isso é o que se chama avançar à força toda...
Fico feliz de te ver tão solto e inspirado...
...Eu sabia que a prosa havia de levar a melhor...
É que para além de seres um poeta por opção nâo conseguiste apagar em ti o prosador nato...
Sai-te mesmo bem.
Parabens.
Avançando a esta velocidade meu amigo a menina não vai aproveitar nada da vida. Hoje já tem 15 anos e amanha está a escrever "Eu Brancalé" .....
:o)
Acho alguma piada à linguagem mas para ser franca a estória é realmente uma daquelas novelas com cheiro a Camilo (a linguagem também, safam-se os nomes por brejeiros)...para dar alguma originalidade à OBRA! Realmente escrever por encomenda é quase sempre uma seca. Volta a ser quem és querido Bartolomeu.
Tão erudita minha amiga Sirk.
Não aspiro a tão altas comparações.
Os próximos capítulos estão na forja.
;))))
Pois é sombrinha, cometi o acto da cajadada, ou seja, com uma só cacei 2 coelhos.
Fiz a vontade à sugestão da Sirk e ao teu desafio de escrever prosa.
Existe porém um senão relacionado com a escrita em prosa, que provávelmente um dia te irei revelar.
Até lá... beijos e mais beijos, que muitos, serão sempre de menos.
;))))
Anabelinha de mi corçon, no crées que 15 años és una optima edad para iniciar a... a... a... isso!?
;)))))
Maria Eduarda Horta, minha querida e arredada amiga. Suponha-te nas Caraíbas, em filmagens com o Rui de Sousa.
;)))
Tu sabes querida Maria Eduarda, que mesmo que me travista, não deixarei nunca de ser o Bartolomeu.
Depois, é sempre necessário conhecer tambem o sabor do sal, para que a vida não se torne enjoativamente doce.
Já agora, quando é que voltas a publicar uma das tuas histórias verdadeiras?
Tenho saudades de te ler e de te comentar.
Um beijo do tamanho do mundo.
Amanhã a moça já tem 30 anos e depois 45... Estás a saltar anos de oiroooo :o)
Vim cá pela primeira vez e gostei:)
Só acho também que a história se está a desenrolar muito depressa...
Fico, expectantemente, à espera dos próximos capítulos.
As personagens têm mesmo que ter esses nomes? É que assim nem ligo ao enredo, passo á frente a ver se há gente nova a entrar na história.
Só tu! :)))))))
É preciso ter calma Anabela... muita calma, a passagem do tempo é inexorável.
;)))))
Olá andorinha, efectivamente esta é a tua primeira aparição, que me deixa bastante feliz.
Sabes que esta modalidade de escrita é novidade para mim, talvez por isso ainda esteja desfazado nos timming.
De qualquer modo, o importante é que a nossa Braclané cresça feliz e saudável e se para isso a nossa contribuição se revelar importante, que se contribua então.
;))))))))))
Leozinha!!!!!
por onde tens andado minha furtiva amiga?
Sabes que as tuas opiniões e ressalvas são o oxigénio da minha escrita. Portanto faz o favor de te manteres sempre à mão... às mãos...
;)))))))))
BartÔ ...
Adoraria ver a equipa do Herman a representar este teu texto....
A Bela Racha Berta interpretada pela Maria Vieira!!! seria divino...
Estou te a dar outro canal que não a TVI ....mas acho que seria lindo.
Jinhos
BF
ahahahah! :D a sério, pá, tenho de vir cá mais vezes pela manhã para começar o dia bem disposta...
(e logo que possa cá me venho ler o resto desta intrigante novela romanesca) ;)
Drinha Poila :)))
A Maria Vieira era a actriz ideal para interpretar a Bela Parrachita, tens toda a razão... e, tens "olho" prá coisa, vou pensar num negócio em sociedade contigo... assim coisa, tipo uma televisão privada, com toda a programação de humor.
Até o telejornal...
hummmm
Bom, isso não seria inédito...
vou pensar no assunto
lolololol
Vem-te sim Fabulosa, sabes que este cantinho está aberto 24 horas e a tua visita é sempre desejada.
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