sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O papel do embrulho.

A pele que nos cobre e nos empresta uma aparência, a qual tentamos modificar de acordo com as situações, as épocas e as modas, serve também para cobrir um conjunto de órgãos e uma estrutura muscular e óssea que nos possibilitam a movimentação, a existência, da forma que fomos concebidos.
Podemos assim sintetizar de uma forma muito ligeira, que a pele está para os humanos, como o papel de fantasia, para os presentes de Natal, ou de aniversário...?!
Poderíamos mas na verdade, a nossa pele encontra-se num patamar de apreço, superior ao do papel que reveste o presente.
No caso do presente, o nosso primeiro olhar, dirige-se para o revestimento, para o brilho, o colorido, os motivos de decoração, a forma como está colocado mas, logo de seguida, o papel do embrulho deixa de ter qualquer interesse, muitas vezes, passado o momento inicial de apreço, até o rasgamos, na pressa de conhecer o que se encontra no interior; o objecto que dele se reveste.
Quanto à nossa pele, à pele que nos reveste os interiores e nos confere uma forma exterior, aquela forma porque somos conhecidos visualmente e que muitas vezes desejamos alterar de acordo com diferentes factores, por vezes até, de acordo com o estado de espírito... quanto a essa, nunca a curiosidade nos leva a querer rasga-la, para conhecer o que está dentro. Salvo nos casos em que algum dos órgãos interiores necessite de uma intervenção externa.


Dir-me-ão que esta analogia que estabeleci entre o papel de embrulho e a nossa pele, é no mínimo estapafurdia, que não tem nada a ver, que muitos de nós, sobretudo aqueles que se preocupam mais com a sua imagem, o seu aspecto exterior, o fazem para se sentir melhor consigo mesmo, que o fazem, no sentido de buscar felicidade através da janela da imagem que o espelho reflecte.


É verdade, sei-o por experiência. Certos dias, ao olhar-me ao espelho, vejo nele reflectida uma imagem que me agrada mais. Nesses dias, sinto uma alegria interior, um desejo maior de me movimentar, de fazer coisas novas, de ir a lugares diferentes, de conversar, de trocar ideias, de subir a uma montanha, olhar o mundo, e reflectir.


Gosto imenso de reflectir acerca das coisas humanas, dos "quê" e dos "porquê".


Mas... esbarro frequentemente numa questão: A questão da felicidade. Todos concordamos em que, o maior desejo da humanidade é o de alcançar a felicidade; Verificamos no entanto, que muitos de nós, se ocupam quase exclusivamente a criar situações que impeçam ou dificultem os outros de alcançar a sua própria felicidade, a sua realização pessoal, em suma, de se cumprirem nos seus desejos e objectivos.


Talvez porque os objectivos individuais se cruzam e interferem, se chocam e se impedem de evoluir...?


Talvez a Humanidade precise de uma consciência universal tão perfeita, capaz de conseguir dirigir as consciências individuais no mesmo sentido, sem que colidam entre si e, sem que percam a sua capacidade de decidir em que sentido pretendem ir.


Impossível?


Não me parece... aliás, acho até que é precisamente a existÊncia dessa consciência universal que está a permitir que as consciências individuais colidam e não encontrem a saída adequada que lhes permita entrar no caminho da evolução.


(Este post foi inspirado por um outro de um amigo, que pode ser lido em: http://massanocardoso.blogspot.com/2012/02/diversidade.html)

3 comentários:

Olinda Melo disse...

A pele!
Nada estapafúrdia esta tua analogia. A pele, o maior órgão do ser humano e, o mais interessante é que se tivéssemos a loucura e a coragem suficiente para a levantarmos veríamos como somos todos iguais,especificidades genéticas à parte. Além disso, a pele, o seu aspecto, a sua aparência, a sua cor, têm ditado convulsões e grandes injustiças nas sociedades. E continua, agora de uma forma mais encoberta.
Aqui aplicaria a biodiversidade que o artigo que indicaste refere, praticamente nunca tida em conta, mas fundamental para o entendimento entre os homens.
A analogia com o papel de embrulho é muito interessante. Este cumpre o seu 'papel' e é deitado fora. Aquela, crucial para que continuemos vivos. Tal como a sua extensão, poderíamos alargar os nossos pensamentos a nível universal de modo a encontrarmos o tal espírito de entre-ajuda e levarmos este barco a bom porto...

Abraço

Olinda

Bartolomeu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bartolomeu disse...

É esse, que considero o grande "mistério da humanidade" Olinda; apesar de toda a diversidade e biodiversidade, a humanidade caracteriza-se - penso que posso utilizar este paroquialismo - pela busca de um único objectivo: a Felicidade.
O problema, reside nos meios que utiliza para alcançar esse desiderato.
Um abraço minha Amiga Olinda!
;)