terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O Ano Novo do Bartolomeu, continuação...

Apesar de o dia se apresentar invernoso e de me achar despido sobre a roupa de cama, a minha pele e a de Amélia que se achava deitada ao meu lado, quase queimavam.
Ainda aturdido pela velocidade vertiginosa a que os acontecimentos recentes tinham ocorrido, tentei reorganizar os pensamentos, as memórias e as imagens que se iam sucedendo no meu espírito. Tudo se apresentava incrivelmente irreal, porém, ao meu lado, naquela cama, lá estáva o corpo divinal de Amélia, mágicamente despido, como que atestando a realidade do que me parecia irreal.
Voltei-me então para Amélia que me olhava serena, suave e linda. Tive a sensação que o seu corpo flutuava, esfreguei os olhos tentando retirar o resto de turpor que pudesse fazer-me entender erradamente o que via. Amélia flutuava, talvez a um centímetro da roupa de cama, mas tinha a certeza que a pele das suas costas não a tocava. Amélia flutuava! Admirado, estendi a mão na sua direcção, tentando tocar-lhe. Nesse momento Amélia, com uma agilidade surpreendente, e antes que a tocasse, levantou-se, colocou de novo o robe e exibindo o seu sorriso mais amoroso, estendeu a mão na minha direcção, enquanto me pedia... vamos tomar um banho Bartolomeu?
Senti que algo me impulsionava, fazendo com que saltasse da cama e num ápice me encontrasse de mão dada com Amélia, que me conduziu para o quarto de banho.
Não trocámos uma palavra enquanto percorríamos o espaço que nos separava da porta, quando entrámos, deparei com a presença de uma figura feminina que ainda não havia conhecido até àquele momento.
Tratáva-se de uma jovem, aparentando 15 ou 16 anos, de aspecto frágil, tom de pele ligeiramente nacarada, olhos grandes, mas inexpressivos, cabelos loiros muito longos, seguros por uma tiara ornamentada de profusas flores minúsculas de multi cores, vestia uma túnica branca, fina, de onde transparecia integralmente o seu corpo esguio e franzino. Segurava numa das mãos um pote de cristal, de onde retirava sais aromáticos que ia espalhando na água da banheira.
Logo que entrámos, Amélia apresentou a nova personagem.
Esta menina chama-se Pelítia, é minha aia, mantem-se permanentemente ao meu lado e satisfaz-me em todos os meus desejos.
Enquanto fazia esta apresentação, Amélia passava meiga e lentamente a costa dos seus dedos pelo rosto de Pelítia. Enquanto que esta, mantendo o olhar baixo, desenhou uma breve flexão de joelhos, demonstrando obdiência e assentimento.
Achei que não me devia dirigir a Pelítia, mas não deixei no entanto de a observar, tentando intuír o significado de todo aquilo que se me estava a revelar.
Amélia parou em frente a Pelítia e voltou-se de costas, enquanto esta, poisando o pote dos sais lhe retirou o robe que a cobria. Depois, Amélia, deu-me de novo a mão e conduziu-me à banheira, de onde tinha começado a saír um leve vapor de água. Entrámos, a água estáva surpreendentemente gelada, porém isso não me causava qualquer incomodo, pelo contrário, senti que aquele gelo em contacto com a pele, me conduzia para um bem estar relaxante, convidando-me a descontraír. Entrei completamente naquela água revigorante, semi-cerrei os olhos e senti os pensamentos de novo a viajar. Lentamente, voltei a concentrar a atenção no local onde estava e em tudo o que me rodeava , abri os olhos. Estava realmente dentro daquela imensa banheira, onde tambem se encontravam Amélia e Pelítia, que suavemente deitava água com uma concha de prata sobre os ombros da sua ama...

10 comentários:

Anabela disse...

Não li com a atenção devida, mas deixa cá ver se entendi.....
O teu desejo para 2008 (que é o mesmo desde 1958) era uma mulher, que como principal predicado devia gostar de farfalho e já agora, ser lavadinha :o)
Aparece uma velha cheia da guito que se transforma que nem "wonderwoman" numa maravilhosa "farfalhadeira"
Agora conta lá que te tiraram os gajos (ainda bem que a cicatriz é cá pra cima) ????
Estou mto curiosa pelo desenrolar, embora estejas mto politicamente correcto :o(

Bartolomeu disse...

Sem leres com a necessária atenção, não vais conseguir intuir Anabelinha linda.
Mas fiquei a reflectir na tua observação acerca do já longo precurso do meu desejo... desde 1958.
hehehehehe
Tens razão, foi precisamente nesse ano, mais concretamente em Setembro que fui condenado pelo tribunal de Carrazeda de Juveneis a prisão perpétua por violação dos cânones matrimoniais...dela... a marquêsa...
lololol
Um beijão Anabelinha querida!!!

lenor disse...

Pelítia, fica-lhe bem! Vem de pele de pétala.
Continua :)

Bartolomeu disse...

Pelítia é um nome helénico, já que a coisa está a pender para o místico... tive de arranjar uma princesa encantada... ou terá sido um encanto de princesa?
vamos ver no que dá!
;)))))

Rosa dos Ventos disse...

Está-me cá a parecer que andas a frequentar SPAs onde usam produtos alucinogéneos! ;-)))

Paula Crespo disse...

"Imaginação ao poder" - sem dúvida que este lema fica-te bem :-)
Tenho um presentinho para ti no meu blogue...

António Miguel Miranda disse...

Divulgação

Um Blog ,dois livros!

www.camaradachoco.blogspot.com

“Camarada Choco”

e

“Camarada Choco 2”
António Miguel Brochado de Miranda
Papiro Editora

Papelaria “Bulhosa” Oeiras Parque, Papelarias “Bulhosa”, FNAC ou www.livrosnet.com

Tema: Haverá uma fronteira entre os Aparafusados e os Desaparafusados?"

Filmes de Apresentação no “Youtube” em “Camarada Choco”

Bartolomeu disse...

E parece-te muito bem Rosa... reparaste nos sais que a mocinha espalhava na água e no vapor que saía de lá?
Eu desconfiei logo daquilo, cheirou-me a um cheiro esquisito...
~loloolol
Um beijo rosa!!!

Bartolomeu disse...

Adoro presentinhos, Paula, nem podes imaginar quanto.
Não me digas que me vais oferecer um Ferrari, amalelo...?
Vê lá... olha que aceito!!!
Um grande beijo Paula, pelo teu carinho!!!

Bartolomeu disse...

Camarada Choco, sejas bem-vindo.
107 anos e ainda virgem?
estou em crer que no mundo zoologico, a vida sexual dos moluscos não é fácil... talvez aquela cena das patas na cabeça...bem, adiante.
Camarada choco... belo blog, belos posts, belas reflexões.
A par do espírito crítico, caustico até, mantem-se nele o humor. Afinal, a situação política e social deste mundinho que por vezes, vá-se lá enter como ou porquê, se sai da casca (não a do choco) e é tão capaz de enormes feitos, como das mais baixas vilezas.
É deste modo que somos e, do qual parece que não conseguimos descolar.