segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

À Atenção de Lady Papoila

Á minha frente, banhada pela refulgente luz da lua, Amélia mantinha-se inalcançável. Sempre que incitava o meu cavalo a galopar mais rápido, na tentativa de alcançar a égua de Amélia, ela tambem aumentava a velocidade, mantendo inalterável a distância que nos separava.
Cerca de meia hora depois de termos iniciado a suave cavalgada, que em alguns momentos atingíu velocidades vertiginosas, percebi, vindo do lado esquerdo do caminho, o rumor do mar e o ruído de ondas rebentando. Percebi que não nos encontraríamos distantes da orla marítima, segundo o meu sentido de orientação só poderia tratar-se do mar do Guincho.
Tentei de novo alcançar Amélia, sem sucesso. Pretendia certificar-me do local por onde passávamos. Poucas centenas de metros mais à frente, deparei-me finalmente com a imensidão do mar, enquanto à minha frente se estendia o vulto magestoso daquela que não poderia deixar de ser a Serra de Sintra.
Porém, algo extraordinário acontecia. À distância a que nos encontrávamos do mar, deveríamos estar sobre a estrada que liga Cascais ao Guincho e depois à Malveira, mas não, não se distinguia, próximo ou distante qualquer sinal da mesma.
Decidi então chamar por Amélia, na tentativa de que abrandasse o galope e me premitisse apróximar. Apesar da noite serena, sem vento e do silência absoluto que reinava no local, só ligeiramente alterado pelo contacto dos cascos de ambos os cavalos com a areia do caminho, Amélia não deu sinais de me ouvir.
Insisti, uma e outra vez, cheguei a gritar o nome da Amélia sem conseguir obter dela qualquer sinal de me escutar, mantendo o mesmo rítmo de galope, continuando na direcção que tomara no início do galope.
Mais meia hora volvida e, começámos a subir a vertente da serra que descai para o mar. Até aquele momento e durante todo o percurso, para alem da ausência de estrada, notei ainda a completa ausência de qualquer tipo de construcção ou, e de iluminação. Nem habitações, nem os conhecidos restaurantes que se estendem ao longo da estrada do Guincho, tão pouco as esporádicas moradias no meio da mata, nada se conseguia distinguir. A surpreza ganhou maior dimensão, quando ao passarmos no local onde deveríamos encontrar a povoação da Malveira, nada se via que me deixasse suspeitar da existência de qualquer ser humano. Continuámos Serra acima sem que as nossas montadas demonstrassem qualquer sinal de cançasso e, cerca de uma hora depois, subindo sempre pela encosta, atingimos um ponto que identifiquei como sendo o Cabo da Roca. Foi aí que Amélia deteve a sua montada, fazendo com que a sua égua levantasse as mãos, apoiando-se somente nas patas trazeiras, enquanto soltava um longo relincho, que ecoou pelo vasto espaço descampado, como brado de fera mitológica como que tentando desafiar as forças ocultas da natureza.
Amélia apeou-se e, deixando a sua égua em plena liberdade, dirigiu-se para a orla que dava para o abismo rochoso, sobre o mar que lá no fundo bramia e se desfazia em alva espuma contra os rochedos.
Apeei-me tambem e aproximei-me de Amélia.

10 comentários:

lenor disse...

Gosto. Mais.

Rosa dos Ventos disse...

Teremos a 2ª versão do D. Fuas Roupinho?!
Que suspense...

BF disse...

Bem!!!!!!!!! estou expectante...
O que virá daí da beira do abismo?!
Olha que o Cabo da Roca é muito ventoso. Que tal procurares um lugar um pouquinho mais abrigado! Vais ficar geladinho.

Beijocas
BF

Sirk disse...

Então mas uma égua tem mãos?!
;)
Isto é muita geografia para um post só!
Um post de anatomia, faxabori!

:P

Anabela disse...

Oh meu amigo,
...fazendo com que a sua égua levantasse as mãos, apoiando-se somente nas patas trazeiras...
Está visto, a galopar dessa forma, vocês estão é no Sitio da Nazaré e se não acreditares vai lá ver se a bicha não deixou a marca dos cascos com tamanha travagem :o)
Bjs

Bartolomeu disse...

Eu tb gosto muito Leo, darling.
;)))))

Bartolomeu disse...

O D. fuas não perseguia um veado Rozinha?

Bartolomeu disse...

Não ha problema madrinha, este corpinho está feito às intempéries... desde que ela não congele, eu tb me aguento
lolololol

Bartolomeu disse...

É isso Sirk. Estamos numa de anatomia cavalar.
lololololol
e Depois... é sempre bom que uma égua tenha mãozinhas... nunca se sabe quando elas poderão fazer muita faltinha...
hehehehehehe

Bartolomeu disse...

Mantem-te atenta aos próximos episódios, Anabela... cheira-me que em breve vão aparecer cenas picantes.
Não sei, mas paira no ar um cheirinho a...