segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Silêncio...!



Ouve-se, o silêncio?
Sim! E a distância também.
A ausência dos ruídos comuns, aqueles que nos habituámos no dia-a-dia a escutar, é uma sensação estranha. Quando sucede encontrar-nos num local e, subitamente percebermos que não existe qualquer ruído em nosso redor, somos instintivamente compelidos a prestar maior atenção ás formas físicas que a nossa visão alcança.
O local onde a foto deste post foi obtida, situa-se na Serra do Açor. Um local elevado, de onde se avistam em toda a volta, pequenas povoações e serras... serras após outras serras, dando-nos a ilusão que o mundo é uma sequência infindável de serras, montes que se perdem, horizonte fora, até ao fim do mundo.
Passei neste local, cerca de 45 minutos, sem que passasse um único automóvel, se passasse 45 horas, 45 dias, 45 anos, 45 séculos, talvez o tempo não fosse outro que aquele que demorou 45 minutos.
A ausência de ruído, após os primeiros instantes de surpreza e de "ajuste" do nosso sensorial ao silêncio, conduz-nos ao relaxe, ao esvaziamento e abre a porta que nos transporta até ao auto-conhecimento, ao entendimento do que somos, de que somos e do que desejamos ser.

6 comentários:

Catarina disse...

É desse silêncio que tanto anseio, por vezes.
Podemos ter saudades de fazer algo que nunca fizemos? É que eu tenho saudades de viver no campo – esporadicamente! - e poder usufruir desse silêncio, dessa contemplação da natureza, dos momentos em que somos nós e a terra, as árvores, os pássaros, as montanhas, as serras e o horizonte a perder de vista.
Ai que estou numa de saudosismo hoje!

Bartolomeu disse...

Catarina, como sabes, vivo no campo.
Aqules amigos que me visitam pela primeira vez, dizem habitualmente que sou um priveligiado, que se pudessem, também viveriam no campo.
Por vezes calo-me, não adianto conversa, outras, quando estou com pachorra, pergunto-lhes, se vivessem no campo, como eu, que tipo de casa construiríam e como ocuparíam o tempo.
Respondem ivariávelmente, que faríam uma casa com uma grande sala, com lareira, com um grande relvado, com piscina e campo de ténis, que teríam cães, etc.
Ou seja, a maioria das cabeças está povoada das imágens que se vêem nas revistas. Portanto, o projecto de casa de campo, não nasce do projecto do indivíduo, mas sim da moda que corresponde a um status.
Quando lhes digo que imaginei o projecto da minha casa, o desenhei e que idealizei um anexo para ter animais, que projectei a plantação de todas as árvores, que abri os buracos para as colocar, que as rego, que abro as caldeiras para rega, que semeio batatas, cebolas, alhos, que planto morangueiros, tomateiros, couves de várias espécies, que faço alfôbes, podo as árvores, lavro e freso, riem-se, dizem que não que isso não.
Sabes?!
Sempre achei que para se optar por viver no campo, é necessário interiorizar-se uma certa "filosofia" que assenta, em minha opinião, no princípio mais genuíno e simples que é a vida.

Baila sem peso disse...

Mas que silêncio!!!!...sinto e penso
...estou numa de ficar com inveja...
ai, que isto não é nada bonito
tendo em conta que sei o que é isso...
lá nos tempos remotos
em que ajudava os avós:
a regar as couvinhas
a apanhar as passinhas
a varejar as oliveiras
a apanhar as amêndoas...
a tratar da burrinha
das ovelhinhas
da vaquinha
das galinhas...
ai, vou-me calar...
já estou a divagar...
era ainda tão pequena
e as férias eram na aldeia
e eram dias a perder de vista...
até a cidade voltar a ser vista!

Inveja sim...mas saudável
que teu Campo seja bem arável!!!
E um miminho infindável!

Bartolomeu disse...

Sabes minha amiga Bailarina?!
Por também ter vivido em criança, essa experiência de férias na aldeia, ficou-me gravado na alma, o desejo de um dia vir a ser camponês.
;)

Kikas disse...

O teu comentário faz-me lembrar uma canção da Elis Regina que diz assim:
"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais"
Agora, para plantares também os teus amigos, eles teriam necessariamente de abdicar do ténis e das braçadas matinais na piscina. E não acredito que haja amigos assim ... no tempo das nossas avós, havia de certeza absoluta!

Bartolomeu disse...

Bem profunda, a ideia com que finalizas o teu comentário, Kikas!
Seremos demasiadamente exigentes, ou é certo que a qualidade da amizade se... alterou?!
;)